Vasco encara a Lusa por um final feliz na Guanabara

Depois de desfalcar o time na estreia do Vasco na Copa do Brasil, Payet volta ao time para fechar a Taça Guanabara
Depois de desfalcar o time na estreia do Vasco na Copa do Brasil, Payet volta ao time para fechar a Taça Guanabara (📸 Leandro Amorim | Vasco)

Das 10 partidas que Don Ramón comandou o Vasco na Taça Guanabara, apenas uma, a vitória contra o Madureira, aconteceu em São Januário.  E a segunda, mais de mês depois, é essa conta a Portuguesa da Ilha. Justo no fechamento do primeiro turno do Carioca.

Para a Lusa, a partida é completamente irrelevante: sem possibilidades de chegar à semifinal e com vaga garantida na Taça Rio, nosso adversário vai à Colina apenas cumprir tabela. Isso aumenta a responsabilidade do Vasco no confronto. Além da discrepância de investimento e o fato de jogar em casa (com ingressos esgotados), Don Ramón e seus comandados ainda não asseguraram o quarto lugar na classificação final do turno. Mesmo um empate pode comprometer a vaga na semifinal, caso o Botafogo vença o Flu no clássico da rodada.

(Parêntese: vale lembrar que chegar à semifinal do Estadual é a meta mínima para o Vasco no campeonato. Ainda que isso não tenha muita importância prática, é sempre mais um ponto de pressão para o time. Fecha parênteses.)

E, também vale lembrar, que o possível descompromisso da Lusa com a partida não é motivo para o Vasco não fazer o possível pela vitória. Nos três jogos que a equipe da Ilha do Governador fez contra os grandes do Rio, perdeu apenas para o time do Laranjal, tendo empatado com os queridinhos da Gávea e com o Alvinegro. Então, para nós, não tem essa de entrar achando que os três pontos virão pra conta “digrátis”.

Com apenas Zé Gabriel como desfalque (?) e a volta do Payet – ausente na vitória sobre o Marcílio Dias pela Copa do Brasil – nem teremos margem para justificar qualquer resultado que não permita a confirmação nas semifinais. Time com sua força máxima, apoio do Caldeirão lotado e um adversário que, além de não ter a força de um grande rival, não briga por mais nada na competição. Difícil ter uma situação que caracterize mais perfeitamente a expressão “depende apenas das suas forças“.

Resumindo: está completamente nas mãos do Vasco garantir uma Taça Guanabara com um final feliz.

Campeonato Estadual 2024

Vasco X Portuguesa-RJ

Léo Jardim; Paulo Henrique, João Victor, Medel, Léo, Lucas Piton; Sforza (Mateus Cocão), Galdames, Payet; David (Adson) e Vegetti. Dida; Ronaldo, Diego Guerra, Pedro Botelho e Joazi; Wellington Cézar, João Paulo e Romarinho; Cesinha, Patrick Carvalho e Miguel.
Técnico: Ramón Diaz. Técnico: João Carlos Ângelo.
Estádio: São Januário. Data: 03/03/2024. Horário: 18h10. Arbitragem: Yuri Elino Ferreira da Cruz. Assistentes: Raphael Carlos de Almeida Tavares dos Reis e Lilian da Silva Fernandes Bruno. VAR: Philip Georg Bennett.
TV: o SBT transmite para o RJ,  Manaus e Vitória. O SporTV e o Canal Premiere transmitem para assinantes de todo o Brasil. Internet: Cazé TV.

Sobre o Doutor, vitimismos, teorias e conspirações

O "Doutor": craque nos campos, afiado como articulista
O “Doutor”: craque nos campos, afiado como articulista

Sócrates, capitão da seleção brasileira na Copa de 1982 e ídolo corintiano, nunca jogou no Vasco. Puxando pela memória, o momento mais marcante envolvendo o meio-campista de futebol elegante e o Gigante foi sua participação no massacre dinamítico pra cima dos marsupiais, quando o Roberto detonou os marsupiais com 5 gols diante de um – ainda – Maraca com mais de 100 mil testemunhas de um dos maiores jogos da história do Brasileirão. O “Doutor” inclusive marcou um dos dois gols da equipe paulista.

Mas porque falar do Sócrates hoje? Porque a polêmica causada pela nota oficial do Vasco por conta da “polêmica” (com muitas aspas) arbitragem no clássico com o Flu me fez lembrar de uma das facetas do craque: seu lado colunista.

O uso da frase “contra tudo e contra todos” na nota vascaína provocou uma reação furiosa da imprensa esportiva, com alguns dos seus integrantes chegando a acusar o Vasco de estar se vitimizando ao citá-la.

Só faltou falarem que o clube está de “mimimi” e mania de perseguição. Como se fosse impossível o Vasco ser intencionalmente prejudicado ou como se nunca tivesse acontecido antes (mostrando que, em se tratando da gente, muitos jornalistas têm a memória muito curta).

E foi essa reação de boa parte da imprensa esportiva que me fez lembrar de uma crônica escrita pelo Sócrates para a revista Carta Capital, em junho de 2008. O título é autoexplicativo, e ainda que trate de CBF e não da FERJ, nos faz pensar: se nos bastidores do futebol pentacampeão do mundo rola isso, imaginem o que não acontece nos domínios da federação carioca.

Segue a íntegra da coluna. Seria bom que uns e outros que cobrem o futebol brasileiro se lembrassem que nem tudo é teoria e, algumas vezes, é realmente conspiração.

PROMISCUIDADE PURA

por Sócrates
Há dez anos, numa reunião da cúpula do Flamengo com um diretor da CBF, tratava-se de ajeitar uma tabela de campeonato de acordo com os interesses do clube

Ainda tenho uma pendência financeira com o Flamengo que vem desde o tempo em que lá joguei – há exatamente 20 anos, eu chegava ao clube. Depois de muito tentar um acordo, joguei a toalha e decidi apresentar as minhas razões à Justiça. Os passos estão sendo dados, ainda que lentamente, e um dia se decidirá pelos meus direitos não atendidos.

