Imaturidade acaba com primeiro semestre do Vasco

De herói a (novamente) vilão: Capasso marcou o gol do Vasco, mas acabou com as esperanças do time cometendo um pênalti infantil
De herói a (novamente) vilão: Capasso marcou o gol do Vasco, mas acabou com as esperanças do time cometendo um pênalti infantil (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

Imaturidade não é algo que tenha a ver apenas com a idade. É algo muito mais relacionado à experiência e o tempo necessário para algo que planejamos possa se realizar em sua plenitude. Isso serve tanto para o potencial humano quanto para algum projeto que tenhamos.

A derrota do Vasco ontem tem muito a ver com isso, e podemos ampliar essa análise para além do 3 a 1 na Arena Maracanã, mas para esse início de temporada da equipe. A imaturidade nos prejudicou em vários planos, muito além do que aconteceu no campo.

Claro que a falta de maturação no extracampo também influenciou. Não foi apenas o pênalti infantil cometido pelo Capasso, em um momento no qual pressionávamos o Fla, que decidiu o jogo. O estágio no qual o projeto da SAF vascaína se encontra pode ter sido ainda mais relevante nisso. O exemplo mais óbvio: enquanto do outro lado, saem Arracaeta e Gerson e entram Everton Ribeiro e Vidal, do nosso, saem Pedro Raul e Jair e entram Eguinaldo e Nenê. A disparidade entre um projeto recém-iniciado e uma reconstrução financeira que já tem quase 10 anos é enorme.

Falta maturidade também ao time, de um modo geral. Reformulado completamente, incluindo aí a comissão técnica, seria querer demais que o time do Vasco estivesse pronto em pouco mais de três meses de trabalho. Mesmo que já possamos dizer, com poucas discordâncias, o time titular do Barbieri, é claro que ainda faltam muitos ajustes à equipe. Os erros de passe e de posicionamento não são raros, mas isso tende a diminuir com um tempo de trabalho maior.

E, obviamente, a chegada de reforços. Todos os setores precisam de reforços, senão de titulares, pelo menos para que façam sombra a quem já se considera garantido entre os 11. O Vasco hoje ainda depende demais de garotos da base. E mesmo que alguns já tenham mostrado potencial, ainda oscilarão e podem inclusive por a perder um desenvolvimento adequado por conta da pressão e expectativa criada. E não tenham dúvidas: reforços de peso, que não venham apenas inchar a folha salarial do clube sem retornos técnicos, só chegarão com o tempo.

É querer demais que a torcida seja racional depois de ver o Vasco ser eliminado na Copa do Brasil e perder a vaga no final do Carioca para o maior rival, mesmo jogando por resultados iguais na semifinal. Principalmente depois de ontem, quando conseguimos ser superiores ao rubro-negro em boa parte do jogo (ainda que mais na afobação que na qualidade). Mas até os vascaínos precisam ter mais maturidade para avaliar o momento do time e compreender que ainda estamos em um processo que trará resultados, no mínimo, no médio prazo.

As atuações

Léo Jardim – se falar que o goleiro nada poderia fazer em nenhum dos três gols rubro-negros não é o bastante, citar as duas boas defesas que fez na partida é que não adiantaria para que grande parte da torcida considere sua atuação pelo menos razoável.

Puma Rodríguez – foi presença constante no apoio, mas perdeu duas bolas que originaram contra-ataques perigosos ao adversário, uma em cada tempo. Na da etapa inicial, saiu o primeiro gol deles.

Capasso – vinha se redimindo do gol entregue no primeiro jogo, depois de marcar, de cabeça, o gol vascaíno. Mas voltou a comprometer todo o trabalho dando um carrinho infantil, cometendo um  pênalti desnecessário quando o time pressionava pela virada.

Léo – fez uma partida segura, inclusive ajudando na saída de bola.

Lucas Piton –  fez uma boa partida, sendo uma das melhores opções ofensivas da equipe. Cobrou o escanteio que originou o gol do Capasso. Cobrou uma falta com perigo no segundo tempo.

Rodrigo – vinha, mais uma vez, fazendo um bom trabalho anulando Arrascaeta e, mesmo não tendo o mesmo desempenho do jogo pela Taça Guanabara, venceu a maioria dos combates com o meia. Mas cansou e acabou perdendo a bola que terminou no segundo gol rubro-negro. Nenê o substituiu, no que prova a falta de opções que Barbieri tem no banco. Não conseguiu fazer nada naquela que pode ter sido sua última partida como profissional (pelo Vasco, pelo menos).

Andrey Santos – meio perdido na etapa inicial, cresceu no segundo tempo, sendo importante nas roubadas de bola e criação de jogadas. Mas desperdiçou algumas boas chances, faltando precisão nas finalizações.

Jair – não conseguiu mostrar efetividade na articulação quando mais precisamos. Antes de ser substituído, mostrou fadiga e lentidão. Barros entrou em seu lugar e se não comprometeu, igualmente não chegou a ser relevante.

Gabriel Pec – cumpriu a função tática de ajudar na defesa, mas foi pouco efetivo no ataque. Também desperdiçou algumas chances até dar lugar ao Erick Marcus o substituiu e não conseguiu fazer nada muito diferente, com o time já partindo sem muita organização para o ataque.

Alex Teixeira – tentou construir jogadas, mas não conseguiu superar a marcação rubro-negra na maioria das vezes. Quando foi deslocado para o comando de ataque, foi mal nas chances que teve de finalizar. Orellano entrou em seu lugar e segue não justificando o investimento feito em sua contratação. Precisa jogar mais para mostrar o que pode.

Pedro Raul – chutou uma vez com perigo no primeiro tempo e sofreu com a marcação adversária. Mas pelo menos deu trabalho à zaga rubro-negra, algo que o Eguinaldo, que entrou em seu lugar, não conseguiu. Fez muito pouca coisa de útil e perdeu uma chance clara, cabeceando sozinho pra fora.

