Encaremos os fatos: Jorginho já está fora do Vasco.
O zum-zum-zum na imprensa dizia que ele já teria feito o acordo verbal com o Cruzeiro, mas que ainda não tinha conversado com o Dotô a respeito. Depois de ter conversado, Jorginho seguiu não negando nada e o Eurico veio com o papinho de que “é preciso respeitar a decisão do profissional”.
Na coletiva após o treino de ontem, Jorginho foi tão incisivo ao falar que seu foco são os dois jogos contra o Botafogo que é impossível não ver o sentido por trás das suas palavras. O foco, ou sendo mais claro, seu compromisso com o clube, irá apenas até depois das finais.
Não há muito mais o que falar sobre o assunto, ainda mais depois das ótimas colunas do Garone e do Bruno Guedes a respeito. Mas sem querer apelar para emoção como fez o primeiro, nem utilizar argumentos racionais para deixar claro que esse não seria o melhor momento para o técnico sair do clube como fez o segundo, acho válido apresentar um outro ponto de vista.
E, na minha modesta opinião, se o Jorginho quer sair, que saia.
Não se trata de fazer pouco do profissional, que até fez um bom trabalho. Mas achá-lo indispensável é exagero. Até o momento, seus maiores méritos foram ter QUASE conseguido evitar um rebaixamento (e por mais que alguns não se lembrem, parte desse QUASE também foi responsabilidade do treinador) e chegar às finais do Estadual. Ou seja, o mesmo que fez Adilson Batista entre 2013 e 2014, e sejamos francos, com um elenco pior em mãos.
Não que para o Vasco a saída seja boa. Discordando um pouco da coluna do Guedes, pode até ser que Jorginho tenha mais a perder, mas também teremos problemas sérios. Por exemplo, se havia algum planejamento para o Brasileiro, que começa em duas semanas, podemos jogar tudo fora. Será preciso encontrar um treinador bom e que tenha a humildade de manter o que há de positivo no time. E mesmo que encontremos, qualquer mudança no comando da equipe irá fatalmente trazer reflexos negativos justo no começo da competição.
Claro também que é muito fácil para mim sair cornetando o Jorginho, ignorando completamente a montanha de dinheiro que o Cruzeiro jogou no seu colo. Igualmente não há como negar que se conseguir emplacar um bom trabalho no time mineiro fará um bem danado para sua carreira. Mas se Jorginho não enxerga que o oposto também pode ocorrer e que uma demissão precoce na Raposa pode fazer com que ele retroceda profissionalmente para um patamar abaixo do que estava antes do Vasco, o que se há de fazer? Ficar com um treinador insatisfeito no comando também não é a maior das maravilhas.
Se fosse eu a decidir, não teria dúvidas em manter o Jorginho como treinador do Vasco. Mas mesmo com todos os percalços que sua aparentemente certa saída trará ao clube, não será o fim do mundo. Há uma falta de técnicos bons e que não peçam exorbitâncias para trabalhar? Há. Mas esse fato não torna o Jorginho nem melhor, nem pior técnico do que é. E há o que, para mim como vascaíno, é imperdoável: cogitar abandonar a equipe às vésperas do Brasileiro, sabendo que isso vai prejudicar o clube que inegavelmente deu uma levantada na sua carreira. Grana é importante e comandar um time da elite é uma grande vitrine, mas uma saída dessa forma só pode ser adjetivada como ingratidão.
É por isso que reafirmo minha opinião. Se o Jorginho acha que o melhor é aceitar a proposta cruzeirense, só nos resta agradecer os serviços prestados ao Vasco e desejar-lhe boa sorte.
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Claro que, apesar de todas as evidências tanto vindas do Jorginho como do Eurico, não podemos descartar a avidez da imprensa em colocar profissionais de um clube em outro ao menor sinal de uma proposta feita. Ano passado, levando-se em consideração o que um monte de jornalistas disseram, Doriva não chegaria a ser demitido do Vasco porque teria ido de mala e cuia para o Grêmio. À época, Doriva também tinha sido reticente ao ser questionado sobre a transferência, também evitou negar que não estivesse indo para Porto Alegre e, no final das contas acabou ficando em São Januário.
Mas vale lembrar também que depois da conversa com o Eurico, o Dotô não falou momento algum em “respeitar a decisão do profissional” como fez agora.
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