Vitória sobre a Ponte alivia, mas deve servir também como alerta para o Vasco

Sempre ele: Raniel marca de novo e garante a primeira vitória do Vasco na competição
Sempre ele: Raniel marca de novo e garante a primeira vitória do Vasco na competição (📷: Daniel Ramalho/Vasco)

A vitória do Vasco sobre a Ponte Preta pelo placar mínimo foi muito importante pelo salto que demos na tabela (sete posições com os três pontos de ontem) e pela maior tranquilidade que todos, incluindo o questionabilíssimo Zé Ricardo, terão para trabalhar antes de uma importante sequência de jogos que faremos em São Januário (três partidas em casa nas próximas quatro rodadas).

Fora isso, sinceramente, a vitória não nos traz tantos motivos para comemorações.

Pronto! Lá vem o chato do JC reclamar de tudo“.  Não de tudo. Mas olhando a situação geral sem empolgações momentâneas, nossa situação ainda está longe de merecer festinhas.

Primeiro, porque nem jogamos tão bem assim. Se no primeiro tempo o Vasco até se impôs – e, vale lembrar, contra um adversário dos mais limitados – nossa atuação na maior parte da etapa final foi deprimente, com a fraquíssima Ponte Preta nos pressionando e alugando nosso campo de defesa (tanto que terminamos com menos posse de bola, apenas 45%). E isso sob os olhares do nosso técnico, que demorou mais de 20 minutos para tomar uma atitude e começar a mexer no time. Vencemos, mas é difícil não reconhecer o quanto a fragilidade da Macaca nos ajudou nisso.

Segundo, e talvez mais preocupante que analisar isoladamente o desempenho contestável de ontem, é olhar a tabela. Os seis pontos nos levaram à oitava posição, mas estamos atrás de todos os nossos principais concorrentes. E isso mesmo tendo jogado contra equipes em momentos ruins (o lanterna CRB, o Vila Nova – também no Z4 – e a própria Ponte, que está a um ponto da zona de rebaixamento). Tirando a vitória de ontem, o único resultado que podemos chamar “não decepcionante” foi o empate com a Chape. E isso porque o jogo foi na Arena Condá.

Zé Ricardo e seus comandados não podem esquecer que a licença para se empolgar com o resultado de ontem só vale para os vascaínos. O alívio da torcida e na classificação deve ser encarado como um incentivo e um alerta para que o time se aprume e comece a disputar a Série B como deve: como um dos favoritos e com a certeza de quem vai chegar em dezembro com uma vaga garantida na elite. E mesmo com a vitória de ontem, está claro que ainda falta muito trabalho para que o Vasco assuma este papel.

As atuações

Alexander – substituiu de súbito o jogador mais regular do time e não comprometeu (ainda que a Ponte pouco tenha ameaçado e tenha feito uma ou outra saída meio equivocada do gol).

Gabriel Dias – uma vitória sempre alivia a barra da equipe, mas segue o problema dos laterais direitos genéricos: seja ele, seja o Weverton (que o substituiu na etapa final), a análise é a mesma: as vezes vai ao apoio, mas não acerta os cruzamentos; não compromete na defesa,  mas não chega a brilhar nessa função.

Quintero – segue passando aquela impressão de que se destaca mais pela postura que pela qualidade. Se viu envolvido pelo “poderoso” ataque pontepretano em alguns lances, mas não comprometeu.

Anderson Conceição – bem em algumas bolas aéreas, vacilante em alguns confrontos diretos. Segue com a irritante mania de achar que pode fazer lançamentos quando quiser.

Riquelme – é fato que o rapaz não chega a ser um primor na parte defensiva (ontem deu pelo menos uma vacilada grave na função), mas é inexplicável o garoto ter tão poucas chances quando é evidente o ganho ofensivo do time com sua presença em campo. Foi sempre uma opção para as subidas do time e ajudou a construir diversas jogadas no ataque. Deu lugar ao Edimar quando, aparentemente, o Zé resolveu que o  1 a 0 estava de bom tamanho. E como era de se esperar, o lateral se preocupou basicamente com a marcação.

Yuri Lara – incansável na marcação, mostrou mais uma vez que, se há um jogador com no elenco com o espírito certo para disputar uma segundona, é ele. Só não dá pra esperar genialidade além do combate e da marcação.

Andrey Santos – boa partida do garoto, ajudando na marcação e fazendo a ligação entre a defesa e o ataque com qualidade. Talvez – repito, TALVEZ – pudesse cair menos em campo. Quase deixou o seu no começo do segundo tempo.