Pois foi em uma dessas tentativas de buscar uma solução amigável com o clube que vivenciei um quadro que diz bem como se processa a relação entre clubes e confederação quando existe um interesse comum. Eu marcara uma reunião com o então presidente do Flamengo, Kléber Leite (hoje ocupando um cargo informal no clube), e, na hora determinada, cheguei à nova e suntuosa sede do clube – no meu tempo, a administração era embaixo das arquibancadas da Gávea. Na ante-sala da presidência me pediram para esperar um pouco, pois ele estava em meio a uma reunião muito importante e que logo após me receberia. Recebi o recado com naturalidade e procurei uma cadeira para aguardar.

Foi até bom, porque, nesse período em que permaneci ali na sala de espera, pude rever muitos e bons amigos que entravam e saíam daquela pequena saleta sem ter chances de ser atendidos. Relembrar com eles os anos em que lá passei foi muito prazeroso e me fez desprezar o tempo que perdi naquele ambiente. Finalmente, fui chamado para entrar no gabinete presidencial. Surpreendi-me, pois não vi ninguém sair e imaginei que deveria haver uma outra porta por onde os presentes ao encontro pudessem retornar aos seus afazeres normais. Fui levado à sala de reuniões em que, ao redor de uma grande mesa retangular, se postavam várias figuras conhecidas e alguns, para mim, estranhos. Percebi então que a reunião não terminara e que dali em diante eu estaria assistindo ao final da mesma.

Depois de cumprimentar todos, sentei-me relaxadamente como sempre e passei a observar o ambiente. A princípio, notei que de alguma forma eu estava incomodando algumas daquelas pessoas, mas não a maioria. Eu nem mesmo havia entendido a causa de me terem convidado para participar daquela roda – o que eu tinha para falar com o presidente nem de longe poderia interessar aos demais –, mas busquei entender o que se passava pela cabeça de cada um deles. O técnico Luxemburgo, naquele momento, era o que mais falava e, inclusive, me argüiu sobre o que eu achava de Djalminha e Amoroso e qual dos dois serviria para ser o que eles chamavam de arco e flecha – aquele que arma a jogada e que também define, faz gols. A resposta, de tão óbvia, saiu como um reflexo da minha boca.

Acho que, talvez, eles também estivessem discutindo a possível contratação do atual atacante do São Paulo. Mas, com certeza, este não era o assunto principal daquela confraria. E isso ficou claro depois do primeiro impacto que a minha presença provocou, quando eles retornaram ao tema principal que, inacreditavelmente, me teve como testemunha. Um senhor que eu não conhecia era nada mais nada menos que um diretor da CBF encarregado de formular as tabelas dos campeonatos – pelo menos na Copa do Brasil daquele ano, 1995, ele parecia ter plenos poderes. Os demais estavam com as datas do torneio nas mãos e com o quadro de confrontos, que ainda não fora definido, deitado sobre a grande mesa.

Todos os aspectos eram expostos nos mínimos detalhes e discutidos pela alta cúpula do clube ali presente. Qual a data mais interessante para jogar, já que, concomitantemente, o Flamengo disputava o Campeonato Carioca. Onde seria menos desgastante se apresentar – no interior do Pará ou de Goiás, por exemplo. Quais os adversários que exigiriam menos. Discutiu-se, inclusive, qual time poderia atrapalhar os seus mais tradicionais rivais do estado do Rio de Janeiro – particularmente o Vasco da Gama.

Tudo o que se definia era anotado pelo senhor em questão. Como um vassalo, ele se prestava a dar qualquer esclarecimento que fosse do interesse dos demais. Depois de pouco mais de uma hora, definiu-se o que se queria. A partir daquele instante, todos ali, de comum acordo, já sabiam o que poderia ser a caminhada do Flamengo rumo ao pretenso título – que, apesar de todos aqueles cálculos, acabou não sendo conquistado.

Por essas e outras é que sempre duvidei de qualquer ato das federações e/ou confederação. É muita promiscuidade. Quando o árbitro, réu confesso de ter manipulado resultados no atual Campeonato Brasileiro, aponta alguns dirigentes como agentes de pressão para proteger determinados clubes, não tenham dúvidas de que mais uma vez ele está dizendo a verdade. E tenho certeza que muito mais podridão há debaixo do tapete.

Lembrar deste relato do Doutor é uma afirmação de que a Dona FFERJ ou outros clubes estão em conluio para prejudicar o Vasco? Óbvio que não. Mas é um lembrete aos que nos acusam de vitimização que conluios, sim, acontecem.

Vasco vence o Audax com open bar de gols perdidos

David garantiu a vitória sobre o Audax, mas perdeu muitas chances de gol
David garantiu a vitória sobre o Audax, mas perdeu muitas chances claras de gol (📸: Matheus Lima | Vasco)

O Vasco venceu o Audax. E venceu quase sem correr riscos, com um amplo e inquestionável domínio do jogo, praticamente sem dar chances ao adversário.

Só que o Vasco venceu o Audax pelo placar mínimo. Um simples 1 a 0 contra o Audax, também conhecido como lanterna da competição e que, não satisfeito em não ter conseguido sequer um empate em um campeonato com o nível do Carioca, não conseguiu nem mesmo marcar um gol em sete rodadas do Estadual.

É difícil não levar em consideração o retrospecto horroroso do nosso oponente. E, em seguida, nos perguntarmos: e se fosse qualquer outro time ontem, encontraríamos tanta facilidade? Será que a aparentemente boa movimentação da equipe, a marcação eficiente e a criação de jogadas aconteceria da mesma forma se tivéssemos pela frente um adversário minimamente qualificado?

