Com atuação digna de 2021, Vasco perde e dá adeus a invencibilidade

Palacios em ação: a entrada do chileno não funcionou e ele pouco ajudou na primeira derrota do Vasco pela Série B
Palacios em ação: a entrada do chileno não funcionou e ele pouco ajudou na primeira derrota do Vasco pela Série B (📷: Daniel Ramalho/Vasco)

Não gosto da expressão “perdeu quando podia” porque, pra mim, meu time não pode perder nunca. Como isso é praticamente uma impossibilidade – inclusive para time bem melhores que o Vasco – o que podemos dizer sobre o fim da invencibilidade vascaína diante do Novorizontino (por 2 a 0) é que, já que era inevitável, tá aí. Perdemos a primeira.

E, na boa? O Vasco estava pedindo essa derrota faz é tempo. Desde da época do Zé Ricardo, o time vem tendo atuações entre o medíocre e o ruim e flertava com um resultado como o de ontem. E nem é questão de tirar o mérito do adversário (que ontem simplesmente foi melhor durante os 90 minutos). A diferença pra ontem é que, dessa vez, nem teve lampejo do Nenê, nem nossa defesa segurou a onda pra manter pelo menos o empate.

O que realmente incomoda na derrota é o momento pouco oportuno. Não pela classificação, já que mesmo perdendo e com todos os concorrentes diretos ganhando, o Vasco segue na vice-liderança. O problema é perder justo quando o Maurício Souza fez alterações no time.

O técnico vascaíno fez apenas duas mexidas no time, e as duas, eram pedidos antigos da torcida: colocar o Figueiredo no comando do ataque, sua posição de origem, e encontrar um lugar para o Palacios no time titular. Maurício fez isso, deu tudo errado e pronto. A torcida chama o cara de burro por ter feito exatamente o que os próprios torcedores queriam.

Mas dá pra isentar o treinador o treinador pelo resultado? Não, não dá. A escalação do Anderson Conceição com uma chaga praticamente aberta na cabeça foi uma tremenda irresponsabilidade. Sem segurança para cabecear por causa dos pontos na testa, o zagueiro falhou em vários dos cruzamentos que a equipe paulista fez à nossa área. Outro equívoco foi colocar o Palacios avançado, jogando como ponta. Já não tinha dado certo contra o Brusque, e continuou não dando certo ontem.

O problema de perdermos a invencibilidade justo agora é ter, já no domingo, uma partida bem mais importante e ter a certeza que os quase 70 mil vascaínos que estarão no estádio vão pegar no pé do técnico. Se isso não influenciar no apoio da torcida ao time, tudo bem. Mas é pedir demais que a torcida tenha paciência com certas figuras depois de ontem. Mesmo que a campanha do time seja muito boa, apesar das atuações normalmente fracas.

O que recomendo a todos que forem ver o jogo contra o Sport é o seguinte: lembrem-se do Vasco de 2021 e imaginem onde estaríamos com o time do ano passado. A partida de ontem nos lembrou essa equipe, mas atual não merece, nem de perto, o mesmo tratamento que aquela merecia.

As atuações
Thiago Rodrigues, – mesmo sendo vazado duas vezes, foi o melhor do time na terrível noite de ontem. Evitou pelou menos dois outros gols do Novorizontino.

Weverton – nada justifica a permanência desse rapaz como titular do Vasco. Nem como primeiro reserva. Nem como segundo, aliás. Errou tudo o que tinha que errar ontem e os dois gols começaram pelo seu lado do campo. Foi uma atuação tão tenebrosa que, mesmo sem ter outro lateral direito de origem no banco, foi substituído pelo zagueiro Danilo Boza, que se não melhorou muita coisa no setor, pelo menos  não tomamos mais gols.

Quintero – ontem teve dois vacilos graves: deixou a bola passar e ficou olhando o jogador adversário completar para as redes no primeiro e cortou mal que originou o lance da expulsão do Anderson Conceição.

Anderson Conceição – não é coincidência o capitão do time ter falhado mais de uma vez em um dos seus pontos fortes, que é a bola aérea: com seis pontos na testa, mostrou insegurança para as disputas de bolas no alto. Ainda foi expulso no fim do jogo, para evitar o que poderia ser o terceiro gol dos donos da casa.

Edimar – no segundo gol, deu toda liberdade do mundo para o atacante receber a bola e chutar para o gol.

Yuri Lara – a combatividade de sempre, mas errou passes demais. Deu lugar ao  Juninho, que até ajudou mais o time na transição para o ataque, mas segue com a mania crônica de prender demais a bola.

Andrey – partida pra colocar entre as “osciladas” normais para jogadores da sua idade. Não comprometeu na marcação, mas não conseguiu dar a dinâmica que costuma dar ao meio de campo. E ainda perdeu um gol feito.

Nenê – muito marcado e caçado em campo, não rendeu. E quando o Vovô não rende, gol não sai. Com um amarelo, acabou dando lugar ao  Erick, que até fez algumas jogadas pelo lado de campo e teve uma boa chance (defendida pelo goleiro adversário), mas sem muita efetividade.

Gabriel Pec -dessa vez nem chegou a perder seu gol feito habitual. Mas pelo menos deixou o Andrey na cara do gol com um belo passe após boa jogada individual, infelizmente desperdiçado pelo volante. Raniel o substituiu e não conseguiu fazer nada  de útil.

Figueiredo – finalmente jogou como centroavante; infelizmente, no pior jogo possível. Pouco acionado, não conseguiu ter muitas chances (as que teve, finalizou mal). E ainda acabou perdendo a função tática de ajudar na marcação pela lateral, o que fez falta ontem.

Palacios – mais uma vez mostrou que jogar no lado do campo não é a dele. Correndo pelas pontas, não se aproveitou sua habilidade e quando Nenê saiu de campo, o chileno já estava cansado demais para organizar qualquer jogada. Matheus Barbosa entrou no seu lugar após a expulsão do Anderson Conceição quando o técnico vascaíno claramente abriu mão de uma improvável reação e resolveu “perder de pouco“.