Nenê – o coroa é reclamão, cai-cai, as vezes interrompe contra-ataques por preferir o drible e, em vários momentos, parece ainda não ter entendido que o corpo já não consegue acompanhar seu pensamento. Ainda assim, são inegáveis sua motivação, entrega e poder de decisão: teve mais uma participação em um gol do Vasco, cobrando o escanteio que originou o lance. Palacios o substituiu na metade final do segundo tempo e, mesmo visivelmente sem ritmo, ajudou o Vasco a recuperar o domínio do meio de campo quando a Macaca pressionava. Quase marcou um belo gol em chute de média distância.

Gabriel Pec – SE entrega muito, mas entrega pouco: não falta correria, nem disposição pra ajudar na marcação. Mas peca muito nos arremates e nas  tomadas de decisão. Participou de uma bela jogada e fez boa assistência para o Figueiredo.

Figueiredo – desperdiçou a assistência do Pec perdendo um gol feito, mas compensou na sequência do lance fazendo a assistência para o gol do Raniel. Jogou com vibração e empenho, tanto no ataque como ajudando à defesa. Vinha sendo um dos, senão o melhor em campo e se não sentiu alguma contusão, sua substituição pelo Vinícius (que no tempo que ficou em campo não produziu absolutamente nada) foi uma decisão inexplicável do Zé.

Raniel – uma chance, um gol. E isso é tudo o que um centroavante precisa fazer. E quase poderíamos dizer o mesmo do Getúlio, que entrou nos minutos finais e por pouco não marcou o segundo do Vasco em uma bonita cabeçada. Mas a bola passou rente à trave.

Ou o Vasco do Zé Ricardo vence a Ponte ou salta dela

O chileno Palacios pode fazer sua estreia pelo Vasco hoje, contra a Macaca
O chileno Palacios pode fazer sua estreia pelo Vasco hoje, contra a Macaca (📷: Daniel Ramalho/Vasco)

A Ponte Preta, nosso adversário de logo mais pela quarta rodada do Brasileiro, não tem tido o que se pode chamar de “temporada empolgante“.  Rebaixada no Paulistão e eliminada na primeira fase da Copa do Brasil, a Macaca tem 16 partidas no ano, com 9 derrotas, 4 empates e apenas 2 vitória como retrospecto neste ano de 2022.

Mas, vejam vocês: como uma das três vitórias da Ponte foi sobre o CRB, na última rodada da Série B, a equipe de Campinas está à nossa frente na classificação. Três posições acima, para ser mais exato.

E isso é, resumindo, o que temos para falar sobre nosso oponente: rebaixado regionalmente, eliminado nacionalmente e acima de nós no Brasileiro.

Não precisamos dizer que, depois dos empates com Vila Nova, CRB (o mesmo CRB que a Ponte venceu) e Chape, qualquer resultado diferente de uma vitória sobre a Macaca hoje terá efeitos catastróficos sobre o futuro do Zé Ricardo como técnico do Vasco. Nem mesmo o Salgado, que – mostrando que entende tanto de futebol como de gestão de um clube esportivo – segue apoiando a permanência do treinador, deve segurar o Zé no cargo.

Bom, pelo menos é isso que se espera caso o Vasco não vença uma equipe com o retrospecto da Ponte Preta dentro de São Januário. Mas em se tratando dessa diretoria, nunca se sabe. Até porque dizem que, mais que satisfação com o trabalho realizado, a manutenção do Zé no cargo tem a ver com as chegada da 777.

Mas ainda que a atual gestão banque sua permanência por mais tempo mesmo com um resultado ruim, Zé Ricardo não é tão tapado a ponto de não saber que sua batata está queimada de tão assada. E, sabedor da sua situação, o técnico vascaíno fez treinos com portas fechadas essa semana e tende a mexer bastante na sua equipe para a o jogo de hoje.

A escalação para logo mais, claro, ainda não foi confirmada. Mas a tendência é que o Vasco entre em campo com um time mais leve e ofensivo, com o Zé dando novas chances a jogadores como Pec e Riquelme. Também há a expectativa da estreia do meia-atacante Carlos Palácios, que foi relacionado pela primeira vez e tem boas chances de estrear pelo clube.

Vá a campo com poucas ou muitas alterações, o que realmente precisa mudar no Vasco é a falta de vitórias. Conquistar três pontos hoje nos fará dar um salto na tabela – ganharemos pelo menos 4 posições – e darão um novo fôlego para o Zé. Qualquer coisa diferente disso fará o Vasco mergulhar ainda mais na classificação, com o efeito de um salto suicida do alto de uma ponte para o treinador vascaíno.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2022 – Série B
VASCO X PONTE PRETA

Local: São Januário.
Horário: 21h30 (Brasília).
Árbitro: Rodolpho Toski Marques (PR-Fifa).
Assistentes: Ivan Carlos Bohn (PR) e Rafael Trombeta (PR).
VAR: Daniel Nobre Bins (RS).

