Se impor ao Criciúma é a única opção para o Vasco hoje

Titularidade pela vitória: decisivo nas suas duas últimas partidas, Alex Teixeira deve iniciar a partida contra o Criciúma
Titularidade pela vitória: decisivo nas suas duas últimas partidas, Alex Teixeira deve iniciar a partida contra o Criciúma (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

Quando vencemos o Criciúma no primeiro turno, na 17ª rodada, o Vasco estava na vice-liderança, ainda perseguia de perto o Cruzeiro e tinha 11 pontos de vantagem para a equipe catarinense.

Hoje, a situação é bem diferente. O título já era; há algum tempo temos nos preocupado mais em nos afastar do 5º colocado que ganhar posições na tabela; e nosso objetivo maior nessa rodada é aumentar a distância para o Criciúma, vencendo o jogo de logo mais, na Colina.

Será um jogo tenso, já que nosso adversário só seguirá com chances de conseguir o acesso caso nos vença. E por isso, exatamente como no jogo contra o Sport, a tensão e a ansiedade devem ficar toda no lado do Tigre. Até porque, além da necessidade de vencer, o Criciúma ainda terá que encarar toda a pressão do nosso caldeirão lotado.

Além de ter pela frente uma torcida que conta no dedo os dias para o retorno à elite, nosso adversário terá pela frente um Vasco motivado, sem desfalques (Leo Matos volta de suspensão) e provavelmente com mais fôlego, já que Jorginho deve começar a partida com Alex Teixeira no lugar do Nenê. Nosso “cria-veterano”  tem sido decisivo nessa reta final, mostrado que pode fazer a diferença na hora mais importante para o time.

Não será molezinha, basta ver as campanhas dos dois times no returno. Certamente o Criciúma não verá seu sonho de Série A destruído sem luta. Mas, literalmente a essa altura do campeonato, o Vasco não tem outra opção além de se impor. Com alguma sorte, uma vitória pode nos garantir já hoje o retorno ao lugar que nosso clube merece. É jogar com inteligência, sem desesperos, com os garotos da base se destacando (como vem acontecendo) e a torcida empurrando o time.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2022 – Série B
VASCO X CRICIÚMA-SC

Local: São Januário.
Horário: 16h30 (Brasília).
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO-Fifa).
Assistentes: Bruno Raphael Pires (GO-Fifa) e Bruno Boschilia (PR-Fifa).
VAR: Daiane Caroline Muniz dos Santos (SP-Fifa).

VASCO: Thiago Rodrigues, Léo Matos, Danilo Boza, Anderson Conceição e Edimar; Yuri Lara, Andrey Santos, Marlon Gomes e Alex Teixeira (Nenê); Eguinaldo e Figueiredo.
Técnico: Jorginho.

CRICIÚMA: Gustavo, Cristovam, Rodrigo, Rayan e Hélder; Marcos Serrato, Arilson e Ítalo; Hygor, Lohan e Fellipe Mateus; Fellipe Matheus, Lohan e Hygor.
Técnico: Cláudio Tencati.

Transmissão: O SporTv e o canal Premiere transmitem para seus assinantes de todo o Brasil.

Para vencer o Sport, o Vasco não pode perder para a ansiedade

Inversão de valores: pelo que têm jogado, é o veterano Nenê que precisa de umas dicas dos garotos da base
Inversão de valores: pelo que têm jogado, hoje é o veterano Nenê que precisa de umas dicas dos garotos da base sobre o que fazer contra o Sport (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

As duas últimas rodadas do Brasileiro fizeram bem ao Vasco. Acabar com a incomoda sequência de derrotas fora de casa contra o Operário e a ligeira folga na tabela que a vitória sobre o Novorizontino nos trouxe trouxeram, tanto para o time como para a torcida, uma tranquilidade importantíssima em uma reta final de campeonato.

Mas a partida de hoje contra o Sport, na Ilha do Retiro, é completamente diferentes e nossos dois últimos jogos não podem servir como parâmetro. Nem o time pernambucano é de facilitar diante da sua torcida (não perde em Recife há quase cinco meses e sequer perde um ponto em casa desde agosto), nem tem as fragilidades que nossos mais recentes adversários apresentam. É um confronto direto por uma das vagas ao acesso à elite, contra um time de muita tradição e que vem embalado.

Então a tranquilidade que o Vasco conquistou nas últimas rodadas precisa ser trabalhada para ser uma arma a nosso favor. O rubro-negro pernambucano sabe que só vencendo o jogo o manterá com chances reais na briga pelo G4 e a ansiedade pelo resultado deve caber unicamente aos donos da casa. Jogar com inteligência, sabendo que teremos pela frente um oponente que deve tentar pressionar desde o apito inicial, é mais prudente que partir para uma busca desesperada pela vitória a qualquer custo.