Talvez sim, nunca saberemos. Mas há algo que podemos afirmar com certeza: se o Vasco seguir perdendo tantos gols como ontem, as vitórias virão sempre com uma dificuldade incrível. Não há como ter outra impressão depois de vermos quase 30 finalizações contra o Audax – algumas, absurdamente claras – e termos marcado apenas um golzinho.

No fim das contas, a vitória em Manaus serviu para nos dar um alívio momentâneo, com a equipe de Don Ramón dormindo na última vaga para as semifinais (e podemos perder até isso antes da rodada terminar, caso o Boavista vença a Lusa Carioca hoje). Mas  o alívio veio acompanhado de uma boa dose de desconfiança: ainda nos restam dois clássicos pela frente e, com um ataque inofensivo como o que tivemos ontem, será muito difícil vencê-los.

As atuações

Léo Jardim – uma defesa no primeiro tempo e só.

Rojas – contra um adversário que nem de longe merecia a cautela de um esquema com três zagueiros, acabou não aparecendo muito. No segundo tempo deu lugar ao João Victor, que teve que mostrar um pouco mais de serviço, já que o Audax tentou se engraçar um pouco mais na etapa final. Não comprometeu.

Medel – outro que, sem ter muito trabalho com os oponentes, pôde contribuir mais nas saídas de bola e fazendo a ligação com o meio de campo. Acertou um belo passe para o David perder uma das várias chances que teve.

Leo – acabou atuando mais como um lateral auxiliar, passando boa parte do tempo no campo adversário, ajudando a iniciar as jogadas. No segundo tempo colocou o David na cara do gol para o atacante perder mais uma das inúmeras chances claras que teve.

Paulo Henrique – poderia ter se arriscado mais no apoio no primeiro tempo, o que passou a fazer na etapa final. Com os espaços cedidos pelo Audax, acabou tendo chances de finalizar, o que tentou em quatro oportunidades.

Mateus Carvalhocomo eu tinha falado, o Cocão já vinha mostrando serviço o bastante para pelo menos disputar a titularidade na posição. Ontem, ainda que contra um adversário inofensivo, Mateus confirmou isso, principalmente na comparação com o Zé Gabriel, que entrou em seu lugar. Mesmo não incorporando o delivery, o Zé mostrou ser menos útil ajudando na construção e mais afobado no combate.

Galdames – uma boa estreia – com bom ritmo, intensidade e visão de jogo – que precisa ser confirmada em uma partida com nível mais elevado de competitividade. Acertou bons passes, inclusive o que originou o gol do David. Cansou e deu lugar ao Praxedes, que mesmo jogando por pouco tempo, poderia ter mostrar mais contra um time fraco como o Audax. Aparentemente não deixará a reserva por um bom tempo.

Lucas Pitón – se tem sobrado em campo e partidas mais complicadas, não seria contra o Audax que o lateral deixaria de se destacar. Sem precisar se preocupar com a parte defensiva, foi a melhor opção de chegada ao ataque.  Também desperdiçou excelente oportunidade, em uma bola na qual só precisava tirar a bola do goleiro, mas chutou em cima dele.

David – fez o gol da vitória – em uma bonita jogada, driblando meia zaga em um curto espaço – mas foi, no máximo, o anti-herói do time: precisou finalizar oito vezes para balançar a rede uma, e algumas das chances eram daquelas imperdíveis.

Rayan – poderia ter sido mais acionado, mas nas duas ou três chances que teve, foi mal nos arremates. Rossi o substituiu e, mesmo sem ter uma atuação irritante como de costume, não chegou a ser exatamente útil ao time.

Adson – jogou pela direita e como a maior parte da ação aconteceu pelo lado do Piton, apareceu pouco. Ainda assim, deu sua contribuição para a impressionante quantidade  de gols perdidos , desperdiçando uma chance claríssima ao cabecear uma bola para fora, mesmo livre de marcação e com o goleiro batido. Serginho entrou no seu lugar aparentemente para que todos os atacantes pudessem perder seus golzinhos na partida. Teve duas boas chances: numa preferiu cair ao sentir o contato da marcação; na outra, não chegou a tempo de cabecear a bola.

Vasco vai à Amazônia correr atrás do prejuízo

Correndo atrás: vitória sobre o lanterna Audax pode levar o Vasco de volta a zona de classificação para as semifinais da Guanabara
Vitória sobre o lanterna Audax pode levar o Vasco de volta a zona de classificação para as semifinais da Guanabara (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Passado pouco mais da metade da Taça Guanabara, o Vasco não só está fora da zona de classificação para as semifinais como ainda faz seus torcedores passarem pelo constrangedor exercício de fazer contas para ver o que é preciso para o clube avançar no Carioca. E indo aos números, o ideal mesmo seria que Don Ramón e seus comandados vencessem – de preferência com um considerável saldo de gols – o Audax, hoje, na Arena da Amazônia.

Sem vencer a três rodadas, o Vasco está na seguinte situação no Estadual: se vencer bem o Audax e contar com empates em outros dois jogos, terminamos a rodada na terceira colocação; se perdermos, corremos o risco de ainda cairmos duas posições na tabela. E se lembramos que depois de hoje, teremos apenas quatro jogos até o fim do primeiro turno – com dois clássicos  – já nem precisaremos de calculadora para ver que a classificação para a semifinal da Guanabara ficará beeeeem complicada.

Por tudo isso, nem um empate interessa. E, sem querer menosprezar nosso adversário de logo mais, é questão de se perguntar: se não vencermos o lanterna do campeonato, que ainda não conseguiu vencer uma partidinha sequer no Carioca, vamos empatar com quem? O mínimo que o Vasco tem o DEVER de fazer hoje é ganhar do Audax. E ganhar sem maiores contratempos.

E temos que fazer isso mesmo sem poder contar com Paulinho, Jair e os reforços para o meio de campo que ainda não estão inscritos. Payet e Vegetti também estão fora da partida (não que o Pirata venha conseguindo ajudar tanto assim).  Então será com um meio de campo formado pelo Zé Delivery, Cocão e Praxedes e com o garoto Rayan no ataque que o Vasco entrará em campo na Arena Amazônia.