VASCO: Thiago Rodrigues, Gabriel Dias, Quintero, Anderson Conceição e Edimar (Riquelme); Zé Gabriel, Yuri Lara e Nenê; Erick, Raniel e Figueiredo (Gabriel Pec).
Técnico: Zé Ricardo.

PONTE PRETA: Caíque França, Norberto, Thiago Oliveira, Fábio Sanches e Artur; Felipe Amaral, Ramon Carvalho e Léo Naldi; Luis Otávio, Lucca e Danilo Gomes.
Técnico: Hélio dos Anjos.

Transmissão: o Canal Premiere transmite para seus assinantes de todo o Brasil.

Vasco ‘ganhanínguem’ empata de novo e segue sem vencer

Na sua estreia como titular, Erick perdeu uma chance incrível e não ajudou o Vasco a marcar gols na Arena Condá
Na sua estreia como titular, Erick perdeu uma chance incrível e não ajudou o Vasco a marcar gols na Arena Condá (📸: Daniel Ramalho/Vasco)

Carnaval fora de época no Rio de Janeiro. Várias festinhas e blocos, gente seminua e cheia de cerveja nas ideias pelas ruas, pegação rolando solta. Bom, tem uma galera que tenta se dar bem e não consegue. Na minha juventude – infelizmente, cada vez mais distante no passado – dávamos um nome pros “arames lisos” (aquele que até cerca, mas não machuca) da turma: eram os “peganínguem”. Por mais que tentassem, era só toco em cima de toco.

E depois deste empate sem gols com a Chape, a analogia com o Vasco do Zé Ricardo é inevitável. A “aramelisagem” do time já ficou evidente nestas três partidas sem vitórias. É uma equipe que não se dá bem pra cima de nenhum adversário, um verdadeiro “ganhanínguem”.

A minha falta de empolgação com relação ao jogo ia se confirmando antes mesmo da bola rolar. O gramado encharcado e até uma queda de luz já indicavam que o jogo seria daqueles de dar calo no olho. E os profissionais em campo não decepcionaram em protagonizar um espetáculo decepcionante. Que até teve emoção em alguns momentos, mas muito mais pelos erros de ambos os lados.

O Vasco teve menos posse de bola, finalizou menos da metade de vezes que os donos da casa (23 x 9) e com a impressionante precisão de UMA finalização em direção ao gol. Como ganhar dessa forma? Impossível.

Enquanto isso, a diretoria já declarou que segue confiando no trabalho do Zé Ricardo, que até agora, mostrou um retumbante nada em matéria de desempenho. Não vencer nenhuma das partidas que teve, todas contra adversários que também mostraram evidentes dificuldades técnicas, só poderia nos levar a isso: a parte debaixo da tabela e o pior início de Série B do Vasco.

Pra tentar ter alguma alegria na noite de ontem, o jeito foi dar uma passada na Pedra do Sal, beber umas cervejas e esperar que a noite não fosse uma derrota completa. Porque se depender do Vasco do Zé Ricardo, mesmo uma sexta-feira de Carnaval acabará sempre em 0 a 0.

As atuações

Thiago Rodrigues – segue sendo o jogador mais regular do time. Ontem garantiu o pontinho com pelo menos duas grandes defesas.

Gabriel Dias – seja ele, seja o Weverton  (que o substituiu por volta dos 20 minutos da etapa final), só resta uma certeza: não temos laterais direitos aceitáveis no elenco.

Quintero – obrigou nosso goleiro a fazer uma defesa complicada ao ser driblado pelo atacante Orejuela dentro da área.

Anderson Conceição – a vacilada do Quintero só aconteceu porque o Anderson entregou a paçoca errando um passe fácil e deixando a bola nos pés do atacante da Chape.

Edimar – e a crise é nas duas laterais: o Zé deve preferir o Edimar ao Riquelme por preferir alguém com maior poder de marcação na posição. Acontece que o rapaz, além de ser um exemplo de ineficiência no apoio, também não chega a ser uma maravilha na proteção do seu lado do campo.

Yuri Lara – muita transpiração e quase nenhuma inspiração.  Saiu para a entrada do Matheus Barbosa no finzinho da partida e não conseguiu fazer muito.

Zé Gabriel – conseguiu perder o mesmo gol duas vezes no mesmo lance.

Erick – perdeu o gol mais feito do Vasco, no primeiro lance de perigo da partida. Zé Santos o substituiu aparentemente para fazer faltas somente.

Nenê – se já fica complicado superar as marcações mais firmes, em um gramado propício para o polo aquático as coisas ficam ainda mais complicadas. Mas vale a menção pela entrega, maior que a de muito moleque que tem por aí.

Figueiredo – não foge da responsa e foi responsável por algumas das poucas jogadas interessantes que tivemos. Ainda assim acabou cedendo lugar ao Vinícius, que não chegou a acrescentar muito ao time.

