Vasco bate a Ponte Preta em vitória mais importante que convincente

Caio Lopes finaliza
Caio Lopes chuta para fechar o placa na vitória vascaína por 2 a 0 sobre a Ponte Preta (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Explicando o título desta resenha logo de cara, a vitória do Vasco sobre a Ponte por 2 a 0 valeu mais por quebrar a sequência de derrotas, não permitir que o G4 se afastasse e por mostrar que o time pode, de um modo geral, render mais dentro de campo.

A parte do “convincente” na vitória ficou de fora porque, tirando a empolgação pela melhor atuação em muito tempo, a equipe segue sendo frágil defensivamente. Tanto que Vanderlei, mais uma vez, foi um dos destaques da partida, sendo obrigado a fazer um bom número de defesas complicadas (e eventualmente, contando com sua sorte).

Se a partida não fosse contra o pior visitante da competição (com apenas 12,12% de aproveitamento), provavelmente teríamos problemas maiores ontem.

Ainda assim, a impressão deixada foi bastante positiva. O tempo maior para treinar parece realmente ter ajudado aos jogadores a entender melhor a proposta de jogo do Lisca, e como o treinador terá mais cinco dias até a próxima partida, a tendência é que o ajuste da equipe fique ainda melhor. Mesmo considerando eventuais cochiladas nas recomposições defensivas, é inegável que o Vasco de ontem era outro, bem diferente daquele que perdeu para o Londrina e o Operário.

Falta muito para termos podermos festejar, mas é preciso dar valor à vitória em um momento importante e parabenizar o Lisca pela nova postura do seu time. O jogo de ontem pode não ser garantia de muita coisa, mas já permite à torcida ter um pouco mais de esperança.

As atuações

Vanderlei – mais uma vez foi decisivo, fazendo pelo menos três grandes defesas na partida e garantindo o zero no nosso lado do placar.

Léo Matos – teve maior participação na parte defensiva, mas acabou sendo importante no apoio: veio dele o passe para o Caio Lopes marcar o seu gol.

Miranda – fez uma partida segura, jogando com seriedade. Se destacou evitando as bolas aéreas da Macaca.

Leandro Castan  – voltou ao time e, pelo menos dessa vez, trouxe mais segurança à zaga. Foi importante também “xerifando” a equipe, cobrando a atenção dos companheiros quando necessário.

Zeca  – tendo uma função mista – lateral quando o Vasco não tinha a posse de bola e volante quando a bola era do time – conseguiu se sair bem (o que é, diga-se, surpreendente). Vacilou em algumas recomposições defensivas, mas na maior parte do tempo foi bem, ajudando o time tanto no combate como iniciando jogadas ofensivas.

Andrey ­– atuou mais avançado e teve boa participação ofensiva. Abriu o placar mostrando boa movimentação e precisão no cabeceio.

Caio Lopes – Lisca já mereceria elogios por ter conseguido fazer o rapaz, finalmente, ter uma boa atuação entre os profissionais. Jogando mais recuado, foi muito bem ocupando os espaços e no combate direto e ainda apareceu na frente para finalizar e marcar o segundo gol do Vasco.

Marquinhos Gabriel – não tomou seu lexotan pré-jogo e mostrou maior empenho que o normal. Poderia ser sempre assim: “acordado” em campo, Marquinhos Gabriel consegue mostrar sua importância para o time. Ontem conseguiu acelerar o time ofensivamente e fez a assistência para o gol do Andrey. Matías Galarza o substituiu e ajudou a reforçar o bloqueio no meio de campo. Foi útil no momento em que a Ponte tentou uma pressão na parte final do jogo.

Léo Jabá – incomodou bastante a zaga adversária, mas volta e meia se enrola com a bola e com eventuais decisões equivocadas. Mas foi importante para o resultado, iniciando a jogada do primeiro gol. Quase marcou o seu antes, após belo passe do Marquinhos Gabriel. Deu uma sumida na metade do segundo tempo e Figueiredo entrou em seu lugar. O garoto tentou manter o ritmo, mas com o placar já definido, entrou com o time mais cauteloso que partindo para o ataque.

Gabriel Pec – não marcou seu gol, mas provou que não pode ser reserva neste time. Com muita movimentação e velocidade, criou jogadas, finalizou com perigo e ainda ajudou na marcação. Saiu no fim para a entrada do João Pedro,que não teve tempo para fazer muita coisa.

Cano – finalizou apenas uma vez, mas mostrou como pode ser importante mesmo com nosso meio de campo não o encontrando dentro da área: boa parte do gol do Andrey se deve ao gringo, que desmontou a marcação adversária dando um toque de primeira para o Marquinhos Gabriel. Daniel Amorim entrou em seu lugar no fim e não chegou a fazer muita coisa em campo.

