Vasco supera a própria irregularidade e bate o Vitória na Colina

Abrindo o placar contra o Vitória, Maicon marcou seu primeiro gol pelo Vasco
Abrindo o placar contra o Vitória, Maicon marcou seu primeiro gol pelo Vasco (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Na entrevista que concedeu no final do jogo de ontem, Payet declarou que o “Vasco precisa saber terminar as partidas“. LONGE DE MIM querer contestar o sujeito que fez as duas assistências pros gols que garantiram nossos três pontos contra o Vitória, mas na minha modesta opinião, o Vasco também está precisando saber INICIAR suas partidas.

E depois do primeiro tempo terrível que vimos ontem, duvido que essa seja uma opinião solitária. Ainda que o Vasco tenha conseguido, em parte, fazer uma das tais “partidas controladas” na etapa inicial, em vários momentos o Vitória só não criou problemas graves porque – tentando manter o devido respeito ao time baiano – mostrou uma limitação tremenda no ataque. Erros de posicionamento defensivo deixaram muitos espaços para o adversário nos atacar e, em vários momentos, eles foram bem mais agressivos que nós, como se a necessidade da vitória fosse apenas do Vitória.

Ofensivamente, também fomos muito ineficientes. Nas raras vezes que conseguimos superar a marcação rubro-negra, finalizamos mal ou nem isso. Pelo que apresentamos nos primeiros 45 minutos, pra chegarmos a um gol, só mesmo se a arbitragem fizesse seu trabalho direito e marcasse o grosseiro pênalti sofrido pelo Galdames, só menos grosseiro que o erro do VAR ao não assinalar a infração.

Ainda bem que no segundo tempo o time voltou melhor e conseguiu resolver a questão antes dos 12 minutos: depois de uma atuação discreta na etapa inicial, o Francês fez duas assistências em seis minutos e resolveu a partida com as ajudas do Maicon e do Pirata. Poderíamos ter marcado outros, passamos um sufoco no fim por conta de um cochilo defensivo, mas conseguimos manter a vantagem até o apito final.

Era uma vitória indispensável, não apenas por nos tirar do Z4 e dar uma tranquilizada no ambiente antes de um clássico, mas também por ser um confronto direto na luta para fugir da zona da confusão. É deprimente ver o Vasco, numa sexta rodada de Brasileirão, estar com esse tipo de preocupação, mas é o que temos pra hoje. Que as questões apontadas pelo Francês – e as não apontadas também – sejam corrigidas o mais rápido possível e que nossos próximos confrontos diretos sejam por disputas pelo posições mais nobres na tabela.

Na As atuações

Léo Jardim – não chegou a ser extremamente exigido na partida. No lance do gol, até permitiu o rebote em um primeiro chute, mas se o Vitória não tivesse marcado, seria mais uma defesa difícil pra conta do goleiro.

João Victor – não dava pra contar com o zagueiro improvisado sendo uma arma no apoio, mas compensou defensivamente. Paulo Henrique o substituiu no fim, aparentemente, apenas para pagar sua cota de irritação para a torcida.

Maicon – bem nas antecipações, bolas altas e combates diretos, ainda abriu o placar para o Vasco em um momento importante da partida.

Léo – fez uma partida regular, sem nada que comprometesse sua atuação. Tentou ajudar na saída de bola.

Lucas Piton – um primeiro tempo que reforçou a impressão de queda de desempenho. Melhorou junto com o time no segundo tempo, sendo mais presente no apoio, mas seus cruzamentos não foram precisos.

Sforza –  não fugiu da responsa de ser o principal marcador no meio de campo e ajudou na saída de bola. E ainda se revelou uma boa opção para a cobrança de faltas: quase marcou um golaço, obrigando o goleiro adversário a fazer grande defesa para evitar o que seria seu gol de falta.

Galdames – alguns erros de posicionamento no primeiro tempo deram espaço demais ao adversário, ainda assim, fez uma partida acima da sua média. Na primeira etapa, apareceu em lances de perigo quando chegou à frente, fazendo a finalização mais perigosa do time, dando uma assistência (desperdiçada pelo David) e sofreu um pênalti escandaloso não marcado. No segundo tempo conseguiu ser mais consistente defensivamente, sem deixar de arriscar algumas chegadas à área. Mateus Carvalho entrou em seu lugar  e acabou vacilando no gol do Vitória, errando um passe fácil e perdendo a chance de recuperar a bola antes da primeira finalização do lance.

Payet – uma atuação que lembrou o Vovô Nenê: um primeiro tempo discreto, levando a pior com a marcação adversária (mas ainda assim conseguindo uma finalização perigosa, no lance do penal não marcado). Aí, no segundo tempo, foi lá  e resolveu, fazendo as assistências para os dois gols vascaínos. Deu lugar ao Praxedes, cuja maior contribuição pro resultado foi ter levado um tabefe, provocando a expulsão de um jogador do Vitória quando o adversário tentava pressionar pelo empate.

Rossi – digno de nota, apenas uma recuperação quando fazia a recomposição defensiva e conseguiu cortar um contra-ataque. No ataque, foi uma nulidade. O que torna inexplicável a reserva imposta ao Adson. Mesmo não sendo um craque, é muito mais útil na frente, criando jogadas com velocidade e dando trabalho aos seus marcadores sem medo de arriscar dribles. Vinha bem mas acabou sentindo no fim e deu lugar ao  Puma, que pelo menos não teve tempo para aparecer (ou comprometer o resultado).

David – muito participativo, obriga que a defesa adversária fique atenta o tempo todo. Mas ontem estava em um dia de Deivid, já que perdeu pelo menos duas grandes chances para marcar finalizando mal ou não conseguindo executar bem algum movimento. Precisa melhorar sua tomada de decisão também.

Vegetti – o empenho de sempre, mas foi pouco acionado. Mas é aí que um centroavante mostra sua eficiência: finalizou apenas duas vezes e deixou o seu.