Vasco em alta encara o irregular Novorizontino

Maurício Souza deve fazer mudanças importantes no Vasco para o confronto contra o Novorizontino
Maurício Souza deve fazer mudanças importantes no Vasco para o confronto contra o Novorizontino (📷: Daniel Ramalho | Vasco)

No quesito regularidade, podemos dizer que o Novorizontino, nosso adversário de hoje, faz uma campanha oposta à do Vasco. O time do interior paulista começou bem a competição, com uma série invicta de sete jogos, chegou a rondar o G4 e depois caiu vertiginosamente, entabulando uma sequência de outras sete rodadas sem vitórias. Com isso, o “Tigre do Vale” despencou na classificação e hoje se preocupa mais o Z4 que com o topo da tabela.

Mas isso não significa que o Vasco terá vida fácil em Novo Horizonte, logo mais. Primeiro, porque não há jogo fácil para o time do Maurício Souza (como vimos na última rodada, contra o Operário); mas não só isso, o Novorizontino vem de vitória fora de casa contra o Bahia e certamente está em seus planos iniciar uma nova sequência positiva. Para ajudar nessa missão, contará com a volta de seis (!!!) titulares e o apoio da sua torcida. E, todos sabemos, no momento o Vasco é o time a ser batido nesse Brasileiro, o que daria uma moral a mais ao nosso adversário.

Para evitar isso, o técnico vascaíno deve fazer algumas mudanças no time, e, vale dizer, mudanças que a torcida esperava ver há algum tempo. O esforçado – e infelizmente pouco produtivo – Getúlio deve perder a vaga para o Getúlio, que finalmente jogará no comando do ataque, sua posição de origem. E a saída do Getúlio abrirá espaço para a entrada do Palacios. Mesmo que não seja o fim do 4-3-3 (o chileno deve jogar mais avançado, na posição que estava o Figueiredo), é sempre a possibilidade de termos um pouco mais de talento ofensivo no time, algo de que o time, e o Vovô, precisam muito.

O início desta rodada não nos ajudou muito – Cruzeiro, Bahia e Grêmio venceram seus jogos – e um resultado positivo hoje acaba sendo muito importante. Ainda que a derrota do Sport tenha sido excelente, o ideal é seguirmos em direção ao topo da tabela, não deixando a Raposa se afastar e nem quem vem de baixo se aproximar. E, claro, em se tratando do nosso principal objetivo, ficarmos cada vez mais distantes do quinto colocado.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2022 – Série B
NOVORIZONTINO-SP X VASCO

Local: Estádio Jorge Ismael de Biasi.
Horário: 21h30 (Brasília).
Árbitro: Ramon Abatti Abel (SC).
Assistentes: Kleber Lucio Gil (SC-Fifa) e Éder Alexandre (SC).
VAR: Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro (RN).

NOVORIZONTINO: Lucas Frigeri; Felipe Albuquerque, Rodolfo (Joilson), Paulinho e Romário; Léo Baiano, Gustavo Bochecha e Diego Torres. (Romulo); Ronald, Douglas Baggio e Ronaldo.
Técnico: Rafael Guanaes.

VASCO: Thiago Rodrigues; Weverton, Quintero, Anderson Conceição, Edimar; Yuri Lara, Andrey Santos, Nenê; Gabriel Pec, Palacios (Getúlio) e Figueiredo.
Técnico: Maurício Souza.

Transmissão: O canal Premiere transmite para seus assinantes e pelo sistema pay-per-view para todo o Brasil.

Vitória mostra que os operários do Vasco são melhores que os dos outros

Palacios comemora: primeiro gol do chileno pelo Vasco deu números finais ao jogo
Palacios comemora: primeiro gol do chileno pelo Vasco deu números finais ao jogo (📷: Daniel Ramalho | Vasco)

Vendo as reações da torcida pelo twitter ao longo da partida contra o Operário, duas dúvidas me surgiram:

Me pergunto isso porque, tirando no máximo uns dois ou três jogos, a rotina é sempre essa: o Vasco joga mal, cria pouco, leva algum sufoco e, do nada, aparece aquele golzinho maroto pra garantir a vitória (ou, vá lá, um empate).

E olha que o 3 a 0 de ontem sobre o Operário até foi diferente e não só porque não ficamos apenas no “um golzinho” (antes dos paranaenses, só o Náutico havia levado três gols nossos nesta Série B). Mas também – e aí é uma opinião completamente pessoal – porque o contestado Maurício Souza tentou fazer algo diferente.

Não que o técnico vascaíno não mereça críticas – e elas não foram poucas – dada a atuação do time no primeiro tempo e início do segundo. Mas no fim das contas, suas alterações na etapa final é que fizeram o Vasco mudar o panorama do jogo e construir a vitória. Parece pouco, mas foi a primeira vez que, ainda que por alguns minutos, Figueiredo jogou centralizado no ataque e que Nenê teve a ajuda do Palácios na criação pelo meio.

As mexidas deram um novo gás e também uma nova postura ao time, que voltou a dominar o jogo até o gol do Quinteros, que naquela altura da partida, teve dois efeitos: empolgar o Vasco e sua torcida e dar um banho de água fria definitivo no Operário. Daí, pro placar mais elástico do que nossa atuação merecia, foi um pulo.

Seguimos vencendo, aumentando a distância para o 5º colocado e, apenas um plus , colocando mais pressão no Cruzeiro. E, ainda que o desejo natural da torcida seja ver o Vasco não apenas vencendo, mas dando espetáculo, é bom não esquecermos: não temos um elenco de artistas, e sim, de operários. E se hoje estamos em uma boa situação na competição, é porque nossos operários têm se saído melhor que os operários dos outros.