Tempo para treinar é trunfo do Vasco contra a Ponte Preta

Lisca fala com seu grupo
Depois de uma semana livre para treinos, Vasco tem contra a Ponte Preta a chance de mostrar uma maior compreenção sobre o que Lisca quer para o time (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Depois de mais de uma semana sem jogos, o Vasco recebe a Ponte Preta em São Januário. A pausa, certamente boa para a torcida – pelo menos para este que vos fala, foi um ótimo descanso – depois de uma sequência grande demais de más notícias, também deve ter feito bem ao time. Ou pelo menos é o que todos esperamos.

Isso porque o Lisca teve, pela primeira vez, um período maior para treinar e – por que não? – conhecer seu elenco. O técnico vascaíno, que admitiu após a derrota para o Londrina não saber o que fazer com o time, teve mais tempo para explicar aos jogadores o que espera deles. A esperança é que tendo tempo para explicar beeeeeem devagar, os atletas tenham conseguido captar a mensagem (mesmo com uns e outros tendo evidentes limitações intelectuais).

E é bom MESMO que o time tenha aprendido algo, jogue melhor e vença a Macaca. Ainda que não vá perder posições, se o Vasco não conquistar os três pontos hoje poderá terminar a rodada mais perto do Z4 que do G4. E já estando na metade final do Brasileiro, não temos mais tempo para deixar isso acontecer.

Para voltar a vencer e encerrar a sequência de três derrotas, Lisca precisará mexer na sua equipe. Sarrafiore, com covid, deve dar lugar ao Pec; Andrey e Galarza disputam a vaga deixada pelo Romulo, que cumpre suspensão. A maior novidade é a volta do Castan, recuperado de contusão. Mesmo que o time venha sofrendo muito com as falhas individuais, há um fato: ainda que o zagueiro seja parte desse problema, com ele em campo não tivemos uma sequência de três derrotas.

A Ponte Preta vem em um momento de alta, com três vitórias nos últimos quatro jogos. Mas essa melhora de desempenho é muito ligada aos jogos no Moisés Lucarelli: a Macaca jogou em casa nestas três vitórias e ainda não conseguiu vencer fora do seu estádio. Tudo o que o Vasco NÃO precisa é permitir que a Ponte faça da Colina o palco do seu primeiro triunfo. E para isso acontecer, Lisca e seus comandados precisarão mostrar que conseguiram aproveitar esse período apenas treinando.

Vasco X  Ponte Preta

Vanderlei, Léo Matos, Miranda, Leandro Castan e Zeca; Andrey (Galarza), Bruno Gomes e Marquinhos Gabriel; Léo Jabá, Gabriel Pec e Cano.

Ivan, Felipe Albuquerque, Thiago Lopes, Cleylton e Rafael Santos (Marcelo Hermes); André Luiz, Vini Locatelli e Fessin; Moisés, Niltinho e Rodrigão.

Técnico: Lisca.

Técnico: Gilson Kleina.

Estádio: São Januário. Data: 18/08/2021. Horário: 21h30. Arbitragem: Heber Roberto Lopes (SC). Assistentes: Alex dos Santos (SC) e Henrique Neu Ribeiro (SC). VAR: Jean Pierre Gonçalves Lima (RS).

A Rede Globo transmite para  RJ, SC, ES, SE, PB, RN, PI, MA, PA, AM, RO, RR, AP, AC, DF e MG (somente Juiz de Fora). O canal Premiere transmite a partida para seus assinantes de todo o Brasil e também no sistema pay-per-view.

Vasco não aprende e repete derrota do turno para o Operário

O desabafo do Andrey: ainda que não tenha feito a menor diferença na derrota, foi a maior demonstração de brio de um jogador do Vasco na noite de ontem

Na estreia do Vasco pelo Brasileiro deste ano, ao fim do primeiro tempo já perdíamos por 2 a 0 para o Operário, com dois gols nascidos da desatenção dos nossos jogadores. No segundo tempo, não tivemos força para reverter a situação e o placar estava inalterado no apito final.

Ontem, na estreia do Vasco pelo segundo turno do mesmo campeonato, a história foi quase a mesma: 2 a 0 no primeiro tempo, gols vindos da desatenção dos nossos jogadores e incapacidade de mudar a situação nos 45 minutos finais.

(Parênteses: pra dizer que não foi tudo igual, o lance anterior à jogada do segundo gol do Operário deveria ter sido anulada, mas o bandeirinha ignorou um impedimento. Ou seja, mesmo com o VAR atuando no segundo turno da Série B, o Vasco sofreu um gol irregular. Fecha parênteses)

Repetir os erros não é uma novidade para o Vasco, nem nesta competição, nem fora delas. O time encerrou o primeiro turno e, pelo que vimos ontem, retornou exatamente ao ponto de partida; fora de campo, a incapacidade de repete já há décadas, culminando neste 123º aniversário de fundação do clube, muito provavelmente o mais triste de toda sua história.

