Eu ainda estava nas arquibancadas de São Januário quando comecei a pensar no que falar hoje sobre a derrota para o Criciúma. Até o momento, anda era uma derrota, feia, mas apenas uma derrota. Longe do vexame que se sacramentou com o apito final da partida.
O jogo ainda estava 2 a 0 e eu pensava que um resultado tão terrível – que ninguém tem obrigação de se lembrar depois de tudo o que veio a seguir – depois de um primeiro tempo no qual poderíamos até terminado a frente no placar seria aquele típico caso de “errar rápido para corrigir rápido“. É papo de empreendedor, mas me parecia caber na situação: já que era pra pagar mico, que fosse nas primeira rodadas, quando ainda teríamos tempo para mudar a rota e tentar fazer um Brasileiro PELO MENOS sem o terror que vivemos em 2023.
Mas não demorou muito pra vermos que, pelo visto, 2023 não acabou para o Vasco.
Ontem eu tinha falado que uma derrota seria terrível por conta da pressão que seria jogada na equipe. E aí, não apenas perdemos, tivemos uma tempestade perfeita em São Januário:
✅Perdemos o jogo;
✅Perdemos o jogo em casa;
✅Perdemos o jogo contra um dos times que acabaram de subir da Série B;
✅Perdemos o jogo desperdiçando um pênalti e gols feitos;
✅Perdemos o jogo tendo uma atuação inclassificável no segundo tempo;
✅Perdemos o jogo numa goleada, com direito a provocação do adversário;
✅Perdemos o jogo e provavelmente entraremos no Z4;
✅Perdemos o jogo e a comissão técnica, a menor das responsáveis pela vergonha de ontem;
Resumindo, o que deveria ser um início de recuperação no Brasileiro acabou se tornando um alçapão para o Vasco cair direto em uma crise que certamente afetará o time por um bom tempo. E é bem provável que já vejamos os resultados práticos disso na quarta que vem, quando enfrentaremos o Fortaleza pelo jogo de ida na Copa do Brasil.
Depois de uma goleada como a de ontem, é natural que todo o trabalho seja revisto com um viés de terra arrasada. Que é preciso mudar, é claro. Mas quem guiará o futebol vascaíno por novos rumos? Sob o comando da 777, está claro que nossa caravela não tem – nem terá – uma bússola ou um almirante que saiba o que está fazendo. E isso, no meio da tempestade que acabamos de adentrar.
Ao invés de falar das atuações dos jogadores, vale mais falar da atuação de quem realmente sofre com essas humilhações que o Vasco da Gama passa com uma frequência muito maior que a aceitável: a torcida.
Antes do jogo, mostrou que as coisas não estavam tão bem ao demorar dias para esgotar os ingressos para a partida. Ainda assim, foi lá e lotou o Caldeirão.
Durante os 90 minutos, apoiou o quanto foi possível. As primeiras vaias generalizadas só vieram no intervalo. Com o Criciúma aumentando a vantagem, natural os protestos aumentarem e parte dos torcedores irem embora (eu mesmo fui um deles. O Vasco é pra quem acredita, mas ontem, depois do 3 a 0, não havia fé que resistisse). Ainda assim, o estádio ainda estava bem cheio no quarto gol sofrido.
Jogaram objetos no campo, mas pelo nosso histórico recente, uma derrota catastrófica como a de ontem poderia ter gerado problemas muito maiores. Diante disso, só quem saiu merecendo aplausos na tarde de ontem foi nossa própria torcida.