Só um Vasco focado e confiante pode chegar à final do Estadual

Um dos destaques do time na vitória contra o Fla na Guanabara, Rodrigo deve voltar ao time hoje, na decisão da vaga para a final do Estadual
Um dos destaques do time na vitória contra o Fla na Guanabara, Rodrigo deve voltar ao time hoje, na decisão da vaga para a final do Estadual (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

Antes do primeiro jogo da semifinal, o momento do Vasco era um pouco melhor que o do Flamengo. O rubro-negro vinha de duas derrotas em clássicos, tinha perdido uma Taça Guanabara que parecia certa e precisaria reverter a vantagem que tínhamos para chegar à final do Estadual (o que se somava aos fracassos em sei lá quantas outras competições).

Nesse Vasco X Flamengo de hoje, menos de uma semana depois do primeiro, as coisas mudaram completamente. Perdemos o jogo de ida da semifinal e fomos eliminados da Copa do Brasil de forma vexatória sob qualquer ângulo que se possa analisar. E, sem uma vitória hoje, daremos adeus também ao Carioca.

O que Barbieri pode fazer para reverter esse momento? Além de promover o retorno do Rodrigo ao meio de campo, pouca coisa. O elenco é o mesmo, nenhum jogador terá uma melhora técnica significativa de quinta pra cá e dificilmente o técnico vascaíno encorporará um Cruyff ou um Guardiola pra inventar, com as peças que tem, uma alternativa tática que torne seu time uma máquina de jogar futebol.

Então já era? Claro que não.

Mesmo na derrota do primeiro jogo, o resultado poderia ser outro se não tivéssemos falhado tanto. Isso não quer dizer necessariamente que podemos “engolir” o Fla, mas ser competitivo e fazer frente é algo que já fizemos (tanto na vitória quanto na derrota) e é completamente plausível. Com esses mesmos jogadores e atuando da forma que eles já mostraram que podem atuar.

Então o que resta ao Barbieri é motivar seu elenco. Fazer com que esqueçam o fiasco contra o ABC-RN e os faça ver a importância desta semifinal para o restante da temporada. Mostrar capacidade de encarar de igual para igual e até ser superior aos concorrentes que teremos no Brasileirão já neste começo de reformulação é quase tão importante quanto um possível título estadual.

E como precisamos chegar à final para termos a chance de sermos campeões, vencer hoje é indispensável. E para vencer hoje, é indispensável que o time entre concentrado (para não cometer erros como cometeu no jogo da ida) e com confiança. E, diferente de milagrosas melhorias técnicas ou táticas, essas duas coisas só dependem do time para acontecer.

CAMPEONATO ESTADUAL 2023
VASCO X FLAMENGO

Local: Arena Maracanã.
Horário: 18h (de Brasília).
Árbitro: Bruno Arleu de Araújo.
Assistentes: Luiz Cláudio Regazone e Thiago Henrique Neto Corrêa Farinha.
VAR: Rodrigo Carvalhães de Miranda.

VASCO: Léo Jardim, Puma Rodríguez, Capasso, Léo, Lucas Piton, Rodrigo, Andrey, Jair, Alex Teixeira, Gabriel Pec e Pedro Raul.
Técnico: Maurício Barbieri.

FLAMENGO: Santos, Varela (Everton ou Matheus França), Fabrício Bruno, Rodrigo Caio e Pablo; Thiago Maia, Gerson e De Arrascaeta, Ayrton Lucas, Pedro e Gabriel Barbosa.
Técnico: Vitor Pereira.

Transmissão: pela internet, via Cazé TV (YouTube) e Canal Casimito (Twitch).

 

O primeiro vexame do Vasco de Barbieri

Papelão: os gritos de Barbieri do lado de fora do gramado não tiveram serventia na eliminação vascaína na Copa do Brasil
Papelão: os gritos de Barbieri do lado de fora do gramado não tiveram serventia na eliminação vascaína na Copa do Brasil (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

Um hábito injusto, comum à todas as torcidas, é tirar os méritos do adversário quando um resultado ruim acontece. É uma atitude compreensível, nascida da frustração de quem vê um objetivo não alcançado.

Mas infelizmente, no empate sem gols entre o Vasco e o ABC é quase impossível ver méritos no time potiguar que justifiquem a eliminação mais que precoce do time do Barbieri na Copa do Brasil.

Tirando o fato de que o ABC veio a São Januário para não sofrer gols e do seu sucesso nessa missão, não há muito mais o que se elogiar no nosso adversário. Talvez sua disposição e entrega em campo. Fora isso, nosso adversário foi irritantemente catimbeiro e de uma indisfarçável limitação técnica. Só isso.

Uma prova? Se o ABC fosse um tiquinho melhor, teria nos vencido. O que só não aconteceu porque, na chance mais clara de gol de toda a partida, o artilheiro do time adversário chutou pra fora uma bola inacreditável, já nos acréscimos.

Culpados? A procura dos responsáveis em um vexame é outro hábito das torcidas, e desse, não me furtarei. Por mais que todo o time não tenha mostrado capacidade de bater um adversário egresso da Série C em 2022, acho muito difícil não colocar na conta do técnico vascaíno essa eliminação.

Mesmo que Barbieri não tenha entrado em campo, nem tenha cobrado pênaltis e até que tenha tido a percepção de que seu time não tem condições de poupar ninguém em qualquer partida decisiva, não há como tirar sua responsabilidade pelo resultado. Não depois de um primeiro tempo no qual seu time não fez nada para vencer o jogo e voltar do intervalo jogando ainda pior. Não tendo sido incapaz de fazer com que sua equipe fizesse algo além de ligações diretas inúteis durante quase toda partida. O Vasco de R$ 100 milhões do Barbieri foi enredado na armadilha do modesto ABC, sem que seu técnico conseguisse pensar em como sair dessa situação.