Jorginho não precisa ser o técnico mais inteligente do mundo para saber disso. Conseguindo manter praticamente todo o time que venceu as últimas duas partidas, o técnico vascaíno só precisar mexer na lateral direita, substituindo o suspenso Léo Matos pelo Miranda, que faz sua reestreia depois do gancho de um ano que levou. Depois de tanto tempo fora dos campos e ainda jogando improvisado, Miranda precisa superar não apenas a mais que natural falta de ritmo, mas também a ansiedade. Mas isso é algo com o que toda a equipe precisa ter atenção, até porque metade do time é formada por garotos da base. E esse será seguramente o jogo mais decisivo na carreira de todos.

Atualmente o Vasco tem 76% de chances de terminar esta Série B no G4 e uma vitória hoje, restando duas partidas em casa e uma fora, praticamente sacramenta nosso retorno à elite. Abrir seis pontos para o 5º colocado (e inevitavelmente subindo uma posição na tabela) a essa altura do campeonato deixaria nosso time numa situação bastante encaminhada. Mas um empate hoje não seria o pior dos mundos, já que manteríamos a distância que já temos do próprio Sport. Então é como eu disse: é aproveitar a tranquilidade que conquistamos, jogar com inteligência e deixar o desespero, se existir, ficar os 90 minutos do outro lado do campo.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2022 – Série B
SPORT-PE X VASCO

Local: Ilha do Retiro, no Recife (PE).
Data: 16 de outubro de 2022 (domingo).
Horário: 16 horas (Brasília).
Árbitro: Raphael Claus (Fifa-SP).
Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis (Fifa-SP) e Evandro de Melo Lima (SP).
VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (Fifa-SP).

SPORT: Saulo; Eduardo, Rafael Thyere, Sabino e Sander; Ronaldo Henrique e Fabinho; Luciano Juba, Gustavo Coutinho, Labandeira e Vagner Love.
Técnico: Claudinei Oliveira.

VASCO: Thiago Rodrigues; Miranda, Danilo Boza, Anderson Conceição e Edimar; Yuri Lara, Andrey Santos, Marlon Gomes e Nenê; Figueiredo e Eguinaldo.
Técnico: Jorginho.

Grêmio 2 x 1 Vasco: novo técnico, o resultado de costume

O golaço inesperado do Leo Matos não salvou o Vasco do resultado esperado
O golaço inesperado do Leo Matos não salvou o Vasco do resultado esperado: derrota na Arena do Grêmio (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

Como tinha dito no domingo, não conseguiria ver a partida do Vasco contra o Grêmio. Devo dizer que consegui me desligar completamente do jogo e me diverti bastante no evento que fui.

Infelizmente, o mesmo não se pode falar do reestreante Jorginho, dos seus comandados e dos vascaínos que acompanharam o 2 a 1 para o tricolor gaúcho, o decretou a inédita sequência de sete derrotas seguidas do Vasco como visitante.

Há quem diga que o Vasco do Jorginho jogou um pouco melhor que nas outras seis derrotas fora de casa. Nos pouco menos de três minutos dos melhores momentos aí de baixo, não dá pra assegurar que isso é verdade. Na prática, o que se vê é que continuamos perdendo, sofrendo gols ridículos que só o Vasco sofre (e nunca faz) e cometendo falhas individuais e coletivas bizarras e fatais.

No primeiro turno, jogamos contra os três primeiros colocados em casa e tivemos duas vitórias e um empate (justo contra o Grêmio). No returno, já é a segunda derrota contra o G4, depois de perdermos para o Bahia de virada e pelos mesmos 2 a 1. Só uma segunda vitória contra o Cruzeiro, dessa vez no Mineirão, fará com que o retrospecto contra os principais concorrentes ao acesso termine favoravelmente para nós.

Mas agora, antes de cogitar vencer o líder isoladíssimo da competição, temos muito mais que nos preocupar com o 5º colocado estando a apenas 1 ponto da gente.

Como de costume, quando não vejo as partidas, não tem a análise das atuações.  Mas pra falar que não citei ninguém, de positivo tem o bonito gol do Leo Matos. E de negativo, também tem nosso viciado em cartões amarelos, que perdeu a bola que originou o contra-ataque que terminou no gol da virada gremista. E, ainda negativo: Quintero, que segue na sua terrível fase (tanto técnica quanto de azar mesmo) e o Thiago Rodrigues, que bugou inexplicavelmente no gol de empate do Grêmio.