Raniel – dessa vez não deixou o dele, até porque só teve uma chance enquanto esteve em campo.  Gabriel Pec entrou em seu lugar e, tirando um chute de longa distância para fora,  não conseguiu ser efetivo.

A espera de uma surpresa em Chapecó

O semblante preocupado do Zé Gabriel - que pode ser barrado hoje, contra a Chape - reflete a tensão que vive o Vasco
O semblante preocupado do Zé Gabriel – que pode ser barrado hoje, contra a Chape – reflete a tensão que vive o Vasco (📸: Daniel Ramalho/Vasco)

A tarde de sexta-feira está avançada e nada do post sobre o jogo entre Vasco e Chapecoense, pela terceira rodada do Brasileiro. Eu poderia dizer, e nem estaria mentindo, que a demora em falar sobre a partida é culpa do carnaval fora de época. Saí, bebi e só tive tempo para escrever algo agora.

Mas, ainda que não seja mentira, é uma meia verdade. O fato é que o evento esportivo que acontecerá logo mais na Arena Condá (que pode ou não ser classificada como uma partida de futebol, a depender do que veremos) não me empolga minimamente. E isso porque não vejo muita chance do Vasco nos surpreender e ter uma atuação minimamente decente.

E é muito triste ver que eu, que me considero um vascaíno até otimista diante de tudo que acontece ao clube há décadas, não vejo muitas chances de vitória hoje. E o pior é que esse pessimismo tem muito pouco a ver com o fato de estarmos jogando fora de casa e contra um adversário em boa fase, que acabou de vencer o Grêmio na sua arena.

O problema é o nosso time mesmo. É o Vasco do Zé Ricardo. É seu elenco limitado. São os dois empates tristonhos que tivemos até agora nesta Série B.

O Zé, claro, deve mexer no time para tentar melhorar seu time. Mas todos sabemos que trocar o Zé Gabriel pelo Juninho ou o Pec pelo Erick não vai resolver todos os problemas da equipe. Alías, quem sabe disso é o torcedor, que é quem mais sofre com o que vê em campo. Se o Zé Ricardo sabe é uma incógnita.

Mais um resultado ruim e o destino do Vasco na terceira rodada será a parte debaixo da tabela. E enquanto o tempo passa e os adversários avançam, o vascaíno vai perdendo suas esperanças de uma reação do time sob o comando desta comissão técnica. Espero MUITO esturricar minha língua ao falar isso, mas acho bem improvável que a equipe do Zé Ricardo consiga surpreender a Chape e, principalmente, a nossa torcida.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2022 – Série B
CHAPECOENSE X VASCO

Local: Arena Condá.
Horário: 21h30 (de Brasília).
Árbitro: Vinicius Gonçalves Dias Araujo (SP).
Assistentes: Daniel Paulo Ziolli (SP) e Luiz Alberto Andrini Nogueira (SP).
VAR: Wagner Reway (PB).

CHAPECOENSE: Vagner, Ronei, Léo, Victor Ramos e Fernando; Marcelo Freitas, Betinho (Matheus Bianchi), Luizinho e Lima; Maranhão e Perotti.
Técnico: Gilson Kleina.

VASCO: Thiago Rodrigues, Gabriel Dias, Quintero, Anderson Conceição, Edimar; Zé Gabriel (Juninho), Yuri Lara, Nenê, Gabriel Pec (Erick), Figueiredo e Raniel.
Técnico: Zé Ricardo.

Transmissão: o SporTV (exceto SC) e o Premiere transmitem para seus assinantes de todo o Brasil.

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LONGE DE MIM apoiar qualquer tipo de manifestação que coloque atletas e comissão técnica na parede, numa tentiva de pressão muitos graus acima do aceitável. Até porque ser pressionado não faz nenhum jogador aprender a jogar bola ou um técnico a escalar melhor e criar estratégias mais eficientes.

Mas me surpreende ainda haver torcedor do Vasco que se disponha a ir até um aeroporto para protestar  e cobrar o time e seu treinador. Ainda que, reafirmando, não apoie esse tipo de protesto, confesso que invejo um vascaíno que ainda se dê a esse trabalho.

O único problema é a cobrança vir em cima de quem não é o real responsável por tudo isso. De todo mundo que ouviu as reclamações ali, o Carlos Brazil era o maior merecedor das críticas. Seu papel como avalista das contratações – e pela permanência – de todos na equipe o colocam nessa posição.

Mas sabemos que quem mais deveria ser pressionado não costuma estar nos voos do time pelo Brasil a fora.