Com ‘sorte de Z4’, Vasco perde pelo placar mínimo em Curitiba

Prejudicado pela expulsão imbecil do Hugo Moura, Vasco só conseguiu evitar a segunda goleada seguida (📸: Matheus Lima | Vasco)

Sorte de campeão” é uma expressão conhecida, que  todo mundo entende o significado. É quando aquele time que está disputando um título passa o maior perrengue em um jogo, mas vence com um gol cagado. Ou, quando mesmo em caso de derrota, vê seus concorrentes perderem na mesma rodada e uma liderança é mantida.

Como as palavras sorte, campeão e Vasco não são escritas junto há muito tempo, nos resta ter algum outro tipo de sorte. Infelizmente daquelas que não adiantam nada. Na derrota de ontem para o Athletico, fomos salvos quatro vezes pela trave, pelo menos duas vezes pelo Léo Jardim e, ainda assim, perdemos. A “sorte” de evitar outra goleada após a sofrida para o Criciúma, no final das contas, não adianta de muita coisa (exceto evitar que nosso saldo de gols ficasse ainda pior do que já está).

Como dizem, a “sorte acompanha quem trabalha“. E se o trabalho na Colina tem sido aquém do necessário, a sorte que nos sobra tem a mesma qualidade. Falta trabalho tanto dentro como fora do campo: na hora de contratar reforços, de avaliar o momento de manter ou demitir técnicos, de escalar quem deve ser titular, de evitar expulsões idiotas, criar jogadas ofensivas e de colocar a bola nas redes adversárias. O resultado? A 17ª colocação na tabela, mesmo com a montanha de grana que se gastou, pela segunda temporada seguida, na montagem do elenco.

Com a quarta derrota seguida, seguimos no Z4 e só não estamos numa posição ainda pior porque um monte de times têm jogos a menos que nós. E, mesmo que vençamos na próxima rodada, há uma chance bem grande de seguirmos na zona da degola. Ou seja, precisaremos de alguma sorte para que isso não aconteça, já que se formos contar com o trabalho que vem sendo feito no clube, parece bem complicado conseguirmos ter algum avanço imediato nesse Brasileirão.

As atuações

Léo Jardim – teve menos trabalho que as traves que defendeu. Fez duas grandes defesas, uma em cada tempo, e no resto do jogo fez defesas seguras em finalizações que não lhe exigiram tanto.

Paulo Henrique – há algum tempo a Av. Paulo Henrique foi pavimentada, teve expansão de faixas de rodagem e não cobra qualquer pedágio. Ontem, a maioria das jogadas perigosas do Furacão veio pelo seu lado do campo, inclusive a do gol. Pra fechar a atuação horrenda, ainda perdeu uma chance clara de gol no segundo tempo.  Clayton entrou em seu lugar e, pra manter o nível que estamos acostumados a ver, não fez nada.

Maicon – fez o que pôde, mas vacilou no lance do gol.

Léo – junto com o Maicon, penou com a falta de proteção à zaga após a expulsão do Hugo Moura.

Lucas Piton – há alguns jogos não consegue ser efetivo no apoio e ontem foi igual. Defensivamente também deu espaços pela sua lateral e não conseguiu impedir a finalização que originou o gol do Athletico.

Hugo Moura – sua forma de retribuir a confirmação da sua contratação em definitivo pelo Vasco, fez uma lambança completa, do passe errado à falta evitável que lhe rendeu um vermelho aos 15 minutos do primeiro tempo. Se o time tinha alguma chance de conseguir um resultado melhor na partida, o volante acabou com ela.

Mateus Carvalho – teve que se desdobrar depois da expulsão do  Hugo Moura, mas era uma missão acima da sua capacidade. Sforza o substituiu e melhorou ligeiramente nossa saída de bola, muito por conta do pé no freio que os donos da casa colocaram no segundo tempo.

Galdames – se a ideia era faze-lo ser o homem de criatividade no time, não deu certo. Defensivamente também não foi tão efetivo.

Rossi – não deveria nem ter entrado e saiu para a entrada do João Vitor após a expulsão. Já o zagueiro mostrou mais uma vez a completa falta de explicação para sua atual condição de reserva. Jogou como lateral e foi mais efetivo ao levar o time para o ataque que qualquer uns dos meias do time. Fez grande jogada que acabou em gol do Vegetti, infelizmente, em posição irregular.

David – mais uma atuação para apagar a imagem de jogador questionado do elenco: não é craque, mas já há alguns jogos  é o mais perigoso do time e quem dá mais trabalho às defesas adversárias. Se melhorasse suas finalizações seria indiscutível no atual grupo que temos. Adson entrou em seu lugar no fim e não conseguiu ajudar muito.

Vegetti – se normalmente fica mais isolado na frente, com um jogador a menos no time, ficou ainda mais solitário. Quase não recebeu bolas e, quando pôde finalizar, fez um gol. Mas estava impedido. Erick Marcus entrou em seu lugar provavelmente para explorar contra-ataques em velocidade. Mas errou tudo o que tentou.

Vasco que só soube sofrer arranca empate no Castelão

Destaque do Vasco na partida, Léo Jardim garantiu o empate no Castelão com grandes defesas
Destaque do Vasco na partida, Léo Jardim garantiu o empate no Castelão com grandes defesas (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Depois de uma traulitada como a que tomamos na última rodada do Brasileiro, é difícil não ter achado o empate de ontem com o Fortaleza um bom resultado.

Jogando fora de casa, contra um time há muito tempo mais ajustado que o nosso (pra não entrarmos na discussão da qualidade do elenco) e que até técnico tem, sair do Castelão sem perder, sem sofrer gols – algo que não acontece há quase dois meses – e podendo avançar para as oitavas da Copa do Brasil com uma vitória em São Januário no jogo de volta, não dá muito pra reclamar, certo?

Mais ou menos.

O problema é que gostar do resultado não significa que o Vasco tenha nos dado motivos para gostar da partida. Muitas vezes, aliás, é o contrário: quando o time vai mal e, ainda assim, não perdemos, a satisfação com o placar é inversamente proporcional à satisfação com o que vimos em campo.