Eliminações vexatórias do Vasco na Copa do Brasil, inclusive em casa, não são uma novidade. Aliás, todos os maiores papelões desse tipo (XV de Campo Bom, Baraúnas, Gama) aconteceram no Rio de Janeiro. Barbieri é apenas mais um técnico a fazer nossa torcida passar por esse desgosto. O problema é que o  atual treinador vascaíno não tem lastro para aguentar esse rojão sem marcas.

Dependendo do que acontecer no clássico de domingo, é muito provável que as contestações ao trabalho do Barbieri fiquem mais ruidosas. As limitações do seu elenco, a superioridade técnica rubro-negra, o cansaço do time ou mesmo estar em um início de trabalho podem não ser o bastante para evitar sua primeira crise em São Januário.

As atuações

Léo Jardim – não chegou a ter muito trabalho. Mas mesmo que em uma cobrança de pênalti a responsabilidade seja toda do cobrador, não ter defendido nenhum penal do ABC não ajudará em nada a melhorar sua imagem com a torcida.

Puma Rodríguez – foi bastante acionado no apoio e deu trabalho para a defesa potiguar. Mas faltou precisão para concluir bem as jogadas e acertou muito pouco. Pelo menos foi o autor da melhor cobrança de pênaltis do time.

Capasso – sem maiores problemas na zaga, foi à frente e quase marcou de cabeça, ainda no primeiro tempo. No fim do jogo deu lugar ao Miranda, aparentemente para ser um dos cobradores de pênalti. Marcou o seu.

Léo – tentou ajudar na criação, já que o ABC pouco ameaçava. Mas errou muitos passes.

Lucas Piton – irrelevante na partida, errou praticamente tudo o que tentou quando apoiou o ataque.

Andrey Santos – uma atuação daquelas de fazer pensar se realmente valeu a pena todo o esforço para repatriá-lo por algumas partidas. Rodrigo o substituiu quando o time partiu para o abafa e era necessário um reforço na defesa para evitar contra-ataques.

Jair – quando jogou mais adiantado, ajudou o time a chegar à frente com mais qualidade. Mas na maioria do tempo atuou de forma burocrática, muitas vezes atrasando os avanços do time por segurar demais a bola. Pelo menos converteu seu pênalti.

Marlon Gomes – parecia ansioso, mas foi quem QUASE se salvou em um meio de campo desprovido de ideias. Teve a melhor chance do time no primeiro tempo, mas chutou em cima de um marcador. Mas como quase todo o time, forçou demais nas inúteis bolas esticadas. Erick Marcus entrou em seu lugar e ajudou o time a fazer uma pressão final sobre o ABC. Fez algumas boas jogadas, mas foi mais eficiente quanto arriscou lances individuais.

Gabriel Pec – no primeiro tempo correu como um maluco tanto no ataque como para ajudar na defesa. Foi quando esteve melhor, principalmente quando tinha com quem jogar pela direita. Talvez por isso tenha se esgotado e tido uma etapa final pra lá de apagada. Orellano entrou em seu lugar e sua volta ao time tirou-lhe a única coisa que a torcida ainda pode lhe oferecer: o benefício da dúvida. Além de ser novamente uma nulidade em campo, ainda perdeu o pênalti – de forma canhestra, vale lembrar – que nos eliminou.

Alex Teixeira – alguma lucidez no ataque, mas acabou sendo presa fácil para a marcação do ABC. Foi pouco efetivo em campo até Nenê entrar em seu lugar. Tudo o que fez foi adiar por mais um tempo sua aposentadoria por clamor popular, já que pelo menos acertou sua cobrança de pênalti.

Pedro Raul – ser pouco acionado, ainda estar se adaptando ao time, o cansaço pela sequência de jogos…Nada disso vai lhe tirar o peso de “vilão da desclassificação“. Não depois de ter a classificação nos seus pés e tendo perdido o terceiro pênalti em três cobranças pelo time. Ainda assim, vale lembrar: quem escolhe os cobradores é o técnico. E confiar no camisa 9 para fechar a série de cinco pênaltis, com retrospecto recente que tem, foi mais um equívoco do Barbieri.

Vasco X ABC-RN: prioridades são prioridades

O volante Andrey deve seguir como titular contra o ABC, pela Copa do Brasil
O volante Andrey deve seguir como titular contra o ABC, pela Copa do Brasil (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

Havia a expectativa de que Maurício Barbieri poupasse alguns jogadores na partida de hoje contra o ABC, pela segunda fase da Copa do Brasil. Se pensarmos no segundo jogo das semifinais do Cariocão, um clássico no qual precisamos vencer, faria sentido dar um descanso para um ou outro titular.

É uma questão de prioridade. É mais importante encarar o Flamengo com peças importantes mais descansadas no Estadual ou ir com a força máxima para avançar numa competição nacional (e ganhar uma graninha com isso)?

Ah, mas o jogo com o rubro-negro será bem mais difícil, pode nos levar a uma final e, convenhamos, quem é o ABC?”, podem dizer alguns.

Bom, o ABC é um time bem mais modesto, mas que tem tido um bom começo de temporada. São mais de 72% de aproveitamento em 18 partidas, com uma vitória sobre um time da Série A (o Fortaleza, que disputou a pré-Libertadores) e que se classificou na primeira fase da Copa do Brasil com mais facilidade que o próprio Vasco.

Não quer dizer muita coisa? Talvez. Mas o time potiguar tem se notabilizado por saber se defender jogando fora de casa, dando trabalho pros seus anfitriões. E é aí que está o problema: pelo regulamento da competição, no caso de um empate na Colina, a vaga será defina nos – TERROR! – pênaltis.

Sejam sinceros…hoje, alguém aí apostaria uma grana numa classificação vascaínas nos penais?

Então, se o Barbieri fará apenas uma mudança no time que foi derrotado na segunda, (Marlon Gomes deve entrar no lugar do Galarza) é bastante compreensível. Se essa for realmente a escalação, o técnico vascaíno dará uma indicação de que prioriza a Copa do Brasil – levando ao campo um time até mais ofensivo do que encarou o Fla – e que reconhece que o melhor é partir pra cima e resolver essa classificação nos 90 minutos.

