Vasco 2 x 2 Palmeiras: bom e frustrante

Desencantou: Pedro Raul marca seu primeiro gol pelo Brasileiro no empate com o Palmeiras
Desencantou: Pedro Raul marca seu primeiro gol pelo Brasileiro no empate com o Palmeiras (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

O empate em 2 a 2 com o Palmeiras foi aquele tipo de jogo pra deixar qualquer torcedor do Vasco com sentimentos conflitantes.

Ver o Vasco fazer um jogo parelho com o melhor time do Brasil é ótimo; vê-lo ceder o empate depois de abrir dois gols de diferença é frustrante.

Ver nosso ataque ser eficiente – talvez o pior problema que tivemos nesse começo de temporada – com os três jogadores da posição participando dos dois gols é ótimo; ver nossa defesa (um dos pontos altos do time nesse começo de temporada) tomar dois gols bobos por falhas de posicionamento é frustrante.

Ver o Vasco terminar a segunda rodada entre os cinco primeiros (entre os quatro, dependendo do fechamento da rodada) é ótimo; saber que tivemos a chance de terminar empatados na liderança e não conseguimos é frustrante.

Ver nosso time titular, ainda em construção e necessitando de peças que lhe dê maior consistência, competir em igualdade – e até ser superior em muitos momentos – com um dos elencos mais caros e já consolidados do futebol brasileiro é ótimo; ver que, na hora das substituições, qualquer adversário melhor estruturado têm peças que pelo menos mantém o nível de atuação do time e nós não, é frustrante.

Mas, no fim das contas, não dá pra lamentar o empate, mesmo da forma como aconteceu. O Vasco teve uma atuação digna – ainda que, na minha opinião, em nível um pouco abaixo da que teve na vitória sobre o Galo – e não podemos esquecer o atual momento da equipe. Por enquanto, é o que temos: um time que compete e que já mostrou, mesmo tendo suas oscilações, que não será presa fácil como costumávamos ver em outros tempos. Pode (e VAI) melhorar. E ai, é esperar a janela do meio do ano e esperar que cheguem reforços que qualifiquem o grupo.

Repito: neste momento, o Vasco empatar com o favorito ao bicampeonato do Brasileirão, mesmo jogando em casa, é sim um bom resultado. E ter que admitir isso, é frustrante.

As atuações

Léo Jardim – teve algum trabalho com chutes de fora da área, mas correspondeu. Não teve chance para fazer muita coisa nos gols sofridos.

Puma Rodríguez – fez boa dupla com Pec nas subidas ao ataque, mas penou com os avanços alviverdes pela sua lateral, principalmente no segundo tempo.

Robson – cumpriu bem sua função de “zagueiro-zagueiro” na maior parte do tempo, mas cochilou feio nos dois gols palmeirenses (principalmente no primeiro). Capasso entrou em seu lugar, foi afobado em alguns lances, mas não sofremos gols com ele em campo.

Léo – jogou com firmeza e mais uma vez ajudou nas saídas de bola. Mas também vacilou no lance do segundo gol que sofremos.

Lucas Piton – no primeiro tempo teve bastante trabalho com as subidas palmeirenses pelo seu lado de campo, mas fez grande jogada no segundo gol do Vasco, dando belo drible sobre seu marcador e acertando um cruzamento na medida para o Pedro Raul.

Rodrigo – sobra transpiração ao volante, mas falta inspiração. Muitas vezes roubou a bola para, na sequência, devolvê-la ao adversário com toques ruins. Marlon Gomes entrou em seu lugar e não conseguiu ser uma opção de velocidade para os contra-ataques, aparecendo mais fechando os espaços no meio.

Andrey – deu consistência ao meio de campo, ajudando tanto no combate como na organização de jogadas ofensivas. Foi bem, mas ainda assim parece precisar de ajuda na parte criativa.

Jair – a visão de jogo e o ótimo lançamento que fez para o Alex Teixeira no lance do primeiro gol vascaíno seria o bastante para elogiar sua atuação. Cansou no segundo tempo e deu lugar ao Galarza que fez o de sempre: não muito além da correria meio estabanada para fechar os espaços no meio de campo.