Foi isso o que aconteceu ontem. Era óbvio que Rafael Paiva tinha como objetivo principal não tomar gols, algo que conseguiu. Mas me parece bastante perigoso dizer que fomos bem defensivamente apenas por não termos sido vazados. E por uma razão simples: em uma equipe com dois volantes, laterais que não avançaram muito e três zagueiros não deveria ter como principal destaque na partida o seu goleiro. A impressão que fica, no fim das contas, é que o ferrolho do Paiva só “funcionou” porque Léo Jardim estava em uma noite inspirada.

Com um time tão defensivo como o que tivemos ontem, a facilidade com a qual o Fortaleza atacava e criava chances de perigo (nem tantas, é verdade) evidenciou que o esquema proposto ainda tem muito o que evoluir. E, outra questão que deve ser resolvida até o jogo da volta, não podemos passar quase o jogo todo pressionados como aconteceu ontem. Ser defensivo é necessário em algumas partidas, mas ser inofensivo não pode acontecer nunca.

O empate foi um bom resultado, ok. Mas “saber sofrer“, ainda mais dependendo tanto de milagres do goleiro, não vai nos fazer avançar na Copa do Brasil. O Vasco também precisa saber vencer.

As atuações
Léo Jardim – indiscutivelmente o melhor em campo, evitou que o Vasco saísse com uma derrota com pelo menos quatro grandes defesas.

Paulo Henrique – tomou um drible humilhante em um lance que só não terminou em gol pela finalização no lance ter carimbado a trave. Está numa fase terrível.

Rojas – surpreendeu fazendo uma partida segura, se saindo bem nos combates diretos. Em um lance, roubou uma bola e armou um bom contra-ataque. Perto do fim, deu lugar ao Zé Gabriel, “curiosamente” no momento em que o Fortaleza levou mais perigo nos minutos finais.

Maicon – também não comprometeu, se destacando nas bolas aéreas e antecipações.

Léo – depois de um primeiro tempo irritante, melhorou. Na etapa final, bloqueou uma finalização perigosa.

Lucas Piton – quando não consegue se destacar no apoio, geralmente evidencia sua irregularidade defensiva. Foi o que aconteceu ontem.

Hugo Moura – marcou com firmeza enquanto esteve em campo e tentou ajudar o time a ter uma saída de bola com mais qualidade. Acabou sendo substitu1ído no intervalo pelo Galdames, após sentir. O chileno até teve uma finalização interessante, mas além disso, só mostrou que muitas vezes considera ter mais qualidade do que consegue praticar com a bola no pé. Em dois momentos armou contragolpes perigosos para o Fortaleza ao errar passes.

Mateus Carvalho – vinha dando consistência à marcação pelo meio, mas pra variar, foi amarelado muito cedo e acabou saindo no intervalo. Sforza o substituiu e, apesar de ser detonado por alguns torcedores nos Twitters da vida, fez uma partida mediana, sem razões para elogios, mas igualmente sem razão para críticas em excesso.

Rayan – tentou ser uma válvula de escape pelo lado de campo, puxando contra-ataques, mas não conseguiu ser efetivo. Adson entrou em seu lugar para exercer a mesma função, mas tirando um arremate relativamente perigoso, não acrescentou tanto.

David – foi quem mais se destacou no ataque, tentando levar o time à frente pelo lado esquerdo do campo. O lance mais bonito do time foi dele: chapelou o marcador e completou com um chute forte de fora da área. Rossi entrou em seu lugar em um momento do jogo no qual acabou sendo mais útil na função de ajudar a cobrir os avanços do Fortaleza pela lateral.

Vegetti – não chegou a receber bolas em boas condições para finalizar, mas incomodou bastante a zaga adversária com seu jogo físico.

Goleado pelo Criciúma, Vasco volta à sua rotina de ‘tempestades perfeitas’

Ao perder o pênalti que levaria o Vasco ao empate ainda no primeiro tempo, Vegetti deu início à catastrófica derrota para o Criciúma
Ao perder o pênalti que levaria o Vasco ao empate ainda no primeiro tempo, Vegetti deu início à catastrófica derrota para o Criciúma (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Eu ainda estava nas arquibancadas de São Januário quando comecei a pensar no que falar hoje sobre a derrota para o Criciúma. Até o momento, anda era uma derrota, feia, mas apenas uma derrota. Longe do vexame que se sacramentou com o apito final da partida.

O jogo ainda estava 2 a 0 e eu pensava que um resultado tão terrível – que ninguém tem obrigação de se lembrar depois de tudo o que veio a seguir – depois de um primeiro tempo no qual poderíamos até terminado a frente no placar seria aquele típico caso de “errar rápido para corrigir rápido“. É papo de empreendedor, mas me parecia caber na situação: já que era pra pagar mico, que fosse nas primeira rodadas, quando ainda teríamos tempo para mudar a rota e tentar fazer um Brasileiro PELO MENOS sem o terror que vivemos em 2023.

Mas não demorou muito pra vermos que, pelo visto, 2023 não acabou para o Vasco.

Ontem eu tinha falado que uma derrota seria terrível por conta da pressão que seria jogada na equipe. E aí, não apenas perdemos, tivemos uma tempestade perfeita em São Januário:

✅Perdemos o jogo;
✅Perdemos o jogo em casa;
✅Perdemos o jogo contra um dos times que acabaram de subir da Série B;
✅Perdemos o jogo desperdiçando um pênalti e gols feitos;
✅Perdemos o jogo tendo uma atuação inclassificável no segundo tempo;
✅Perdemos o jogo numa goleada, com direito a provocação do adversário;
✅Perdemos o jogo e provavelmente entraremos no Z4;
✅Perdemos o jogo e a comissão técnica, a menor das responsáveis pela vergonha de ontem;

Resumindo, o que deveria ser um início de recuperação no Brasileiro acabou se tornando um alçapão para o Vasco cair direto em uma crise que certamente afetará o time por um bom tempo. E é bem provável que já vejamos os resultados práticos disso na quarta que vem, quando enfrentaremos o Fortaleza pelo jogo de ida na Copa do Brasil.