As atuações

Thiago Rodrigues – na realidade, mesmo nos momentos de maior pressão do Operário, não chegou a ter muito trabalho. E ainda mostrou sorte com a bola no travessão.

Weverton – vacilante na marcação e quase uma nulidade no apoio, é um mistério insondável sua condição como reserva imediato da posição. Ainda que Leo Matos esteja bem longe de ser um craque, quase não ter chances no time é inexplicável.

Quintero – além da segurança de sempre, abriu a porteira para a vitória marcando o primeiro gol do Vasco.

Anderson Conceição – mais uma partida na qual deu o sangue pelo time, dessa vez, literalmente. O entrosamento com seu companheiro colombiano são uma das razões do Vasco ter no momento e melhor defesa do campeonato.

Edimar – uma atuação discreta, com maiores preocupações defensivas e sem comprometimentos.

Yuri Lara – dessa vez sua combatividade intensa quase lhe rendeu uma expulsão que poderia por tudo a perder. Foi sacado antes que o juiz se arrependesse de não ter lhe dado o segundo amarelo, dando lugar ao Raniel, que, mesmo sem marcar, participou dos lances de dois gols: disputou a bola no lance do pênalti a nosso favor e sofreu a falta que originou o terceiro gol.

Andrey – teve trabalho para conter o meio de campo adversário, mas foi bem na média. Não conseguiu ser tão útil na criação de jogadas.

Nenê – não fez muita coisa, só a assistência para o gol do Quinteiro e o segundo do Vasco, em cobrança de pênalti indefensável. Matheus Barbosa entrou em seu lugar nos minutos finais e mal foi notado.

Figueiredo – a entrega de sempre, ajudando muito no combate e na marcação, mas pouca efetividade no ataque.

Gabriel Pec – assim como Figueiredo, também se empenha muito para ajudar o time. Mas, como sempre, pecou muito nas tomadas de decisão. Juninho entrou em seu lugar para recompor o meio de campo depois da saída do Yuri e foi bem, não exagerando nas tentativas de jogadas de efeito.

Getúlio – tirando o comprometimento e a ajuda na marcação na saída de bola adversária, não conseguiu ser muito mais útil. Tanto que a entrada do Palacios no seu lugar mudou a cara do jogo para nós: o chileno ajudou a levar o Vasco ao ataque, pressionar o Operário e fazer gols, inclusive o dele próprio, em cobrança de falta perfeita.

Vasco x Operário-PR: noite para mais uma vingança vascaína

'Operários' X Operário: elenco vascaíno treina antes de encarar o time paranaense
Operários’ X Operário: elenco vascaíno treina antes de encarar o time paranaense (📷: Daniel Ramalho | Vasco)

Na terrível Série B de 2021, dois clubes paranaenses foram responsáveis por derrotas que abateram muito a torcida vascaína, principalmente por terem nos vencido tanto em suas casas como em São Januário. Quis o destino – ou melhor, a dona CBF – que este ano o Vasco encarasse os dois em sequência. O primeiro foi o Londrina, que começamos as nos vingar na rodada passada; hoje temos pela frente o segundo, o Operário, que no último Brasileiro nos bateu por 2 a 0 logo na nossa estreia na competição e que repetiu o placar na primeira partida do returno.

Em 2022, a expectativa é obviamente outra. Ainda invicto e com uma campanha bem mais regular que seu adversário, é inegável o favoritismo do Vasco no confronto de hoje. Ainda assim, os comandados de Maurício Sousa precisam manter a pegada “operária” contra o Operário. Ainda que o time paranaense esteja no meio da tabela e tenha vencido apenas uma partida nas últimas cinco rodadas, convém lembrar que esta solitária vitória foi jogando fora de casa e com um contundente 3 a 0 sobre o Guarani, contra quem não passamos de um empate (e, vale lembrar, os paranaenses têm um ataque mais positivo que o nosso: já marcaram 14 gols contra 13 nossos).

E para nos vingar do nosso segundo algoz do Paraná, o técnico vascaíno deve praticamente repetir a equipe que venceu na última rodada, com exceção do Gabriel Dias, contundido (Weverton assume a vaga). Isso, a se tratar do que vimos contra o Londrina, não chega a ser garantia de muita coisa, menos ainda de bom futebol. Maurício Souza teve alguns dias a mais para trabalhar e, espera-se, deve ter corrigido alguns dos problemas que o time apresentou na última vitória, principalmente na saída de bola. Criar mais chances de gol – algo que, sendo justo, vem desde a época do Zé Ricardo – também é algo mais que necessário, principalmente contra um adversário que dificilmente irá nos ceder muitos espaços.

Resumindo, para vencer o Operário é indispensável manter o nível de transpiração, jogando com a entrega e o empenho de sempre. Mas ter um pouco mais de inspiração, para não contar apenas com os brilharecos do Nenê, é tão importante quanto.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2022 – Série B
VASCO X OPERÁRIO-PR

Local: São Januário.
Horário: 19h00 (Brasília).
Árbitro: Vinicius Gonçalves Dias Araújo (SP).
Assistentes: Evandro de Melo Lima (SP) e Luiz Alberto Andrini Nogueira (SP).
VAR: Vinicius Furlan (SP).

VASCO: Thiago Rodrigues, Weverton, Quintero, Anderson Conceição, Edimar, Yuri Lara, Andrey, Nenê, Gabriel Pec, Figueiredo e Getúlio (Raniel).
Técnico: Maurício Souza.

OPERÁRIO: Simão; Thales, Reniê e William Machado; Arnaldo, Ricardinho, Tomas Bastos e Fabiano; Reina, Paulo Sérgio e Silvinho.
Técnico: Claudinei Oliveira.

Transmissão: O canal Premiere transmite para seus assinantes e pelo sistema pay-per-view para todo o Brasil.