COPA DO BRASIL 2023
VASCO X ABC-RN

Local: São Januário.
Horário: 21h30 (Brasília).
Árbitro: Paulo César Zanovelli da Silva (MG-Fifa).Assistentes: Guilherme Dias Camilo (MG-Fifa) e Marcyano da Silva Vicente (MG).

VASCO:  Léo Jardim; Puma Rodríguez, Capasso, Léo e Lucas Piton; Andrey Santos, Marlon Gomes e Jair; Gabriel Pec, Alex Teixeira e Pedro Raul.Técnico: Maurício Barbieri.

ABC: Simão, Alemão, Afonso, Richardson e Márcio Azevedo; Wellignton Reis, Daniel, Raphael Luz e Jailson; Felipe Garcia e Maycon Douglas.Técnico: Fernando Marchiori.

Vasco se empenha, mas segue vivo na briga pela final

Os crias Pec e Alex Teixeira marcaram, mas não foi o bastante para segurar a vantagem do empate
Os crias Pec e Alex Teixeira comemoram com Andrey: os dois marcaram, mas não foi o bastante para segurar a vantagem do empate (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

Talvez meus poucos leitores não entendam o “mas” no título do post. Os mais ligados devem ter compreendido: nesta derrota por 3 a 2 para o Flamengo, o Vasco se empenhou MUITO em comprometer de forma irreversível a conquista para a vaga na final, MAS não conseguiu. Barbieri e seus comandados ainda têm plenas condições de reverter o resultado de ontem e avançar para a decisão do Carioca.

Os erros começaram antes da bola rolar, com a inexplicável escolha do Barbieri de tirar o Rodrigo, que vinha dando segurança à zaga e que na vitória sobre o Fla na Taça Guanabara foi bastante eficiente na marcação ao Arrascaeta (que, não por acaso, foi um dos melhores jogadores do adversário ontem). A escolha do técnico pelo Galarza, tenha ou não dado certo aos olhos do treinador (que queria reforçar a marcação pela esquerda e dar mais liberdade ao Alex Teixeira) nem de longe compensou o que perdemos no poder de combate no meio de campo com a ausência do Rodrigo.

Mas os erros não se restringiram ao Barbieri. Mesmo sofrendo mais que no primeiro clássico, conseguimos abrir o placar com Pec recebendo um presente da zaga rubro-negra e fuzilando para o gol. Mas os vacilos do time começaram a comprometer o resultado 15 minutos depois: Pumita corta um cruzamento para fora da área (talvez tendo sofrido um empurrão, ignorado pelo VAR) e a bola sobra nos pés do Arrascaeta, que emenda de primeira. Jair, na direção do chute, preferiu fazer um corta-luz a interceptar a bola, que terminou nas redes. Ainda poderíamos ter ido pro intervalo com a igualdade no placar, mas aos 42 veio a falha mais grotesca do jogo, com Capasso saindo a bola nos pés do Pedro, que driblou o argentino e marcou.

No segundo tempo, Barbiero tentou acertar seu time, fez alterações, mas o que ajudou mesmo o Vasco a dar uma melhorada foi a ligeira pisada rubro-negra no freio. Eles ainda tinham mais posse de bola, mas a vantagem no placar diminuiu seu ímpeto. Nessa, nosso ataque fez sua melhor jogada – um contra-ataque iniciado pelo Alex Teixeira, que passou pelo Pedro Raul e foi finalizado pelo próprio Alex – e conseguiu o empate.

Com isso, o Fla voltou a pressionar e nós, a nos segurarmos. O que conseguimos por cerca de 10 minutos, antes que nossas falhas pusessem tudo a perder. O terceiro gol, da sua origem à bola na rede, foi uma sucessão de erros: a falta do Figueiredo, o monte de jogadores olhando a bola cruzar nossa área, Léo Jardim com raízes embaixo das traves e Pumita, que marcava o Fabrício Bruno, deixando o zagueiro cabecear sem esboçar reação. Depois disso, o Flamengo voltou a recuar um pouco, o Vasco tentou esboçar uma pressão pouco efetiva e foi isso.

Como falei desde o título desta resenha, apesar das sequências inaceitáveis de erros idem, o Vasco não está morto e as possibilidades de classificação para a final estão completamente abertas (tanto que não faz 10 dias que vencemos o Flamengo por um placar que, no próximo domingo, nos dará a vaga na decisão). Mas todos, do técnico aos jogadores, devem tomar a derrota de ontem como uma lição a ser aprendida. Barbieri precisa reconhecer que errou – que nem classifico como burrada, já que ainda temos um time em formação – em algumas decisões. E os jogadores precisam, desesperadamente, entender que certos erros não podem ser cometidos por atletas profissionais. Muito menos em um clássico decisivo.

As atuações

Léo Jardim – evitou o que seria o quarto gol do Flamengo com uma grande defesa e em dois gols pouco podia fazer. Mas no terceiro gol, com um cruzamento sem tanta força na pequena área, poderia ter saído na bola. Não merece a crucificação que tem sofrido, mas não tem passado a segurança que um goleiro de alto nível deve passar.

Puma Rodríguez – de herói no primeiro jogo contra o Fla, acabou se tornando um dos destaques negativos na derrota de ontem. Na etapa inicial, penou com os avanços rubro-negros pelo seu lado do campo e ainda acabou, involuntariamente, participando do lance do primeiro gol adversário. E no terceiro gol, ficou plantado no chão enquanto o zagueiro do Fla cabeceou sozinho para a rede.

Capasso – nas estatísticas, um dos melhores em campo; na prática, cometeu a falha mais bizarra do time, dando o segundo gol ao Flamengo de presente em uma saída de bola das mais desastradas da história do clássico.

Léo – foi um dos jogadores que ficaram apenas olhando a bola que originou o terceiro gol cruzar a área. No primeiro tempo, marcou um gol, mas estava em posição irregular.