Depois de uma goleada como a de ontem, é natural que todo o trabalho seja revisto com um viés de terra arrasada. Que é preciso mudar, é claro. Mas quem  guiará o futebol vascaíno por novos rumos? Sob o comando da 777, está claro que nossa caravela não tem – nem terá – uma bússola ou um almirante que saiba o que está fazendo. E isso, no meio da tempestade que acabamos de adentrar.

Ao invés de falar das atuações dos jogadores, vale mais falar da atuação de quem realmente sofre com essas humilhações que o Vasco da Gama passa com uma frequência muito maior que a aceitável: a torcida.

Antes do jogo, mostrou que as coisas não estavam tão bem ao demorar dias para esgotar os ingressos para a partida. Ainda assim, foi lá e lotou o Caldeirão.

Durante os 90 minutos, apoiou o quanto foi possível. As primeiras vaias generalizadas só vieram no intervalo. Com o Criciúma aumentando a vantagem, natural os protestos aumentarem e parte dos torcedores irem embora (eu mesmo fui um deles. O Vasco é pra quem acredita, mas ontem, depois do 3 a 0, não havia fé que resistisse). Ainda assim, o estádio ainda estava bem cheio no quarto gol sofrido.

Jogaram objetos no campo, mas pelo nosso histórico recente, uma derrota catastrófica como a de ontem poderia ter gerado problemas muito maiores. Diante disso, só quem saiu merecendo aplausos na tarde de ontem foi nossa própria torcida.

Vasco, com suor e sem inspiração, perde clássico para o tricolor

Hugo Moura fez uma assistência na sua estreia pelo Vasco, mas não conseguiu evitar a derrota no Clássico
Hugo Moura fez uma assistência na sua estreia pelo Vasco, mas não conseguiu evitar a derrota no clássico (📸: Lucas Merçon | Fluminense)

Nem acho que valha a pena ficar falando da arbitragem na derrota do Vasco para o Flu. Lances revistos pelo VAR, ainda que considerados decididos acima de qualquer contestação, são analisados por pessoas e pessoas são passíveis de enganos (digamos assim) em suas interpretações e ao traçar linhas.

Dito isto, o clássico de ontem foi mais uma daquelas partidas nas quais vimos que o Vasco joga nos limite das suas possibilidades para ser competitivo. Sem Payet, o time é 100% transpiração e muito pouca inspiração. Com três volantes no meio de campo, conseguimos errar mais passes que o Flu mesmo tendo apenas 45% da posse de bola. Criar algo errando tantos passes é bem complicado.

E há outra questão:  mesmo sem um articulador e errando muitos passes, a intensidade até ajuda a criar lances de perigo.  Mas sem inspiração, esses lances são inúteis: finalizamos bem mais que os tricolores, mas desperdiçamos todas (com exceção, claro, do gol do Vegetti), algumas claríssimas.

Tendo um adversário mais eficiente, o Flu não precisou fazer muita coisa para vencer a partida. Aproveitou as chances que teve e controlou bem o jogo quando o Vasco tentou pressionar. Ou seja, outra partida na qual até poderíamos ter melhor sorte, mas não tivemos força para conseguir evitar a derrota. Nada muito diferente da derrota para o Bragantino.

Mesmo com todos  os titulares, o Vasco é um time que precisará se empenhar muito para conseguir seus objetivos. Sem reforços, com desfalques decisivos e com escolhas questionáveis (Rossi? Por que???), as coisas ficam mais complicadas. Lamentar a falta de sorte, decisões da arbitragem  ou placares injustos não resolve nada. “Merecer” um resultado melhor não altera o placar. E, ainda pior, não nos dará um pontinho sequer a mais na tabela.

As atuações

Léo Jardim – nada podia fazer nos gols sofridos. Fez pelo menos uma grande defesa, em finalização do Douglas Costa.

Paulo Henrique – outra atuação ruim. Pouco ajudou no apoio e defensivamente foi ainda pior.

Maicon – criou raízes no lance do primeiro gol, ficando plantado enquanto o Ganso saltou para cabecear. No segundo, não conseguiu interceptar o passe que chegou para o Martinelli marcar. Teve a chance de compensar as duas falhas marcando o gol de empate, mas cabeceou para fora na boa chance que teve.

Léo – não comprometeu como seu companheiro de zaga. Fez uma partida segura.

Lucas Piton – não conseguiu ser tão efetivo no apoio. No lance do segundo gol, foi facilmente superado pela troca de passes do adversário.

Sforza – precisou correr muito para impedir os avanços do tricolor. Acabou saindo, por cansaço, dando lugar ao Zé Gabriel, que levou um amarelo protocolar e não muito mais que isso.

Galdames – discreto demais, não conseguiu ajudar o time justo no que mais precisávamos: algum tipo de articulação. Erick Marcus entrou em seu lugar no intervalo, ajudando o time a ser mais incisivo no ataque. Mas na prática, não conseguiu ser tão efetivo.

Mateus Carvalho – mais uma vez prejudicado por um amarelo muito cedo (e dessa vez, completamente sem sentido). Antes de sair no intervalo, fez uma finalização com relativo perigo no começo da partida. Hugo Moura fez sua estreia substituindo o Cocão. O volante aumentou o poder de marcação pelo meio e se destacou acertando o cruzamento para o gol do Veggeti. Os erros de passes podem se justificar pela falta de entrosamento.

Rossi – outra atuação terrível. Facilmente superado pela defesa tricolor e sem cumprir aceitavelmente a função tática de ajudar a fechar o lado direito, não fez nada que preste ofensiva ou defensivamente. Rayan entrou em seu lugar no intervalo e é impossível negar que sua atuação ficou marcada – negativamente – por perder um gol quando estava sozinho diante do goleiro Fábio.

David – mais um jogo com intensidade e movimentação, criando jogadas e deixando seus companheiros em boa posição para finalizar. Saiu no final da partida, dando lugar ao Clayton, que assim como o Rayan, marcou sua presença em campo perdendo uma chance claríssima de gol.