Pelo investimento feito no elenco vascaíno, mesmo sem contar com os reforços que chegaram esse ano, vencer um adversário com ZERO pontos no Estadual depois de seis jogos não deveria ser dúvida para ninguém. Mas se, mesmo com essa formação, ainda há questionamentos se conseguiremos três pontos hoje, a responsabilidade é do próprio time, que mostrou toda sua inconsistência em boa parte do Carioca. E pra mudar essa situação, não pode passar de hoje.

Campeonato Estadual 2024

Vasco X Audax-RJ

Leo Jardim, PH, João Victor, Medel, Leo e Lucas Piton; Zé Gabriel, Mateus Carvalho e Praxedes; Rayan e Adson. Anderson Max, Ramon, Igor Silva, João Victor e Acácio; Bruno Lima, Matheus Claudino e PK, Clisman, Igor Alves e Bruno Paulo.
Técnico: Ramón Diaz Técnico: Luciano Quadros
Estádio: Arena da Amazônia. Data: 08/02/2024. Horário: 21h15. Arbitragem: Rafael Martins de Sá. Assistentes: Thiago Rosa de Oliveira Esposito e Michael Correia. VAR: Philip Georg Bennet.
TV: o SBT transmite para Rio de Janeiro e parte da rede. O SporTV e o Canal Premiere transmitem para assinantes de todo o Brasil. Internet: Cazé TV.

Em empate parelho com o Fla, Vasco se complica ainda mais no Carioca

Salvador: Léo Jardim pega o pênalti cobrado por Gabriel Barbosa e garante um mínimo de justiça no clássico
Salvador: Léo Jardim pega o pênalti cobrado por Gabriel Barbosa e garante um mínimo de justiça no clássico (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Eu bem poderia repetir o título da resenha sobre o jogo contra o Bangu neste post sobre o empate no clássico de ontem: o resultado da partida contra o Flamengo foi bem pior que a atuação do Vasco em si.

Isso porque, diz o senso comum – ou a imprensa esportiva e parte mais negativa da nossa torcida, como queiram – um confronto entre o mais querido da mídia contra o Vasco é sempre prenúncio de um massacre. O abismo entre o material humano dos dois elencos, principal justificativa para a eterna expectativa de baile rubro-negro, é evidente e inegável.

Só que nem sempre isso faz tanta diferença. Como ontem: o Vasco até que levou um tempo para se adequar à partida, se deixou pressionar – mesmo sem correr muitos riscos reais – por uns 20 minutos, mas depois disso, conseguiu desenvolver a proposta de jogo possível para um confronto com essas características.

Exagero dizer que fizemos um jogo parelho? Talvez. Mas fomos competitivos e eficientes. Tanto que ao final da primeira etapa, a chance mais clara de gol foi nossa, com o zagueiro adversário precisando operar um milagre para evitar que o Pirata abrisse o placar.

No segundo tempo a história se repetiu: Vasco acuado demais no início, conseguindo equilibrar com o passar do tempo. Ainda que o time de Don Rámon fosse “mono-ofensivo” – quase todas as jogadas efetivas vieram pela esquerda, com Payet e Piton – conseguíamos levar algum perigo ao adversário. Inclusive a chance mais clara de todo jogo, dessa vez efetivamente desperdiçada pelo Vegetti.

O jogo ainda poderia ter terminado com uma derrota, injusta pelo que rolou em campo, depois da penalidade cometida pelo João Vitor. Mas Léo Jardim garantiu a igualdade no placar defendendo a cobrança e fazendo com que o clássico terminasse com justiça.

O baile rubro-negro nem de longe aconteceu, mas olhando sob a ótica do campeonato, o resultado foi bem ruim (até porque poderíamos até ter vencido). Seguimos fora da zona de classificação para as semifinais e, quando todos os times estiverem com o mesmo número de jogos, podemos não apenas ficar mais distantes do quarto lugar em pontos como também cair duas posições na tabela. O Vasco mostrar competitividade contra um dos clubes mais ricos do país nos dá algum alívio, mas não melhorou nada nossa situação no Estadual. Pelo contrário.

As atuações

Léo Jardim – nem vinha tendo tanto trabalho até se tornar o herói do time no finzinho do jogo defendendo um pênalti e garantindo o empate.

João Victor – vinha sendo um dos mais participativos na linha de três da zaga, inclusive subindo ao campo de ataque e tentando ajudar a iniciar jogadas. Mas o pênalti que cometeu poderia ter comprometido o trabalho de todo o time.

Medel – “xerifou” com a disposição de sempre, não dando vida fácil ao ataque rubro-negro. Saiu no segundo tempo dando lugar ao Rojas, que renovou as energias da zaga e foi eficiente evitando algumas jogadas aéreas do adversário.

Léo – foi quem menos se destacou na zaga, mas não chegou a comprometer. Jogou com seriedade.

Paulo Henrique – tentou ajudar no apoio, chegando a fazer algumas boas jogadas de linha de fundo. Também foi quem mais roubou bolas pelo Vasco, mas deixou alguns espaços na sua lateral.

Zé Gabriel – importante na destruição de jogadas do Fla, mas apenas isso.

Jair – seguindo a “maldição do segundo homem“, como o Paulinho na partida contra o Bangu, também saiu contundido logo no início da partida. Mateus Carvalho o substituiu e mesmo mostrando algum nervosismo, mostrou que pode muito bem disputar a zaga com o Zé: foi bem na marcação e ainda mostrou um pouco mais de habilidade para iniciar as jogadas.

Payet – a diferença técnica do francês para o resto do time é tão gritante que seu protagonismo é inevitável: praticamente todas as jogadas do time passam em algum momento pelos seus pés. Ontem, pecou no timing para os arremates.

Lucas Piton –  melhor arma ofensiva do time com seus avanços sempre perigosos pela lateral, só não saiu do jogo com uma assistência por um milagre realizado pelo zagueiro urubulino.

