Vasco sofre, mas vence o Coelho

CONSACREZ-VOUS, FRANÇAIS: Payet entrou no intervalo e garantiu a importante vitória sobre o América com golaço de falta, já nos acréscimos
CONSACREZ-VOUS, FRANÇAIS: Payet entrou no intervalo e garantiu a importante vitória sobre o América com golaço de falta, já nos acréscimos (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Mesmo depois da emocionante vitória sobre o América-MG por 2 a 1, Don Ramón deu uma descascada no seu time na coletiva pós-jogo.

– Estou muito decepcionado com a equipe, pois não é a forma que trabalhamos. Com certeza, todos estão contentes com o resultado, mas no futebol, para salvar um time, é preciso jogar bem, é preciso interpretar de outra maneira, é preciso ter outro ritmo, outra dinâmica e outra pressão. – Ramón Diaz

Errado o “pruefessor” não está. Se a partida teve emoção, foi porque o Vasco não teve capacidade para fazer dela um confronto tranquilo. Até pareceu que seria tranquilo, com Vegetti abrindo o placar logo aos 4 minutos (depois de bela jogada individual do Pec).  Mas depois disso, o que vimos foi um América, um time já rebaixado, empatar o jogo menos de 10 minutos depois e dominar o primeiro tempo todo, até o intervalo.

O esporro deve ter comido no vestiário. A evidente bronca que o time tomou e as entradas de Payet e Rossi deram uma melhorada no time.  Mas não parecia o bastante. Não ameaçávamos tanto e seguíamos correndo riscos. O tempo passava, o América acertou nossa trave e obrigava Léo Jardim a fazer mais uma defesa difícil no Brasileiro. E o Vasco? Pouco, muito pouco.

O alívio só veio nos acréscimos, não pelo trabalho conjunto do time, mas pela conjunção da malandragem portenha do Pirata e do talento francês: Vegetti cavou uma falta na frente da área, o juizão marcou e Payet cobrou a falta com perfeição, no ângulo, indefensável.

A explosão nas arquibancadas em São Januário e a festa pela vitória não escondem mais uma partida bem abaixo do que o Vasco deveria mostrar na situação que ainda se encontra. A tal irregularidade – evidente se compararmos com a atuação de ontem com a que tivemos no clássico contra Botafogo – que o time não consegue superar, não foi o bastante para nos tirar a vitória. Mas a irritação do Don Ramón faz sentido: nossa reta final não tem jogos fáceis. Com atuações como a de ontem, contra adversários mais fortes e ainda com objetivos na competição, o time não poderá contar apenas com cobranças de falta perfeitas.

As atuações

Leo Jardim – foi decisivo para a vitória, ao fazer grande defesa no segundo tempo, quando o jogo ainda estava empatado.

Paulo Henrique – acabou sendo mais importante defensivamente que no apoio, onde errou alguns passes. Evitou uma finalização perigosa cotando um chute do adversário. Levou um amarelo e desfalca o time contra o Cruzeiro. Puma  entrou no fim, e só apareceu errando um cruzamento sem ter nenhum marcador o pressionando.

Maicon – um começo nervoso, errando passes e falhando no gol do América. Melhorou no  segundo tempo, jogando com mais segurança.

Medel – penou com a falta de proteção à zaga e não conseguiu atrapalhar o atacante na cabeçada que originou o empate. Mas foi incansável como sempre e um dos melhores do time.

Piton – partida discreta, não conseguiu ser tão eficiente no apoio.

Zé Gabriel – deu muita liberdade para o time do América trabalhar no nosso campo. Quase fez o gol mais cagado da história de São Januário. Deu lugar ao Jair no segundo tempo, que trouxe mais segurança à zaga.

Praxedes – errou uma penca de passes, tomou várias decisões equivocadas e desperdiçou belo passe do Alex Teixeira que o deixou em ótima condição de marcar. Saiu no intervalo para a entrada do Payet, que ajudou o time a ter maior volume de jogo ofensivo e garantiu a vitória com um golaço de falta.

Paulinho -não conseguiu ajudar tanto na construção de jogadas e também tomou decisões equivocadas nas poucas chances que teve.

Gabriel Pec – sua atuação pode ser resumida em um meme do Chico Buarque: fez grande jogada e a assistência para o gol do Vegetti; depois, perdeu um gol feito, com o goleiro batido, cabeceando mal uma bola. Sebastián entrou em seu lugar no fim e fez o de sempre: nada.

Alex Teixeira – lento demais pra posição que foi escalado, pouco apareceu. Quando fez uma grande jogada, em uma arrancada com direito a passagem por alguns marcadores, Praxedes desperdiçou a bola. Deu lugar ao Rossi no intervalo, que voltando de contusão, não conseguiu se destacar.

Vegetti – decisivo como sempre, participou dos dois gols, marcando o primeiro com um chute preciso e claramente cavando a falta que originou o gol do Payet.

Vasco encara o Fla em jogo no qual a rivalidade deve ficar em segundo plano

Depois de servir à seleção chilena, Medel  volta à titular idade no Vasco em um jogo realmente importante: um Clássico dos Milhões
Depois de servir à seleção chilena, Medel volta à titularidade no Vasco em um jogo realmente importante: um Clássico dos Milhões (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Confesso que estava preocupado com a ausência do Rossi no jogo de hoje, contra o Flamengo. Com um monte de jogos contra o rubro-negro no currículo, pensava que ter alguém que entenda a pressão desse tipo de jogo fosse ser importante.