Lucas Piton – discretíssimo no jogo, foi tão apagado no apoio que tornou a escolha pelo Galarza para ajudar a cobrir nosso lado esquerdo ainda mais incompreensível.

Andrey – jogou mais recuado e o resultado foi não conseguir dar a proteção necessária à zaga e não conseguir ajudar na criação. Rodrigo entrou em seu lugar no fim do jogo e ajudou a dar mais segurança ao meio de campo quando o Vasco tentava pressionar e ficou mais exposto aos contragolpes.

Galarza – seria injustiça colocar a responsa pela derrota nas costas do jovem paraguaio, principalmente porque ele não se escalou para o jogo. Mas em campo não conseguiu ser útil na criação e foi muitas vezes afobado no combate, o que lhe rendeu um amarelo e a saída do time no intervalo. Marlon Gomes o substituiu e mesmo que tenha trazido uma dinâmica melhor ao meio de campo, entrou em um momento do jogo no qual não teria como ser o salvador da pátria.

Jair – teve a chance de mudar a história do jogo, bastava bloquear o chute que originou o gol de empate do Fla. Mas saiu da frente da bola, atrapalhando ainda mais a vida do Léo Jardim. Nenê entrou em seu lugar no fim do jogo, e nem com os dois times esgotados conseguiu aparecer.

Gabriel Pec – abriu o placar da partida com um gol de oportunismo e tentou ajudar na marcação. Saiu quase no fim, dando lugar ao Erick Marcus, que até deu algum trabalho à defesa adversária, mas não conseguiu ser tão efetivo.

Alex Teixeira – justificou sua presença em campo com a jogada do segundo gol, na qual roubou a bola no meio de campo. acionou o Pedro Raul e invadiu a área ele mesmo para marcar de cabeça. Deu lugar ao Figueiredo, que correu pra lá, correu pra cá, ajudou no combate com empenho, mas fez muito pouco para ajudar a reverter o placar. Pelo contrário, ainda cometeu, desnecessariamente, a falta que terminou no terceiro gol do Flamengo.

Pedro Raul – mostrou inteligência no segundo gol vascaíno, saindo do impedimento para receber a bola em contra-ataque, fintar o marcador e acertar um cruzamento na medida para o Alex Teixeira. Mas no resto do jogo, oscilou demais, ainda mostrando uma ansiedade inexplicável na hora dos arremates.

Vasco precisa de calma para manter a vantagem sobre um Fla sob tensão

Poupado contra o Bangu, Leo retorna ao time titular no jogo de ida da semifinal do Carioca, contra o Fla
Poupado contra o Bangu, Leo retorna ao time titular no jogo de ida da semifinal do Carioca, contra o Fla (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

Nem há muito o que se falar sobre o primeiro jogo entre Vasco e Flamengo pela semifinal do Carioca. Mal completada uma semana entre a partida de hoje e o último confronto com o rubro-negro, nem tempo hábil haveria para mudanças expressivas nas duas equipes desde o 1 a 0 que aplicamos sobre o rival.

Mas algumas mudanças aconteceram, principalmente no momento das duas equipes.

Há coisa de oito dias, antes do apito inicial na Arena Maracanã, o Flamengo ia para o confronto conosco na condição de eterno favorito midiático, não apenas no jogo, como para terminar o primeiro turno na liderança. Já o Vasco, estava numa situação apertada, sem sequer saber se conseguiria se classificar para as semifinais do Estadual. Hoje, o Vasco mantém uma série de cinco vitórias seguidas (contando com o jogo contra o Trem-AP pela Copa do Brasil), bateu o próprio Fla e terminou a Guanabara à frente do rubro-negro, indo para os primeiros confrontos decisivos com a privilégio de jogar por dois resultados iguais.

Isso, claro, não tira o favoritismo midiático do Flamengo. Mas hoje, quem mais precisa de uma vitória são eles, que certamente não vão querer decidir a vaga na final com o Vasco ainda tendo a vantagem do empate. Com  isso, podemos esperar um adversário que tentará tomar a inciativa, buscando o ataque desde o início.

Por conta disso, Barbieri deve adotar a mesma cautela do primeiro clássico, com três volantes no meio e Piton e Puma com maiores responsabilidades defensivas. Com isso, não tem muito mistério: é marcação forte no meio de campo, recuperação de bola e partir no contra-ataque em velocidade.

Depois de tantos fracassos em um espaço de tempo curtíssimo, o Flamengo sabe que uma eliminação no Carioca, ainda mais para o Vasco, pode tornar a situação da atual comissão técnica insustentável. Então, ter tranquilidade e paciência é o primeiro passo para um bom resultado hoje. Saber cozinhar o jogo quando necessário e ser mortal quando a oportunidade aparecer (ponto no qual estamos falhando bastante, aliás) tem tudo para ser o caminho ideal para encaminharmos a classificação para a final já na primeira partida.

CAMPEONATO ESTADUAL 2023
FLAMENGO X VASCO

Local: Arena Maracanã.
Horário: 21h10 (horário de Brasília).
Árbitro: Wagner do Nascimento Magalhães.
Assistentes: Rodrigo Figueiredo Henrique Corrêa e Thayse Marques Fonseca.
VAR: Rodrigo Nunes de Sá.

FLAMENGO: Matheus Cunha; Fabrício Bruno, Rodrigo Caio e Pablo; Matheuzinho, Vidal, Thiago Maia e Ayrton Lucas; Arrascaeta, Gabigol e Pedro.Técnico: Vitor Pereira.VASCO: Léo Jardim, Pumita, Capasso, Léo, Lucas Piton; Rodrigo, Andrey, Jair, Alex Teixeira, Gabriel Pec e Pedro Raul.Técnico: Maurício Barbieri.

Transmissão: a Bandeirantes e a BandSports transmitem o jogo. O aplicativo Daleapp transmite via streaming.