Com uma ‘vitória padrão’, Vasco bate o Londrina fora de casa

Dupla Raniel e Nenê volta a funcionar e garantiu a vitória vascaína sobre o Londrina
Dupla Raniel e Nenê volta a funcionar e garantiu a vitória vascaína sobre o Londrina (📷: Daniel Ramalho | Vasco)

Torcedor é bicho empolgado e isso, como tudo mais na vida, tem seus dois lados. As três últimas partidas do Vasco são exemplo: vencer o Náutico e o Cruzeiro, com um futebol um cadinho melhor do que o que vínhamos apresentando com o Zé Ricardo foi o bastante para que Emílio Faro ganhasse muita moral. E com isso, boa parte dos vascaínos – eu me incluo nessa – encararam a vinda do Maurício Souza com um pé atrás. Ou até dois.

E como a torcida ainda está com os resultados das rodadas anteriores na cabeça, a sofrida vitória de ontem sobre o Londrina não parece ter sido o suficiente para que a desconfiança sobre o novo técnico vascaíno acabasse. Pelo contrário, as dificuldades que o time teve ontem no Estádio do Café parecem ter confirmado, para a maioria da torcida, que a contratação do Maurício foi mais uma entre tantas burradas que a gestão (?) do futebol  tem cometido.

Pode até ser que seja. Mas não vejo muitos motivos para já crucificar o Maurício pelo futebol apresentado contra o Londrina. Tirando a “Síndrome de Fernando Diniz” (a insistência nas saídas de bola com um excesso de troca de passes) e uma aparente predileção por entulhar o time com volantes para segurar o resultado, não vimos um Vasco tão diferente assim do que víamos na época do Zé.

Não podemos esquecer que o time sempre foi esse aí, muito mais transpiração que inspiração. E ontem, além de alguns dos nossos “operários” estarem em um dia ainda menos inspirado, não se pode ignorar os méritos do adversário. Não é por acaso que o Londrina não perdia em casa há quatro meses: enquanto eles mantiveram uma linha alta de marcação, complicaram bastante nossa saída de bola e, consequentemente, nosso poder de criação (que, convenhamos, nem é tão grande assim).

Maurício Souza pode não ter mostrado nada que justifique sua contratação, mas também não cometeu erros a ponto de ser necessária uma hostilização por parte da torcida. No fim das contas, o cara venceu na estreia, jogando fora de casa e contra um adversário que não ser dos mais tranquilos de serem batidos em seus domínios. Neste momento, mais importante que espinafrar o novo treinador por uma vitória não exatamente de encher os olhos, é a torcida manter a empolgação e seguir apoiando o time. Até porque, se o treinador e o elenco não são uma maravilha, a energia das arquibancadas se torna ainda mais importante.

As atuações
Thiago Rodrigues – tirando uma saída do gol esquisita – quando optou em cortar um passe com o pé, quase permitindo que o Londrina empatasse o jogo – o Batman da Colina teve mais uma grande atuação, garantindo mais três pontos com defesas importantes.

Gabriel Dias – perdido em campo, vacilou tanto no combate como com a bola nos pés. Mais uma vez saiu com dores, dessa vez ainda no primeiro tempo. Weverton o substituiu e foi só um pouco melhor defensivamente.

Quintero – jogou com a firmeza de sempre e não teve pudores em dar providenciais bicões quando a saída de bola com excesso de passes dava errado.

Anderson Conceição – com a insistência nas saídas de bola no estilo Fernando Diniz, mostrou que não se pode confiar muito na qualidade do seu passe (assim como nos seus “lançamentos“). Mais de uma vez de bolas quadradas para os companheiros, quase comprometendo o resultado. Pra compensar, manteve o bom nível nas bolas aéreas e nos combates diretos.

Edimar – compensou os vacilos defensivos (em um lance fez uma verdadeira assistência ao errar um toque de cabeça) com o cruzamento que originou o gol da vitória.

Yuri Lara – incansável na marcação e nas roubadas de bola. Até que cansou e deu lugar ao Matheus Barbosa, que obviamente não manteve a pegada do meio de campo. Limitou-se a dar chutões quando a bola parava no seus pés (inclusive em uma finalização que poderia ser perigosa com um pouco mais de qualidade no arremate).

Andrey – o mais participativo do meio de campo, tentou o quanto pode fazer a ligação entre a defesa e o ataque, indo bem mesmo quando precisou conduzir mais a bola. Iniciou a jogada do gol vascaíno.

Nenê –  outra partida na qual o veterano não fez quase nada, apenas o toque na bola que possibilitou ao Raniel marcar o gol.

Gabriel Pec – muita dedicação em campo e pouca inteligência. Nem de longe merece ser o jogador mais criticado da equipe, mas seus erros e tomadas de decisão equivocadas acabam aparecendo mais que o dos outros. Zé Gabriel entrou em seu lugar para ajudar a segurar o resultado e não fez muito além de tentar ocupar os espaços no meio de campo.

Figueiredo – não chegou a complicar muito a defesa adversária, mas teve a entrega e empenho de sempre. Erick entrou em seu lugar no fim e não chegou a aparecer no jogo.

Getúlio – teve duas chances para finalizar no primeiro tempo, mas faltou capricho. Raniel o substituiu no intervalo e precisou de quatro minutos para acabar com seu jejum e garantir a vitória vascaína marcando um gol com muito oportunismo.

Londrina será teste de fogo na estreia do novo técnico do Vasco

Estreante da tarde, Mauricio Souza pode ajudar o Vasco a chegar à 2ª colocação da tabela em Londrina
Estreante da tarde, Mauricio Souza pode ajudar o Vasco a chegar à 2ª colocação da tabela em Londrina (📷: Daniel Ramalho | Vasco)

Há pouco mais de dez dias, o torcedor do Vasco passava pela apreensão de ver seu time passar a ser comandado por um auxiliar técnico em uma partida longe de São Januário. E hoje, meras duas rodadas depois da estreia  – com vitória sobre o Náutico, no Arruda – da interinidade do Emílio Faro, o vascaíno passará pela mesma sensação de desconfiança com o início do trabalho de Maurício Souza, outro auxiliar técnico, mas chega para assumir oficialmente o posto de técnico do Gigante.