Até que, pensando melhor, vi que talvez o melhor mesmo seja termos o maior número possível de jogadores que não entrem com uma carga extra de pilha. Isso porque, esse Clássico dos Milhões em especial, não se trata  da rivalidade histórica. É uma partida na qual a única coisa que importa é melhorar a situação do Vasco na tabela.

Óbvio que, como todo o clássico, é uma partida naturalmente mais tensa. Mas entrando em campo de volta ao Z4 (com o empate do Goiás contra o Cuiabá) e com o Bahia tendo vencido sua partida, o foco deve ser total na conquista dos três pontos. Seja um clássico com um grande rival, fosse um time de outro estado, país ou planeta.

Com isso, Don Ramón precisa deixar claro aos 11 sujeitos com a armadura vascaína que entrarem no gramado da Arena que é preciso jogar com atenção total, com a garra que o jogo exige e a inteligência para não cair nas inevitáveis provocações que devem acontecer. Por sorte, teremos um time mais maduro em campo, com as voltas de Medel, Paulinho e a permanência do Payet entre os titulares. Jogadores que acrescentam não apenas tecnicamente, mas também em experiência.

Vencer o Flamengo hoje nos fará ficar mais uma rodada fora da zona da confusão e nos fará manter o bom rendimento nessa sequência de jogos no Rio. Outra vitória, depois do empate com o São Paulo e de passarmos pelo Fortaleza  na última rodada, também manterá a motivação do time em alta, em um momento crucial do Brasileiro.

E, sendo contra o time da Gávea, ainda melhor. Aí sim, depois de mais três pontos na conta, a rivalidade pode ser levada em consideração.

CAMPONATO BRASILEIRO 2023
FLAMENGO X VASCO

Local: Arena Maracanã.
Horário: 16h (de Brasília).
Árbitro: Raphael Claus (SP-Fifa).
Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis (SP-Fifa) e Evandro de Melo Lima (SP).
VAR: Daiane Caroline Muniz dos Santos (SP-Fifa).

FLAMENGO: Rossi, Wesley, Fabrício Bruno, Léo Pereira e Ayrton Lucas; Erick Pulgar, Thiago Maia, Gerson e Arrascaeta; Bruno Henrique e Pedro.
Técnico: Tite.

VASCO: Léo Jardim, Paulo Henrique, Medel, Léo e Lucas Piton; Zé Gabriel, Praxedes e Paulinho; Payet, Gabriel Pec e Vegetti.
Técnico: Ramón Díaz.

Transmissão: a Rede Globo transmite para o RJ, PE, AP, RR, AC, RO, AM, PA, MA, PI, CE, RN, PB, AL, SE, BA, MT, MS, TO, GO, ES, PR, SC e DF. O Canal Premiere transmite para todo o Brasil.

Vasco empata em noite de mãos mais eficientes que os pés

Com um pênalti defendido, Léo Jardim foi o grande destaque vascaíno no empate contra o São Paulo
Com um pênalti defendido, Léo Jardim foi o grande destaque vascaíno no empate contra o São Paulo (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Na situação na qual o Vasco ainda se encontra, há duas coisas que o time precisa evitar a todo o custo: correr riscos desnecessários e desperdiçar oportunidades de resolver uma partida. No empate sem gols de ontem com o São Paulo, conseguimos gabaritar o que não fazer e, não fosse o eterno criticado Léo Jardim, nem o pontinho que nos tirou momentaneamente do Z4 teria entrado pra conta.

Os riscos desnecessários foram no primeiro tempo. Ainda que o Vasco tenha começado a partida relativamente bem, não demorou muito para o tricolor paulista ser mais perigoso e efetivo, mostrando que o tal “clima de festa” não ia rolar e que os desfalques no time não fariam toda essa diferença. Com um trabalho mais consolidado do Dorival e um elenco com mais recursos, o São Paulo nos colocou na roda e só não foi pro intervalo com vantagem no placar porque nosso goleiro defendeu um pênalti e logo depois fez uma grande defesa em finalização de Lucas Moura.

Mas se nosso adversário era tecnicamente superior, cadê o risco desnecessário?  Isso ficou claro depois do intervalo. Mesmo sem ter feito alterações no início do segundo tempo, o Vasco passou a jogar melhor e pressionar o São Paulo. E aí fica o questionamento: se fomos mais eficientes desde o começo do segundo tempo com o mesmo time que começou o jogo, por que passar pelo risco de jogar pior por todos os 45 minutos iniciais?

Se desde o apito inicial pressionássemos o São Paulo como fizemos no segundo tempo, talvez  tivéssemos criado mais chances claras de gol como as que tiveram o Pec (duas vezes), Payet e o Praxedes. Mas como chances não criadas não contam e não conseguimos colocar a bola na rede, fica fácil entender porque não podemos nos dar ao luxo de resolver as partidas quando as oportunidades aparecem.

Podia ser pior? Podia, claro. Mas “não ser ruim de todo” é muito pouco para o Vasco. Deixar pelo caminho pontos que poderiam ser conquistados, ainda mais jogando em casa, é algo que não pode virar uma rotina. Principalmente por termos mais três partidas seguidas em casa.

As atuações

Léo Jardim – quem já foi considerado vilão tantas vezes sem ser, ontem foi o herói de fato: defendeu um pênalti e uma finalização perigosíssima no primeiro tempo. Na etapa final não chegou a ter trabalho.

Paulo Henrique – alternou bons a maus momentos, infelizmente, com primazia aos maus. Erra passes demais, alguns bastante perigosos. Ainda assim, não comprometeu defensivamente como o Puma, que entrou em seu lugar. O uruguaio entrou para trazer maior poder no apoio, mas não conseguiu se destacar nessa função.