Gabriel Pec – tá difícil pros “antis” continuarem criticando: Pec mais uma vez foi um dos destaques do time, sendo a melhor opção de ataque em velocidade e marcou mais uma vez. Quando as pernas pesaram, deu lugar ao Orellano, que também deu trabalho à defesa palmeirense. Precisa de mais tempo em campo pra engrenar (e, provavelmente, ter uma chance atuando pelo meio, não pelas pontas).

Alex Teixeira – em um jogo muito pegado e intenso, teve problemas para superar a marcação alviverde. Mas compensou fazendo a assistência perfeita para o gol do Pedro Raul. Figueiredo o substituiu quando o time precisava de um gás novo. Acabou não sendo muito efetivo.

Pedro Raul – boa atuação do centroavante: segurou a marcação, fez o pivô, ajudou na criação e ainda teve participação decisiva nos dois gols vascaínos (marcando o primeiro). Que deslanche de vez daqui pra frente.

Vasco busca segunda vitória no Brasileiro contra o Palmeiras

Robson deve seguir titular da zaga hoje, contra o Palmeiras
Robson deve seguir titular da zaga hoje, contra o Palmeiras (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

Tanto o Vasco, quanto o Palmeiras – nosso adversário de hoje na Arena Maracanã – venceram seus adversários e tiveram seus treinadores expulsos na estreia pelo Brasileirão. Mas tirando os três pontos na tabela e a ausência de Barbieri e Abel Ferreira no banco, as semelhanças entre os momentos dos dois times acaba aí.

Enquanto o Palmeiras, o atual campeão brasileiro, vive uma das fases mais vencedoras da sua história, com uma penca de títulos, um elenco caríssimo e uma base consolidada há anos com o trabalho de um técnico-estrela, o Vasco está no início de sua reconstrução, ainda tentando sair dos 20 e tantos anos mais negativos que já viveu com um grupo ainda desequilibrado e se adaptando à filosofia de um treinador que, no máximo, é uma promessa.

Mas, graças a Deus, estamos falando de futebol, e essa diferença entre as equipes não é garantia de nada quando a bola rolar. E, por incrível que pareça, o Vasco entrará em campo com algumas vantagens em relação ao seu adversário paulista.

A primeira é que nós tivemos uma semana apenas para treinar e recuperar nossa equipe fisicamente depois da vitória sobre o Galo na primeira rodada.  E, enquanto isso, o Verdão teve uma partida complicada pela Libertadores na quinta-feira e menos tempo par se recuperar desse desgaste. O Vasco também conseguirá repetir a escalação do primeiro jogo, diferente do Palmeiras que entrará em campo com alguns desfalques importantes. E, não menos importante, jogaremos em casa, com a Arena Maracanã lotada e cerca de 60 mil vascaínos empurrando o time.

Talvez não seja o bastante para nos garantir uma vitória sobre um adversário tão qualificado. Mas ninguém – e inclua aí boa parte da torcida vascaína – também contava com uma vitória sobre o Atlético no Mineirão. Se o Vasco repetir a atuação de sábado passado, jogando os 90 minutos com intensidade e aplicação tática, temos totais condições de superar nossas limitações, vencer o Palmeiras e nos mantermos no alto da tabela.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x PALMEIRAS

Local: Arena Maracanã.
Horário: 16 horas (de Brasília).
Árbitro: Rafael Rodrigo Klein (RS).
Assistentes: Bruno Raphael Pires (GO) e Rafael da Silva Alves (RS).
VAR: Wagner Reway (PB).

VASCO: Léo Jardim; Puma, Robson Bambu (Capasso), Léo e Lucas Piton; Rodrigo, Andrey Santos, Jair e Alex Teixeira; Gabriel Pec e Pedro Raul.
Técnico: Maldonado (auxiliar).

PALMEIRAS: Weverton; Marcos Rocha, Murilo, Gustavo Gómez e Vanderlan (Piquerez); Zé Rafael, Gabriel Menino e Artur; Dudu, Flaco López e Endrick (Jhon Jhon).
Técnico: João Martins (auxiliar).

Transmissão: A TV Globo transmite para todo o Brasil TV Globo (exceto MG e Santos). O Canal Premiere transmite para todo o Brasil no sistema ppv.