David – mais uma atuação na qual só se pode elogiar o esforço. Produziu tão pouco que o Adson, que o substituiu na parte final do jogo, apareceu mais e já chega com força na briga pela posição no ataque.

Vegetti – segue no seu jejum de gols e dessa vez nem pode reclamar que não foi acionado. Em um clássico como o de ontem, um centroavante não pode perder duas chances claríssimas de gol como perdeu o Pirata. A primeira, até se perdoa, já que o mérito foi da zaga adversária; já o segundo foi um clássico “gol feito” perdido.

Para o Vasco, é vitória ou vergonha no Clássico dos Milhões

Esperança francesa: Payet carrega a maior expectativa por um bom jogo do Vasco no clássico com o Fla
Esperança francesa: Payet carrega a maior expectativa por um bom jogo do Vasco no clássico com o Fla (📸 Leandro Amorim | Vasco)

Tinha falado por aqui que o Vasco “forte” da 777 conseguiu o feito de cair em uma situação de pressão já na Taça Guanabara e a derrota terrível para o Nova Iguaçu confirmou indiscutivelmente esse cenário. Tanto que agora, só uma vitória sobre o Flamengo hoje pode evitar que a cruzmaltino fique numa situação complicadíssima no Estadual.

Isso porque, mesmo um empate muito provavelmente nos deixará mais distantes da quarta colocação, com grandes possibilidades de terminarmos a rodada numa colocação ainda mais constrangedora que a atual sétima posição na tabela.

Ter como obrigação uma vitória para se recuperar justo hoje, em um clássico com o nosso maior rival, que tem um elenco estelar, é culpa dos pontos deixados pelo caminho para adversários menos qualificados ao longo da competição. Ainda que não se possa ignorar o quanto fomos prejudicados pelas arbitragens, o fato é que deixamos de fazer nossa parte em confrontos menos complicados e agora precisamos compensar no mais complicado.

É impossível? Claro que não. Não apenas porque “clássico é clássico“, mas também porque, além da rivalidade que nivela um pouco as coisas, o tamanho do jogo pode nos favorecer um pouco. Diferente de todos os adversários que tivemos agora, o rubro-negro não precisará apelar para a “bola única“, jogando na retranca e esperando a chance de contra-atacar.

Esse papel, hoje, será do Vasco.

E não tem essa de ficar reclamando que isso é “jogar como time pequeno“. Nesse caso, é uma questão de inteligência. Querer encarar o elenco urubilino de igual para igual, com os caras tendo sua força máxima e nós, com um desfalque importante e sem poder sequer usar alguns reforços, seria uma tática suicida. Algo que, aparentemente, Don Rámon sabe.

Digo isso pela grande possibilidade do técnico hermano iniciar a partida com um esquema mais cauteloso. O 3-5-2, com dois marcadores no meio, podem dar a segurança necessária para o time – tendo um jogador a mais que o rival no setor – e mais liberdade para os avanços dos laterais e do Payet, hoje, indiscutivelmente a maior esperança da torcida de vermos um futebol de qualidade do nosso lado.

Pode dar certo e é bom que dê. Claro que, para isso, será necessário que o time evite os moles que têm dado ao longo da Taça Guanabara, não apenas na defesa, mas também no ataque. Este é o jogo ideal para o nosso Pirata fazer as pazes com o gol e marcar o seu primeiro na temporada.

Uma vitória no clássico nos jogará de novo no bolo pela classificação e dar uma moral gigante para o restante do campeonato (e, ainda mais importante, para o próximo clássico contra o Flu, já na próxima rodada). Já outro resultado, qualquer que seja, certamente nos deixará na vergonhosa situação de já planejar a disputa da inútil Taça Rio.

Campeonato Estadual 2024

Vasco X Flamengo

Léo Jardim, Rojas, João Victor, Medel; Paulo Henrique, Lucas Piton, Zé Gabriel, Jair, Payet; David e Vegetti. Rossi; Varela, Fabrício Bruno, Léo Pereira e Ayrton Lucas; Erick Pulgar, Gerson, De la Cruz e Arrascaeta; Everton Cebolinha e Pedro.
Técnico: Ramón Diaz Técnico: Tite
Estádio: Arena Maracanã. Data: 04/02/2024. Horário: 19h. Arbitragem: Wagner Nascimento Magalhães. Assistentes: Luiz Cláudio Regazone e Gustavo Mota Correia. VAR: Rodrigo Nunes de Sá.
TV: o SBT transmite para Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Belém, Manaus, Vitória, Fortaleza, Recife e Salvador. O SporTV e o Canal Premiere
transmitem para assinantes de todo o Brasil. Internet: Cazé TV.

Vasco foi tão mal contra o Nova Iguaçu que parece ficção

Homenagem ao Paulinho na entrada do time foi a única coisa bonita que o Vasco fez em campo
Homenagem ao Paulinho na entrada do time foi a única coisa bonita que o Vasco fez em campo na derrota para o Nova Iguaçu (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Teorias que podem explicar o tenebroso desempenho do Vasco na derrota para o Nova Iguaçu, ontem, pelo Estadual:

1)  Don Ramón e Emiliano pensam em estratégias para fazer a 777 levar a sério a necessidade urgente de reforços para o elenco. Vendo que argumentar não tem adiantado, a dupla portenha resolve radicalizar. “¿Y si jugáramos contra el pequeño equipo de mejor campaña de Carioca, el mismo equipo que empezó contra Madureira?“, sugere o ousado auxiliar. Don Ramón reluta, mas é convencido pelo filho, que argumenta: como é impossível aquele time passar 90 minutos sem fazer as pixotadas habituais, ficará claro que temos, com muito boa vontade, apenas um time titular e que os atuais reservas não têm condições de fazer graça nem em uma Taça Guanabara. Ramón Díaz acaba concordando mas, “pero si, pero no“, é melhor prever a entrada de um ou outro titular no segundo tempo. Emiliano aceita a ideia. Afinal de contas, tendo apenas o Léo Jardim – e, vá lá, o Praxedes – como titulares em campo, os 45 minutos iniciais serão o bastante para convencer os homens da grana que se não chegarem reforços, 2024 vai desandar.