Maicon – entregou o que se espera dele: seriedade. Xerifou sem comprometer e ainda tentou fazer algumas ligações diretas com o ataque que até funcionaram.

Léo – nem dá pra falar que o pênalti comprometeu sua atuação. Não apenas porque a cobrança não entrou, mas porque em um lance tão acidental em um movimento natural do corpo, não dá pra dizer que ele “cometeu” a penalidade.

Lucas Piton – não acertou quase nada no apoio e a dupla com o Pec – que começou pela esquerda – não funcionou. Mas foi bem defensivamente.

Zé Gabriel – penou com o meio de campo tricolor, mas não fez os deliveries de costume.

Paulinho – não conseguiu dar a dinâmica que o meio de campo precisava no primeiro tempo, mas o time cresceu com sua melhora na etapa final. Além de iniciar boas jogadas, foi novamente o maior ladrão de bolas do time. Tomou o terceiro amarelo e será um desfalque importante contra o Fortaleza. Mateus Carvalho o substituiu e teve uma atuação discreta, sem conseguir manter o nível do titular.

Praxedes – as vezes some do jogo, eventualmente cria alguma coisa, mas o gol que ele perdeu ontem foi daqueles que comprometer qualquer atuação.

Marlon Gomes – jogando aberto pela direita não rendeu tanto, mas criou algumas boas jogadas no primeiro tempo e melhorou quando foi deslocado na etapa final. Foi substituído pelo Payet, que mais uma vez teve uma partida discreta, mas desperdiçou boa oportunidade em um contra-ataque, no qual preferiu dar um passe ao invés de finalizar.

Gabriel Pec -jogando no lado errado do campo no primeiro tempo, foi mais útil na recomposição no ataque. Deslocado para onde se sente mais confortável, virou o jogador mais perigoso do time: quase marcou duas vezes. Em uma, obrigou o goleiro tricolor a fazer grande defesa; na outra, viu seu chute bater caprichosamente na trave. Cansou e deu lugar o Figueiredo, que não chegou a fazer muita coisa no tempo que esteve em campo.

Vegetti – não conseguiu se impor fisicamente contra os zagueiros sãopaulinos e não teve muitas chances de marcar. Em uma das poucas vezes, faltou acreditar no lance (após uma cobrança de falta centrada na área), coisa que ele não costuma fazer.

***

Só pra pontuar as novidades sobre a Operação Salva Vasco: o lance sobre o Pec no primeiro tempo, ignorado tanto pelo sr. Bráulio da Silva Machado como pelo VAR, foi muito mais pênalti que o “cometido” pelo Pumita na partida contra o Santos (e que o VAR mandou o juiz revisar depois do próprio Daronco ter dito que não aconteceu).

Contra o São Paulo, o Vasco precisa retomar sua arrancada no Brasileirão

O "Dom" e o Pirata: Díaz e Vegetti são esperanças de um Vasco eficiente contra o São Paulo
O “Dom” e o Pirata: Díaz e Vegetti são esperanças de um Vasco eficiente contra o São Paulo (📸: Leandro Amorim | Vasco)

A derrota para o Santos na última rodada trouxe más consequências para o Vasco, e a volta momentânea para o Z4 não foi a pior delas. Isso porque basta uma vitória hoje, sobre o São Paulo, para que terminemos a rodada fora da zona da confusão e, com alguma sorte, até abrindo dois pontinhos do 17º colocado.

E, pelo momento do tricolor, esse confronto até veio em um bom momento para nós. Provavelmente ainda na ressaca pelo título da Copa do Brasil (😂), sendo ainda um dos times com pior desempenho fora de casa e com desfalques relevantes hoje, basta ao São Paulo fazer uma campanha mediana para evitar maiores riscos de rebaixamento. Ou seja, ainda que seja um adversário pra lá de perigoso, o clube do Morumbi está muito mais no clima de entrega de faixas do que de luta por outros objetivos no Brasileiro.

Mas o momento do São Paulo não garante nada se o Vasco não fizer por onde conseguir seus objetivos. Tomando como exemplo o jogo na Vila Belmiro, não podemos repetir as desatenções e muito menos o descontrole emocional que tivemos no último jogo. E isso inclui o “pruefessor“, que com suas mexidas colocou o time em um tudo ou nada sem muito sentido ainda no intervalo.

Como a única alteração no time que encarou o Peixe deve ser a entrada do Maicon no lugar do suspenso – por conta do seu descontrole – Medel,  fazer com que o time volte à atenção máxima e à intensidade que vínhamos mostrando é o principal recado que Dom Ramón precisa colocar na cabeça dos seus comandados.

Se o clima ainda é de festa para o nosso adversário, o Vasco está bem longe disso. A goleada sofrida na última partida deve ser encarada como uma parada inesperada na nossa reação no Brasileiro. Sendo o primeiro de quatro jogos no Rio, começar essa série com uma vitória é indispensável para que Don Ramón e seus comandados voltem a arrancar na competição e se afastem o mais rápido possível da zona de rebaixamento.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x SÃO PAULO

Local: São Januário.
Horário: 18h30 (horário de Brasília).
Árbitro: Braulio da Silva Machado (FIFA-SC)
Assistentes: Bruno Raphael Pires (FIFA-GO) e Henrique Neu Ribeiro (SC)
VAR: Rodrigo D Alonso Ferreira (SC)

VASCO: Leo Jardim, Puma, Maicon, Leo e Piton; Zé Gabriel, Paulinho e Praxedes e Marlon Gomes; Gabriel Pec e Vegetti.
Técnico: Ramón Díaz.