Aproveitar as experiências passadas, se apegando ao que deu certo e aprendendo com o que deu errado, é algo que tem passado ao largo na Colina. Marcelo Cabo demorou algum tempo para perceber que, com o elenco que tinha em mãos, a melhor opção seria atuar de forma reativa. Foi demitido após um empate contra o então líder da competição, quando estava numa sequência de quatro jogos de invencibilidade. Mesmo que não fosse o pior momento do Cabo no comando do time, as atuações irregulares fizeram a diretoria tomar a decisão padrão – e nem sempre acertada – de demitir o técnico.

Lisca assumiu, iniciou o trabalho com uma goleada e com sua personalidade, contou com a paciência da torcida, ainda que o Vasco seguisse jogando mal, mesmo nas vitórias. Bastaram duas derrotas em sequência para que Lisca admitisse que não sabe o que fazer e que, talvez, seja obrigado a “baixar as linhas” para fazer seu time render.

Ou seja, demitimos o Cabo – que já sustenta cinco jogos de invencibilidade com o Goiás, que pode assumir a segunda colocação nesta rodada – e contratamos o Lisca para, depois de oito partidas (com duas pela Copa do Brasil), deve chegar à mesma conclusão do técnico anterior: o Vasco, com o elenco que tem, precisa jogar de forma reativa.

Vamos ver se após a partida de ontem, Lisca encara a realidade e mostra que aprendeu alguma coisa com a sequência de derrotas. Caso contrário, o #ForaLisca que começa a aparecer com mais frequência começará a ganhar força.

As atuações

Vanderlei – não teve culpa nos gols e fez pelo menos duas grandes defesas.

Léo Matos – o primeiro gol surgiu de um cruzamento pela sua lateral. No segundo, não teve qualquer reação além de olhar o atacante do Operário aproveitar o rebote e marcar. Ofensivamente chegou a fazer algumas jogadas no apoio, mas nada que conseguisse salvar sua atuação.

Miranda – lento demais para sua idade, não conseguiu evitar o segundo gol mesmo estando na frente do atacante que finalizou para o gol.

Ricardo Graça – claramente se acha bom demais para espanar uma bola, como se a medalha olímpica lhe tivesse tornado um craque. Foi assim, não afastando a bola com um chutão e preferindo arriscar um passe que não teria capacidade para executar sem correr riscos, que surgiu o segundo gol do Operário.

Zeca – toma muitas decisões equivocadas no apoio e ontem, sabe-se lá se por ordem do Lisca, passou boa parte do segundo tempo jogando mais pelo meio que pela lateral. Ainda assim, foi o melhor do time ontem: se metade dos jogadores tivessem sua disposição em campo, o Vasco não teria sido a presa fácil que foi. De quebra, ainda foi o autor da melhor chance do time, uma cobrança de falta que carimbou a trave depois de defesa milagrosa do goleiro adversário.

Romulo – lento demais para dar a devida proteção à zaga e sem condições técnicas pra ajudar o time na criação das jogadas. Andrey entrou em seu lugar e pelo menos foi um pouco mais útil ajudando o time na pressão final que exerceu sobre os donos da casa. Apesar disso, foi mais contundente no seu desabafo ao fim do jogo que em campo.

Bruno Gomes – tomou um amarelo ainda no primeiro tempo e nem voltou do intervalo, dando lugar ao Caio Lopes, que ajudou o Vasco a ter maior presença no campo do Operário, mas não mais que isso. Muitas boas intenções, muito poucos acertos.

Sarrafiore – outro que nem voltou para o segundo tempo: tirando um bom passe para o Cano no começo da partida, não conseguiu fazer nada de útil. Morato o substituiu e fez com que o ataque vascaíno tivesse maior ímpeto. Perdeu a cabeça e foi expulso em lance que, pelo menos para quem viu pela TV, deveria render no máximo um amarelo.

Marquinhos Gabriel – quase marcou um gol olímpico e teve uma boa chance em chute de fora da área. Ainda assim, foi o retrato do time na derrota: lento, disperso, impreciso nos passes e sem ideias para criar jogadas. Perdeu de forma inaceitável a bola que originou o primeiro gol adversário. E, apesar da sua atuação, digna de uma dispensa ou pelo menos garantir uma eternidade entre os reservas, só foi sacado nos minutos finais. Entrando em seu lugar nesse momento, Galarza nem teria muito como fazer qualquer diferença para o time.