Vasco vence Bangu, mas parece ter guardado o futebol para a semifinal

'Calma, calma': Pedro Raul tranquilizou a torcida no fim do jogo contra o Bangu, mas atuação do Vasco preocupou a torcida
Calma, calma‘: Pedro Raul tranquilizou a torcida no fim do jogo contra o Bangu, mas atuação do Vasco preocupou a torcida (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

Ressaca pós-clássico? Relaxamento de  classificado? Cansaço de fim de turno? Ausência de titulares? Um, alguns ou todos esses fatores poderiam explicar a atuação vascaína na vitória sobre o Bangu por 2 a 0, ontem, em São Januário.

Explicam, mas não justificam. No pré-jogo, comentei que a torcida esperava que as surpresas na Taça Guanabara tivessem acabado, mas para quem viu a partida, o suspense durou até quase o fim do jogo. O Bangu, comandado pelo Felipe Maestro, ainda lutava por uma vaga na disputa pela Taça Rio e vendeu caro a derrota.

O gol do Pec logo no início da partida chegou a dar a impressão de que seria uma partida fácil. Mas não foi. Aos poucos, o Bangu foi igualando as ações e até nos superando na posse de bola (terminamos com 44%). A chance que tivemos de tranquilizar o jogo mais cedo foi desperdiçada junto com o pênalti perdido pelo Alex Teixeira. As alterações feitas pelo Barbieri não mudaram muito o cenário. Era um Vasco bem menos intenso e sem tantas alternativas como vimos nas últimas partidas.

As coisas só melhoraram um pouco com a expulsão do meia Adsson. Com superioridade numérica, o Vasco conseguiu cozinhar mais o jogo até marcar o segundo gol, com Pedro Raul. Mas isso só aconteceu nos acréscimos, depois da torcida ter calafrios com uma atuação mais parecida com o time de 2022 do que gostaríamos de ver.

Tudo o que citei no início do post, principalmente a falta de titulares e o cansaço do time, pode ter acontecido. Mas não podemos negar que o Vasco do Barbieri, mesmo jogando mal, fez seu dever de casa e chega à semifinal contra o Flamengo com a importante vantagem do empate. E isso é algo que dificilmente o Vasco de tempos recentes conseguiria fazer.

Ainda assim, fica a lição: em uma decisão, contra um adversário muito mais qualificado, jogar por dois resultados iguais dificilmente será o bastante. O futebol que o Vasco não jogou ontem precisará aparecer contra o rubro-negro.

As atuações

Léo Jardim – deu um monte de sustos na torcida, mas também fez algumas boas defesas pra compensar.

Puma Rodríguez – alternou bons momentos no apoio com horas nas quais pareceu estar desinteressado na partida. Quase marcou um gol de cabeça.

Capasso – na sua estreia em São Januário e como titular, parece ter garantido a vaga de xerife da zaga. Jogou com firmeza e não chegou a ter problemas. Quase coroou sua atuação marcando de cabeça, o que não aconteceu por conta de uma defesa espetacular do goleiro adversário.

Anderson Conceição – não comprometeu nessa sua volta a titularidade, mas não chegou a terminar a partida, sendo substituído pelo Zé Vitor, que entrou em seu lugar pouco antes da expulsão no time adversário e não teve problemas.

Paulo Victor – nem de longe conseguiu ter a mesma efetividade no apoio que o titular da posição tem, mas acabou fazendo a “assistência” para o gol do Pec, cobrando um lateral para a área adversária e sofrendo um pênalti (discutível), desperdiçado pelo Alex Teixeira. Defensivamente cedeu mais espaços do que seria aceitável.

Rodrigo – em uma noite fraca do meio de campo vascaíno, teve que carregar um piano um pouco mais pesado que o normal. Teve dificuldades com os avanços do Bangu, mas cumpriu bem o seu papel.

Andrey Santos – teve uma atuação discreta, não conseguindo não sendo muito útil na criação e deixando a desejar na ocupação dos espaços defensivamente. Marlon Gomes entrou em seu lugar e ajudou da dar maior mobilidade ao setor, com maior presença ofensiva.

Jair – desperdiçou uma chance clara no primeiro tempo, mas no restante do jogo esteve apagado. Barros o substituiu em um momento no qual o time precisava renovar o gás na marcação e teve uma atuação correta.

Gabriel Pec – abriu o placar no início do jogo, aproveitando uma cochilada da defesa adversária em uma cobrança de lateral. Quase marcou um gol idêntico no segundo tempo, mas pegou mal na bola. No restante do tempo, não conseguiu dar prosseguimento às jogadas. Figueiredo entrou em seu lugar e, apesar de mostrar a disposição de sempre, errou quase tudo o que tentou, inclusive perdendo chances claras de gol e dando início a alguns contra-ataques perigosos para o Bangu.

Alex Teixeira – tentou levar o time ao ataque e criou pelo menos uma boa jogada individual, deixando o Jair em boas condições para marcar. Mas cobrou muito mal a penalidade que tivemos e que poderia ter trazido maior tranquilidade ao time. Nenê entrou em seu lugar  e pouco encostou na bola. Mas em duas delas – uma, sofrendo falta que provocou a expulsão de um jogador do Bangu, e outra, cobrando o escanteio no lance do segundo gol – acabou sendo decisivo para a vitória.

Pedro Raul – lutou muito, mas parecia ansioso em marcar gols. Com isso, em vários momentos preferiu arriscar arremates de difícil execução a fazer o passe para  algum companheiro melhor posicionado. Teve o esforço recompensado fechando o placar nos acréscimos, com um gol de cabeça.

Vasco encara o Bangu esperando que as surpresas na Guanabara tenham acabado

Poucos amigos: Capasso parece desconfiado antes da sua estreia como titular, hoje, contra o Bangu
Poucos amigos: Capasso parece desconfiado antes da sua estreia como titular, hoje, contra o Bangu (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

É como diz o maior clichê relacionado ao esporte bretão: o futebol é uma caixinha de surpresas.