Ainda desfalcado, Vasco encara o Criciúma

Andrey e Anderson Conceição (de costas), que volta ao time, são dois dos destaques do time de Maurício Souza contra o Criciúma
Andrey e Anderson Conceição (de costas), que volta ao time, são dois dos destaques do time de Maurício Souza contra o Criciúma (📷: Daniel Ramalho | Vasco)

Muito do que podíamos dizer sobre o jogo do Vasco contra o Sport pode ser dito sobre nosso confronto de hoje, conta o Criciúma. Agora são os catarinenses que estão na quinta colocação e uma vitória já nos dará o benefício imediato de nos deixar mais longe da primeira posição fora do G4.

Mas as diferenças entre as duas partidas é que são o nosso problema. Além de dessa vez a partida ser fora de casa, o momento do nosso adversário de hoje é bem melhor. Se o Sport estava em crise, o Criciúma está na sua melhor fase na competição: nas última seis rodadas, o Tigre venceu quatro e perdeu apenas uma.

Isso faz desse jogo mais um bastante decisivo para o Maurício Souza, principalmente depois de uma sequência de dois jogos sem vitórias vascaínas. A derrota para o Novorizontino e o empate da última rodada (ainda que seu time tenha tido uma atuação consistente) serviram para aumentar a desconfiança da torcida sobre o trabalho do treinador.

Pior pra ele, então, haver também uma coincidência em desfalques entre esta e a partida na Arena Maracanã. Maurício segue sem poder contar com Gabriel Dias e Nenê. Enquanto Leo Matos segurou bem a ausência do primeiro, a falta do Vovô contra o Sport foi muito sentida e não sabemos se, dessa vez, Palacios conseguirá fazer alguma diferença.

Há ainda outras dois desfalques, esses por suspensão: Edimar dará lugar ao Riquelme e o técnico vascaíno precisará compensar a perda de poder defensivo na lateral esquerda; Já a entrada do Erick no lugar do Gabriel Pec pode ser boa, tanto para quem entra (que poderá mostrar mais serviço começando um jogo) como para quem sai, já que o Pec anda mesmo precisando se preservar (e claro, treinar MUITO suas finalizações). E pra não falar que só há notícias ruins, Anderson Conceição volta ao time. Dessa vez, sem se preocupar em estourar pontos na testa.

Será um compromisso complicado em Criciúma e, diante das circunstâncias, não dá pra colocar um favoritismo a favor do Vasco. Mas isso não faz muita diferença: ainda que o empate do Bahia ontem nos garanta a segunda posição por mais uma rodada, um resultado negativo hoje no Heriberto Hülse pode nos deixar perigosamente perto da quinta colocação. Então, vencer, seja como for, é importantíssimo para que a pressão sobre Maurício Souza e seu time não aumentem. Conquistar três pontos hoje será vital para começarmos a fechar bem esse primeiro turno  e já pensar em começar o returno com moral.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2022 – Série B
CRICIÚMA-SC X VASCO

Local: Estádio Heriberto Hülse.
Horário: 16h30 (de Brasília).
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS).
Assistentes: Leirson Peng Martins (RS) e Michael Stanislau (RS).
VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP-VAR-FIFA).

CRICIÚMA: Gustavo; Cristovam, Rodrigo, Kadu e Marcelo Hermes; Léo Costa, Rômulo, Arilson e Marquinhos Gabriel; Lucas Xavier (Felipe Mateus) e Caio Dantas.
Técnico: Cláudio Tencati.

VASCO: Thiago Rodrigues, Léo Matos, Quintero, Anderson Conceição, Riquelme, Yuri Lara, Andrey Santos, Palacios, Figueiredo, Erick e Raniel.
Técnico: Maurício Souza.

Transmissão: O canal Premiere transmite para seus assinantes e pelo sistema pay-per-view para todo o Brasil.

Vasco frustra torcida na estreia e fica no empate com o Vila Nova.

Mesmo sem brilhar, Raniel se destacou - com um gol e uma bola na trave - no empate contra o Vila
Mesmo sem brilhar, Raniel se destacou – com um gol e uma bola na trave – no empate contra o Vila (📸: Daniel Ramalho/Vasco)

Muita gente – tá bom, vai…algumas pessoas – deve ter ficado a espera de uma resenha sobre a estreia do Vasco no Brasileiro ainda ontem, dia seguinte à partida. Não consegui escrever nada a respeito nesse sábado e, se o motivo não tivesse sido uma inviabilidade justificada por uma ressaca, eu poderia dizer para vocês encararem a demora no post sobre o empate em 1 a 1 com o Vila Nova como um exercício de gerenciamento de expectativas.