Léo Jabá – é outro que não fica molengando em campo, mas que falta categoria para ser mais efetivo. Gabriel Pec entrou em seu lugar e em cerca de 20 minutos em campo conseguiu ser mais efetivo e levar mais perigo ao gol adversário. Segue um mistério as razões para não ser sequer a primeira opção no banco para o treinador.

Cano – uma boa finalização logo no começo do jogo e outra duas cabeçadas perigosas. Mas a fase do time parece se refletir na letalidade do argentino. Ele tem redobrado seus esforços, saído um pouco da área pra ajudar na criação, mas a bola insiste em não entrar.

***

Como falei na resenha, a torcida começa a pedir a cabeça do Lisca com mais frequência. E isso tem tudo a ver sobre não aprender com as experiências vividas e repetir os erros do passado.

Pedir a saída do Lisca agora é, mais uma vez, contar que a diretoria encontre um treinador livre no mercado e que tenha mais capacidade que o atual treinador para resolver os problemas do time. Na época do #ForaCabo, eu falei a mesma coisa e tinha dito que não achava que o Lisca conseguisse, com certeza, fazer com que o elenco vascaíno rendesse.

Pedir a troca de comando do time agora é mais uma vez trocar o duvidoso pelo mais duvidoso. É esperar que um técnico que difilcilmente será uma unanimidade passe pelo processo de aprendizado que o Cabo e o Lisca passaram, e nesse processo, cometer os mesmos erros (e sofrer derrotas da mesma forma).

O Vasco já perdeu muito tempo ao trocar o Cabo pelo Lisca e, fica cada vez mais claro, o problema não era esse. Por sorte, a troca de técnico agora não depende da torcida (que nunca é racional) e nem da diretoria (que nunca aprende). Agora é torcer que o Lisca consiga resolver os problemas que o Vasco tem antes do próprio resolver jogar a toalha.

Vasco começa o segundo turno sem motivos para comemorar

Recuperado da covid, Morato volta ao time e pode ajudar o Vasco a se recuperar
Recuperado da covid, Morato volta ao time e pode ajudar o Vasco a se recuperar (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Poucos poderiam esperar que no segundo encontro entre o Vasco e o Operário pelo Brasileiro, nosso adversário estaria numa posição melhor que a nossa. Mas está. Como o time paranaense nos venceu na estreia desta Série B, as duas equipes chegaram ao confronto empatadas com zero pontos. Hoje, muito graças à nossa incompetência, chegamos com um ponto a menos e duas posições abaixo que o alvinegro do Paraná.

E não há como procurar nos números razões para contestar a superioridade do Operário. Os anfitriões da partida fazem uma campanha melhor que a nossa na classificação geral, mas também como mandantes e como visitantes. Se as estatísticas devem apontar um favorito para o jogo de hoje, ele é um só: o Operário.

Talvez não sejamos uma presa tão fácil quanto fomos no primeiro turno. Mas ainda assim, será uma partida bastante complicada. Não apenas pela capacidade do Fantasma, mas porque o Vasco está em um momento de total falta de confiança. Algo completamente justificável depois da derrota inaceitável para o Londrina na última rodada.

O próprio Lisca parece estar descrente da sua capacidade de fazer seu grupo render. E enquanto mostra incertezas sobre a parte tática, resta ao técnico mudar peças: Vanderlei volta ao gol depois de cumprir suspensão e Ernando pode tirar a vaga do Graça (a primeira alteração é apenas lógica, mas as duas se justificariam após os erros bisonhos dos medalhistas no último jogo). Bruno Gomes volta ao time com a suspensão do Juninho e Pec também pode começar a partida, tirando a vaga do sonolento Marquinhos Gabriel.

Lisca pode fazer as trocas que quiser no seu time, mas elas não serão o bastante. Passamos patinando pelo primeiro turno, com raríssimos bons momentos e muitas apresentações que deixaram claras duas impressões: que o grupo ainda não percebeu o nível de exigência da competição na qual está e que muitos dos jogadores se consideram melhores do que realmente são (impressão essa que talvez justifique a primeira).

É bom que todos os envolvidos saibam: se a postura que o Vasco teve na primeira metade da competição se repetir na segunda, o resultado será um só. E todos sabemos qual será.

Operário-PR X Vasco

Simão; Alex Silva, Rodolfo Filemon, Reniê e Djalma Silva; Fábio Alemão, Leandro Vilela, Marcelo Santos, Rafael Oller e Thomaz, Paulo Sérgio.

Vanderlei; Léo Matos, Miranda, Ricardo Graça (Ernando) e Zeca; Romulo, Bruno Gomes e Sarrafiore; Marquinhos Gabriel (Pec), Jabá e Cano.

Técnico: Matheus Costa.

Técnico: Lisca.