Vasco empata mais uma e só a nostalgia alegra a Páscoa da torcida

Mais uma vez, Raniel e Nenê são dos poucos a se salvar em mais um jogo do Vasco sem vitória
Mais uma vez, Raniel e Nenê são dos poucos a se salvar em mais um jogo do Vasco sem vitória (📸: Daniel Ramalho/Vasco)

Todo ano é a mesma coisa: chega o domingo de Páscoa e muitos vascaínos lembram de uma outra Páscoa, essa em 2000, que coincidiu com a última rodada da Taça Guanabara daquele ano. O Maraca ainda não era uma “Arena”, nossa torcida ainda entrava pela rampa da Uerj e assistia os jogos no setor Sul do estádio e, efetivamente, tínhamos um time (o melhor do Brasil), que tinha totais condições de oferecer chocolates aos rivais quando era apropriado.

Desculpem começar o post de hoje praticando o – infelizmente – rotineiro exercício da nostalgia, há muito tempo o último reduto de felicidade do torcedor vascaíno. Mas é que me foi inevitável pensar que, ainda bem, o empate em 1 a 1 contra o CRB, pela segunda rodada do Brasileiro, aconteceu na véspera e não na própria Páscoa.

Porque seria até um desrespeito um jogo tão medíocre cair no mesmo feriado daquele 5 a 1, quando o Baixola precisou jogar apenas 45 minutos para marcar três gols e, só pra vencermos também o segundo tempo, fechamos o caixão rubro-negro com um 2 a 1 na etapa final.

O Vasco daquele tempo poderia golear qualquer time do Brasil. Já sobre o Vasco de hoje, se dependêssemos da equipe do Zé Ricardo para ter chocolates, não haveria nem um Serenata do Amor para repartir entre todos os vascaínos do mundo.

Nem é preciso falar muito a respeito do “espetáculo” que assistimos ontem. Tirando o estádio, o adversário, o fato de termos empatado e não cedido o empate, eu poderia copiar e colar a resenha que fiz sobre o empate na primeira rodada, na Colina: “tudo o que o Vasco conseguiu mostrar foi aquele futebolzinho aquém do meia boca que já vimos no Estadual. E isso contra um Vila Nova obviamente bastante limitado, mas que – como a maioria dos nossos adversários – pareceu ser bem mais arrumadinho que nosso amontoado de jogadores”. É só colocar CRB no lugar do nome do time goiano que o texto fica perfeito.

Como disse no post de ontem, o Vasco não pode ficar pensando que “ainda há tempo”. Enquanto lutamos – sem conseguir – para recuperar pontos perdidos, nossos adversários acumulam pontos. É por isso que, na segunda rodada da Série B, já figuramos no mesmo lugar do ano passado: o meio da tabela.

As atuações

Thiago Rodrigues – evitou o que seria nossa primeira derrota na Série B fazendo uma grande defesa no segundo tempo. Não tinha o que fazer no lance do gol do CRB.

Gabriel Dias – na sua estreia não conseguiu mostrar algo que o diferencie das opções que temos para a posição, nem do Leo Matos, nem do Weverton, que o substituiu nos minutos finais fazendo absolutamente nenhuma diferença para a equipe.

Quintero – mais uma partida na qual sobrou disposição, mas no gol do adversário foi muito facilmente envolvido.

Anderson Conceição – também ficou olhando o CRB tocando a bola enquanto sofríamos o gol, mas com o agravante de tentar lançamentos inúteis para o ataque durante todo o jogo. Zé Vitor o substituiu

Edimar – no gol deu um bote inaceitável para um jogador profissional e não impediu o toque do Maicon (DO MAiCON!) para o atacante do CRB que fez a assistência no lance.

Yuri Lara – o que falta em qualidade no passe, sobra em empenho. Dentro do atual contexto do elenco, fica até difícil criticá-lo (ainda que ele mereça, como por exemplo, pelo bote errado que deu no início da jogada do gol do CRB). Deu lugar ao Juninho já no fim da partida, quando não poderia fazer mais muita coisa.

Zé Gabriel –tirando algumas bolas aéreas que tirou da nossa área e o passe que deu para o Nenê no lance do gol vascaíno (e, não podemos deixar de citar, um passe completamente quadrado e que dificilmente renderia alguma coisa se fosse para um jogador com menos qualidade), errou quase tudo. Sua postura completamente perdida, não marcando ninguém, no lance do gol do CRB é um resumo da sua atuação.

Nenê – é fominha as vezes, sofre demais com qualquer marcação mais forte, cai muito e reclama ainda mais. Mas, novamente falando no atual contexto da equipe, não podemos prescindir do que ainda lhe resta de talento. Consertou o tijolo que recebeu do Zé Gabriel para fazer mais uma assistência na medida para um gol do Raniel. E ainda acertou uma cobrança de falta na trave.

