Colocando a qualidade das duas equipes dentro de uma perspectiva realista, podemos dizer que Vasco e Ponte Preta fizeram uma boa partida. Foi um jogo disputado, com ambas as equipes buscando o gol e alguns lances até interessantes.
Deve-se se dar o mérito a quem merece. O que fez do jogo algo mais do que uma simples confirmação da nossa ida às oitavas da Copa do Brasil foi o interesse da Macaca na partida. Nosso adversário sabia que seria muito complicado evitar a eliminação e ainda assim buscou o resultado que lhe interessava até o fim. Dentro das suas limitações, os dois times fizeram uma partida um pouco acima do que suas próprias torcidas esperavam. Mas a atuação do Vasco ainda deixou uma pergunta no ar: será que não teríamos vencido mais vezes no Brasileiro com outras atuações parecidas com essa? Por que o Vasco não joga sempre como ontem?
Simples: não joga porque não consegue. Porque poucos dos nossos adversários equilibram a vontade de atacar e o medo defensivo, preferindo na maioria das vezes a retranca e o contra-ataque. E o Adilson até hoje não conseguiu fazer sua equipe jogar de forma eficaz contra esse tipo de oponente.
Outra preocupação, também confirmada na partida de ontem, foi o nosso aproveitamento pífio nas finalizações. Mesmo tendo criado mais jogadas e conseguido finalizar mais vezes que o normal, o Vasco só acabou vencendo marcando dois gols que não saíram de jogadas do time. Quando criamos o lance até o último passe, erramos muito nos arremates. E aí voltando ao Brasileiro, contra as retrancas, o Vasco naturalmente cria menos. E criando menos, não podemos desperdiçar as raras oportunidades de marcar (até porque, nem sempre haverá pênaltis e gols contras a nosso favor). Como é isso o que vem acontecendo em várias das nossas partidas, o resultado não poderia ser outro além de sete empates no Brasileirão.
Mas deixemos de ser ranhetas pelo menos por hoje. Vencemos e vimos um Vasco um pouco mais criativo, o que pode nos dar uma esperançazinha de melhores atuações daqui pra frente. Desde que, claro, nossa zaga deixe de entregar a rapadura (como fez ontem o Rodrigo e antes disso toda a zaga no empate com o América-RN) e que o treinador se resolva a armar o time de maneira mais ofensiva.
Nisso, sinceramente, não creio muito. A entrada do Dakson efetivamente deixou o time mais vulnerável defensivamente e, para manter o time com apenas dois volantes, Adilson terá que considerar que o maior número de jogadas ofensivas compensou a maior exposição da zaga. Alguém acredita que nosso cauteloso treinador pensará dessa forma?
As atuações…
Martín Silva – vendido no lance do gol, não teve o que fazer. De resto foi pouco exigido, mas quando foi, rebateu uma bola à moda Fernando Prass.
Carlos César – merece elogios por ser muito presente no apoio, mas Adilson precisa urgentemente bater um papo com o rapaz. Ele abusa da violência e ontem não foi expulso por pura sorte.
Rodrigo – não há como ignorar a falha grotesca que culminou no gol da Macaca. Não fosse por esse erro grave, teria tido uma atuação regular, quase marcando em duas perigosas cobranças de falta.
Douglas Silva – ele e Rodrigo tiveram um pouco de problema por conta do meio de campo menos marcador. Mas ainda assim, mesmo que a Ponte tivesse tido mais chances do que seria o ideal, Douglas não comprometeu.
Diego Renan – Adilson parece ter pedido ao Diego que segurasse mais na marcação para que Carlos César tivesse mais liberdade. Só isso justifica suas poucas subidas ao ataque. Mas numa das raras vezes em que subiu, quase marcou um gol.
Guiñazu – com menos um volante em campo, acabou tendo que jogar com disposição redobrada (tanto que me lembro mais dele no chão, dando carrinhos, que de pé no campo). Mas fez bem a parte que lhe cabia, já que não poderia se desdobrar em dois. Também tentou ajudar na frente quando teve espaço para isso.
Fabrício – quase marcou um gol, cabeceando uma bola no travessão. Fez bem a transição para os armadores, dando mais uma opção para a criação de jogadas.
Dakson – faltou um golzinho, mas de resto, fez quase tudo: armou jogadas, puxou jogadas em velocidade, acertou bons passes – colocou o Thalles na cara do gol – e até na marcação ajudou. Sofreu o pênalti que originou nosso primeiro gol. Com a fatura fechada, Adilson colocou Montoya em seu lugar e o colombiano, mesmo não sendo muito efetivo, mostrou disposição e fez pelo menos uma bela jogada, se infiltrando no meio da zaga símia com dribles.
Douglas – com outro meia em campo, o camisa 10 acaba tendo mais espaço, já que a marcação adversária precisa se dividir entre os dois. E tendo mais espaço, Douglas acaba aparecendo, dando bons passes. Teve participação direta nos dois gols, cobrando o pênalti e o escanteio que terminou em gol contra.
Kleber – ainda não justificou sua contratação, apesar de não deixar de lutar enquanto está em campo. Saiu no intervalo para a entrada de Lucas Crispim, que deu outra dinâmica ao time, mas ainda precisa caprichar no último passe e nas finalizações.
Thalles – como sempre, lutou e correu o tempo inteiro, mostrando inclusive uma movimentação um pouco mais intensa. Mas teve poucas chances de finalizar, e nas duas únicas, foi mal. Edmilson entrou em seu lugar no apagar das luzes e acabou não contribuindo muito.
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