Estádio: Germano Kruger. Data: 21/08/2021. Horário: 19h. Arbitragem: Braulio da Silva Machado (SC). Assistentes: Kleber Lucio Gil (SC) e Thiaggo Americano Labes (SC).

O SporTV e o Premiere transmitem a partida para seus assinantes de todo o Brasil.

***
Hoje o Vasco completa 123 anos. Infelizmente, não há qualquer motivo para comemorações. Exaltar nossa história, nossas conquistas e nossos heróis é até um desrespeito à data, diante dos atuais acontecimentos.

Lembrar as glórias de uma das maiores instituições esportivas do mundo neste momento é a única maneira que temos para celebrar o aniversário de fundação do clube. Fazer isso agora – quando décadas de incompetência levam o clube quase à bancarrota e que o futebol, nosso carro-chefe, se encontra em situação vexatória – é mais que uma alienação que não podemos nos permitir ter. É também usar de forma indigna nosso passado.

O Club de Regatas Vasco da Gama merece os parabéns por completar mais um ano vivo e atuante. Mas para sua torcida, mais importante que fazer festa, é saber que o clube que amamos precisa da sua força. E que cada vascaíno tem o papel de ser resistência à esse longo período de trevas que a instituição vive.

Vasco 1 x 2 Londrina: ouro em incompetência

Sarrafiore disputa a bola
No chão, Cano observa Sarrafiore. A dupla argentina passou em branco na derrota para o Londrina (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Tenho por regra não começar a escrever sobre nenhuma partida do Vasco imediatamente após seu término. Seja vencendo, seja perdendo, tendemos a carregar nas cores do que falaremos. Seja ganhando, seja perdendo.

Mas pra tudo na vida, há um limite. E o limite desta vez foi a derrota do Vasco para o Londrina. E sim, estou escrevendo isso ainda de cabeça quente e achando que todo elenco vascaíno merecia mesmo era tomar um couro.

E seria muito fácil descarregar toda a ira de torcedor pra cima dos festejados medalhistas, que completaram juntos o pódio fecal na noite de quarta. Mas, ainda que seja impossível desvencilhar a derrota dos erros clamorosos do Lucão e do Graça, nem de longe os dois foram os únicos culpados pelo resultado.

A falta de efetividade ofensiva, a previsibilidade, a irritante mania de parar de jogar assim que se consegue marcar um gol. Tudo isso acontece há muito tempo. As limitações do elenco e, sim, do treinador (na boa, qual foi a estratégia de substituições do Lisca nesse jogo?)….bom, nesses casos, a responsa pode  e deve ser compartilhada com os responsáveis pelas contratações do clube.

A expectativa era vencer e terminar o primeiro turno entre os quatro primeiros colocados (sem contar muito com uma boa atuação do time, que já seria demais); a realidade, infelizmente, é entrar no returno possivelmente na metade de baixo da tabela e com o G4 ainda mais distante.

As atuações

Lucão – fez grande defesa e poderia ser um dos destaques do time, mas falhou feio no primeiro gol e foi decisivo para o placar negativo. É o segundo jogo seguido que o goleiro do Vasco teve responsabilidade direta em uma derrota.

Léo Matos – seja defendendo, seja apoiando, não fedeu, nem cheirou.

Miranda – não teve velocidade para chegar no rebote do Lucão e impedir a finalização do adversário.

Ricardo Graça – a medalha de ouro não foi o bastante para que o jovem zagueiro saísse da má fase, que o persegue desde o começo do ano. Com a lambança que fez no lance do segundo gol, só podemos festejar a sorte da Seleção Olímpica, que não precisou contar com sua participação em campo.

Zeca – participou da jogada do gol do Vasco, rolando a bola para o Jabá. Pra compensar, no lance do primeiro gol do Londrina, foi ele quem cobrou um lateral para um companheiro cercado de marcadores.

Romulo – foi bem nas bolas aéreas e nas antecipações. Numa delas, iniciou a jogada do nosso gol. Caio Lopes entrou no seu lugar nos minutos finais numa tentativa desesperada do treinador fazer qualquer coisa.

Juninho – disperso e lento, perdeu um monte de bolas bobas e mais uma chance de se manter entre os titulares. Não voltou do intervalo, dando lugar ao Bruno Gomes, que até jogou bem, aumentando a intensidade do time no combate e fazendo bem a ligação com o ataque. Porém, no lance do primeiro gol do Londrina, ficou olhando o jogador que deu o chute de fora da área receber a bola sem nada fazer.

Sarrafiore – se esforçou e tentou ser útil, principalmente com finalizações a média distância. Mas não conseguiu fazer a diferença. Cansou e quando sofremos o primeiro gol, o renegado Gabriel Pec o substituiu e manteve o nível: não fez diferença.