Com intensidade e consciência, Vasco bate o Galo na estreia

Pec, com um gol e a assistência para Andrey abrir o placar , foram decisivos na vitória sobre o Galo no Mineirão
Pec, com um gol e a assistência para Andrey abrir o placar , foram decisivos na vitória sobre o Galo no Mineirão (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

No post de ontem, comentei que Barbieri e seus comandados teriam 38 rodadas para mostrar serviço e fazer um Brasileiro sem maiores desesperos. E que isso seria uma missão complicada dado o atual momento da equipe. E ontem, ao vencer o Atlético-MG por 2 a 1, o Vasco mostrou que o complicado nem de longe é impossível.

Sem invencionices, consciente do que pode fazer em campo e com muita intensidade, o Gigante fez o que precisava para voltar de BH com a vitória. Mostrando eficiência ofensiva no início do jogo e uma defesa consistente na maior parte dos mais de 100 minutos de bola rolando, vimos um Vasco que, se não é brilhante, tem aquela qualidade vital em um campeonato como o Brasileirão: a competitividade.

Mas não podemos deixar de citar que o coletivo teve uma ajuda imprescindível do individual. Se Gabriel Pec, com uma assistência e um gol, e Andrey se destacaram ao construir o placar, sem a bela atuação do Léo Jardim dificilmente sairíamos do Mineirão com o resultado positivo. Quando o Galo foi mais eficiente que a nossa defesa, nosso quase sempre criticado goleiro esteve atento para evitar o empate atleticano com defesas espetaculares.

No atual estágio de evolução do time, é preciso valorizar cada ponto conquistado. Fora de casa, ainda mais. Sendo contra um dos favoritos ao título, então, é pra fazer festa mesmo. A vitória sobre o Atlético não é garantia de nada, ainda faltam 37 rodadas e, pra manter os pés no chão, a conta ainda é que faltam 42 pontos para o alcançarmos nosso primeiro objetivo na competição. Mas uma vitória como essa, logo na estreia, nos permite ter mais esperanças de fazermos um Brasileiro sem grandes turbulências.

As atuações

Léo Jardim – garantiu a vitória realizando uma série de grandes defesas, algumas bastante difíceis. No gol do Galo não tinha o que fazer.

Puma Rodríguez – com o time marcando dois gols muito cedo, acabou tendo maior participação defensiva na partida (ainda assim, participou do lance do segundo gol, cobrando lateral para a área atleticana). Foi bem, mas entregou uma bola no finzinho do jogo que colocou os três pontos em risco.

Robson – uma boa partida do “ex-Bambu“: jogou com segurança e se destacou interceptando um chute perigoso no segundo tempo e se saindo muito bem cortando as bolas alçadas à nossa área. Levou azar no lance do gol adversário, cortando uma bola mais alta pra frente da nossa área.

Léo – tirando uma cochilada no primeiro tempo (quando permitiu que um atacante do Atlético chegasse à cara do gol), jogou com atenção e firmeza, se impondo diante do ataque adversário.

Lucas Piton – fez a “assistência” (na verdade um chute sem direção) para o gol do Pec e serviu como válvula de escape nos contra-ataques. No segundo tempo, com o time mais recuado, foi importante defensivamente. Deu lugar ao Paulo Victor nos minutos finais e o lateral reserva ajudou a segurar a pressão final dos donos da casa.

Rodrigo – a intensidade e entrega de sempre ao fazer o combate no meio de campo. Errou alguns passes perigosos, mas nada que comprometesse.

Andrey –  abriu as portas para a vitória logo aos 4 minutos, aparecendo no ataque para marcar, de cabeça, o primeiro gol do Vasco. Distribuiu bem a bola e procurou organizar as jogadas no primeiro tempo. No segundo, se ateve mais à marcação até ser substituído pelo Barros, que manteve a pegada no combate e, mesmo sendo um garoto, não amarelou diante da pressão adversária.

Jair – foi discreto na criação, mas marcou incansavelmente (até cansar). Galarza o substituiu na parte final do jogo para dar um novo gás à marcação e chegou a arriscar algumas subidas ao ataque.

Gabriel Pec – incorporou o ídolo Nenê cobrando falta na medida para Andrey abrir o placar e deixou o seu após receber bola do Piton. Teve outra boa chance, obrigando o goleiro atleticano a fazer boa defesa. Também cumpriu bem a função tática de acompanhar o lateral do Galo. Cansou e deu lugar ao Figueiredo, que entrou na pilha de sempre e ajudou o time a segurar o resultado. Desperdiçou um ótimo contra-ataque ao tentar resolver um lance sozinho, mesmo tendo opções para o passe.