SÃO PAULO: Rafael, Nathan, Diego Costa, Alan Franco e Caio Paulista; Alisson, Pablo Maia, Wellington Rato e Rodrigo Nestor; Lucas Moura e Luciano.
Técnico: Dorival Júnior.

Transmissão: o Canal Premiere transmite a partida para todo país.

Jogo contra o Santos é a chance para o Vasco pescar mais três pontos fora de casa

Pec dá autógrafos aos torcedores atacante deve ser titular contra o Santos, na Vila Belmiro
Pec dá autógrafos aos torcedores: atacante deve ser titular contra o Santos, na Vila Belmiro (📸: Leandro Amorim | Vasco)

O Santos demonstrou ao longo dos últimos dias que sabe exatamente a importância que tem  a partida de hoje contra o Vasco. De promover treinos abertos à sua torcida até encrencar com a carga de ingressos disponíveis aos vascaínos, o alvinegro praiano fez de tudo para criar um clima de pressão para o nosso lado.

Há algum tempo, isso seria terrível para nós. Terrível e desnecessário, já que o Vasco pré-Ramón Díaz sucumbia sozinho às próprias pressões internas. Hoje, no Vasco Ramonizado II, o cenário é outro: as chances do cruzmaltino inverterem a pressão da Vila contra nossos anfitriões é bem maior.

Primeiro, porque dessa vez quem está mais desesperado são os donos da casa. Com a vitória sobre o Coelho, o Vasco finalmente saiu do Z4 e é o Peixe quem está na “zona da confusão” . O Santos certamente terá o apoio da sua torcida, mas sabe que se demorar a mostrar capacidade de resolver o jogo, a pressão das arquibancadas podem se voltar contra seu próprio time (coisa que o Vasco sabe muito bem do que se trata em jogos como esse na Colina).

Segundo, porque o Vasco hoje, ainda que oscile dentro de campo, é um time que sabe o que fazer com a bola. A sequência de três vitórias, construídas em cenários bem diversos (um clássico, um jogo com SJ lotado e a última partida, como visitante) mostram uma equipe que consegue se adaptar a diferentes situações de forma consciente, conseguindo lidar bem – em maior ou menor maneira – com as circunstâncias e atingindo seus objetivos.

Ajuda nisso o fato de Don Ramón já ter time base e poder mantê-la. Algumas alterações devem ser feitas para a partida na Vila Belmiro (Rossi está fora, dando lugar ao Pec; Payet pode bancar para o Marlon Gomes), mas nenhuma delas provocará mudanças que prejudiquem a forma do Vasco jogar.

Obviamente, não será uma partida fácil. Adversários desesperados – não que estejamos em situação tão diferente, claro – são sempre perigosos e o Santos deve partir pra cima de nós com toda sua força. Mas uma vitória hoje é tão importante que o Vasco não pode fazer dessa preocupação um impeditivo para um triunfo. A rodada tem tudo para nos ser bastante favorável e se soubermos nos aproveitar do desespero santista – e contando com um pouco de sorte nos confrontos dos nossos concorrentes – dar um novo salto na classificação e terminar a semana duas posições acima na tabela. É jogar com inteligência, ser um pouco mais eficiente no ataque do que fomos contra o América-MG e pescar esses três pontos contra o Peixe.

Isso, claro, se o Sr. Daronco deixar e não acontecerem mais situações como as que aconteceram contra o mesmo Santos no primeiro turno, no jogo em São Januário.

CAMPONATO BRASILEIRO 2023
SANTOS X VASCO

Local: Vila Belmiro.
Horário: 16h (de Brasília).
Árbitro: Anderson Daronco (FIFA).
Assistentes: Rafael da Silva Alves (FIFA) e Michael Stanislau.
VAR: Wagner Reway (VAR-FIFA).

SANTOS: João Paulo; Joaquim, João Basso e Dodô; Lucas Braga, Rincón, Jean Lucas, Lucas Lima e Kevyson; Soteldo e Marcos Leonardo.
Técnico: Marcelo Fernandes.

VASCO: Léo Jardim; Puma Rodríguez, Medel, Léo e Lucas Piton; Zé Gabriel, Paulinho, Praxedes e Payet (Marlon Gomes); Gabriel Pec e Vegetti.
Técnico: Ramón Diaz.

Transmissão: a Rede Globo (exceto para MG e PR) e o Canal Premiere transmitem para todo o Brasil.

Na volta pra casa, Vasco começa a reescrever sua história em SJ contra o Coxa

Time treina em SJ: estádio será a estrela maior na partida contra o Coritiba
Time treina em SJ: estádio será a estrela maior na partida contra o Coritiba (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

Quando a gente se liga que a última vez que a torcida presenciou um jogador do Vasco marcar um gol em São Januário em um Brasileirão foi pelos pés do Guarin – que se aposentou há séculos – a gente percebe como a nossa história recente em casa é terrível. E não, o tempo fora da elite ou mesmo a interdição do estádio não servem como desculpa: precisamos de cinco jogos na Colina pra balançar a rede adversária uma mísera vez no Brasileirão deste ano, e quando esse gol saiu, as arquibancadas estavam vazias.

Mas esse momento, aparentemente, ficou pra trás. Mas ainda faltava a torcida poder estar junto do time para que o Vasco consolide de vez sua reação no Brasileiro. E a partida de hoje, contra o Coritiba, precisa ser a primeira linha de uma nova história do Gigante na competição.