E, olha, vamos muito disso. Porque pelo que vimos em São Januário, seja pelas notícias sobre o SAF/777 Partners, pelo pacote de reforços/apostas que nem estrearam ou mesmo pela esperança de que as cerca de três semanas de treinos depois do Carioca resolveriam alguns dos nossos problemas, expectativas foram criadas. Os mais de 17 mil torcedores na Colina comprovam.

E o mais cruel foi ver o Vasco chegar a corresponder essas expectativas, com Raniel marcando um gol logo no começo da partida, apenas para comprovar em seguida que o vascaíno não tem um minuto de paz. Neste caso específico, três minutos, o tempo que o time do Zé Ricardo conseguiu manter a vantagem no placar.

Depois disso, o que pudesse restar de expectativas foram por água abaixo. Porque tudo o que o Vasco conseguiu mostrar foi aquele futebolzinho aquém do meia boca que já vimos no Estadual. E isso contra um Vila Nova obviamente bastante limitado, mas que – como a maioria dos nossos adversários – pareceu ser bem mais arrumadinho que nosso amontoado de jogadores.

Se alguém ainda quer alimentar expectavitvas (das positivas, claro) com relação a esse time antes que alguns reforços qualificados apareçam, parece que o jeito é se apegar ao otimismo (“começamos melhor que no ano passado“), à estatística (“quando não perde na estreia, o Vasco sempre sobe“) ou à superstição (“o Botafogo também começou empatando com o Vila Nova em 2021“). Nenhum desses argumentos é muito forte mas, até aí, o time do Zé também não é.

As atuações

Thiago Rodrigues – no gol do Vila Nova, não poderia ter feito nada. Nas vezes em que foi exigido, se saiu bem.

Weverton – consegue a incrível façanha de nos dar saudades do Yellow Matos. Errou quase tudo no jogo, do posicionamento (tanto defensivo quanto no apoio) aos passes.  Juninho entrou em seu lugar no segundo tempo e para dar uma nova pegada ao meio de campo.

Quintero – a seriedade de sempre, mas sem maiores brilhos.

Anderson Conceição – até evitou o que poderia ser uma derrota ao cortar um lance de contra-ataque do Vila Nova nos minutos finais do jogo. Mas durante a partida irritou com as constantes bolas esticadas (raramente efetivas).

Edimar ­­– não chegou a comprometer defensivamente, mas foi inoperante no apoio. E quando mostrou serviço marcando um gol, foi anulado pelo VAR.

Yuri Lara – eficiente no combate e até ocupou bem os espaços. Mas pecou muito na qualidade do passe, não conseguindo ajudar muito a saída de bola do time. Teve uma excelente chance no primeiro tempo, obrigando o goleiro adversário a fazer boa defesa. Deu lugar ao Lucas Oliveira na metade final do segundo tempo. Mas como o Zé Ricardo escalou o rapaz como uma espécie de ala, sua estreia não foi de encher os olhos.

Zé Gabriel –uma partida bem ruim do volante, que não ajudou a dar volume de jogo ofensivo no meio de campo, nem se destacou na marcação.

Nenê – tirando um belo para o Pec ainda no primeiro tempo, pouco fez. Na última etapa, em especial, só conseguiu reclamar dos companheiros em campo. Saiu revoltado para dar lugar ao Getúlio que fez ainda menos que o Nenê em campo.

Bruno Nazário – foi bem participativo, mas pouco fez além de ficar ciscando pelos lados do campo. Acabou aparecendo mais em dois momentos negativos para o time: cometeu a falta que invalidou o gol do Edimar e era ele quem deveria acompanhar o jogador do Vila Nova que cabeceou, livre de marcação, para marcar o gol adversário. Vitinho o substituiu e não conseguiu se destacar.

Gabriel Pec – tentou explorar as subidas com velocidade no primeiro tempo, mas não conseguiu aparecer muito jogando pela esquerda. Voltando para o lado que está acostumado no segundo tempo apareceu mais, mas acabou cansando e o desempenho foi junto.

Raniel ­­– com um Nenê pouco inspirado e o resto do time sem um neurônio para municiar o ataque, acabou isolado. Ainda assim, garantiu o empate na estreia marcando um. Quase marcou outro, mas a bola parou na trave. Figueiredo entrou em seu lugar e deu maior movimentação ao ataquemas não o bastante para mudar a cara do jogo.