Vegetti – no primeiro tempo, obrigou o Fábio a fazer uma grande defesa e poderia ter conseguido um penal a nosso favor se as regras de mão na bola dentro da área não tivessem interpretações diversas para equipes diferentes. No segundo tempo marcou o gol vascaíno. Deu trabalho aos marcadores -e para a arbitragem – durante todo o jogo.

Placar injusto em Bragança Paulista frustra Vasco e sua torcida

A dupla DVD Pirata até funcionou, mas não foi o bastante para evitar a derrota do Vasco
A dupla DVD Pirata até funcionou, mas não foi o bastante para evitar a derrota do Vasco (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Há muitos motivos para a torcida ficar frustrada com a derrota por 2 a 1 para o Bragantino ontem.

O primeiro e mais óbvio é que o placar foi de uma injustiça tremenda. Não que o Vasco tenha sido muito superior, mas as circunstâncias da derrota foram revoltantes. Sofremos dois gols pra lá de cagados (um por falha individual justo do Léo Jardim, um dos mais confiáveis do elenco, outro, completamente acidental), colocamos uma bola na trave, Lucão – O LUCÃO!!! – praticou um milagre e ainda ignoraram um pênalti claríssimo sobre o Clayton no fim do jogo, que sequer foi avaliado pelo VAR.

(update: a CBF divulgou a análise do lance pelo VAR. O pênalti não aconteceu.)

Mas, mesmo se não considerarmos os lances decisivos da partida, a injustiça do resultado final se baseia também nas atuações dos dois times. O jogo foi, no mínimo, parelho, com as duas equipes alternando um certo predomínio. Se fosse apenas por isso, o empate teria sido o placar mais justo.

Mas o que no fim das contas é mais frustrante, pelo menos pra mim, nem foi o resultado em si. O que é realmente chato é o torcedor vascaíno se sentir sempre incomodado por procurar formas de ver o lado positivo de uma derrota. Quando pensamos coisas como “o placar foi injusto“, “fomos garfados“, “demos azar“, “perdemos, mas fomos melhores“, sempre vem à mente aquela mosquinha que zumbe nas nossas mentes: nos acostumamos com pouco.

Uma derrota fora de casa contra um adversário que há anos tem tido melhores temporadas que as nossas não é um absurdo. Não dá pra ignorar a falta que Payet e Medel fizeram. A derrota para o Bragantino só aconteceu por sofrermos gols anormais. O pênalti não marcado poderia ter mudado a história do jogo. Mas mesmo que tentemos racionalizar, sempre vem o zumbido: “desculpa de time fraco não serve para o Vasco“.  Sabotamos até a perspectiva de, pelo que jogamos (não só ontem, como também contra o Grêmio), podemos fazer um Brasileiro bem menos complicado que o do ano passado.

Pra mudar essa situação, precisamos voltar a vencer o mais rápido possível. Azar do laranjal.

As atuações

Léo Jardim – uma noite pra esquecer: uma falha inaceitável no primeiro gol e muito azar no segundo.

Paulo Henrique – não conseguiu ter uma boa atuação. Ainda que tenha mostrado o empenho de sempre, não foi eficiente nem na marcação, nem no apoio.

João Vitor – vinha jogando bem, inclusive iniciando jogadas de ataque, mas sentiu o joelho e saiu no intervalo. Maicon entrou em seu lugar e viu sua atuação ficar marcada por ter desviado um chute direto pro nosso gol.

Léo – fez uma partida segura e ainda conseguiu fazer alguma graça no ataque, acertando um belo cruzamento pro Vegetti e quase marcando de cabeça.

Lucas Piton – penou no primeiro tempo com as subidas do Bragantino e, no lance do primeiro gol, poderia ter pelo menos tentado espanar o rebote do Léo Jardim. No segundo tempo conseguiu ser mais efetivo, participando mais no apoio.

Sforza – jogou com intensidade e mesmo atuando mais recuado ajudou a iniciar algumas jogadas. No segundo tempo, ficou mais preso à marcaçcião.

Galdames – iniciou a jogada que culminou no gol vascaíno, mas fora isso, teve uma atuação apagada. Clayton entrou em seu lugar no fim, para tentar uma última pressão. Foi claramente derrubado na área, sem que o VAR esboçasse qualquer atitude.

Mateus Carvalho – vinha tentando organizar jogadas e aparecer na frente para finalizar (inclusive perdeu uma chance claríssima chutando pra fora), mas foi sacado no intervalo por estar pendurado. Zé Gabriel o substituiu e fez seu feijão-com-arroz meio insosso.

Rossi – ciscou muito, acertou pouco. Entrou em campo achando que era exímio  nos cruzamentos, mas não acertou nenhum. Não voltou para o segundo tempo, dando lugar ao Rayan, que foi muito mais útil, participando da jogada do gol de empate dando bom passe para o David.

David – se movimentou muito, incomodou sempre a zaga adversária e fez assistência na medida para o Pirata marcar o seu gol. A despeito do que pensa a torcida sobre seu futebol, vem se firmando no time. Don Ramón  o sacou para a entrada do Adson, para dar um novo gás ao ataque. Não chegou a fazer nada muito relevante.

Vegetti – perdeu uma chance clara em cada tempo: primeiro, cabeceou uma bola pra fora e na etapa final carimbou a trave. Mas deixou o seu, depois de receber boa bola do David. No primeiro tempo fez um gol em, VÁ LÁ, jogada irregular.

***

Só um conselho – não solicitado e que certamente não chegará ao destinatário – ao Don Ramón.

Pruefessor“, o senhor está há pouco tempo no Rio, pouco tempo no clube e talvez não saiba como as coisas funcionam por aqui. É mais ou menos assim: se fazemos tudo certinho, a imprensa esportiva esmiúça o que for possível para falar mal do Vasco. Se esmiuçar não der certo, aparece um boato para falar mal do Vasco. Se ainda isso não funcionar, eles simplesmente inventam algo pra falar mal do Vasco. Então, o senhor imagine o que fazem quando efetivamente fazemos algum besteira.