Marquinhos Gabriel – acordou para fazer o gol e não fez muito mais que isso. Galarza entrou no seu lugar nos minutos finais numa tentativa desesperada do treinador fazer qualquer coisa.

Léo Jabá – foi o jogador mais perigoso do Vasco e esse é um dos problemas do time: ele até acertou um belo chute – acidental – na trave e fez a bela assistência para o gol do Marquinhos Gabriel. Mas é um problema sério depender de um jogador que tem pouco além da velocidade para oferecer. Fora isso, são muitos erros de passe, finalizações equivocadas e decisões falhas. Figueiredo entrou no seu lugar nos minutos finais numa tentativa desesperada do treinador fazer qualquer coisa.

Cano – a cada partida, Cano se vê obrigado a recuar mais para buscar o jogo. Ontem foi visto boa parte do tempo quase na linha do meio de campo. Talvez o Lisca arrume um jeito do nosso centroavante voltar a marcar gols (o jejum já é de seis jogos) quando ele passar a buscar o jogo na nossa intermediária. Ainda assim, mais distante da área, foi o jogador que mais finalizou.

No fim do turno, Vasco encara o Londrina de olho no G4

Léo Matos treina
Após cumprir suspensão, Léo Matos volta ao time contra o Londrina (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

A nona colocação do Vasco na tabela, em plena última rodada de turno do Brasileiro, pode ter um monte de explicações e justificativas. Nenhuma delas tira o sentimento de decepção da torcida, também por muitos motivos. Vencer o Londrina hoje, em São Januário, é uma última chance de Lisca e seus comandados fecharem de forma positiva a primeira metade do campeonato.

E como em muitas outras oportunidades, temos mais a nos preocupar com nossa capacidade de vencer que com as dificuldades que nosso adversário possa nos trazer. Abrindo o Z4 da competição, o Londrina faz uma campanha irregular e tem como maior preocupação hoje evitar uma queda para a Série C. E sua campanha com visitante (5 derrotas, 4 empates e apenas uma vitória) só aumenta a responsabilidade do Vasco.

E o peso da vitória não está nos nossos ombros apenas pelas limitações do nosso adversário. Beirando a parte de baixo da tabela, os três pontos desta quarta-feira podem, dependendo de uma intrincada série de resultados, permitir um término de turno dentro do G4 (posição que deixamos escapar na última partida e em algumas outras) e uma distância relativamente pequena da liderança. Este salto que podemos dar na classificação mostra duas coisas: que a Série B está muito nivelada e que, infelizmente, a expectativa do Vasco “sobrar” na competição esteve – a ainda está – longe de se concretizar.

Ainda dá pra melhorar essas expectativas, e isso passa por uma vitória hoje. E para isso, Lisca terá mais opções para montar sua equipe: Lucão e Ricardo Graça estão à disposição e devem começar jogando. Léo Matos e Marquinhos Gabriel, voltando de suspensão, também. Outro que pode voltar ao time é Bruno Gomes, recuperado de contusão. Sem Morato (livre da covid e em recondicionamento) e com o Pec aparentemente sem moral nenhuma com o técnico, o Vasco deve começar em um 4-4-2, com Sarrafiore podendo se unir ao Cano e Léo Jaba no ataque.

O Vasco joga em casa, contra um adversário bastante frágil e, descontando um ou outro desfalque, com seus principais jogadores em campo. Diante disso, negar um favoritismo vascaíno na partida de hoje é inútil. Mas até aí, nosso favoritismo dentro da competição também ainda não se concretizou.

Vasco X  Londrina

Lucão; Léo Matos, Miranda, Ricardo Graça e Zeca; Romulo, Juninho (Bruno Gomes) e Marquinhos Gabriel; Sarrafiore, Cano e Jabá.

César; Matheus Bianqui, Saimon, Lucas Costa e Felipe Vieira; Tárik, Jhonny Lucas e Gegê; Marcelinho, Safira e Caprini (Tiago Orobó).

Técnico: Lisca.

Técnico: Márcio Fernandes.

Estádio: São Januário. Data: 18/08/2021. Horário: 21h30. Arbitragem: Salim Fende Chavez (SP). Assistentes: Daniel Paulo Ziolli (SP) e Herman Brumel Vani (SP).

O canal Premiere transmite a partida para seus assinantes de todo o Brasil e também no sistema pay-per-view.