Nenê leva o Vasco a uma vitória ‘sem traumas’ sobre o Bangu

Chuva de gols: Raniel, vice-artilheiro do Carioca, agradece a Nenê, maior goleador da competição, pela assistência
Chuva de gols: Raniel, vice-artilheiro do Carioca, agradece a Nenê, maior goleador da competição, pela assistência (📷: Rafael Ribeiro/Vasco)

Algum dia existirão estudos e teses sobre os efeitos de gestões de clubes desastrosas sobre o inconsciente coletivo das suas torcidas. Veja nosso caso específico: o torcedor vascaíno demonstra com frequência a “síndrome do nada presta“, que é autoexplicativo. Quando o Vasco não está vencendo, é porque o time inteiro é horroroso e nada que esteja fazendo em campo presta.

Peguemos a partida de ontem, contra o Bangu. Até os 14 minutos do  segundo tempo, só se via reclamações, xingamentos e declarações sobre como o time estava jogando horrivelmente. Ou seja, enquanto o Vasco não tinha marcado gols, nada prestava. E, ainda mais curioso, não faltaram elogios ao time do Felipe Maestro e ao seu trabalho como técnico:

Um resumo? O vascaíno, ainda que ache que seu time jogou muito mal, reconhece as qualidades do adversário. E fala isso sem perceber que uma afirmação meio que anula a outra. Se o Bangu é um bom time, teria massacrado um Vasco horrivel e que jogou muito mal; ou, se o Vasco foi tão mal assim, os números do primeiro tempo deveriam ser melhores para o Bangu.

Mas, é claro, números não refletem exatamente o que aconteceu em campo e o Bangu foi, efetivamente, melhor que o Vasco em boa parte do jogo (ainda que se deva reconhecer que o goleiro banguense foi o melhor da equipe). A diferença, ou melhor, o que FEZ a diferença, foi o talento. Se o alvirrubro tivesse meio Nenê no seu elenco, teria chances melhores de vencer a partida.

Porque foi ele, o “vovô” em campo, o cansado que errou quase tudo que tentou no primeiro tempo, que precisou de 5 minutos pra resolver o jogo. Bastou um toque que encontrou o Raniel para abrir o placar e uma cobrança de falta que estufou as redes para dar números finais à partida. Vasco 2 x 0 Bangu.

Com a vantagem no placar, a bipolaridade – outro reflexo dos traumas que o vascaíno sofreu nas últimas décadas – surgiu. Os tweets reclamando do time deram lugar a mensagens como “É muito bom ser Vasco“, “Se já fui triste não me lembro“, entre outras. Exageros a parte de uma torcida que anda muito necessitada de alegrias, temos que agradecer ao Nenê por fazer os vascaínos sorrirem, mesmo que numa mera partida do Carioca.

As atuações

Thiago Rodrigues – não se fala muito sobre o goleiro vascaíno, mas aos poucos ele vai se mostrando um dos mais regulares do elenco. Ontem teve outra boa atuação, garantindo o zero do nosso lado do placar com duas ou três grandes defesas.

Weverton – não chegou a se destacar no apoio e teve alguma dificuldade com as subidas do Bangu pela sua lateral. Ainda assim, ontem pudemos ter a impressão de que havia um lateral na direita, algo que o Yellow Matos não conseguiu transmitir no jogo contra o Botafogo.

Luis Cangá – parece ainda sentir a falta de ritmo, mostrando alguma lentidão em certas situações.

Anderson Conceição – evitou três ou quatro ataques perigosíssimos do Bangu com cortes e antecipações providenciais.

Riquelme – mesmo com a benção do ídolo Felipe, não fez os estragos que costuma fazer com seus marcadores pela esquerda. Acertou dois bons cruzamentos, antes de dar lugar ao Edimar, que entrou com o placar já definido e deu maior consistência defensiva à lateral.

Matheus Barbosa – no primeiro tempo errou passes demais e penou com o entrosado time adversário, sendo envolvido algumas vezes. Melhorou na etapa final, acertando mais na marcação e iniciou a jogada do gol do Raniel, acionando o Nenê no lance. Saiu perto do apito final, dando lugar ao Laranjeira, que não teve tempo para fazer muita coisa.

Juninho – muitas das vezes foi quem carregou a bola até o ataque, sendo responsável por iniciar as jogadas no meio de campo. Mas pecou por carregar demais a bola em alguns momentos. Galarza o substituiu e desperdiçou boa chance após receber passe de Getúlio e iniciou um contra-ataque para o Bangu que só não terminou em gol por sorte.