Alex Teixeira – se movimentou bem na etapa inicial e deu trabalho para a marcação adversária. Mas deu uma sumida no segundo tempo, quando o time baixou suas linhas. Deu lugar ao Marlon Gomes, que ajudou no combate, mas não conseguiu se destacar puxando contragolpes com sua velocidade.

Pedro Raul – mais uma vez passou em branco, mas pelo menos ontem tem a desculpa de não ter recebido bolas em boas condições de marcar. Mas sua inatividade como artilheiro, é inevitável, já é um incômodo (muito provavelmente tanto pra ele como é para a torcida).

Vasco estreia no Brasileirão entre a alegria e a incerteza

Puma treina: o melhor lateral direito do Carioca 2023 é titular certo na estreia do Vasco contra o Galo
Puma treina: o melhor lateral direito do Carioca 2023 é titular certo na estreia do Vasco contra o Galo (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

Dois anos, dois meses e 20 dias. Esse é o tempo que estivemos fora do nosso lugar no futebol brasileiro (e seria ainda maior o intervalo, não fosse a pandemia). Desde a vitória sobre o Goiás, no longínquo 25 de fevereiro de 2021, a Séria A se empobreceu com a nossa ausência. Por conta de diretorias desastrosas, o Brasileirão não pode contar com um clube quatro vezes campeão da competição. Isso acaba hoje – e, esperamos, que em definitivo – quando o Vasco entrar no Mineirão para encarar o Atlético Mineiro.

Mas tirando a felicidade de mais um retorno “de onde nunca deveríamos ter saído” (as aspas são facilmente compreensíveis), todo vascaíno sabe que a alegria pode não ser a tônica nessa jornada que acontece hoje. Maurício Barbieri e seus comandados terão 38 rodadas para mostrar serviço e fazer com que o Vasco faça um Brasileiro, no mínimo, sem desesperos. O que não deve ser uma missão das mais fáceis, com um time ainda em construção e que obviamente não atendeu às expectativas de reforços de qualidade que a 777 parecia garantir.

Vendo por esse lado, é até bom encarar logo na estreia uma equipe como o Galo Mineiro. Com um elenco forte, campeão do último Estadual e já sendo um dos favoritos ao título, o Atlético proporcionará ao Vasco uma prova das dificuldades que teremos ao longo do campeonato já na primeira rodada.

Barbieri fez mistério, mas não tem como surpreender. O elenco é o que todos conhecem e que, mesmo não tendo feito tão feio no Carioca, caiu nas semifinais do Estadual e foi eliminado na Copa do Brasil (nesse caso, fazendo sim um papel ridículo). É certo que jogaremos naquele 4-3-3, com Andrey e Jair ajudando ao Alex Teixeira, que precisará ajudar tanto no ataque como na criação de jogadas. O ideal é que essa formação seja eficiente na defesa e capaz de oferecer variações ofensivas (o que só terá efeito se Pedro Raul resolver voltar a fazer gols como fez ano passado).

Veremos contra o alvinegro mineiro se o time conseguiu evoluir nesse período no qual apenas fez jogos-treino, algo desesperadamente necessário, depois do que vimos no amistoso com o Atlhetic-MG. Fazer uma boa partida hoje, fora de casa, contra um adversário bem mais qualificado que nós é importante: mesmo que um resultado positivo não aconteça, será um termômetro para as pretensões vascaínas na competição. E uma boa resposta a quem já coloca o cruzmaltino como favorito ao rebaixamento.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
ATLÉTICO-MG X VASCO

Local: Mineirão.
Horário: 21 horas (de Brasília).
Árbitro: Raphael Claus (SP-Fifa).
Assistentes: Alex Ang Ribeiro (SP-Fifa) e Luanderson Lima dos Santos (BA-Fifa).
VAR: Daiane Muniz (SP-Fifa).

ATLÉTICO-MG: Everson; Mariano, Bruno Fuchs, Maurício Lemos e Rubens; Otávio, Pedrinho, Patrick e Zaracho; Paulinho e Hulk.
Técnico: Eduardo Coudet.

VASCO: Léo Jardim, Puma, Capasso, Léo, Lucas Piton, Rodrigo, Andrey, Jair, Gabriel Pec, Alex Teixeira e Pedro Raul.
Técnico: Maurício Barbieri.

Transmissão: A SporTV e o Canal Premiere transmitem para todo o Brasil.