Figueiredo – mais uma vez padeceu com a “maldição da titularidade“: basta o rapaz entrar bem no jogo anterior e começar a partida seguinte para o seu futebol sumir. Tem como desculpa ter jogado deslocado – o Zé insiste em escalar o garoto como jogador de lado de campo – mas ainda precisa provar que não será sempre um “jogador de segundo tempo” (o que, na realidade, significa ser jogador de tempo nenhum). Lucas Oliveira entrou em seu lugar antes da metade da etapa final e, jogando em uma posição na qual está acostumado, deu um pouco mais de trabalho à  defesa alagoana.

Gabriel Pec – no ataque, só apareceu isolando uma bola na lua; na marcação foi ainda pior, já que era quem dava o combate ao jogador que fez a assistência para o gol adversário e não conseguiu fazer nada para impedir o passe. Saiu no intervalo para a entrada do Erick, que se saiu bem melhor,  criando jogadas pelos lados do campo e mostrando que pode ser uma opção ofensiva para o time.

Raniel – entra ano, sai ano, e nossos centroavantes sofrem com a inanição criativa do time. Então para mostrar serviço, Raniel terá que fazer como fez ontem: aproveitar as poucas chances que tiver e seguir marcando gols. Até o momento, é o único jogador do time ao qual não se tem como fazer críticas.

Sem tempo a perder: Vasco precisa se recuperar já contra o CRB

Na berlinda: se o Vasco não mostrar serviço contra o CRB, o cargo do Zé Ricadro ficará ainda mais em risco
Na berlinda: se o Vasco não mostrar serviço contra o CRB, o cargo do Zé Ricadro ficará ainda mais em risco.(📸: Daniel Ramalho/Vasco)

O CRB, adversário do Vasco nesta segunda rodada do Brasileiro, nos receberá em clima de festa. Tendo conquistado o título alagoano na última quarta-feira e jogando diante da sua torcida, será difícil para equipe alvirrubra não encarar a partida de hoje como um quê de entrega de faixas.

Já pelo nosso lado, não há qualquer motivo para comemorações. Depois de uma estreia decepcionante, não passando de um empate com o Vila Nova em São Januário, nada além de uma vitória vascaína apagará a péssima primeira impressão deixada pelo time do Zé Ricardo.

E o técnico vascaíno deve pelo menos imaginar que sua batata já está assando. Mesmo com 20 dias apenas para treinar antes do início da Série B, o Zé não conseguiu fazer seu time evoluir um centímetro sequer. E se o Vasco seguir com o mesmo futebol inconsistente do Carioca, uma mudança no comando da equipe não deve demorar a acontecer.

Para evitar que a diretoria mude o técnico, o técnico mudará o time. Zé Ricardo deve promover a estreia de pelo menos um dos novos reforços do time – Gabriel Dias deve tomar a lateral direita do Weverton – e também mexer no meio e no ataque: Juninho deve voltar o time titular no lugar do Yuri Lara e Figueiredo deve substituir o Bruno Nazário.

Se estas mudanças serão o bastante para colocarmos água no chope do CRB, só saberemos com a bola rolando. Mas é bom que seja: o Vasco não pode se dar ao luxo de perder pontos e não recuperá-los rapidamente. O time está nessa de “ainda dá tempo” desde o Brasileiro de 2020 e sabemos como essa história termina. A reação nesta Série B tem que começar já.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2022 – Série B
CRB-AL X VASCO-RJ

Local: Estádio Rei Pelé.Horário: 19h00 (Brasília).Árbitro: Diego Pombo Lopez (BA).Assistentes: Elicarlos Franco de Oliveira (BA) e Edevan de Oliveira Pereira (BA).VAR: Emerson de Almeida Ferreira (MG).

CRB: Diogo Silva, Raul Prata, Gum, Gilvan e Guilherme Romão; Claudinei, Yago e Rafael Longuine; Vico, Anselmo Ramon e Richard.Técnico: Marcelo Cabo.

VASCO: Thiago Rodrigues, Gabriel Dias (Weverton), Quintero, Anderson Conceição, Edimar, Zé Gabriel, Yuri Lara (Juninho ), Nenê, Gabriel Pec, Figueiredo e Raniel.Técnico: Zé Ricardo.

Transmissão: O Canal Premiere transmite para todo o Brasil para os seus assinantes e no sistema pay-per-view.

Vasco frustra torcida na estreia e fica no empate com o Vila Nova.

Mesmo sem brilhar, Raniel se destacou - com um gol e uma bola na trave - no empate contra o Vila
Mesmo sem brilhar, Raniel se destacou – com um gol e uma bola na trave – no empate contra o Vila (📸: Daniel Ramalho/Vasco)

Muita gente – tá bom, vai…algumas pessoas – deve ter ficado a espera de uma resenha sobre a estreia do Vasco no Brasileiro ainda ontem, dia seguinte à partida. Não consegui escrever nada a respeito nesse sábado e, se o motivo não tivesse sido uma inviabilidade justificada por uma ressaca, eu poderia dizer para vocês encararem a demora no post sobre o empate em 1 a 1 com o Vila Nova como um exercício de gerenciamento de expectativas.