Nenê – vinha tendo uma atuação ruim: no primeiro tempo, tirando uma finalização que deu trabalho ao goleiro banguense, não fez muito de positivo, inclusive errando passes que não está acostumado a errar. Não vinha fazendo muita coisa diferente no segundo tempo, até resolver o jogo em cinco minutos, fazendo a assistência para o gol do Raniel e marcando o seu próprio, de falta. Saiu só no finzinho de jogo, dando lugar ao Isaque, que mal encostou na bola.

Bruno Nazário – levou perigo em uma finalização na primeira etapa, mas no geral teve uma atuação entre o discreto e o apagado.

Gabriel Pec –mesmo não sendo tão incisivo como em outras partidas – a marcação adversária e o campo pesado podem ser uma justificativa – foi uma boa opção ofensiva pelo lado de campo. Ainda precisa caprichar mais na resolução das jogadas, seja finalizando, seja dando o passe final.

Raniel – fez o que se espera de um camisa 9 típico: quando teve uma chance, deixou o dele. Getúlio entrou em seu lugar e não chegou a ser muito notado em campo.

***

Vale o comentário: é preciso dar os parabéns aos responsáveis pelo sistema de drenagem do gramado de São Januário. Mesmo com o toró que caiu ontem na Colina, o campo continuou um tapete, sem qualquer poça de água, até o fim do jogo.

Um Clássico da Amizade que não entrará para a história

Edimar e Figueiredo chegam ao hotel: como sempre, o Vasco é recebido em festa pela sua torcida em São Luís
Edimar e Figueiredo chegam ao hotel: como sempre, o Vasco é recebido em festa pela sua torcida em São Luís (📷: Rafael Ribeiro/Vasco)

Desde 1998 um Clássico da Amizade não é disputado fora do Rio de Janeiro. Isso faz do jogo de logo mais na Arena Castelão o primeiro Vasco x Botafogo do século a ser realizado longe de terras cariocas, e justo em um Estadual.

Na real, é difícil encontrar qualquer motivo além da sua localização para dar algum contorno histórico para este clássico. Com as duas instituições passando por, aí sim, momentos complicados em sua história (o alvinegro em, talvez, viés de alta; nós, como uma grande incógnita no nosso futuro), o jogo de hoje dificilmente terá alguma importância após o apito final do juiz.

Salvo, claro, alguma inesperada goleada histórica aconteça. E como isso já aconteceu no último clássico (quando o Botafogo aplicou a maior goleada sobre o Vasco na Colina), dificilmente algo parecido vai se repetir.

Então, pensando em termos imediatos: para o Botafogo, a partida é importante para a equipe se recuperar da derrota para o Fluminense na última rodada e evitar que os outros rivais se distanciem na competição. E não só isso: caso parca o jogo, o alvinegro corre inclusive o risco de ficar fora da zona de classificação, caso a Portuguesa-RJ vença o próprio Flu, hoje.

Já para o Vasco, que vem motivado pela vitória na última rodada (a primeira sem sofrer gols), briga para permanecer na liderança da competição. Conquistando os três pontos hoje, chegaremos à metade da Taça Guanabara abrindo talvez 9 pontos para a quarta colocação e já tendo vencido um dos três clássicos que teremos. Ou seja, bater o Botafogo hoje deixará nossa classificação muito bem encaminhada.

Fora isso, a partida de hoje só terá algum gostinho especial para o Léo Matos, o único remanescente da equipe vascaína que perdeu por 4 a 0 para o Botafogo na última Série B. Na sua estreia como titular sob o comando do Zé, o lateral pode ter o gostinho de dar o troco pela goleada do ano passado.

Vasco X  Botafogo

 Thiago Rodrigues, Léo Matos, Ulisses, Anderson Conceição, Edimar, Matheus Barbosa, Juninho, Nenê, Bruno Nazário, Gabriel Pec e Raniel.

Gatito; Daniel Borges, Carli, Kanu e Hugo (Jonathan); Fabinho, Barreto e Raí; Luiz Fernando, Diego Gonçalves e Erison.

Técnico: Zé Ricardo.

Técnico:Lucio Flávio (interino).

Estádio: Arena Castelão. Data: 13/02/2022. Horário: 20h. Arbitragem:Wagner do Nascimento Magalhães. Assistentes: Carlos Henrique Alves de Lima Filho e Thiago Gomes Magalhães.

TV: Claro TV, DirecTV, Sky, Vivo transmitem no sistema Pay-per-view. Internet: Cariocão Play e Eleven Sports transmitem no sistema PPV.