Precisa MESMO. Depois de termos esperado tanto para a “justiça” liberar nossa casa, não dá pra cogitar outro resultado além de uma vitória. Não apenas porque o Coxa é pule de 10 para uma vaga na Série B de 2024 (o alviverde tem sido bastante regular, perdendo tanto para times do topo como da rabeira da tabela, seja como visitante ou mandante); mas também porque na situação na qual estamos, perder pontos em casa, com o apoio da torcida, contra adversários diretos na fuga do Z4 não é uma opção.

Díaz e o elenco sabem disso e, diferente do que acontecia na Era Barbieri, dá pra confiar que o Vasco fará a sua parte. Para escalar sua equipe, o “pruefessor” tem uma certeza – a volta de Medel ao time – e uma dúvida: depois dos dois gols na goleada sobre o Flu, Pec começa no banco ou volta à titularidade? Como na última partida o Rossi resolveu queimar a língua dos seus críticos (🙋🏽‍♂️), talvez Don Ramón mantenha apenas o Búfalo no time e siga com o atleta de Cristo como opção para o segundo tempo. Na minha modesta opinião, não seria o fim do mundo.

Mesmo com todo o respeito que merece, é impossível não apontar o Coxa como a carne assada desse Brasileirão. Mas não podemos esquecer que isso aumenta a responsabilidade do time. Os três pontos já estão na conta da maioria da torcida, e se não resolvermos o mais rápido possível a partida, a pressão das arquibancadas, acumulada há meses, pode acabar se voltando contra nós mesmos. Então, o que o Vasco precisa fazer hoje é respeitar o adversário da maneira correta: pressionar o Coritiba do apito inicial até o fim do jogo, sem dar qualquer chance para surpresas desagradáveis.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x CORITIBA

Local: São Januário.
Horário: 19h (horário de Brasília).
Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza (SP-Fifa).
Assistentes: Kleber Lucio Gil (SC) e Evandro de Melo Lima (SP).
VAR: Rodrigo D Alonso Ferreira (SC).

VASCO: Leo Jardim, Puma Rodríguez, Medel, Léo, Lucas Piton; Zé Gabriel, Paulinho, Praxedes; Rossi, Gabriel Pec (Marlon Gomes) e Vegetti.
Técnico: Ramón Díaz.

CORITIBA: Gabriel; Hayner, Kuscevic, Thiago Dombroski e Jamerson; Samaris, Andrey e Sebastián Gómez; Kaio César, Slimani e Robson.
Técnico: Thiago Kosloski.

Transmissão: o Canal Premiere transmite a partida para todo país.

Consciente, Vasco de Díaz goleia o time do Laranjal

Gabriel Pec, do Vasco, comemora gol contra o Fluminense pelo Brasileirão 2023
FAZ UM PEC AÍ (aliás, dois): cria marcou duas vezes na goleada sobre o Flu do Marcelo (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Se há algo que pode trazer esperança para a torcida do Vasco no 4 a 2 que impomos ao Fluminense ontem, mais que a goleada em si, foi a forma consciente como o time atuou.

Mérito do time, mas é inegável o papel do “pruefessor” Ramón Díaz. Contra um adversário com um trabalho consolidado e um elenco bem mais equilibrado, o Vasco de Díaz não precisou “jogar como time pequeno“, mas sim com inteligência e entendimento do que precisa e do que poderia ser feito.

Foi um Vasco que soube sofrer, mas que soube atacar. E, diferente do que temos visto há muito tempo, que atacou com eficiência. Díaz já parece saber como explorar o potencial dos seus jogadores e como mexer na sua equipe além do seis por meia dúzia. Armou sua equipe para não penar demais com desfalques importantes como o de Mendel e, no momento que foi necessário, fez as mudanças que o time precisava. Não foi por acaso que as alterações tiveram relação direta com o placar final.

Os jogadores que chegaram na janela qualificaram bastante a equipe – se surpresas eventuais de quem já estava no time, como a atuação “à la Romário” do Pec) – mas a vinda de Díaz tem um papel fundamental nesse início tardio de reação. A situação do Vasco ainda está bastante complicada, mas mantendo o nível de atuação como a deste clássico, a esperança de que conseguiremos escapar do Z4 só aumenta.

No momento, já jogamos em melhor nível que todos os adversários diretos na luta contra o rebaixamento. E bater um rival como o Fluminense com a autoridade que tivemos ontem é uma prova inegável desse fato.

As atuações

Léo Jardim – sem culpa nos gols, fez algumas defesas importantes. Mas também pareceu inseguro em alguns lances.

Puma – ter acertado o inesperado cruzamento mandrake para o gol que fechou o caixão tricolor compensou sua volta ao time titular.

Maicon – tomou umas entortadas constrangedoras do John Kennedy, mas na média foi o zagueiro-zagueiro que precisávamos em muitos momentos.

Léo – acabou se saindo um pouco abaixo do companheiro de zaga: não chegou a comprometer, mas estava desatento no gol do Marcelo. Zé Vitor entrou no fim e não teve tempo para se destacar.

Lucas Piton – não teve tanta presença ofensiva na partida e tomou uma bola nas costas no lance do segundo gol do Laranjal.

Zé Gabriel – mesmo tendo entregado uma bola perigosa no primeiro tempo, segue sendo o maior “queimador de línguas” do time. Carregou um piano pesado na descrição e ainda participou das jogadas de dois gols.

Praxedes – mostrou a importância de termos volantes que pensem o jogo: além de ajudar defensivamente abriu o placar comprovando saber atacar a área no momento certo. Mateus Carvalho entrou em seu lugar quando o Vasco precisava de mais intensidade no combate e se saiu bem.