2) Rodada anterior ao clássico de maior rivalidade para a torcida. Ainda que o Vasco tenha subido (ligeiramente) de patamar, a discrepância entre os elencos cruzmaltino e rubro-negro é evidente, o que torna qualquer arma para superar o adversário é importante. Então, jogadores e comissão técnica decidem usar o “protocolo salto alto“: o time jogaria propositalmente mal antes do clássico para que o  Flamengo nos considere inofensivos e tenham uma atuação displicente, entrando em campo achando que podem vencer a partida no momento que quiserem. Essa atitude certamente facilitará as coisas para o Vasco.

Fanfics a parte, sabemos que nada do que aconteceu ontem foi intencional. Nosso elenco tem muitas deficiências e quando todas estão juntas em campo, as coisas ficam complicadas. Mesmo em uma competição do nível do Estadual. Isso já tinha ficado claro antes. Foi reforçado ontem.

A verdade é que sim, a 777 precisa dar um jeito de trazer reforços em um número considerável. E sim, não dá pra comparar nosso elenco com o elenco da urubulândia. E como nada disso dá pra resolver até o domingo, as chances do Vasco se complicar na Taça Guanabara já na próxima rodada são grandes.

Por sorte, no clássico poderemos contar com o time titular e não apenas com nossos, sendo gentil, “esforçados” suplentes. Se isso será o bastante, é a dúvida que fica.

As atuações

Léo Jardim – sem culpa nos gols e sem trabalho no jogo.

Paulo Henrique – parece ser uma espécie de “camaleão esportivo“:  jogando com times melhores, sobe de produção. Jogando com os reservas, teve uma atuação bem abaixo do que já mostrou. No lance do segundo gol, foi de primeira no início da jogada como qualquer amador sabe que não se deve fazer.

Maicon – a pixotada terrível no lance do primeiro gol resumem sua atuação, que aliás, se limitou ao primeiro tempo. João Victor o substituiu no intervalo e passou boa parte do jogo tentando ajudar a iniciar as jogadas. Mas no lance do segundo gol, não cortou um passe que parecia estar ao seu alcance.

Léo – um monte de passes errados e uma dificuldade tremenda com as trocas de passes do ataque adversário.

Julião – não conseguiu ser eficiente nem defendendo, nem no apoio. Saiu para a entrada do Piton, que se tornou a principal válvula de escape para nosso ataque. Acertou alguns bons cruzamentos, não aproveitados pelo nosso ataque.

Zé Gabriel – sobrecarregado pelo esquema do time, teve muitos problemas no combate.

Praxedes – uma atuação daquelas pra esquecer (e, se dermos sorte, que faça ver à 777 que não dá pra contar com o rapaz para substituir o Paulinho).

Serginho – nada fez de relevante na frente e ainda perdeu a bola que originou o primeiro gol novaiguaçuano. Erick Marcus o substituiu e não conseguiu ser muito melhor.

Rossi – apanhou muito, produziu pouco. Vegetti o substituiu e segue em jejum na temporada. Ontem, teve duas boas chances e não as aproveitou.

David –  na única oportunidade que teve, após cruzamento do Rossi, não chegou na bola. Deu lugar ao Payet, que deu outra dinâmica ao time e construiu suas melhores – únicas? – jogadas. Na ânsia por mostrar serviço, se precipitou em alguns lances.

Rayan – pouco acionado. E quando foi, desperdiçou as chances que teve.

***

Pelo segundo jogo seguido, um árbitro é afastado da competição após cometer erros bizarros com o apito. Ontem, o Sr. João Marcos Gonçalves Fernandes deixou de expulsar um jogador do Nova Iguaçu após entrada criminosa no Rossi (se fosse seguido o critério do jogo contra o Bangu, o sujeito seria banido do esporte).

Se estivéssemos tão bem na bola como temos sido em eliminar juizes do Carioca, seríamos líderes com folga. O problema é que, nesse caso, o Vasco é sempre a vítima.

Vasco encara o Nova Iguaçu numa pressão ‘nível Cariocão’

Contra o Nova Iguaçu, Rayan pode começar no comando do ataque vascaíno
Contra o Nova Iguaçu, Rayan pode começar no comando do ataque vascaíno (📸: reprodução Vasco TV)

Graças à desastrosa arbitragem da última rodada, o Vasco chega ao jogo contra o Nova Iguaçu com um certo nível – dentro das possibilidades de um Carioca – de pressão.

Com os pontos perdidos no empate contra o Bangu,  uma derrota para o time da Baixada Fluminense – que tem o melhor desempenho entre as equipes de menor investimento da competição – nos deixará fora da zona de classificação para as semifinais da Taça Guanabara, já que seremos ultrapassados pelo próprio Nova Iguaçu. Mesmo um empate pode nos fazer perder a atual quarta colocação, bastando para isso que o Madureira vença na rodada.

Além de termos sido prejudicados na classificação, os absurdos do último jogo ainda nos renderam desfalques importantes. Jair, injustamente expulso, está fora. Paulinho, que se contundiu gravemente, também.  Não que isso pareça fazer tanta importância para Don Ramón nesse jogo específico: o técnico pode deixar vários titulares no banco e começar com um time parecido com o que iniciou contra o Madureira.

Seja como for, o importante é a vitória, independente do número de titulares que tenhamos em campo. Não apenas para nos manter entre as quatro primeiras colocações, mas também para chegar ao clássico de domingo numa posição mais cômoda que o nosso adversário.  Se há uma pequena pressão pro jogo de hoje, melhor resolvê-la logo e deixar uma pressão maior para o Flamengo.