Contra o Londrina, Vasco encerra 2021 com mais um jogo desprezível

Vasco treina
Depois do último jogo do ano, contra o Londrina, não se sabe quem permanecerá no Vasco (📷: Rafael Ribeiro/Vasco)

O Vasco termina sua deprimente participação na Série B de 2021 logo mais, contra o Londrina. Pro clube, pro elenco ou pra torcida, é uma partida completamente desprovida de interesse; pros donos da casa, pode significar a permanência na segundona.

Ou seja, mais uma partida na qual a probabilidade de derrota é imensa, tanto pela total falta de motivação de um grupo que não tem mais pelo que brigar (nem mesmo para mostrar serviço e ficar na Colina), como a situação  vivida pelo Londrina, em tudo oposta à do Vasco.

Para nossos anfitriões, é o jogo da vida; Para o Vasco, um compromisso infelizmente inevitável ou, no máximo, uma burocracia que adiou as férias do elenco por mais uns dias.

Como aconteceu no jogo contra o Remo, não poderei assistir à partida. E também como na última rodada, talvez a resenha sobre este jogo completamente desprezível demore um pouco pra sair. Provavelmente com algumas palavras sobre este 2021, um ano que conseguiu se destacar entre os vários anos terríveis que tivemos nas últimas décadas.

Londrina X  Vasco

César; Elacio Córdoba, Saimon, Augusto e Eltinho; João Paulo, Jhonny Lucas e Mossoró; Marcelinho, Zeca e Caprini (Roberto).

Lucão, Léo Matos, Ricardo Graça, Leandro Castán e Riquelme; Bruno Gomes, Caio Lopes, Marquinhos Gabriel e Nenê; Germán Cano e Gabriel Pec.

Técnico: Márcio Fernandes.

Técnico: Fábio Cortez.

Estádio: do Café. Data: 28/11/2021. Horário: 16h. Arbitragem: Paulo Henrique Schleich Vollkopf (MS). Assistentes: Antônio Dib Moraes de Sousa (PI). Assistentes: Nailton Júnior de Sousa Oliveira (CE) e Mauro César Evangelista de Sousa (PI). VAR: Márcio Henrique de Gois (SP)

O Canal Premiere transmite para todo o Brasil.

***
Os eventos esportivos na tarde de ontem me fizeram constatar duas coisas:

1) Nem de longe o Vasco conseguiu dar tantas alegrias à sua torcida esse ano quanto alguns rivais nos deram;
2) Mas até essa alegria o Vasco tirou dos seus torcedores. Porque – pelo menos pra mim – como podemos comemorar o fracasso alheio quando a palavra fracasso foi um sinônimo perfeito para a temporada do time pelo qual torcemos?

Volta do Nenê é a (única) boa notícia na partida contra o Guarani

Nenê treina
Nenê retorna ao time, infelizmente um pouco tarde (📷 Rafael Ribeiro/Vasco)

Para os vascaínos que ainda conseguem se apegar às boas notícias depois da derrota para o CSA na última rodada, teremos a volta do Nenê na partida de hoje contra o Guarani, em Campinas. Infelizmente, a volta do indiscutível destaque técnico do time não significa uma volta no tempo e a possibilidade de recuperarmos a gigantesca quantidade de chances que tivemos de estar mais próximos do G4.

E como diferente das rodadas anteriores, esta não está sendo favorável ao Vasco, nem mesmo uma vitória no tradicional Brinco de Ouro será o bastante para melhorar muito as pequenas chances da equipe do Fernando Diniz na competição: com três pontos, subiremos apenas uma posição e ficaremos a distantes 4 pontos da quarta colocação, separados do Goiás pelo próprio CSA e pelo CRB. Resumindo, as probabilidades do acesso não ficarão muito melhores que os meros 5% que temos hoje.

Ainda teremos um complicador para o confronto contra o Bugre que, além de ainda sonhar com o G4 (até por estar à nossa frente na tabela) decepcionou ao perder para o Confiança na última partida em casa e certamente fará de tudo para reanimar sua torcida. Para evitar que isso aconteça, o técnico vascaíno poderá escalar o que seria a “força máxima” (com muitas aspas) para a partida. Esta “força máxima” era diferente até algumas rodadas, já que, por exemplo, incluía o Zeca (que deve perder a vaga para o Yellow Matos). Mas Diniz não confirmou o time, e pode optar por uma formação mais cautelosa – com Andrey e Bruno Gomes – ou uma mais ofensiva, mantendo os três atacantes. E, claro, o Nenê. E sabemos que pouco importa quem serão os outros 9 (tirando o Cano desta conta).