O problema é que, ainda que também seja um jogo fora da Colina, a estreia do Maurício tem tudo pra ser bem mais complicada que a do Faro. Primeiramente porque é natural o torcedor ter alguma paciência com interinos, principalmente quando eles substituem um treinador contestado como o Zé Ricardo. E essa paciência será algo que Maurício Souza não terá, não apenas porque chega com status de técnico oficial, mas também porque depois de duas boas vitórias, o torcedor vascaíno já estava achando melhor manter o Faro no cargo a trazer um técnico inexperiente e que desconhece o elenco.

Mas as possíveis restrições da torcida estão longe de ser o único problema do estreante técnico do Vasco. Esse aliás, não é nem de perto o mais sério: encarar o Londrina no Estádio do Café é um problema bem mais complicado de se resolver. Teremos pela frente um adversário que vem com moral por uma sequência invicta, que ainda não foi derrotado diante da sua torcida e que sabe muito bem o valor simbólico de tirar o selo do último e único time sem derrotas na competição.

E ainda que o Londrina certamente vá proporcionar uma estreia bem mais difícil que o Timbu, Mauricio terá o bom senso de repetir a estratégia do Faro e não deve fazer alterações no time.  O novo técnico deve apenas devolver a titularidade ao Andrey, que volta da Seleção/suspensão e toma o lugar do Matheus Barbosa. Ou seja, o novo treinador poderá fazer sua primeira partida com uma equipe mais forte do que a que venceu o Cruzeiro na última rodada.

Podemos dizer que Maurício Souza já assume tendo pela frente uma prova de fogo, já que o Londrina costuma ser um adversário casca grossa (as partidas que tivemos em 2021 contra o paranaenses, tanto em casa como fora,  são prova disso). Superar um oponente motivado e levar o Vasco à segunda colocação na tabela será um bom começo para o novo técnico vascaíno superar as desconfianças da torcida.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2022 – Série B
LONDRINA-PR X VASCO

Local: Estádio do Café.
Horário: 16h (Brasília).
Árbitro: Jean Pierre Gonçalves Lima (RS).
Assistentes: Lucio Beiersdorf Flor (RS) e Maurício Coelho Silva Penna (RS).
VAR: Márcio Henrique de Góis (SP).

LONDRINA: Matheus Nogueira; Samuel Santos, Saimon, Vilar e Eltinho; Mandaca (Jean Henrique), Jhonny Lucas, Gegê e Caprini; Douglas Coutinho e Matheus Lucas.
Técnico: Adilson Batista.

VASCO: Thiago Rodrigues; Gabriel Dias, Quintero, Anderson Conceição, Edimar; Yuri Lara, Andrey Santos, Nenê; Gabriel Pec, Figueiredo e Getúlio.
Técnico: Maurício Souza.

Transmissão: O canal Premiere transmite para seus assinantes e pelo sistema pay-per-view para todo o Brasil.

Em bom jogo, Vasco vence Cruzeiro e se firma no G4

Levantando voo: Getúlio comemora seu gol, que garantiu a vitória sobre a Raposa e acirra a briga pelo topo da tabela
Levantando voo: Getúlio comemora seu gol, que garantiu a vitória sobre a Raposa e acirra a briga pelo topo da tabela (📷: Daniel Ramalho | Vasco)

No post de ontem comentei que o confronto com o Cruzeiro seria provavelmente o mais complicado que o Vasco teria até o momento nesta Série B. No fim das contas, foi mais que isso: nossa vitória sobre a Raposa também foi a melhor partida da competição em 2022.

Não que tenha sido uma grande partida de futebol – ou que se possa comparar com o clássicos em épocas mais felizes para os dois clubes – mas em se tratando do  nível do campeonato, difícil encontrar duas equipes tão organizadas e competitivas. Foi um jogo parelho, decidido no detalhe (no caso, mais uma vez, o detalhe principal foi o talento do veterano Nenê, ao acertar o cruzamento na medida para o voo do Getúlio para fazer o gol da vitória). O Vasco foi melhor no primeiro tempo, o Cruzeiro tentou reagir no segundo e nós seguramos bem a onda até o fim.

Foi uma vitória importante, tanto pelos três pontos como pela moral vascaína, que segue em alta. Estamos começando a nos estabelecer no G4, abrindo importantes sete pontos para o quinto lugar – o que ainda depende do resultado entre Sport x Grêmio, hoje – que é o que realmente interessa.  Mostramos força em um momento importante da briga pelo acesso e seguimos invictos depois de enfrentarmos os três principais rivais pelas quatro vagas (e com sete de nove pontos possíveis).

O Vasco vive seu melhor momento nesta Série B. Que fatores externos – alô, diretoria! – não tragam razões para nos tirar deste momento.

As atuações

Thiago Rodrigues – não foi tão exigido, mas fez boas defesas quando necessário (como sempre).

Gabriel Dias –  manteve o nível de entrega do time, dando segurança ao seu lado do campo e até aparecendo no ataque, finalizando. Weverton entrou no fim para renovar o gás da linha de defesa.

Quintero – em um jogo tenso e que demandava tanto atenção quando disposição, o colombiano foi bem, vencendo a maioria das disputas. Interceptou um chute que levaria perigo ao nosso gol. Danilo Boza o substituiu e manteve o nível nos minutos finais (e quase marcou um gol de cabeça)

Anderson Conceição – não facilitou para os atacantes adversários e venceu praticamente todas as disputas pelo alto. O entrosamento com o Quintero ajuda a ambos e, claro, ao time.

Edimar – cometeu uma falha grave (um bote errado que acabou rendendo um lance de perigo para o Cruzeiro), mas no restante do jogo mostrou segurança na defesa.

Yuri Lara – é fácil entender porque o volante é o atual xodó da torcida: em uma partida importante, foi implacável e incansável na marcação, dando uma segurança decisiva para a zaga.