Veja a sua fala equivocadíssima de ontem à noite. Seu comentário machista e sem sentido – é, vimos que o senhor tentou se desculpar com o manjado “mal interpretado“, mas…convenhamos, né? – acabou tendo tanto ou mais destaque que o próprio jogo. No jornal televisivo de maior audiência no Rio de Janeiro, o tempo dado ao seu comentário foi maior que a cobertura da partida. Sabe por que? Porque bater no Vasco é o esporte preferido do jornalismo esportivo carioca.

Para a instituição Vasco da Gama, estar sempre ao lado das minorias é algo mais que importante. Está em nossa essência e história. E como isso é um valor inatacável, quem sempre nos ataca vai sempre aproveitar os deslises que alguém ligado ao clube comete nessa área. Então, é esse o conselho: da próxima vez, tome mais cuidado. Tenha certeza que a tensão do jogo passou antes de iniciar a coletiva.

Com menos dificuldades que o esperado, Vasco estreia no Brasileirão com vitória sobre o Grêmio

Com um gol, Matheus Carvalho foi um dos destaques na vitória sobre o tricolor gaúcho
Com um gol, Matheus Carvalho foi um dos destaques na vitória sobre o tricolor gaúcho (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Tirando o apagão generalizado no lance em que sofremos um gol, até que não há muito o que reclamar na vitória vascaína sobre o Grêmio, por 2 a 1. Mesmo contra um dos postulantes ao G4 do Brasileiro, o time do Don Ramón fez, como dizem muito na imprensa esportiva, um jogo controlado.

Depois do fim decepcionante do Estadual, era natural que o torcedor estivesse com um pé atrás nessa estreia de Brasileirão. Sem conseguir reforços e com um monte de desfalques importantes, encarar o tricolor gaúcho parecia ser uma missão complicadíssima mesmo jogando na Colina.

Mas até que não foi. Se não tivemos um domínio avassalador na partida, conseguimos segurar o Grêmio sem muito esforço e também mostrar alguma eficiência ofensiva, mesmo sem contar com Payet em campo. O fim do primeiro tempo, com dois gols de vantagem e sem ter sofrido nem uma finalização, é uma prova disso.

Na etapa final era previsível uma tentativa de reação do Grêmio. E, ainda que eles tenham tido mais iniciativa, só conseguiram fazer o seu gol por uma falha inaceitável de todo o sistema defensivo (que conseguiu tomar um gol em lance de escanteio curto!). Fora isso, seguramos bem a pressão meia bomba que sofremos e, mais para o fim do jogo, ainda conseguimos encaixar alguns contra-ataques perigosos.

Foi mais tranquilo do que esperávamos, mas esse foi só o primeiro passo em um campeonato bastante longo. Sendo uma estreia, não dá para ter uma avaliação definitiva sobre o que houve de positivo ou de negativo. É seguir nessa pegada, melhorar no que pode ser melhorado e seguir em frente.

As atuações

Léo Jardim – quase não teve trabalho ao longo do jogo e no lance do gol – ainda que tenha se deixado surpreender – não pôde fazer nada.

Paulo Henrique – apareceu mais defensivamente, mas não chegou a ser uma nulidade no apoio, chegando a finalizar duas vezes. Rojas entrou em seu lugar naquele momento do jogo no qual parecia ser melhor segurar o placar. Não comprometeu.

Medel  – enquanto esteve em campo, o Grêmio praticamente não nos ameaçou. Deu lugar ao João Victor, que não foi mal, mas estava no apagão coletivo que originou o gol adversário.

Léo – jogando com segurança, fez uma boa partida.

Lucas Piton – não foi tão decisivo no apoio, mas criou alguma coisa no ataque. Se saiu bem defensivamente.

Mateus Carvalho – o ex-Cocão foi um dos destaques da partida, jogando com intensidade durante todo o jogo e sendo útil também na distribuição das bolas. Coroou sua atuação com um belo gol.

Sforza – fez bem a proteção à zaga, mostrando que pode se sair bem atuando como primeiro volante.

Galdames – foi o mais discreto do meio de campo, mas também não comprometeu. Foi bem no combate e fez alguns desarmes. JP entrou em seu lugar na parte final da partida e ajudou a segurar o ímpeto gremista.

Rossi – fez uma boa partida, dando trabalho para a zaga adversária e participando dos lances dos dois gols. Foi substituído pelo Rayan, que mostrou vontade, mas além de não se entender muito bem com o Pirata no ataque, vacilou no lance do gol do Grêmio.

David – marcou um bonito gol, ainda que contando com um desvio da zaga. Conseguiu jogar com desenvoltura, criando algumas boas jogadas e ajudando na recomposição defensiva. Adson o substituiu e no pouco tempo que teve em campo, ajudou o Vasco a equilibrar o jogo quando o Grêmio tentava exercer uma pressão.

Vegetti – não conseguiu marcar seu primeiro gol no primeiro jogo do Brasileirão, mas deu trabalho à zaga e ao goleiro gremistas.

Vasco perde mais uma para seu ‘algoz’ e está fora do Carioca

Nova Iguaçu anula o Vasco, vence e leva a vaga na final do Carioca
Nova Iguaçu anula o Vasco, vence e leva a vaga na final do Carioca (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Pro torcedor carioca médio, o Estadual só tem alguma importância em dois momentos: quando o seu time é campeão ou quando seu time passa algum vexame. Como depois da derrota de ontem para o Nova Iguaçu ser campeão é uma impossibilidade, para o Vasco restou a segunda opção.

E para quase todo mundo, ser eliminado por um dos “pequenos” do Rio é, indiscutivelmente, o que se pode chamar de vexame. Como falei no post de ontem, o peso da camisa, a discrepância de investimentos, o tamanho da torcida, entre outras coisas, conta.  Então, perder a vaga na final para um adversário que não tem nada disso faz o alarme do “vergonhometro” de qualquer torcedor soar na hora.

