Mesmo depois da emocionante vitória sobre o América-MG por 2 a 1, Don Ramón deu uma descascada no seu time na coletiva pós-jogo.
– Estou muito decepcionado com a equipe, pois não é a forma que trabalhamos. Com certeza, todos estão contentes com o resultado, mas no futebol, para salvar um time, é preciso jogar bem, é preciso interpretar de outra maneira, é preciso ter outro ritmo, outra dinâmica e outra pressão. – Ramón Diaz
Errado o “pruefessor” não está. Se a partida teve emoção, foi porque o Vasco não teve capacidade para fazer dela um confronto tranquilo. Até pareceu que seria tranquilo, com Vegetti abrindo o placar logo aos 4 minutos (depois de bela jogada individual do Pec). Mas depois disso, o que vimos foi um América, um time já rebaixado, empatar o jogo menos de 10 minutos depois e dominar o primeiro tempo todo, até o intervalo.
O esporro deve ter comido no vestiário. A evidente bronca que o time tomou e as entradas de Payet e Rossi deram uma melhorada no time. Mas não parecia o bastante. Não ameaçávamos tanto e seguíamos correndo riscos. O tempo passava, o América acertou nossa trave e obrigava Léo Jardim a fazer mais uma defesa difícil no Brasileiro. E o Vasco? Pouco, muito pouco.
O alívio só veio nos acréscimos, não pelo trabalho conjunto do time, mas pela conjunção da malandragem portenha do Pirata e do talento francês: Vegetti cavou uma falta na frente da área, o juizão marcou e Payet cobrou a falta com perfeição, no ângulo, indefensável.
A explosão nas arquibancadas em São Januário e a festa pela vitória não escondem mais uma partida bem abaixo do que o Vasco deveria mostrar na situação que ainda se encontra. A tal irregularidade – evidente se compararmos com a atuação de ontem com a que tivemos no clássico contra Botafogo – que o time não consegue superar, não foi o bastante para nos tirar a vitória. Mas a irritação do Don Ramón faz sentido: nossa reta final não tem jogos fáceis. Com atuações como a de ontem, contra adversários mais fortes e ainda com objetivos na competição, o time não poderá contar apenas com cobranças de falta perfeitas.
As atuações
Leo Jardim – foi decisivo para a vitória, ao fazer grande defesa no segundo tempo, quando o jogo ainda estava empatado.
Paulo Henrique – acabou sendo mais importante defensivamente que no apoio, onde errou alguns passes. Evitou uma finalização perigosa cotando um chute do adversário. Levou um amarelo e desfalca o time contra o Cruzeiro. Puma entrou no fim, e só apareceu errando um cruzamento sem ter nenhum marcador o pressionando.
Maicon – um começo nervoso, errando passes e falhando no gol do América. Melhorou no segundo tempo, jogando com mais segurança.
Medel – penou com a falta de proteção à zaga e não conseguiu atrapalhar o atacante na cabeçada que originou o empate. Mas foi incansável como sempre e um dos melhores do time.
Piton – partida discreta, não conseguiu ser tão eficiente no apoio.
Zé Gabriel – deu muita liberdade para o time do América trabalhar no nosso campo. Quase fez o gol mais cagado da história de São Januário. Deu lugar ao Jair no segundo tempo, que trouxe mais segurança à zaga.
Praxedes – errou uma penca de passes, tomou várias decisões equivocadas e desperdiçou belo passe do Alex Teixeira que o deixou em ótima condição de marcar. Saiu no intervalo para a entrada do Payet, que ajudou o time a ter maior volume de jogo ofensivo e garantiu a vitória com um golaço de falta.
Paulinho -não conseguiu ajudar tanto na construção de jogadas e também tomou decisões equivocadas nas poucas chances que teve.
Gabriel Pec – sua atuação pode ser resumida em um meme do Chico Buarque: fez grande jogada e a assistência para o gol do Vegetti; depois, perdeu um gol feito, com o goleiro batido, cabeceando mal uma bola. Sebastián entrou em seu lugar no fim e fez o de sempre: nada.
Alex Teixeira – lento demais pra posição que foi escalado, pouco apareceu. Quando fez uma grande jogada, em uma arrancada com direito a passagem por alguns marcadores, Praxedes desperdiçou a bola. Deu lugar ao Rossi no intervalo, que voltando de contusão, não conseguiu se destacar.
Vegetti – decisivo como sempre, participou dos dois gols, marcando o primeiro com um chute preciso e claramente cavando a falta que originou o gol do Payet.