Vasco perde para o Remo em mais uma ‘crise alérgica ao G4’

Sarrafiore em ação
Sarrafiore marcou o seu, mas não foi o bastante para evitar a derrota do Vasco para o Remo (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

O Vasco entrou em campo ontem podendo, pela primeira vez no Brasileiro, ter uma sequência de três vitórias e por tabela, garantir mais um “pernoite” na suíte G4 do Série B. Mas para isso, seria preciso vencer o Remo, o que seria impossível numa noite na qual o time do Lisca voltou a apresentar sua já conhecida alergia às primeiras colocações na tabela. Com (mais) uma atuação patética, o Vasco perdeu por 2 a 1 e pode até agradecer o placar modesto.

E olha que o Remo nem precisou fazer muito para vencer. Ainda que os comentaristas tenham visto uma excelente atuação dos donos da casa, ficou claro que eles simplesmente souberam jogar em cima dos nossos muitos erros. Tanto foi assim que, antes de abrir o placar – com um gol irregular, vale dizer –, o Remo não era melhor: o Vasco não tinha criado chances claras, mas exercia aquele domínio nada efetivo ao qual já estamos nos acostumando. Tínhamos a bola, mas não superávamos a defesa paraense.

Mas o gol foi o sinal para o Vasco se perder completamente no jogo. O Remo passou a dominar, marcou o segundo (contando com uma ajuda decisiva do Vanderlei) e criou uma sequência de chances claras para ampliar sua vantagem. Viramos uma presa fácil, e são não podemos dizer também indefesa porque nosso goleiro resolveu compensar a falha no segundo gol e fazer três defesas milagrosas.

Ainda fizemos o nosso gol, em jogada de contra-ataque de Léo Jabá e finalização de Serrafiore, antes do fim do primeiro tempo. Mas veio a etapa final e as coisas não melhoraram muito. Não fomos mais tão pressionados (menos por nossos méritos que pela diminuída de ritmo do Remo), mas voltamos a mostrar aquela incapacidade gigantesca de criar jogadas. Com a expulsão do Vanderlei aos 21 minutos, ficamos com menos um em campo e ainda mais distantes da possibilidade de uma reação. Reação essa que realmente não veio.

Neste momento, com um técnico relativamente recém-chegado e com pouco tempo para treinos, não dá pra esperar espetáculos. E o Vasco estava longe disso, apresentando um futebol bastante limitado mesmo nas suas vitórias. Mas alguns problemas do time, que independem do tempo que Lisca tem no comando, ainda se repetem. Por exemplo, os perrengues nas jogadas aéreas do adversário (questão não resolvida desde os tempos do Pré-Temporadão). Ou, ainda mais grave, ver que qualquer adversário joga com mais intensidade que nós. Não há como ainda falar que o Vasco “precisa aprender a jogar a Série B” se estamos na 18ª rodada da competição.

Ou o Lisca resolve isso rápido, ou o Vasco vai acabar aprendendo a disputar a segunda divisão permanecendo mais um ano nela.

As atuações

Vanderlei – três defesas espetaculares, um frango e uma expulsão totalmente evitável. No fim das contas, uma noite infeliz também para o jogador mais regular da equipe.

Zeca – enquanto ficou observando Erik Flores avançar pela esquerda, deixou Renan Gorne entrar livre para cabecear e marcar o primeiro gol adversário.

Ernando – acompanhou o Zeca na marcação vouyeur: ficou apenas olhando a jogada do primeiro gol do Remo se desenrolar, enquanto o atacante que cabeceou entrou livre, nas costas do zagueiro. Para a irritação com o veterano ser completa, ele falhou em mais 385 bolas alçadas à área vascaína e ainda perdeu um gol feito (de cabeça, claro) no segundo tempo.

Miranda – também fez parte da catastrófica noite da zaga vascaína: ainda que não tenha cometido um erro individual grosseiro, não vimos fazer nada pra evitar as várias jogadas aéreas do Remo.

MT – o lance do primeiro gol foi a definição da sua atuação: apesar da jogada ser na lateral que deveria proteger, marcava a uma distância enorme e não conseguiu evitar o passe dado ao Erik Flores. Depois do passe feito, trotou em direção à área, com uma disposição de quem sabia que não chegaria a tempo nem de evitar o cruzamento ou de marcar o cabeceio na área. Além do aparente desinteresse no jogo, ajudou muito pouco na criação de jogadas. Cayo Tenório o substituiu para, primordialmente, fechar a lateral direita.

Romulo – lento demais para conseguir marcar com eficiência o jogo intenso que o Remo fez, principalmente no primeiro tempo. Sem a ajuda de um volante mais veloz, se complica bastante.

Andrey – não foi o companheiro que o Romulo precisaria para fazer uma proteção à zaga eficiente. Ficou na roda em trocas de passe do adversário várias vezes. Quando tentou ajudar na parte ofensiva fez pouco: finalizou uma vez, sem perigo. Deu lugar ao Caio Lopes, que acabou entrando quando o Vasco já estava em desvantagem numérica e pouco conseguiu contribuir.