E, olha, vamos muito disso. Porque pelo que vimos em São Januário, seja pelas notícias sobre o SAF/777 Partners, pelo pacote de reforços/apostas que nem estrearam ou mesmo pela esperança de que as cerca de três semanas de treinos depois do Carioca resolveriam alguns dos nossos problemas, expectativas foram criadas. Os mais de 17 mil torcedores na Colina comprovam.

E o mais cruel foi ver o Vasco chegar a corresponder essas expectativas, com Raniel marcando um gol logo no começo da partida, apenas para comprovar em seguida que o vascaíno não tem um minuto de paz. Neste caso específico, três minutos, o tempo que o time do Zé Ricardo conseguiu manter a vantagem no placar.

Depois disso, o que pudesse restar de expectativas foram por água abaixo. Porque tudo o que o Vasco conseguiu mostrar foi aquele futebolzinho aquém do meia boca que já vimos no Estadual. E isso contra um Vila Nova obviamente bastante limitado, mas que – como a maioria dos nossos adversários – pareceu ser bem mais arrumadinho que nosso amontoado de jogadores.

Se alguém ainda quer alimentar expectavitvas (das positivas, claro) com relação a esse time antes que alguns reforços qualificados apareçam, parece que o jeito é se apegar ao otimismo (“começamos melhor que no ano passado“), à estatística (“quando não perde na estreia, o Vasco sempre sobe“) ou à superstição (“o Botafogo também começou empatando com o Vila Nova em 2021“). Nenhum desses argumentos é muito forte mas, até aí, o time do Zé também não é.

As atuações

Thiago Rodrigues – no gol do Vila Nova, não poderia ter feito nada. Nas vezes em que foi exigido, se saiu bem.

Weverton – consegue a incrível façanha de nos dar saudades do Yellow Matos. Errou quase tudo no jogo, do posicionamento (tanto defensivo quanto no apoio) aos passes.  Juninho entrou em seu lugar no segundo tempo e para dar uma nova pegada ao meio de campo.

Quintero – a seriedade de sempre, mas sem maiores brilhos.

Anderson Conceição – até evitou o que poderia ser uma derrota ao cortar um lance de contra-ataque do Vila Nova nos minutos finais do jogo. Mas durante a partida irritou com as constantes bolas esticadas (raramente efetivas).

Edimar ­­– não chegou a comprometer defensivamente, mas foi inoperante no apoio. E quando mostrou serviço marcando um gol, foi anulado pelo VAR.

Yuri Lara – eficiente no combate e até ocupou bem os espaços. Mas pecou muito na qualidade do passe, não conseguindo ajudar muito a saída de bola do time. Teve uma excelente chance no primeiro tempo, obrigando o goleiro adversário a fazer boa defesa. Deu lugar ao Lucas Oliveira na metade final do segundo tempo. Mas como o Zé Ricardo escalou o rapaz como uma espécie de ala, sua estreia não foi de encher os olhos.

Zé Gabriel –uma partida bem ruim do volante, que não ajudou a dar volume de jogo ofensivo no meio de campo, nem se destacou na marcação.

Nenê – tirando um belo para o Pec ainda no primeiro tempo, pouco fez. Na última etapa, em especial, só conseguiu reclamar dos companheiros em campo. Saiu revoltado para dar lugar ao Getúlio que fez ainda menos que o Nenê em campo.

Bruno Nazário – foi bem participativo, mas pouco fez além de ficar ciscando pelos lados do campo. Acabou aparecendo mais em dois momentos negativos para o time: cometeu a falta que invalidou o gol do Edimar e era ele quem deveria acompanhar o jogador do Vila Nova que cabeceou, livre de marcação, para marcar o gol adversário. Vitinho o substituiu e não conseguiu se destacar.

Gabriel Pec – tentou explorar as subidas com velocidade no primeiro tempo, mas não conseguiu aparecer muito jogando pela esquerda. Voltando para o lado que está acostumado no segundo tempo apareceu mais, mas acabou cansando e o desempenho foi junto.

Raniel ­­– com um Nenê pouco inspirado e o resto do time sem um neurônio para municiar o ataque, acabou isolado. Ainda assim, garantiu o empate na estreia marcando um. Quase marcou outro, mas a bola parou na trave. Figueiredo entrou em seu lugar e deu maior movimentação ao ataquemas não o bastante para mudar a cara do jogo.