Vencer hoje não deve ser o bastante para empolgar o torcedor, mas será um incentivo para o clássico contra o Botafogo na próxima rodada. Sendo assim, o mais que natural e justificado desânimo dos vascaínos não pode contaminar o time, que recebe (recebe?) salários bem altos para o nível da competição que disputa e teria (teria?) a obrigação de se esforçar ao máximo em campo. Um conselho? Basta que o resto do time olhe para o sujeito portando a camisa 77 e procurar reproduzir seu empenho na partida.

Guarani X  Vasco

Rafael Martins, Diogo Mateus, Ronaldo Alves, Thales e Bidu; Bruno Silva, Rodrigo Andrade e Régis; Júnior Todinho, Bruno Sávio e Júlio César.

Lucão, Zeca (Léo Matos), Castan, Ricardo, Riquelme; Andrey, Marquinhos Gabriel, Nenê, Morato (Léo Jabá), Gabriel Pec (Bruno Gomes) e Cano.

Técnico: Daniel Paulista.

Técnico: Fernando Diniz.

Estádio: Brinco de Ouro. Data: 04/11/2021. Horário: 19h. Arbitragem: Leandro Pedro Vuaden (RS). Assistentes: Jorge Eduardo Bernardi (RS) e José Eduardo Calza (RS). VAR: Jean Pierre Gonçalves Lima (RS).

O SporTV e o canal Premiere transmitem para seus assinantes de todo o Brasil.

Festa da torcida reforça responsabilidade do Vasco contra o Sampaio Corrêa

Diniz é bem recepcionado
Calorosa recepção a Fernando Diniz é uma prova da boa fase do Vasco (Rafael Ribeiro/Vasco)

O Vasco foi recebido em festa pela torcida em São Luís, mostrando mais uma vez a força que o Gigante tem no Nordeste. É ótimo ser bem recepcionado e se sentir em casa em plena capital maranhense será um grande incentivo para o time na partida contra o Sampaio Corrêa, hoje, na Arena Castelão.

Todo esse apoio é um grande incentivo, mas é também uma grande responsabilidade.

Responsabilidade porque a festa dos vascaínos do Maranhão é um reflexo da esperança que, agora, a torcida do Vasco em todo mundo tem na volta para a elite. A chegada de Fernando Diniz e Nenê, a série invicta, a subida na tabela e a sequência de vitórias trouxe mais esperanças ao torcedor e, inevitavelmente, maiores expectativas. Resumindo, o que todo cruzmaltino espera é que o Vasco diminua ainda mais a distância para o G4.

E a queda de rendimento dos nossos anfitriões é outro fator que aumenta nossa responsabilidade. Sem vencer a sete partidas, com uma única vitória nos últimos dez jogos, o Sampaio Corrêa precisa tanto quanto nós da vitória. E a presença de público no Castelão certamente fará com que a Bolívia Querida se empenhe ainda mais para mostrar poder de reação aos sampaínos.

Cabe ao Fernando Diniz atrasar a desejada reação do Sampaio Corrêa para a próxima rodada (e, vale dizer, impedir que o Vasco mais uma vez “levante defunto”). Ainda sem Andrey, mas aprendendo a lição do primeiro tempo da partida contra o Confiança, o técnico vascaíno não deve inventar três laterais no time: mantendo Riquelme no time e jogando o Zeca para a direita, Léo Matos deve começar a partida no banco. Pec, que entrou na etapa final e teve participação decisiva nos gols na vitória da última rodada, deve seguir no ataque.

Uma vitória hoje não nos fará subir nenhuma posição, mas com os excelentes resultados da rodada até aqui, três pontos nos deixarão às portas do G4, a apenas dois pontinhos de distância (e certamente aumentarão nossas chances de acesso, que hoje estão em 18%). Isso mostra a importância da partida de hoje e o tamanho da responsabilidade com a qual o Vasco precisa encarar este confronto.

Sampaio Corrêa X  Vasco

Luiz Daniel; Watson, Kanu, Éder Lima e Alyson; Betinho, Ferreira, Eloir e Léo Artur; Ciel e Pimentinha.

Vanderlei, Zeca, Leandro Castan, Ricardo Graça e Riquelme; Bruno Gomes, Marquinhos Gabriel e Nenê; GabrielPec, Morato e Cano.

Técnico: Felipe Surian.

Técnico: Fernando Diniz.

Estádio: Arena Castelão. Data: 09/10/2021. Horário: 21h. Arbitragem: Caio Max Augusto Vieira (RN). Assistentes: Jean Marcio dos Santos (RN) e Lorival Cândido das Flores (RN). VAR: Heber Roberto Lopes (SC)

O canal Premiere transmite a partida para seus assinantes de todo o Brasil.