Matheus Barbosa – destoou da média do time, errando muitos passes e eventualmente dando espaços para o adversário por erros de posicionamentos (o que até se entende pela falta de entrosamento com os titulares). Compensou iniciando a jogada do gol, roubando a bola e dando bom passe para o Pec. Juninho o substituiu e, diferente do Zé, parece que o Faro conseguiu colocar na cabeça do jovem que, em alguns momentos, o mais importante é marcar e não ceder espaços tentando ir à frente como um meia-atacante.

Nenê – não fez muita coisa, como sempre. Apenas foi decisivo mais uma vez ao fazer a assistência para o gol do Getúlio em um cruzamento na medida. Também fez uma para o Pec, mas aí tem o problema de precisar contar com a qualidade de finalização do rapaz. Palacios o substituiu e, tirando um cruzamento que culminou com uma boa cabeçada do Danilo Boza, foi excessivamente discreto.

Figueiredo –  outro dos xodós da torcida, e não apenas pelos gols que tem feito (tanto que, mesmo não marcando ontem, foi o “Craque da Torcida” para quem assistiu o jogo pela TV aberta), mas também pela entrega. Quando ataca fica complicado, ajuda constantemente na marcação e é importante ferramenta para pressionar a saída de bola adversária.

Gabriel Pec – seja no estádio, seja na internet, as reclamações pra cima do rapaz são constantes, sejam merecidas – quando finaliza mal ou toma uma decisão equivocada – ou não. Ontem o rapaz fez uma partida consistente, com as oscilações de sempre, mas importante tanto como válvula de escape para ataques rápidos como ajudando na marcação. Ontem teve participação decisiva no lance do gol, dando bom passe pro Nenê. O que não o livrou das críticas nas arquibancadas, claro.

Getúlio – além de cumprir seu papel como centroavante (marcando o gol da vitória com um belo peixinho), ajudou a pressionar a saída de bola cruzeirense. Raniel entrou em seu lugar e não conseguiu dar qualquer motivo para recuperar a titularidade. Até tentou se movimentar na frente, mas até para marcar a saída de bola adversária foi menos eficiente.

***

Pode ser precipitado falar isso após dois jogos apenas, mas me parece nítido que o Vasco do Emílio Faro já joga um futebol melhor que o Vasco do Zé Ricardo. As vitórias de ontem e a sobre o Náutico mostraram uma equipe tão segura defensivamente quanto na época do Zé, mas com mais recursos ofensivos sob o comando do Faro.

Valerá mesmo a pena trazer uma aposta para o comando técnico da equipe neste momento?

***

Vale comentar a festa da torcida na Arena ontem. Não apenas a do Vasco (um espetáculo rotineiro nesta Série B), mas também a do Cruzeiro, que mesmo sem poder ser ouvida na maioria do tempo, mostrou nas arquibancadas tanto empenho quanto seu time em campo.

Se fosse em um jogo contra qualquer um dos “donos” da Arena, os 4 mil cruzeirenses certamente calariam seus torcedores. Algo que acontece sempre quando jogam contra o Vasco.

….e, além de tudo, o Vasco ainda encara a Raposa!

Voltando de suspensão, Quintero estará na zaga no confronto contra o Cruzeiro
Voltando de suspensão, Quintero estará na zaga no confronto contra o Cruzeiro (📷: Daniel Ramalho | Vasco)

Logo depois de ter tido – na vitória sobre o Náutico – sua partida mais tranquila no campeonato, o Vasco tem pela frente justo o Cruzeiro, líder com folgas da Série B e muito provavelmente o adversário mais complicado que teremos até o momento.

É como dizem, “contra fatos, não há argumentos“. Os caras têm a melhor defesa, o melhor ataque e não perdem um pontinho sequer desde abril, seja como anfitrião ou visitante. Ou seja, desde a terceira rodada, a maior rotina da Série B é a Raposa bater em alguém.

Sendo assim, nada melhor que o Cruzeiro perder uma partidinha logo pra esse Brasileiro dar uma variada, certo? Vencer um líder tão inconteste quanto a equipe mineira é uma excelente forma de mostrar força e, claro, dar uma providencial embolada nesse G4.

Emílio Faro mostrou ter estrela na sua estreia contra o Timbu, mas agora seria interessante contar com a qualidade das suas ideias. A princípio, o interino só deve fazer duas alterações no time que começou nos Aflitos: Quintero volta a compor a zaga com Anderson Conceição e Matheus Barbosa entra no lugar do Andrey (que, além de estar suspenso pelo terceiro amarelo, desfalcará o time por mais rodadas por estar com a seleção sub-20).  Com essas alterações e mantendo o 4-3-3 velho de guerra, será preciso contar MUITO com a inspiração do Vovô e com a calibragem dos pés do Figueiredo.

Confesso que não vi uma partida sequer do Cruzeiro na competição, mas os placares magrinhos (a regra nesta Série B) e amigos que já viram nosso adversário em campo dizem que, sim, a Raposa tem sido o time com melhor futebol no Brasileiro. Mas, ressaltam, que não é TÃO superior assim.

Talvez a diferença dos mineiros esteja no comando da equipe. Algo que, TERMINANTEMENTE, não deve ser tão relevante assim para a diretoria do Vasco.

Isso era algo que já dava pra supor com a contratação do Zé Ricardo. Depois ficou claro com a manutenção do Zé por tanto tempo. Mas agora, o que dizer com a dada como certa contratação de um treinador de base que nunca comandou um time profissional e que estava desempregado depois de ser demitido como auxiliar do Atl-PR?

A escolha por Maurício Souza seria, claro, por vontade do Carlos Brazil, que tantas “benesses” já fez ao nosso time. O nome não era consenso e como a 777 Partners lavou as mãos, parece que o Vasco vai mesmo contratar um técnico, aparentemente, porque ele revelou Vinícius Jr. e Paquetá.