Antes do jogo contra o Fla, poucos apostariam em uma classificação vascaína para as semifinais caso não vencesse o clássico. Sem conquistar os três pontos contra o líder da Taça Guanabara, o Vasco dependeria de uma combinação bastante improvável de resultados para evitar a eliminação ainda no primeiro turno do Estadual.

Hoje, quase não dá pra acreditar que pudéssemos nos complicar: batemos o Flamengo e depois, com a Botafogo perdendo e o Voltaço empatando, o Vasco já está classificado, independente do resultado no confronto de hoje com o Bangu.

Ironia ainda maior? O tricolor venceu o Fla x Flu, tirou a Taça Guanabara do time da Gávea e, em caso de uma vitória simples em São Januário, o rubro-negro ficará em terceiro na tabela, encarando o próprio Vasco (com a vantagem do empate a favor do cruzmaltino).

E essa, a meu ver, é a principal razão para que os comandados do técnico Barbieri entrem em campo com toda disposição, focados em vencer. Não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar a possibilidade de jogar por dois resultados iguais uma semifinal contra um grande rival (muito menos contra o “eterno favorito” ao título estadual).

Ainda que os três pontos tenham sua importância, o treinador vascaíno aparentemente considera fazer alguns testes com sua equipe. Jogando em casa, já classificado e contra um Bangu apenas cumprindo tabela (update: como bem me alertaram pelo Twitter, o Bangu ainda briga por uma vaga na Taça Rio. Se isso é o bastante para motivações excessivas do alvirrubro, essa é outra história), Barbieri ameaça levar a campo uma escalação mais ofensiva: Rodrigo pode “bancar“, dando lugar ao Marlon Gomes, o que levaria o Andrey a jogar como primeiro homem do meio de campo. Alguns titulares também podem ser poupados para as semifinais, principalmente os pendurados Léo e Piton. A única alteração por contusão é a entrada do Capasso, que entra no lugar do Miranda e que dá toda a pinta de que não sai mais do time.

Depois de tantas reviravoltas nas últimas rodadas, o que nossa torcida espera é que essa Taça Guanabara termine da forma mais previsível possível: com o caldeirão fazendo a diferença, que o Vasco confirme seu favoritismo no confronto e que garantamos a vantagem do empate nas semifinais com uma vitória sem muitos problemas.

CAMPEONATO ESTADUAL 2023
VASCO X BANGU

Local: São Januário.
Horário: 19h30 (Brasília).
Árbitro: Tarcizo Pinheiro Caetano.
Assistentes: Rafael Sepeda de Souza e Wallace Muller Barros Santos.

VASCO: Ivan, Puma, Capasso, Léo e Piton; Rodrigo (Marlon Gomes), Andrey e Jair; Alex Teixeira, Gabriel Pec e Pedro Raul.
Técnico: Maurício Barbieri

Técnico: Felipe Loureiro.

Transmissão: pela internet, via Cazé TV (YouTube) e Canal Casimito (Twitch).

Vasco encaminha vaga na semifinal (e ainda venceu o Fla)

Puma faz a festa: lateral garante a vitória sobre o Fla e encaminha vaga do Vasco na semifinal
Puma faz a festa: lateral garante a vitória sobre o Fla e encaminha vaga do Vasco na semifinal (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

É inútil negar o quanto é legal (usemos esse termo) vencer o Flamengo sob qualquer circunstância. Mas o 1 a 0 de ontem sobre o rubro-negro foi importante para o Vasco por muitos outros motivos, todos mais importantes que a rivalidade.

Para mim, mais importante que bater nosso maior rival foi ver que, mesmo tendo a mais fraca atuação em um clássico nesse estadual (pior até que contra o Flu), conseguimos ser competitivos e fazer um jogo parelho em boa parte do tempo contra o elenco multimilionário e já estabelecido do adversário. Podem alegar que o Vasco também gastou milhões para montar seu time e que o Fla também está iniciando um novo trabalho, mas a comparação seria forçada. Do lado de lá, apenas UM reforço custou quase o mesmo que todos os nossos; e se eles estão com um técnico novo, o Vasco começou praticamente do zero há poucos meses.

E mesmo com apenas três remanescentes do time de 2022 – Alex Teixeira, Pec e Rodrigo, não contando com o Andrey, que reestreou ontem – o Vasco soube se segurar quando preciso e levar perigo ao adversário quando teve chance. Ainda que o Fla naturalmente tivesse o domínio em boa parte da partida, tivemos mais chances claras que eles, com Pedro Raul colocando duas bolas na trave.

O golaço do Puma logo aos 3 minutos da etapa final mudou as características do jogo, forçando o rubro-negro a tentar pressionar e ao Vasco esperar o contra-ataque. Nisso, também fomos superiores: nossa defesa segurou bem o ímpeto do Fla (com bela atuação do Léo Jardim e animadora estreia do Capasso) e pudemos nos dar ao luxo de deixar de ampliar a vantagem com Pedro Raul desperdiçando – mais um! – penal, sofrido por Marlon Gomes.

Mas além de conseguirmos a vitória nessas condições, bom mesmo foi ver um Vasco que precisava de um resultado para seguir vivo no Estadual e conseguiu, mesmo com todo o tradicional favoritismo que jogam para o rival. Com os três pontos, não apenas continuamos no G4 e dependendo apenas das nossas forças para conseguir a vaga nas semifinais, como podemos até ter a vantagem no primeiro confronto decisivo. Seja qual for o resultado do Fla x Flu na última rodada, temos chances de terminar a Taça Guanabara na segunda colocação, podendo chegar à final com um empate contra o terceiro colocado. Lembrando que, para isso acontecer, precisaremos de uma boa vitória contra o já eliminado Bangu, na quinta-feira.

Mas, é claro, e não poderia deixar de comentar: conseguir tudo isso passando por cima do Flamengo é muito mais legal.