O ponto é que tradição e grana não entram em campo. E, na maioria das vezes, influenciam mais negativamente que o contrário. Muitos grandes times já fracassaram por entrar em campo considerando a vitória uma certeza porque tinham diante de si um adversário considerado menor. Nós mesmos, vascaínos, podemos enumerar alguns – ou vários – momentos em que isso aconteceu.

Mas isso é algo que não se pode falar do Vasco ontem. Não houve soberba ou salto alto. E se isso, na minha concepção, deveria atenuar o que seria efetivamente um vexame, por outro lado sinaliza algo bem mais sério (também opinião minha, claro): nós perdemos porque jogamos pior mesmo. E quando digo “perdemos”, não falo apenas das semifinais. Falo dos três confrontos contra o Nova Iguaçu. O time da Baixada foi melhor que o Vasco. Ponto.

Coisas do futebol. Mas também, um problema bem grande.

Seja com o time reserva – curiosamente, mesmo com a derrota, a única partida na qual poderíamos ter melhor (sorte se a arbitragem fosse justa) -, seja com o time desgastado ou, como ontem, com o time titular e descansado, o Nova Iguaçu mostrou saber anular nossos pontos fortes e se aproveitar bem das nossas fraquezas. As desculpas dadas para justificar os resultados dos dois primeiros jogos mostraram ser apenas isso: desculpas que não explicam o que ficou claro em campo: o Vasco de Don Ramón não conseguiu ser superior ao Nova Iguaçu em momento algum. E olha que o “pruefessor” mexeu consideravelmente na equipe para tentar surpreender os caras.

E como negar isso diante dos fatos? Foram seis tempos, mais 270 minutos (ou 4 horas e meia) de bola rolando e o Vasco não conseguir ficar à frente no placar um minuto sequer.

Classificar a eliminação de ontem como um vexame é problemático por dois motivos. Primeiro, porque é tirar os méritos de um adversário que, ao longo da competição, mostrou com folgas merecer estar onde está. É cair na pilha fraca de torcedores rivais que vão zoar mesmo tendo feito um Estadual pior que o nosso (isso, claro, no caso de tricoletes e alvinegros). E o segundo ponto é que “vexames” parecem ser incidentes, algo fora da curva e que, normalmente, não deveriam acontecer e/ou não acontecerão novamente. O que não se pode falar, pelo menos nesse Carioca, sobre nossos confrontos contra o Nova Iguaçu.

A eliminação de ontem deixa um recado, que deve ser levado bem a sério pelos jogadores, pela comissão técnica e pelos responsáveis pela gestão do futebol do Vasco: o bordão “o Carioca não é parâmetro” é uma verdade incontestável, mas que só vale na prática para desempenhos positivos. Ir bem na competição não é garantia nenhuma de que se terá uma boa temporada. Mas ir mal, CERTAMENTE é motivo para que se acenda um sinal amarelo para qualquer time.

***

Sobre as atuações individuais?

Meme "sem tempo, irmão"
Sem tempo e, inegável, sem paciência também.

Com outra desculpa, Vasco segue sem vencer o Nova Iguaçu

Herói de novo: como na Copa do Brasil, Piton evitou o pior no primeiro jogo da semifinal do Carioca
Herói de novo: como na Copa do Brasil, Piton evitou o pior no primeiro jogo da semifinal do Carioca (📸: Úrsula Nery | FERJ)

A premissa do post de ontem, antes da primeira partida das semifinais do Carioca, era a seguinte: o Nova Iguaçu foi o único time a nos vencer esse ano, mas era preciso levar em consideração que o Vasco jogou com um time reserva. Então, poderíamos esperar um cenário completamente diferente nesse segundo confronto entre as duas equipes.

Só que o cenário não foi tão diferente assim. Passamos um aperto tremendo, mesmo com os titulares – ou aqueles que Don Ramón escolheu serem titulares ontem – poderíamos muito bem ter perdido mais uma vez e, no fim das contas, podemos até agradecer pelo 1 a 1. Um resultado péssimo diante da nossa expectativa, mas que pelo menos nos deixa a uma vitória da final do Estadual.

Na coletiva pós-jogo, Don Ramón e justificou o desempenho decepcionante da sua equipe: tivemos uma partida muito desgastante três dias antes e nosso adversário apenas treinou durante a semana.  Sendo um fato incontestável, não há o que discutir. Um possível cansaço possa explicar desatenções, falta de pegada na marcação, entre outros problemas que o time apresentou ontem.

Pode até explicar. Mas será que justifica?

O ponto aqui é o seguinte….Por ter jogado com um time reserva, o Vasco tem uma desculpa para ter perdido o confronto na Taça Guanabara. Por estar com o time titular desgastado, o Vasco tem uma desculpa para o sofrimento que passou para apenas empatar no jogo de ida da semifinal.

Mas ao usar o cansaço dos seus jogadores para explicar o que vimos em campo, Ramón Diaz criou o seguinte cenário: como na partida da volta acontecerá o contrário (somos nós quem descansamos  e quem joga no meio da semana é o N. Iguaçu), o Vasco não terá qualquer desculpa para não vencer e se classificar para a final.

Nem o velho bordão “assim é o futebol” servirá para justificar qualquer placar que não a vitória no próximo domingo.

Mais uma vez não falarei das atuações individuais na partida – dar a deviida moral pro São Léo Jardim e pro salvador (de novo!) Piton até cabe – porque descobri, da pior forma possível, que simplesmente não posso mais ir aos estádios sem levar meus óculos. A vista deste que vos escreve está mais cansada que o time do Vasco ontem.

***

Falando só mais um pouco sobre o jogo, em um ponto concordo com nosso treinador: a gente poderia ter perdido, mas poderíamos igualmente ter vencido. Mesmo que se use as bolas na trave como critério pra avaliar uma superioridade do adversário, foram três pra eles e duas pra gente. Uma ou outra entrando, fosse para qual lado fosse, e tudo mudaria de figura.

MAAAAAAS….

Tenha jogado aquém do que todos esperavam ou, na real, que tenha jogado mal pra burro, não dá pra ignorar que a validação do que sofremos foi, sendo bem gente boa, pra lá de questionável.