Paulinho – mais um “volante moderno“, que mesmo sem protagonizar muitos lances exuberantes, conseguiu ser eficiente no combate (foi o segundo maior ladrão de bolas do time) e fazer bem a ligação entre a defesa e o ataque.

Marlon Gomes – deu trabalho à defesa tricolete, caindo principalmente pela esquerda. Não deu muita sorte na definição das jogadas. Deu lugar ao Payet no começo do segundo tempo. O francês teve uma atuação discreta, ainda assim, iniciou a jogada do quarto gol ao acionar o Pumita.

Rossi – no post de ontem, comentei que sua titularidade era meio inexplicável. O búfalo respondeu em campo. Com duas assistências, ajudando Puma na cobertura (foi quem mais roubou bolas no jogo!) e o plus de ter dado uma esculachada no Marcelo com um elástico, foi um dos melhores do jogo. Por isso, muita gente deve ter estranhado quando Gabriel Pec entrou em seu lugar. Por pouco tempo. Em um dia no qual honrou a camisa eternizada pelo Baixola, Pec fez dois gol “romariantes“: no primeiro, acreditou no lance e se aproveito do erro da zaga colocando a bola na rede com um passe preciso (que em dias de Pec “normal“, fatalmente acabaria nas mãos do goleiro). No segundo, mostrou bom posicionamento para empurrar pro gol a bola passada pelo Vegetti.

Vegetti – um gol e uma assistência. Ou seja, um dia normal para o Pirata vascaíno. Barros entrou em seu no fim do jogo.

Vasco encara o Flu, a ‘pedra no caminho’ na fuga do Z4

Dimitri Payet no treino do Vasco
Payet pode estrear como titular no clássico contra o Laranjal (📸: Leandro Amorim | Vasco)

No meio do caminho da sequência de confrontos diretos na luta para escapar do Z4 do Vasco há um clássico. E por isso, o jogo de hoje contra o Fluminense, no Engenhão, adquire uma importância que vai além dos indispensáveis três pontos em disputa.

Com a liberação de jogos em São Januário e um início de rodada bem favorável, vencer o tricolor hoje se torna importante também para fecharmos uma semana positiva da maneira ideal. Bater um rival – que depois das últimas décadas de ampla freguesia, acirrou por conta própria a rivalidade conosco – é a chave para seguirmos na briga ainda mais motivados.

Obviamente, não será fácil. Mesmo com desfalques importantes e com a cabeça voltada para outra competição, o time do Laranjal é um adversário perigoso e muito bem treinado pelo seu técnico emprestado pela CBF. Do nosso lado, também teremos ausências que serão sentidas, principalmente o xerifão Mendel que, suspenso, desfalcará nossa zaga.

Com isso, Ramón Díaz precisará escalar um time diferente do que vinha escalando. E provavelmente será uma equipe mais ofensiva do que temos visto: Pumita volta ao time, entrando no lugar do também suspenso Bambu (que não jogando mesmo com a ausência do Mendel, evidencia que o “pruefessor” o transformou mesmo em lateral). Sem Jair, expulso contra o Bahia, Zé Gabriel deve ser o único jogador prioritariamente de combate no meio de campo. No ataque, Rossi deve colocar o Pec no banco (não se sabe exatamente por quais razões) e Sebastian, o desaparecido Alex Teixeira e Serginho disputam uma vaga. O Pirata Vegetti, obviamente, fecha o trio ofensivo.

(Parêntese: confesso que gostaria de ver o time em um 4-1-2-1-2, com o Zé Delivery mais à frente da zaga, Praxedes e Paulinho ajudando a cobrir as laterais (o que será importante com o Puma em campo) e o Payet mais avançado, municiando um ataque com Sebastian – já que aparentemente o Pec perdeu espaço – e Vegetti. Seria uma formação mais cautelosa contra um oponente que sabe jogar com um trio ofensivo gringo que poderia fazer uma graça. Fecha parênteses)

Três pontos hoje nos farão encostar na porta do Z4 e nos deixarão a 5 pontos de escapar da “zona da confusão“, tendo um jogo a menos que nossos oponentes. Uma situação ainda crítica, mas que seria melhor não fossem os vários equívocos – chamemos assim – de arbitragem que nos prejudicaram. Será um partida difícil, como todo jogo no Brasileirão e clássico são. Mas superar as dificuldades e o Flu é indispensável para o Vasco seguir na sua reação no Brasileiro.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x FLUMINENSE

Local: Engenhão.
Horário: 16h (horário de Brasília).
Árbitro: Raphael Claus (SP-Fifa).
Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis (SP-Fifa) e Neuza Inês Back (SP-Fifa).
VAR: Daiane Muniz (SP-Fifa).

VASCO: Léo Jardim, Puma, Maicon, Léo, Lucas Piton, Zé Gabriel, Praxedes, Paulinho, Rossi, Sebastián (Alex Teixeira ou Serginho) e Vegetti.
Técnico: Ramón Díaz.

FLUMINENSE: Fábio; Guga, Nino, Felipe Melo e Marcelo (Diogo Barbosa); André e Alexsander; Arias, Keno, John Kennedy e Cano.
Técnico: Fernando Diniz.

Transmissão: O Canal Premiere transmite a partida para todo país.