As atuações
Léo Jardim – garantiu o resultado com grandes defesas no segundo tempo.

Puma Rodríguez – não conseguiu ter a efetividade ofensiva que estamos acostumados a ver, mas após marcar o golaço com uma bomba do meio da rua, compensou se superando defensivamente.

Miranda – estava fazendo uma partida correta até se machucar no fim do primeiro tempo e dar lugar ao Capasso, que já conquistou a torcida na estreia, mostrando disposição e a raça argentina que todos esperavam.

Léo – soberano na maioria dos lances, não deu vida fácil para o ataque rubro-negro e foi quase perfeito nas bolas aéreas.

Lucas Piton – também não teve tanta presença no apoio, mas segurou bem na marcação.

Rodrigo – encarou o clássico com um maturidade impressionante, anulando o Arrascaeta com muita eficiência. Deu lugar ao Marlon Gomes, que deu maior mobilidade ao meio de campo. Sofreu o penal desperdiçado pelo Pedro Raul e quase marcou um golaço após enfileirar uma penca de marcadores.

Andrey – caiu em um time no qual nunca tinha jogado junto, mas compensou a falta de entrosamento com muita entrega.

Jair – acabou sendo o meia que menos rendeu, não conseguindo ajudar na criação e cedendo alguns espaços no setor. Barros entrou para repor a saída do Rodrigo como primeiro volante e marcou com firmeza.

Gabriel Pec – teve uma atuação daquela que chamam de “tática“: acabou sendo mais útil marcando as subidas do lateral que criando jogadas ofensivas. Figueiredo entrou em seu lugar e foi mais efetivo que o Pec, tanto no empenho nos combates como na criação: deixou o Nenê na cara do gol com um bom passe.

Alex Teixeira – criou algumas boas jogadas no primeiro tempo, armando contra-ataques, mas caiu de produção no segundo tempo. Deu lugar ao Nenê, que não deveria ser uma opção em um jogo de tamanha intensidade. Pouco fez e, na chance que teve, desperdiçou uma chance clara, de cara para o goleiro.

Pedro Raul – prendeu a marcação, tentou ajudar na marcação, colocou duas bolas na trave, mas acabou queimando sua atuação ao desperdiçar um pênalti que traria muito mais tranquilidade para o time.

Vasco pode provar que está na briga pelo Estadual contra o Fla

O Pedro do Vasco estará em campo e é uma das esperanças de gol contra o rubro-negro
O Pedro do Vasco estará em campo e é uma das esperanças de gol contra o rubro-negro (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

O Vasco entrará em campo pressionado no seu último clássico pela Taça Guanabara. Com a vitória de ontem, o Voltaço já nos tomou a terceira colocação; o Botafogo, que encara o atual lanterna da competição, pode nos tirar do G4 também com uma vitória simples. Então, faltando apenas uma rodada para o fim do turno, não resta outra opção a Barbieri e seus comandados além de conquistar os três pontos diante do Flamengo hoje, na Arena Maracanã.

Não que o outro lado também não tenha suas pressões para superar. Ainda assim, precisamos ser realistas: o rubro-negro é líder do Estadual, está invicto e tem um dos melhores e consolidados elencos do país. Sendo assim, o “mengaum” tem amplo favoritismo contra nós, um time ainda em reconstrução. E não poderia ser diferente, claro. É um confronto entre o terceiro melhor time do mundo e vice-campeão da Supercopa brasileira e sul-americana contra uma equipe que acabou de voltar à elite.

O que nivela um pouco as coisas é um dos maiores clichês do futebol: “clássico é clássico“. Ainda que tenhamos um retrospecto terrível nos últimos anos contra o Flamengo, hoje os vascaínos certamente irão para o jogo com muito mais confiança que em confrontos passados. Guardadas as devidas proporções, nosso momento é melhor e o time da Gávea sabe que uma derrota hoje pode complicar ainda mais o ambiente do clube. Já ao Vasco, tirando a ansiedade natural em um duelo com seu maior rival, há a consciência de que esse Estadual é apenas um laboratório para o restante da temporada. Então, no fim das contas, se temos uma necessidade maior de vencer, o peso de sair como vitorioso na partida estará do outro lado do campo.

Barbieri pode contar com Manuel Capasso e Andrey e pode promover a estreia dos dois na partida. Com isso, o time perde um pouco em entrosamento, mas ganha em qualidade. É o ganho técnico que pode nos ajudar a ter uma atuação ainda mais consistente do que tivemos nos clássicos contra Flu e Bota (nos quais, vale lembrar, jogamos bem, a despeito da derrota para o tricolor).

E é disso que precisamos: consistência, qualidade e foco. Uma vitória hoje, além de praticamente nos garantir nas semifinais do Carioca, servirá como um motivação a mais para os jogos decisivos da competição. E também, mostrará que o Vasco tem totais condições de encarar nossos maiores rivais e brigar à sério pelo título estadual.

CAMPEONATO ESTADUAL 2023
FLAMENGO X VASCO

Local: Arena Maracanã.
Horário: 18h10 (de Brasília).
Árbitro: Bruno Arleu de Araújo.
Assistentes: Rodrigo Figueiredo Henrique Corrêa e Thiago Henrique Neto Corrêa Farinha.
VAR: Carlos Eduardo Nunes Braga.

FLAMENGO: Santos, Guillermo Varela, Fabrício Bruno, David Luiz e Ayrton Lucas (Everton Cebolinha); Thiago Maia, Arturo Vidal e Gerson; Everton Ribeiro, De Arrascaeta e Gabriel Barbosa.
Técnico: Vitor Pereira.

VASCO: Leo Jardim, Puma, Miranda (Capasso), Léo, Piton, Rodrigo, Andrey, Jair, Pec, Alex Teixeira (Erick Marcus) e Pedro Raul.
Técnico: Maurício Barbieri.

Transmissão: A Bandeirantes e a BandSports transmitem o jogo. O aplicativo Daleapp transmite via streaming.