A vitória do Vasco sobre a Ponte Preta pelo placar mínimo foi muito importante pelo salto que demos na tabela (sete posições com os três pontos de ontem) e pela maior tranquilidade que todos, incluindo o questionabilíssimo Zé Ricardo, terão para trabalhar antes de uma importante sequência de jogos que faremos em São Januário (três partidas em casa nas próximas quatro rodadas).
Fora isso, sinceramente, a vitória não nos traz tantos motivos para comemorações.
“Pronto! Lá vem o chato do JC reclamar de tudo“. Não de tudo. Mas olhando a situação geral sem empolgações momentâneas, nossa situação ainda está longe de merecer festinhas.
Primeiro, porque nem jogamos tão bem assim. Se no primeiro tempo o Vasco até se impôs – e, vale lembrar, contra um adversário dos mais limitados – nossa atuação na maior parte da etapa final foi deprimente, com a fraquíssima Ponte Preta nos pressionando e alugando nosso campo de defesa (tanto que terminamos com menos posse de bola, apenas 45%). E isso sob os olhares do nosso técnico, que demorou mais de 20 minutos para tomar uma atitude e começar a mexer no time. Vencemos, mas é difícil não reconhecer o quanto a fragilidade da Macaca nos ajudou nisso.
Segundo, e talvez mais preocupante que analisar isoladamente o desempenho contestável de ontem, é olhar a tabela. Os seis pontos nos levaram à oitava posição, mas estamos atrás de todos os nossos principais concorrentes. E isso mesmo tendo jogado contra equipes em momentos ruins (o lanterna CRB, o Vila Nova – também no Z4 – e a própria Ponte, que está a um ponto da zona de rebaixamento). Tirando a vitória de ontem, o único resultado que podemos chamar “não decepcionante” foi o empate com a Chape. E isso porque o jogo foi na Arena Condá.
Zé Ricardo e seus comandados não podem esquecer que a licença para se empolgar com o resultado de ontem só vale para os vascaínos. O alívio da torcida e na classificação deve ser encarado como um incentivo e um alerta para que o time se aprume e comece a disputar a Série B como deve: como um dos favoritos e com a certeza de quem vai chegar em dezembro com uma vaga garantida na elite. E mesmo com a vitória de ontem, está claro que ainda falta muito trabalho para que o Vasco assuma este papel.
As atuações
Alexander – substituiu de súbito o jogador mais regular do time e não comprometeu (ainda que a Ponte pouco tenha ameaçado e tenha feito uma ou outra saída meio equivocada do gol).
Gabriel Dias – uma vitória sempre alivia a barra da equipe, mas segue o problema dos laterais direitos genéricos: seja ele, seja o Weverton (que o substituiu na etapa final), a análise é a mesma: as vezes vai ao apoio, mas não acerta os cruzamentos; não compromete na defesa, mas não chega a brilhar nessa função.
Quintero – segue passando aquela impressão de que se destaca mais pela postura que pela qualidade. Se viu envolvido pelo “poderoso” ataque pontepretano em alguns lances, mas não comprometeu.
Anderson Conceição – bem em algumas bolas aéreas, vacilante em alguns confrontos diretos. Segue com a irritante mania de achar que pode fazer lançamentos quando quiser.
Riquelme – é fato que o rapaz não chega a ser um primor na parte defensiva (ontem deu pelo menos uma vacilada grave na função), mas é inexplicável o garoto ter tão poucas chances quando é evidente o ganho ofensivo do time com sua presença em campo. Foi sempre uma opção para as subidas do time e ajudou a construir diversas jogadas no ataque. Deu lugar ao Edimar quando, aparentemente, o Zé resolveu que o 1 a 0 estava de bom tamanho. E como era de se esperar, o lateral se preocupou basicamente com a marcação.
Yuri Lara – incansável na marcação, mostrou mais uma vez que, se há um jogador com no elenco com o espírito certo para disputar uma segundona, é ele. Só não dá pra esperar genialidade além do combate e da marcação.
Andrey Santos – boa partida do garoto, ajudando na marcação e fazendo a ligação entre a defesa e o ataque com qualidade. Talvez – repito, TALVEZ – pudesse cair menos em campo. Quase deixou o seu no começo do segundo tempo.
Nenê – o coroa é reclamão, cai-cai, as vezes interrompe contra-ataques por preferir o drible e, em vários momentos, parece ainda não ter entendido que o corpo já não consegue acompanhar seu pensamento. Ainda assim, são inegáveis sua motivação, entrega e poder de decisão: teve mais uma participação em um gol do Vasco, cobrando o escanteio que originou o lance. Palacios o substituiu na metade final do segundo tempo e, mesmo visivelmente sem ritmo, ajudou o Vasco a recuperar o domínio do meio de campo quando a Macaca pressionava. Quase marcou um belo gol em chute de média distância.
Gabriel Pec – SE entrega muito, mas entrega pouco: não falta correria, nem disposição pra ajudar na marcação. Mas peca muito nos arremates e nas tomadas de decisão. Participou de uma bela jogada e fez boa assistência para o Figueiredo.
Figueiredo – desperdiçou a assistência do Pec perdendo um gol feito, mas compensou na sequência do lance fazendo a assistência para o gol do Raniel. Jogou com vibração e empenho, tanto no ataque como ajudando à defesa. Vinha sendo um dos, senão o melhor em campo e se não sentiu alguma contusão, sua substituição pelo Vinícius (que no tempo que ficou em campo não produziu absolutamente nada) foi uma decisão inexplicável do Zé.
Raniel – uma chance, um gol. E isso é tudo o que um centroavante precisa fazer. E quase poderíamos dizer o mesmo do Getúlio, que entrou nos minutos finais e por pouco não marcou o segundo do Vasco em uma bonita cabeçada. Mas a bola passou rente à trave.