Se ele fizer o Vinícius do elenco vascaíno ter o mesmo sucesso do Vinícius do elenco do Real Madrid, até pode ser. Fora isso, é complicado justificar a escolha. E ainda mostra que, até a tal da SAF realmente se definir, qualquer coisa serve pro futebol do Vasco.

A pergunta que fica é: se é pra contratar um cara que nunca foi nada além de um auxiliar técnico em times profissionais, porque não deixar o atual interino, que também era auxiliar, mas que tem a óbvia vantagem de já conhecer o nosso elenco?

Mas quem dera essa fosse a única pergunta que ficaremos a nos fazer por esses dias. Não, caro torcedor cruzmaltino! Uma outra questão importante é: POR QUE DIABOS O VASCO INCOMODA TANTA GENTE?

Sim, porque só incomodando muita gente pra vermos nosso clube ser tão prejudicado na semana em que jogaremos contra o líder da Série B. Foi o Vasco decidir mandar o jogo na Arena Maracanã – já que era claro que São Januário não comportaria a quantidade de torcedores que fariam questão de ver a partida – que os problemas começaram.

Primeiro, o consórcio que faz a gestão do estádio MUNICIPAL cobrou um aluguel com um ágio de quase 200% e não incluiu no contrato o tradicional repasse de um percentual do lucro nas vendas de bebidas. Depois, proibiu que a instalação de faixas sem maiores explicações (qual seria o problema de uma faixa que fala em “RESPEITO, IGUALDADE E INCLUSÃO”? Não se sabe, mas em seu blog, o PVC define a situação de forma precisa). E pra dar um toque mais “democrático” a tudo isso, a caminhada que as torcidas organizadas fariam de São Januário até a Arena foi cancelada após ter sido proibida pelo BEPE.

A arenga com o consórcio da Arena tem objetivos bem claros (tão claros que até uma diretoria como a nossa sacou) e  com alguma boa vontade, a caminhada poderia rolar com alguma escolta policial sem maiores problemas. Mas é justamente esse o problema. Boa vontade, com o Vasco, nunca há.

Já deviam ter aprendido que essas atitudes só servem para motivar ainda mais nossa torcida. Então os Vascaínos presentes na Arena certamente vão aproveitar a oportunidade para mostrar a todos, ao vivo e em cadeia nacional, que já nos acostumamos ao lutar contra tudo e contra todos.

E também vamos apoiar o time na busca pela vitória contra o Cruzeiro, claro.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2022 – Série B
VASCO X CRUZEIRO

Local: Arena Maracanã
Horário: 16h00 (Brasília)
Árbitro: Anderson Daronco (FIFA-RS).
Assistentes: Rafael da Silva Alves (FIFA-RS) e Michael Stanislau (RS).
VAR: Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro (RN).

VASCO: Thiago Rodrigues, Gabriel Dias, Quintero, Anderson Conceição e Edimar; Yuri Lara, Matheus Barbosa e Nenê; Gabriel Pec, Getúlio (Raniel) e Figueiredo.
Técnico: Emílio Faro (Interino).

CRUZEIRO: Rafael Cabral, Zé Ivaldo, Oliveira e Geovane, Pais; Willian Oliveira, Neto Moura, Bidu, Rafa Silva e Jajá; Edu.
Técnico: Paulo Pezzolano.

Transmissão: a Rede Globo transmite para Globo RJ, AC, AP, AM, BA, DF, ES, MA, MG, PA, PB, PE, PI, RN, RO, RR, SC, SE e TO. O canal Premiere transmite para seus assinantes e pelo sistema pay-per-view para todo o Brasil.

Vasco bate o Náutico em noite bizarra

Nenê, Figueiredo - cada um com um gol e um assistência - e Andrey, também com um gol, garantiram a vitória vascaína no Arruada
Nenê, Figueiredo – cada um com um gol e um assistência – e Andrey, também com um gol, garantiram a vitória vascaína no Arruda (📷: Daniel Ramalho | Vasco)

O jogo entre Vasco e Náutico foi um festival de bizarrices, desde antes da bola rolar, inclusive. Troca de estádio, atraso no início por falta de uniforme dos donos da casa, Hino Nacional apenas com um dos time, atraso na volta do intervalo (por falta de ambulância no estádio)… Como não poderia deixar de ser, o placar do jogo também teria sua dose de bizarria: vencemos nossos anfitriões por 3 a 2.

Como assim, bizarro?“, perguntará o leitor. Fácil explicar.

O Vasco vencer fora de casa é bizarro. Nessa Série B, foi a primeira vez.

Os gols que fizemos: a pancada de falta do Figueiredo, a tabela entre Nenê e Andrey Santos (e o arremate do garoto) e a jogada dos três, desde o passe do Andrey, passando pela bagunçada do Figueiredo na área seguida de assistência para o Nenê dar um toque sutil para as redes. Todos bizarramente bonitos.

E, claro, marcar três gols em uma única partida é bizarro para o Vasco neste campeonato.

Termos sofrido dois gols também foi bizarro. Não apenas porque o Náutico nos vazou, em uma partida, quase o mesmo número de vezes que fomos vazados em 10 rodadas. Mas também porque sofremos gols justo em uma das partidas mais controladas e tranquilas que o Vasco teve na competição. Foram gols que caíram no colo do Timbu? Sim (o primeiro, praticamente um gol contra do Anderson Conceição; o segundo, um penal chorado praticado por um atacante que não sabe marcar). Ainda assim, foram gols demais, contra um adversário que nos ameaçou de menos.

Emílio Faro não apareceu com nenhuma invenção bizarra e, mantendo o time do Zé, conseguiu o que o recém-saído técnico não havia fazer. Meio que seguiu o ex-chefe na demora para fazer substituições e elas meio que não deram certo (Zé Santos que o diga). Mas no fim das contas, não há como negar que a estreia da sua interinidade foi positiva.