Com os vacilos de sempre, Vasco arranca um ponto em Bragança Paulista

De novo, Vegetti: no empate com o Bragantino, argentino marcou seu segundo gol em duas partidas pelo Vasco
De novo, Vegetti: no empate com o Bragantino, argentino marcou seu segundo gol em duas partidas pelo Vasco (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

A conclusão de uma análise sobre o empate em 1 a 1 com o Bragantino poderia ser  a seguinte: um resumo de todas as merdas que o Vasco tem feito e que justificam a campanha idem que o time apresenta no Brasileirão.

Senão, vejamos:
Início com intensidade, segundo tempo horrendo ✔
Marcação desencaixada, dando total facilidade para o adversário trabalhar no meio de campo ✔
Chances de gol inacreditavelmente perdidas ✔
Sofrer um gol estúpido nos minutos finais da primeira etapa ✔
Substituições no segundo tempo que só pioram o time ✔

Apesar de ter gabaritado o checklist para a perda de toneladas de pontos que deixamos ao longo do campeonato, o empate de ontem teve algumas diferenças cruciais que podem evitar uma frustração completa para a torcida.

O principal deles é o momento do time: é notória a evolução do Vasco do Díaz com relação ao Vasco dos outros sei lá quantos treinadores (faço questão de esquecer essa informação) que tivemos esse ano.  Ainda que vacilando aqui e ali, o time mostrou competitividade jogando fora de casa contra um dos clubes mais eficientes do Brasileiro.  Tanto que poderia ter construído um placar melhor com o que jogou na primeira etapa.

Outra diferença é ter conseguido resistir a pressão de um adversário qualificado, jogando fora de casa, mesmo depois que as alterações do Díaz cagaram completamente com o time. Como bem disse um amigo, “se fosse um mês atrás, a derrota era certa“. É difícil discordar dessa opinião, principalmente vendo a queda abissal de rendimento da primeira para a segunda etapa do jogo.

O problema é que esse “mês atrás” está rolando desde maio. Com a chegada de um camisa 10 de qualidade e talvez de alguns novos reforços, a esperança de conseguirmos uma recuperação no campeonato aumenta. Mas, ainda que dê pra valorizar o pontinho conquistado,  o tempo perdido ainda pode cobrar seu preço.

As atuações

Léo Jardim – apesar de boa parte da torcida já ter pegado ranço do goleiro e ter enxergado falha no gol do Bragantino, não consigo ver como um chute forte e com a visão encoberta poderia ter sido um frango do Jardim. Ainda assim, vale citar que ele pareceu mais inseguro que o normal na noite de ontem.

Robson – há quem defenda sua titularidade na lateral porque “o titular da posição é uma avenida“. Isso, não se discute. Mas improvisar um zagueiro não chegou a melhorar muito a situação, já que a esquerda do ataque foi o caminho preferido para o Bragantino chegar à nossa área (aliás, o lado por onde sofremos o gol). Como o Bambu é uma nulidade no apoio e precisávamos de maior ofensividade, Díaz o tirou, dando lugar ao Pumita, no início do segundo tempo. E o rapaz, mais uma vez, deu voz aos que defendem que é melhor ter um zagueiro mais ou menos na sua posição de origem improvisado na lateral que ter o uruguaio em campo. Puma não conseguiu nem ajudar no apoio, nem dar maior proteção à sua lateral.

Medel – incansável na zaga, foi um dos responsáveis diretos por termos trazido um pontinho de Bragança. Só deu azar no lance do gol, após ver a bola que cortou sobrar para o jogador adversário chutar livre de marcação. Capasso entrou em seu lugar no fim, quando o chileno já estava morto., e não comprometeu.

Léo – ainda que tenha feito alguns cortes bastante temerários, superou os adversários na maioria das bolas alçadas à nossa área. Tentou ajudar na saída de bola em alguns momentos, mas não se saiu tão bem.

Lucas Piton – tímido demais no apoio, pelo menos não comprometeu defensivamente. Deu lugar ao Galarza, sabe-se lá por qual motivo. Pelo que apresentou em campo, não deu pra entender a lógica do Díaz.

Zé Gabriel –  de crítica em crítica, vai ficando no time. Sem ter como mostrar um futebol exuberante, contribui de forma modesta, com dezenas de passes laterais, mas sendo útil na defesa.

Marlon Gomes – começou a toda, mas acabou não conseguindo fazer muito além de fechar os espaços e ajudar no combate. Deu lugar ao Jair no intervalo, o que não ajudou em nada: o rapaz apenas trotou em campo, marcando frouxamente e não contribuindo na criação.

Paulinho – ajudou o time a se organizar ofensivamente e acelerou a transição ao ataque em alguns momentos, mas acabou sendo mais útil no combate (foi quem mais roubou bolas do nosso lado). Caiu de produção no segundo tempo, junto com todo o time.

Orellano – deu algum trabalho à defesa adversária, mas é complicado defender a atuação do rapazinho tendo ele perdido um gol como perdeu. Deu lugar ao Figueiredo, que antes mesmo de entrar em campo, teve uma avaliação aqui da casa:

Não deu outra. Ou, pra não ser tão injusto, podemos dizer que o Figueira não fez nada em campo.

Gabriel Pec – é preciso ser muito implicante para não reconhecer o valor de um moleque que corre o tempo todo, se desdobra no ataque e na marcação e não  fica molengando um minuto sequer. Tal implicância só rivaliza com a implicância do próprio Pec em balançar as redes. É o típico caso de “me ajuda a te ajudar“, que fica bem difícil de acontecer com o rapaz perdendo gols como o que perdeu ontem.

Vegetti – fez o que todo bom centroavante tem que fazer: mesmo mal tocando na bola, guardou o dele. Converteu com categoria o pênalti que ele mesmo sofreu e por pouco não garantiu a vitória numa das poucas finalizações do time no segundo tempo.