O ano do Vasco começa contra o Vila Nova

Titular na estreia: Figueiredo deve começar a partida contra o Vila Nova, pela primeira rodada do Brasileiro
Titular na estreia: Figueiredo deve começar a partida contra o Vila Nova, pela primeira rodada do Brasileiro (📸: Rafael Ribeiro/Vasco)

Dizem que no Brasil, o ano só começa depois do carnaval. E 2022 tem sido tão complicado pro vascaíno que nosso ano terá início entre dois carnavais. Digo isso porque, a temporada do Vasco começa efetivamente hoje, na estreia pelo Brasileiro, contra o Vila Nova.

Por que efetivamente? Porque, sejamos sinceros, nenhum torcedor do Vasco poderia, em sã consciência, dar qualquer importância ao Carioca, ou mesmo à Copa do Brasil. Pelo menos não em um ano no qual não apenas vamos disputar uma Série B, mas que vamos disputar a segundona pela segunda vez seguida. Depois do inédito vexame de “cair e não subir”, voltar à elite do futebol brasileiro é o único objetivo real que podemos ter. Não é apenas uma obrigação (já era em 2021), é uma necessidade.

Porque, não tenham dúvidas, mesmo com SAF, 777 ou investimentos milionários, ficar fora da Série A mais um ano pode ter efeitos catastróficos para o Clube. E isso já traz pelo menos um efeito negativo prático: o Vasco de 2022 já entra no Brasileiro com a responsabildade de fazer o que o Vasco do ano passado deveria ter feito e não teve capacidade para tanto.

O Vila Nova, que não tem nada com isso, deve é tentar aproveitar essa pressão inevitável que estará nos ombros de cada vascaíno que estiver em campo. Nosso adversário já deve saber como funcionam as coisas na Colina, que estará no modo “Caldeirão” logo mais: as arquibancadas em São Januário jogarão junto enquanto virem o time do Zé Ricardo dando o sangue em campo; mas se a equipe vascaína fizer sua torcida perder a paciência, a pressão poderá mudar de lado muito rapidamente.

Para evitar isso e ter uma boa estreia no Brasileiro, Zé Ricardo deve escalar praticamente o mesmo time que disputou a semifinal do Estadual. Sem poder contar ainda com o pacote de reforços que chegaram (com exceção do atacante Lucas Oliveira,  vindo do Bangu), a única alteração que o técnico vascaíno deve fazer no time é escalar Yuri Lara, que entra no lugar do Juninho, que voltou de contusão e ainda recupera a forma física.

Se a Série B do ano passado foi considerada a mais difícil de todos os tempos, tudo indica que a de 2022 será ainda pior. Com seis campeões brasileiros, cinco campeões da Copa do Brasil, três campeões da Libertadores e um campeão mundial na disputa, a margem para deslizes nesta competição será mínima, senão, inexistente. Vencer os jogos como mandante será, muito provavelmente, um requisito obrigatório para quem pretende estar entre os quatro colocados na última rodada. E é bom que Zé e seus comandados pisem o gramado de São Januário com isso em mente já a partir desta estreia.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2022 – Série B
VASCO X VILA NOVA

Local: São Januário
Horário: 19h00 (Brasília)
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS)
Assistentes: Jorge Eduardo Bernardi (RS) e  Jose Eduardo Calza (RS)
VAR: Daiane Caroline Muniz dos Santos (FIFA-SP)

VASCO: Thiago Rodrigues, Weverton, Quintero, Anderson Conceição, Edimar, Zé Gabriel, Yuri Lara, Nenê, Gabriel Pec, Figueiredo e Raniel.
Técnico: Zé Ricardo

VILA NOVA: Georgemy; Alex Silva, Rafael Donato, Renato e Willian Formiga; Rafinha, Pablo Roberto e Arthur Rezende. Matheuzinho, Pablo Dyego e Victor Andrade.
Técnico: Higo Magalhães

Transmissão:  O Canal Premiere transmite para todo o Brasil para os seus assinantes e no sistema pay-per-view.

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Mais uma vez, a torcida volta a se empolgar – muito por conta das notícias extracampo – e provará seu apoio ao time lotando São Januário. Voltando ao que falei lá em cima, sobre a paciência do vascaíno: todo o apoio incondicional é temporário. E é bom que jogadores, comissão técnica e diretoria entendam que para esse apoio continuar, será necessário mostrar serviço. Dedicação, empenho e, dentro das possibilidades, competência.

O Vasco precisará muito da sua torcida esse ano. E o clube precisar “jogar” bem para que os vascaínos “joguem” junto.

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Juninho não deve jogar hoje, mas marcou um golaço contando sua trajetória neste artigo. Um relato emocionante, publicado no aniversário da Resposta Histórica, e que prova porque ser vascaíno é estar no lado certo da história.