Que essa fase – e as vitórias com vários gols – continue por muito mais tempo.

As atuações

Thiago Rodrigues – fez pelo menos duas boas defesas. Não tinha o que fazer nos dois gols sofridos.

Gabriel Dias – vinha fazendo uma partida razoável, até que nos segundo tempo o Náutico passou a explorar mais sua lateral. Tanto que o primeiro gol adversário nasceu em uma bola nas suas costas. Weverton o substituiu

Danilo Boza – uma boa estreia, mostrando tranquilidade inclusive para ajudar nas saídas de bola.

Anderson Conceição – deu azar no lance do primeiro gol do Náutico, quando tentou cortar o chute  e acabou tirando a bola do alcance do Thiago Rodrigues.

Edimar – dessa vez esteve mais preso à defesa, aparecendo menos no apoio que nas últimas partidas.

Yuri Lara – firme como sempre na marcação, roubando várias bolas e até ajudando a fazer a transição ofensiva do time.

Andrey Santos bem na marcação e na distribuição das bolas, ainda participou de dois gols. No primeiro, fez quase tudo: roubou a bola na defesa, invadiu o campo adversário, tabelou com Nenê e mostrou muita categoria no arremate. A mesma exibida no passe preciso para o Figueiredo no terceiro gol vascaíno. Deu lugar ao Matheus Barbosa, que entrou para ajudar a diminuir o ímpeto do Náutico.

Nenê – como sempre, não fez muita coisa em campo. Apenas uma assistência e um gol. Saiu no fim para a entrada do Isaque, que só foi notado pelo quarto árbitro, ao indicar sua entrada em campo.

Figueiredo – além do empenho de sempre, marcou duas vezes. O primeiro, numa pancada parecida com que marcou contra o Bahia; o segundo, em posição irregular, foi anulado. Mas bagunçou a zaga do Timbu e deu de presente para o Nenê o terceiro gol do Vasco.

Gabriel Pec – no primeiro tempo, só irritou a torcida com suas tomadas de decisão equivocadas. Melhorou na etapa final, fazendo algumas boas jogadas pelo lado de campo. Bruno Nazário, entrou em seu lugar no fim do jogo e não teve tempo para fazer muita coisa.

Getúlio – no primeiro tempo, apanhou bastante da bola; no segundo, perdeu um gol feito depois de receber uma boa bola do Pec. Zé Santos (antigo Zé Vitor) o substituiu e fez ainda pior: só apareceu cometendo um penal em um lance de absoluta grosseria.

Vasco ‘pós-Zé Ricardo’ estreia contra o Náutico

Com a saída do Zé, Emílio Faro comanda o Vasco contra o Náutico, em Recife
Com a saída do Zé, Emílio Faro comanda o Vasco contra o Náutico, em Recife (📷: Daniel Ramalho | Vasco)

A saída repentina do Zé Ricardo do comando do Vasco gerou muita surpresa e pouca lamentação. Ainda assim, fica aquele pensamento: “ele até tinha que ir, mas tinha que ser justo agora, poucos dias antes de um jogo contra o Cruzeiro?“. Sorte para Emílio Faro, que assume interinamente o time, que terá o confronto contra o Náutico antes de encarar o líder da Série B diante de uma Arena Maracanã lotada.

Sorte” em termos. O Timbu, que vinha de uma sequência de quatro jogos sem vitória, venceu o Brusque fora de casa na última rodada e certamente virá com aquela motivação de quem pretende arrancar. E vencer um dos grandes na competição, atualmente no G4, e diante da sua torcida é tudo o que alvirrubro precisa.

Mas um adversário motivado jogando em casa não é o único problema para o Emilio Faro. Além disso, ele terá – quem diria – o problema da comparação: ainda que ninguém estivesse apaixonado pelo trabalho do Zé Ricardo, Faro já chega com a pressão de, no mínimo, manter uma invencibilidade de 10 jogos criada sob o comando do ex-técnico. Mesmo que o interino não tenha pretensões de permanência, começar com uma derrota, nesse cenário, é uma pressão que ninguém gostaria de sofrer.

Como não podia deixar de ser, Faro não deve inventar na sua estreia e provavelmente manterá os 11 que iniciaram no empate com o Grêmio, tirando Quintero. Suspenso, o zagueiro colombiano dá lugar ao também estreante Danilo Boza e criou o primeiro problema para o técnico-tampão: assegurar que o entrosamento da zaga não seja muito prejudicado.

Mas tendo sido auxiliar do Zé, Faro deve saber exatamente a importância da defesa para este Vasco. O que seria realmente interessante é que o interino traga nova ideias para que o time tenha mais opções de jogadas ofensivas. Mesmo no G4, o Vasco tem apenas o 10º ataque mais positivo da competição e isso, definitivamente, precisa melhorar. Como dizem por aqui, falta “faro de gol” ao time.

Vai…vocês sabem que eu não ia deixar passar esse trocadilho, né?

CAMPEONATO BRASILEIRO 2022 – Série B
NÁUTICO X VASCO

Local: Estádio do Arruda.
Horário: 19h (Brasília).
Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza (SP-Fifa).
Assistentes: Miguel Caetano Ribeiro da Costa (SP) e Gustavo Rodrigues de Oliveira (SP).
VAR: Heber Roberto Lopes (SC).

NÁUTICO: Lucas Perri, Victor Ferraz, Wellington, Bruno Bispo e Thássio; Ralph, Mateus Nascimento, Richard Franco e Jean Carlos; Pedro Vitor e Léo Passos.
Técnico: Roberto Fernandes.

VASCO: Thiago Rodrigues, Gabriel Dias, Danilo Boza, Anderson Conceição, Edimar; Yuri Lara, Andrey, Nenê, Figueiredo, Gabriel Pec e Getúlio.
Técnico: Emílio Faro (interino).

Transmissão: O canal Premiere transmite para seus assinantes e pelo sistema pay-per-view para todo o Brasil.