Na hora decisiva, o Vasco conseguiu fazer sua parte, venceu o Bragantino por 2 a 1 e conseguiu se manter na elite do futebol brasileiro para a temporada do ano que vem.
Muito legal, a torcida fez a festa – merecida, depois de tanto apoio e sofrimento nas 38 rodadas do Brasileirão – e pôde dormir aliviada.
Mas, passada a euforia da “conquista“, a gente começa a pensar…Ficar aliviado é MUITO pouco. Quase nada. Aliás, apenas evitar mais um rebaixamento só não é mais inaceitável do que seria um novo rebaixamento.
E quando pensamos que não precisaríamos nem ter vencido, que um empate já nos bastaria, a sensação de que a incompetência dos outros foi tão decisiva para a nossa permanência na Série A quanto a nossa competência só aumenta.
“Ain, mas esse JC é muito chato! Reclamando justo agora???” Reconheço. Momento péssimo pra essas reflexões. Mas pra mim elas são inevitáveis. Principalmente no primeiro ano em que a salvação da lavoura chamada SAF desaguou um monte de grana no clube. Foi preciso se esforçar MUITO para quase levar o Vasco novamente para divisões inferiores.
Por isso, claro, além do alívio e da felicidade de ter permanecido na elite, é importante parabenizar Don Ramón e seus comandados, que mesmo com altos e baixos atingiram um objetivo que parecia impossível. Mas vale lembrar: o Vasco e seus gestores não podem se dar ao luxo de errar em 2024 tanto quanto erraram esse ano. A demissão do Paulo Bracks – após sua constrangedora coletiva de ontem – é uma sinalização positiva da 777. Quem já fez tanta merda não tem credibilidade para ser quem conduzirá o Vasco um nível acima na próxima temporada.
As atuações
Léo Jardim – sem culpa no gol que sofremos e com pelo menos uma boa defesa em chute de média distância no primeiro tempo, terminou o Brasileirão com bem mais moral do que começou. Nada mais justo, aliás.
Paulo Henrique – fez uma partida segura defensivamente mas se destacou mesmo pela grande jogada individual seguida de assistência para o segundo gol do Vasco.
Maicon – outro que terminou o ano em alta, depois de um começo de muitos questionamentos, muito pelo que apresentou ontem: firmeza no combate, bom posicionamento nas bolas aéreas e muita segurança para a zaga.
Medel – guerreiro master, mais uma vez assumiu a responsa mesmo tendo que jogar no sacrifício. Evitou o que poderia ser um gol do Bragantino interceptando um chute no primeiro tempo e não deu vida fácil para os atacantes adversários. Não aguentou chegar até o fim e deu lugar ao Léo, que não comprometeu e até ajudou o time a pressionar quando o Bragantino ficou com um jogador a menos.
Lucas Piton – foi bastante presente no apoio e fez alguns bons cruzamentos. Mas até por isso, sua lateral foi o melhor caminho para o adversário chegar ao ataque, aliás, lado por onde foi construída a jogada do gol de empate.
Jair – uma partida bem consistente, que se fosse a tônica ao longo do campeonato, dificilmente lhe deixaria no banco por tanto tempo. Depois de muita entrega cansou e deu lugar ao Zé Gabriel, que teve a vida facilitada quando o Vasco passou a ter um jogador a mais.
Praxedes – pareceu querer mostrar serviço contra o clube que detém seus direitos, mas esteve longe de compensar o pagamento da tal multa ao Bragantino. Perdeu pelo menos uma chance bem clara de gol.
Marlon Gomes – se machucou acidentalmente no meio do primeiro tempo e acabou dando lugar ao Paulinho, que em poucos minutos se tornou um dos heróis da noite, abrindo o placar em jogada individual e contando com a sorte no arremate. Correu o jogo todo e teve a felicidade de ser protagonista no salvamento do seu time do coração.
Payet – jogando pelo lado de campo, não conseguiu fazer tanta diferença. Melhorava quando vinha pelo meio, mostrando visão de jogo e habilidade. Sua grande temporada pelo Vasco será a próxima. Serginho entrou em seu lugar e foi o responsável por tranquilizar milhões de vascaínos pelo mundo, primeiro, arrumando a expulsão do zagueiro adversário – o que facilitou as coisas para o Vasco – e depois, fazendo o gol que nos garantiu a vitória.
Gabriel Pec – dessa vez ficou apenas na correria, sem muita efetividade. Mas seu saldo no ano foi mais que positivo (ainda que muitos ainda o contestem).
Vegetti– teve duas boas chances, ambas em cabeceios (em uma delas obrigou o goleiro adversário a operar um verdadeiro milagre) mas não deixou o seu.