***

Vale citar outra diferença no empate de ontem com relação aos outros jogos nos quais o Vasco entregou pontos ao longo da competição. Aliás, nem é tão diferente assim, por ser algo histórico, que volta e meia atrapalha o time independente da qualidade do elenco ou da sua campanha: a arbitragem.

Poucas vezes nesse Brasileiro pudemos dizer que perdemos pontos por causa do juiz (só me lembro de uma oportunidade), mas a atuação do Sr. Anderson Daronco foi tão terrível que é difícil não lhe dar pelo menos parte da culpa pelo resultado. Para ficar apenas na situação que efetivamente influenciou no placar final: se o dublê de árbitro e halterofilista não demorasse horas para marcar – a contragosto – um pênalti em um lance no qual estava a menos de um metro de distância, ele não precisaria ter dado OITO MINUTOS de acréscimo no fim do primeiro tempo e não teríamos sofrido o gol (isso pra não falar na falta sobre o Vegetti que aconteceu na origem do lance).

Vasco perde mais uma e joga pá de cal na esperança da maioria da torcida

Pec se livra de Cássio para marcar o seu gol:, que não foi o bastante para evitar mais uma derrota do Vasco
Pec se livra de Cássio para marcar o seu gol:, que não foi o bastante para evitar mais uma derrota do Vasco (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

Não fosse o gol do Gabriel Pec, a derrota do Vasco para o Corinthians teria uma resenha idêntica às feitas para os confrontos contra o Cruzeiro e o Furacão. Tanto no jogo de ontem como nos dois anteriores, fizemos uma graça, criamos oportunidades e no apito final, vimos nossos adversários vencerem por terem competência para se aproveitar dos nossos vacilos.

Não é de se estranhar que a torcida já esteja conformada com a iminente volta do Vasco à Série B. Ainda que tenha falado sobre a fé inabalável do torcedor no post de ontem, tem horas que a realidade se impõe. Só um milagre, daqueles que nunca aconteceram antes em um Brasileiro, podem fazer uma equipe aparentemente sem qualquer poder de reação escapar da situação na qual nos encontramos.

Temos um jogo a menos, mais de um turno para tentar uma recuperação e, matematicamente, não dá pra cravar nada ainda (e, convenhamos, na parte debaixo da tabela não há equipe que não esteja preocupada com o Z4). Mas é impossível negar que esse Vasco da 777 é um verdadeiro túmulo para a esperança. Ter fé é uma coisa; acreditar que vamos vencer 12 das 21 partidas que faltam é coisa pra fanático religioso.

Não é por acaso que essa enquete que fiz no Twitter (aliás, no “Écs“) , deu esse resultado:

As atuações

Léo Jardim – nada poderia fazer pra evitar os gols.

Miranda – se não cometeu nenhuma falha constrangedora, também não ajudou a evitar mais uma derrota. No segundo tempo passou pra lateral e até foi visto no apoio, mas foi tão eficiente quanto o titular da posição. Paulo Henrique entrou no seu lugar e….sinceramente nem sei o que falar do rapaz.

Capasso – deu um bote errado no lance do segundo gol que ficaria feio até para um sub-16.

Léo – o que fez menos feio na linha de três do Díaz, mas também não teve uma atuação meritória de elogios.

Puma Rodríguez – talvez a solução para o uruguaio fosse virar ponta de vez. Nesse caso, só irritaria pelos erros no ataque e não pela marcação frouxa que sempre executa. Ter sido substituído pelo Díaz no intervalo para que Miranda ficasse na lateral é um bom indicativo do seu papel no jogo. Orellano entrou em seu lugar e voltou a ter uma boa atuação sob o comando do técnico argentino. Mais confiante, foi um dos melhores do time, fazendo boa jogada individual e acertando a assistência no gol do Pec.

Medel – o capitão do Díaz alterna entre a falta de atenção e a empolgação sem sentido na marcação. Nessa, vacilou em dois dos gols do adversário. Pode ser a falta de ritmo (o que pode se resolver) ou a idade (o que só se resolve com a aposentadoria).

Jair – falar que teve uma atuação discreta ontem é um elogio tremendo. Sumido em campo, deu espaços demais no meio de campo e não ajudou na construção de jogadas. Saiu no intervalo para a estreia do Paulinho, que depois de um começo animador, dando maior movimentação ao meio de campo, comprometeu completamente sua atuação cometendo um pênalti inexplicável minutos depois do Vasco diminuir.

Praxedes – se apresentou pro jogo e tentou ajudar como pôde. Alternou bons e maus momentos, mas mostrou que pode ser útil assim que estiver 100% com ritmo e entrosamento. Cansou e deu lugar ao Carabajal, que errou quase tudo o que tentou.

Lucas Piton – teve presença no apoio no primeiro tempo, mas sumiu na etapa final.

Figueiredo – apesar de ter criado a melhor jogada do Vasco no primeiro tempo (deixou o Sebastián na cara do gol), teve mais uma daquelas atuações na qual mostrou um empenho proporcional ao nível de irritação que provoca na torcida. Saiu no intervalo para, provavelmente, não sair mais do banco: Pec entrou em seu lugar, marcou o gol solitário do Vasco e mostrou que não há motivos para perder a vaga no ataque para o Figueira.

Sebastián – se esforçou bastante na sua estreia, mas infelizmente seu primeiro jogo com a camisa do Vasco ficará marcado pela chance inacreditável que perdeu no primeiro tempo, após receber ótimo passe do Figueiredo.