Alterar uma decisão tomada pela arbitragem dentro de campo, tendo como base a linha traçada pelo VAR da D. Ferj – com a precisão de um octogenário com Parkinson em estágio avançado – é daquele tipo de situação que só acontece com….nem vou completar, porque vocês já sabem.

Aí, eu pergunto a vocês, leitores: quem aí achava que a chegada do VAR ao Carioca resolveria os problemas com as decisões “polêmicas” dos apitadores do Rio?

***

 

Em noite de apagão, Vasco exorciza a maldição da segunda fase da Copa do Brasil

Salvador: quando tudo parecia perdido, Piton empatou o jogo e levou a decisão da vaga para a disputa de pênaltiis
Salvador: quando tudo parecia perdido, Piton empatou o jogo e levou a decisão da vaga para a disputa de pênaltis (📸: Leandro Amorim | Vasco)

É muito provável que todo torcedor do Vasco tivesse o desejo que a partida de ontem contra o Água Santa tivesse terminado aos 20 minutos do primeiro tempo. Isso porque já estávamos com dois gols de vantagem desde os 15 minutos iniciais e também para não precisarmos passar por todo drama que veio depois disso, com o adversário passando a tomar conta do jogo, chegando a virar e só empatarmos o placar em 3 a 3 nos acréscimos, precisando ir pra disputa de pênaltis para garantir a vaga na próxima fase da Copa do Brasil (e exorcizar a “maldição da segunda fase“, que vinha acontecendo há algum tempo).

Mas, pessoalmente, nem acho que esses sejam os principais motivos pra torcida, se pudesse, encerrar o jogo antes da metade da primeira etapa. Pra mim, mais importante que tudo isso, é o fato de que antes de sofrer um apagão inexplicável, o time de Don Ramón jogou como há muito tempo não víamos o Vasco jogar. Com força e inteligência, sabendo a hora de atacar com velocidade e o momento para cadenciar o jogo. Trabalhando a bola com paciência até furar a retranca adversária e marcar (como no lance do gol do Vegetti).

Foi uma visão do Vasco que podemos ter. Um Vasco consciente e competitivo, que diferente dos outros anos, pode dar à torcida a esperança de conquistas. Mas esse é um Vasco “potencial“, ainda. E que, para se tornar real, precisa encontrar uma forma de evitar que a impressionante oscilação no desempenho durante as partidas não vire uma rotina.

Entrevistado na saída do campo, após o Vasco já ter garantido a classificação, Léo Jardim foi questionado sobre a irregularidade do time. O goleiro rebateu dizendo que preferia falar sobre a resiliência da equipe, que conseguiu superar as dificuldades e se classificar, mesmo tomando uma virada aos 44 minutos do segundo tempo.

Foi uma boa resposta, mas uma coisa não impede a outra. Ontem, fomos sim, resilientes. Mas só precisamos ser por conta da irregularidade que também tivemos. Ontem, a resiliência nos fez alcançar nossos objetivos. Mas nem sempre será assim e é por isso que evitar apagões como o de ontem é muito mais importante.

PS: convém lembrar que nas semifinais do Carioca, contra o Nova Iguaçu, um empate nos acréscimos não nos adiantará nada.

As atuações

Leo Jardim – um dos heróis da classificação, fez pelo menos três grandes defesas com a bola rolando e ainda pegou o primeiro pênalti do Água Santa.

João Victor – fez um bom primeiro tempo, inclusive ajudando a iniciar jogadas ofensivas. Foi sacado na etapa final, quando Don Ramón abandonou o esquema com três zagueiros. Conseguiu ser expulso ao criar um tumulto com Neílson quando já tinha sido substituído pelo Matheus Carvalho, que dessa vez não conseguiu dar a segurança de sempre ao meio de campo.

Medel – uma noite infeliz do xerifão. Mesmo jogando com a disposição de sempre e ganhando alguns confrontos diretos, não conseguiu tranquilizar a zaga, que de um modo geral foi bem insegura.

Leo – tentou ajudar  na construção de jogadas, mas segue parecendo precisar de um exame de vista, dada a quantidade enorme de passes que erra. Poderia ter feito o gol da vitória, mas apenas raspou uma bola cruzada por Payet no fim da partida.

Paulo Henrique – acabou aparecendo mais e sendo mais efetivo no apoio que o Piton. Acertou um belo cruzamento para o gol do Vegetti.

Zé Gabriel – em dia de Zé Delivery, perdeu uma bola na intermediária que só não terminou em gol por total sorte do Léo Jardim. No primeiro gol do adversário, estava marcando o vácuo. Sforza entrou em seu lugar e compensou sua discreta participação no jogo se prontificando a cobrar um dos pênaltis e convertendo.

Galdames – segue mostrando competência quando vai ao ataque: marcou mais um gol, mostrando oportunismo e bom posicionamento. Mas ontem precisaria ter como companhia alguém mais eficiente na marcação que o Zé. Rossi o substituiu e só apareceu mesmo quando tomou um amarelo sem que a bola estivesse rolando.

Payet – mesmo em uma das raras atuações nas quais mais erra que acerta, participou de dois dois gols vascaínos, o primeiro e o terceiro.

Lucas Piton – não conseguiu ser efetivo no ataque e ainda vacilou feio no lance do terceiro gol. Mas se redimiu completamente ao empatar a partida já nos acréscimos e convertendo sua cobrança de pênalti.

Adson – vinha fazendo um bom jogo, com intensa movimentação e até participou (como praticamente todo time) da jogada do segundo gol. Mas ficar olhando o Neílton passar a sua frente sem fazer nada além de levantar o braço pedindo um impedimento inexistente no lance do primeiro gol adversário queimou sua atuação. David entrou em seu lugar na reta final do jogo e teve uma boa chance, em chute que obrigou o goleiro adversário a fazer grande defesa.

Vegetti – deu trabalho à zaga adversária o tempo todo e, pra variar, deixou o dele. Garantiu a classificação convertendo a última cobrança na disputa de pênaltis.