Campeonato Estadual 2024

Nova Iguaçu X Vasco

Fabrício Santana, Cayo Tenório, Gabriel Pinheiro, Sérgio Raphael e Maicon Esquerdinha; Ronald, Albert e Igor Fraga; Xandinho, Emerson Carioca e Bill Léo Jardim, Paulo Henrique (Rojas), Maicon, Léo, Julião (Piton), Zé Gabriel, De Lucca, Praxedes, Rossi, David e Rayan (Vegetti).
Técnico: Carlos Vitor Técnico: Ramón Diaz
Estádio: Estádio Parque do Sabiá. Data: 31/01/2024. Horário: 18h10. Arbitragem:João Marcos Gonçalves Fernandes. Assistentes: Thiago Henrique Neto Corrêa Farinha e Fábio Ramos França.
TV: o canal Bandsports transmite para assinantes de todo o Brasil. Internet: os canais GOAT (aberto) e Bandsports (assiantes) transmitem.

Vasco fraqueja novamente e perde para o Inter na Colina

Foi pouco: Alex Teixeira marcou o seu contra o Inter, mas - mais uma vez - o Vasco não fez o bastante para evitar a derrota
Foi pouco: Alex Teixeira marcou o seu contra o Inter, mas – mais uma vez – o Vasco não fez o bastante para evitar a derrota (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Domingo passado o Vasco encarou um dos melhores times do país, que conta com um elenco estelar (e que joga há séculos junto), técnico consagrado e com as arquibancadas divididas meio a meio. O resultado? jogamos bem, mas não o bastante e acabamos perdendo a partida ao ceder um contra-ataque bobo.

Ontem, encaramos um time de inegável qualidade – mas que ainda tinha preocupações com um possível rebaixamento – com um bom elenco e técnico. Mas em casa, com as arquibancadas cheias, e com 90% do estádio  a nosso favor.

O resultado? Jogamos mal, chegamos a ser colocados na roda em vários momentos pelo nosso adversário e perdemos por 2 a 1 para o Internacional sofrendo dois gols ridículos (o primeiro deles, adivinhem: cedendo um contra-ataque bobo ao Colorado).

E o que é de encasquetar até o vascaíno menos curioso do mundo é que o time que jogou era exatamente o mesmo. Os mesmos 11 pangarés que no domingo, meros quatro dias atrás, fizeram um jogo parelho (em muitos momentos, foram até melhores) contra o Fla. Mas ontem, sabe-se lá porque diabos, o time resolveu que podia entrar desatento em campo, com uma marcação confusa e frouxa. Mostrar serviço mesmo, só no fim da partida, quando a diferença no placar (que por muita sorte estava apenas 2 a 0)  tornava uma virada praticamente inviável e quando o Inter já havia diminuído bastante o ritmo.

O gol do Alex Teixeira, quase aos 40 minutos da etapa final, até deu uma esperança de conseguirmos arrancar pelo menos um empatezinho, milagroso naquele momento. Mas aí, veio a arbitragem e….

Seja como for, pelo que apresentamos ontem, não merecíamos mesmo nem um pontinho de consolação. Parece que o Don Ramón e seus jogadores leram o post de ontem e resolveram confirmar a tese de que, na hora que mais precisamos  vencer,  o time peida. Se tivéssemos feito o dever de casa ontem, teríamos aberto dois pontinhos do Goiás, que estaria abrindo o Z4; com a derrota, não apenas continuamos na zona de rebaixamento, como vamos enfrentar o mesmo Goiás na próxima rodada ainda mais pressionados, mais afundados na “confusão“.

As atuações

Léo Jardim – fez boas defesas e as vaias que passou a receber em São Januário depois do segundo gol do Inter pareceram um exagero de quem ignora os méritos da finalização do Valencia. Mas também não pareceu ser uma bola indefensável.

Paulo Henrique – fez mais uma partida segura defensivamente, salvando o time em alguns momentos e apareceu com frequência no apoio, infelizmente, não no mesmo nível. Deu lugar ao Puma no fim do jogo, e pareceu atuar mais como ponta que como lateral: apareceu duas vezes na área em lances que seriam de perigo se ele tivesse algum cacoete de atacante.

Medel – muita entrega e disposição como sempre. Nos lances dos dois gols, foi deixado na podre pelos companheiros e nada podia fazer.

Léo – sofreu no combate direto com os atacantes adversários e conseguiu vacilar duas vezes no lance do segundo gol, quando poderia ter abafado a jogada.

Lucas Piton – muito acionado no ataque, fez alguns bons cruzamentos, outros nem tanto.

Zé Gabriel – não conseguiu dar a proteção necessária a zaga e ainda teve uma noite de “delivery” errando muitos passes. Alex Teixeira entrou em seu lugar e diminuiu o placar, dando uma sobrevida – inútil, é verdade – o time na busca pelo empate.

Praxedes – em muitos momentos parece se garantir demais no seu futebol e acaba sendo displicente. Errou um monte de passes e foi outro a pixotar no lance do segundo gol. Deu lugar ao Jair, que, ainda que entrando quando Inter começava a ficar desfigurado pelas alterações, deu mais consistência ao nosso meio de campo e ajudou o time a tentar pressionar.

Paulinho – talvez fosse o momento de se discutir sua queda de rendimento desde que o Payet assumiu a titularidade. Mas tendo entregado de forma idiota a bola que originou o primeiro gol colorado e ainda arrumando um expulsão, jogando um balde de água fria na pressão final que o Vasco exercia sobre o Inter, seria como tirar o peso dos seus erros individuais.

Payet – teve uma daquelas atuações que reforçam os argumentos de quem diz que o francês veio pro Brasil como turista. Errou quase tudo que tentou, contribuindo muito pouco. Poderia ter aberto o placar, mas não teve velocidade para aproveitar um rebote do goleiro colorado após finalização do Vegetti. Erick Marcus entrou em seu lugar para tentar colocar fogo no fim do jogo e acertou o cruzamento para o gol do Alex Teixeira. Aí, veio o juizão e….

