Pro torcedor carioca médio, o Estadual só tem alguma importância em dois momentos: quando o seu time é campeão ou quando seu time passa algum vexame. Como depois da derrota de ontem para o Nova Iguaçu ser campeão é uma impossibilidade, para o Vasco restou a segunda opção.
E para quase todo mundo, ser eliminado por um dos “pequenos” do Rio é, indiscutivelmente, o que se pode chamar de vexame. Como falei no post de ontem, o peso da camisa, a discrepância de investimentos, o tamanho da torcida, entre outras coisas, conta. Então, perder a vaga na final para um adversário que não tem nada disso faz o alarme do “vergonhometro” de qualquer torcedor soar na hora.
O ponto é que tradição e grana não entram em campo. E, na maioria das vezes, influenciam mais negativamente que o contrário. Muitos grandes times já fracassaram por entrar em campo considerando a vitória uma certeza porque tinham diante de si um adversário considerado menor. Nós mesmos, vascaínos, podemos enumerar alguns – ou vários – momentos em que isso aconteceu.
Mas isso é algo que não se pode falar do Vasco ontem. Não houve soberba ou salto alto. E se isso, na minha concepção, deveria atenuar o que seria efetivamente um vexame, por outro lado sinaliza algo bem mais sério (também opinião minha, claro): nós perdemos porque jogamos pior mesmo. E quando digo “perdemos”, não falo apenas das semifinais. Falo dos três confrontos contra o Nova Iguaçu. O time da Baixada foi melhor que o Vasco. Ponto.
Coisas do futebol. Mas também, um problema bem grande.
Seja com o time reserva – curiosamente, mesmo com a derrota, a única partida na qual poderíamos ter melhor (sorte se a arbitragem fosse justa) -, seja com o time desgastado ou, como ontem, com o time titular e descansado, o Nova Iguaçu mostrou saber anular nossos pontos fortes e se aproveitar bem das nossas fraquezas. As desculpas dadas para justificar os resultados dos dois primeiros jogos mostraram ser apenas isso: desculpas que não explicam o que ficou claro em campo: o Vasco de Don Ramón não conseguiu ser superior ao Nova Iguaçu em momento algum. E olha que o “pruefessor” mexeu consideravelmente na equipe para tentar surpreender os caras.
E como negar isso diante dos fatos? Foram seis tempos, mais 270 minutos (ou 4 horas e meia) de bola rolando e o Vasco não conseguir ficar à frente no placar um minuto sequer.
Classificar a eliminação de ontem como um vexame é problemático por dois motivos. Primeiro, porque é tirar os méritos de um adversário que, ao longo da competição, mostrou com folgas merecer estar onde está. É cair na pilha fraca de torcedores rivais que vão zoar mesmo tendo feito um Estadual pior que o nosso (isso, claro, no caso de tricoletes e alvinegros). E o segundo ponto é que “vexames” parecem ser incidentes, algo fora da curva e que, normalmente, não deveriam acontecer e/ou não acontecerão novamente. O que não se pode falar, pelo menos nesse Carioca, sobre nossos confrontos contra o Nova Iguaçu.
A eliminação de ontem deixa um recado, que deve ser levado bem a sério pelos jogadores, pela comissão técnica e pelos responsáveis pela gestão do futebol do Vasco: o bordão “o Carioca não é parâmetro” é uma verdade incontestável, mas que só vale na prática para desempenhos positivos. Ir bem na competição não é garantia nenhuma de que se terá uma boa temporada. Mas ir mal, CERTAMENTE é motivo para que se acenda um sinal amarelo para qualquer time.
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Sobre as atuações individuais?