Gabriel Pec – foi tão discreto dessa vez que nem conseguiu irritar a torcida com suas tomadas de decisão equivocadas.

Vegetti – incomodou sempre, deu um trabalho danado pro goleiro, obrigou os zagueiros a ficarem atentos o tempo todo, etc…Mas faz tempo que a precisão e letalidade dos arremates não é a mesma. Completou o quarto jogo sem balançar as redes.

***

Nem só de impedimentos inexistentes e pênaltis mal marcados ou ignorados se faz uma arbitragem prejudicial. Na realidade, esses erros têm até um ponto positivo: são tão grosseiros que fica impossível negar sua influência nos resultados da partida. A arbitragem do Sr. Luiz Flávio de Oliveira na partida de ontem não teve um lance desses.

E esse é o problema.

Foi o tipo de arbitragem que não tem “erros“, porque tudo cai no reino subjetivo da interpretação. Quando há critérios diferentes na aplicação de faltas, e lances que rendem amarelos pra um lado não são sequer marcados para o outro, por exemplo, não dá pra falar que o juiz interferiu no resultado.  Mas esse é o tipo de atitude que vai enervando a equipe prejudicada, o que, obviamente, traz consequências. E pior: é um tipo de erro que o juiz pode fazer ao longo do jogo todo.

O Inter não venceu por conta do Sr. Luiz Flávio de Oliveira, não há como qualquer pessoa dizer isso. Mas o rigor mostrado nas expulsões do Paulinho e do Erick Marcus (principalmente deste) nem de longe foi o mesmo mostrado em lances similares praticados pelo Inter. E isso com o Vasco tentando uma pressão final para chegar ao empate.

Resumi o que penso da situação no Twiter:

 

Vasco precisa mostrar força contra o Colorado

Para sair do Z4 nessa rodada, o Vasco precisa vencer. O que significa que não podemos perder gols como o que o Zé perdeu na última rodada
Para sair do Z4 nessa rodada, o Vasco precisa vencer. O que significa que não podemos perder gols como o que o Zé perdeu na última rodada (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Que o Vasco melhorou sensivelmente após a chegada de reforços e do Don Ramón, é um fato inegável. Mas, além de não ser muita vantagem jogar melhor que o Vasco do Barbieri, há outro fato que não se discute: boas atuações não adiantam de nada pra gente se os três pontos não vierem junto.

E o problema é que, mesmo com a melhora de produção, o time segue peidando em momentos que não poderia. Pontos deixados em partidas como as que tivemos contra o Bragantino, Palmeiras, Bahia, Santos, São Paulo e Flamengo faz parecer que encarar adversários tradicionais ou que têm algo pelo que lutar na temporada é o gatilho para perdemos pontos, mesmo quando fazemos um jogo parelho ou, algumas vezes, jogamos melhor.

(parêntese: pode-se contrapor esse argumento citando as vitórias sobre o Coelho e o Coxa, concorrentes diretos na permanência na elite e o clássico contra o Flu. Mas, convenhamos: os dois primeiros, na prática, não disputam mais nada nesse Brasileiro. E a freguesia tricolete explica qualquer vitória sobre o time do Laranjal. Levar em consideração as seguidas garfadas que sofremos nos jogos me parece um contraponto mais relevante nesse caso. Mas isso é outro assunto. Fecha parêntese)

E o Internacional, nosso adversário de hoje, além de ser um clube imenso, ainda precisa de pontos para afastar em definitivo as chances de rebaixamento. Ou seja, é um oponente que reúne as duas características que têm nos trazido problemas.

Só que já passou da hora do Vasco mostrar que pode transformar boas atuações em vitórias, seja contra qual adversário for. Hoje, então, isso é ainda mais indispensável: não apenas porque vencer evitará que o Colorado abra uma grande vantagem na classificação, mas também porque, sem três pontos, não deixaremos o Z4 nessa rodada (o que até poderia acontecer com um empate, mas precisaríamos contar com um virtualmente impossível tropeço do Santos diante do Coxa na Vila).

Para mostrar a força necessária diante de um adversário direto, Don Ramón deve repetir a escalação que jogou bem contra um adversário forte, mas não o bastante para vencer, uma síntese da tese que defendo neste post. Usando o jogo contra o Fla como referência, um ponto precisa necessariamente mudar: precisamos de mais eficiência no ataque. A derrota no clássico não teria acontecido de não tivéssemos desperdiçado todas as chances que criamos. Ter o pior ataque da competição é algo que dificulta gravemente qualquer pretensão do Vasco.

A partida de hoje é a última na sequência de jogos que tivemos no Rio e qualquer coisa diferente de uma vitória será a confirmação de um aproveitamento bem abaixo do que precisávamos. A próxima partida será fora de casa e contra o Goiás, o que tornam os três possíveis pontos de hoje ainda mais necessários. Logo mais, com a Colina mais uma vez lotada e em Caldeirão Mode On, o Vasco precisa provar que uma arrancada em direção a uma reta final de Brasileiro mais tranquila ainda é possível.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x INTERNACIONAL

Local: São Januário.
Horário: 19h (horário de Brasília).
Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP)
Assistentes: Neuza Inês Back (SP-Fifa) e Marcelo Carvalho Van Gasse (SP)
VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP-VAR-Fifa)

VASCO: Léo Jardim; Paulo Henrique, Medel, Léo e Piton; Zé Gabriel, Paulinho, Praxedes e Payet; Vegetti e Gabriel Pec.
Técnico: Ramón Díaz.

INTERNACIONAL: Rochet; Bustos, Vitão, Mercado e Renê; Johnny, Maurício, Aránguiz e Wanderson; Alan Patrick e Enner Valencia.
Técnico: Eduardo Coudet.

Transmissão: o SporTV e  o Canal Premiere transmitem a partida para todo país.