Juninho – dessa vez não conseguiu fazer a ligação entre o meio e o ataque, nem marcar com eficiência. Foi sacado no intervalo, dando lugar ao Figueiredo, que mais uma vez não conseguiu justificar ser uma das primeiras opções ofensivas para o técnico.

Sarrafiore – se esforçou, mas não conseguiu acionar os atacantes o bastante. Se salvou no time por ter feito o gol vascaíno. Cansou no segundo tempo e acabou sendo sacrificado com a expulsão do Vanderlei, dando lugar ao Halls. O jovem goleiro reserva não chegou a ter muito trabalho e não comprometeu.

Léo Jabá – se esforçou muito para dar trabalho aos defensores adversários, mas além de receber poucas bolas, muitas vezes tropeçou nas suas próprias decisões equivocadas. Falhou bisonhamente no lance do segundo gol do Remo, mas compensou fazendo a jogada do gol do Vasco quase sozinho, dando uma bela assistência para o Sarrafiore.

Cano – sem bolas, sem gols: o argentino precisa ser municiado para marcar, o que não aconteceu. Sua melhor chance, ainda no primeiro tempo, surgiu em um erro na saída de bola do Remo, culminando com um chute de fora da área que foi perto da trave. Claramente poupado, saiu no meio da etapa final dando lugar ao Gabriel Pec, que por ser um jogador com maior movimentação, mudou a dinâmica do ataque. Mas não o bastante para evitar a derrota.

Vasco encara o Remo para consolidar a arrancada

Sarrafiore e Cano treinam
Sarrafiore e Cano treinam em Belém: dupla portenha será titular contra o Remo (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Quando o árbitro Vinicius Araujo der o apito inicial para a partida entre Remo e Vasco, o cruzmaltino estará iniciando sua décima partida em 30 dias, entrando na conta jogos pelo Brasileiro e Copa do Brasil. A frequência de jogos, somada aos deslocamentos e os muitos gramados que aumentam o esforço dos jogadores, só poderiam resultar em uma coisa: mais gente no departamento médico.

Na vitória sobre o Vila Nova, Leandro Castán se junta a Bruno Gomes, Michel e Daniel Amorim, que nem viajaram. Morato contraiu a covid e está em quarentena. Até a rodada passada, Riquelme tinha uma lesão no tornozelo. E com a farta distribuição de cartões que aconteceu em São Januário no último jogo, também há os suspensos: o próprio Castán, Léo Matos e Marquinhos Gabriel estão fora da partida de hoje.

Como não podia deixar de ser, tudo isso é problema pro Lisca, que além de ter assumido a equipe há pouco tempo, ainda tem que se virar para montar sua equipe tendo muito pouco tempo para treinos. E para a arrancada do seu time continuar, encontrar um time que consiga vencer o Remo é indispensável.

Nosso adversário vem fazendo uma campanha mediana, na parte debaixo da tabela, mas já abrindo alguma frente do Z4. Faz mais pontos em casa, mas já perdeu no seu estádio algumas vezes (o último, por exemplo). E não é que o Remo não vá nos dificultar a vida, hoje, mas a maior preocupação mesmo é como o time do Vasco vai dificultar a sua vida.

Com os desfalques, Lisca pode escalar o time novamente com três zagueiros. Foi a formação que usamos na eliminação da Copa do Brasil, contra o São Paulo. Perdemos a partida (OBRIGADO, DARONCO!), mas o time não foi tão mal. Nos saímos muito melhor, por exemplo, que na vitória sobre o Vila Nova. A diferença é que, contra o tricolor, Lisca pôde escalar seus titulares. Hoje, se o 3-5-2 se confirmar, teremos uma zaga que nunca atuou junta: Miranda, Ernando e o Graça (que estava com a seleção olímpica, não joga há bastante tempo e antes disso não estava na melhor das fases). Nessa formação, Zeca vai pra ala direita e o Jabá para a esquerda.

Optando em manter o 4-3-3, MT entra no lugar do Graça, jogando na lateral esquerda, com Zeca na direita. Jabá seguiria no ataque, junto com Cano – voltando de suspensão – e Pec, que na falta do Morato e do Daniel Amorim, volta à titularidade. Nas duas formações, o miolo do meio de campo fica com Romulo, Juninho e Sarrafiore.

Uma vitória hoje será importante não apenas por nos manter rondando o G4, mas também simbolicamente. Lisca nos prometeu uma arrancada após o Vasco ter sido operado pelo Sr. Daronco e, ainda que seja com um futebol de qualidade questionável e com placares bem magrinhos, tem conseguido. Mas como o Vasco ainda não conseguiu uma sequência de três vitórias, superar o Remo dará um carimbo de “consolidada” nessa arrancada.

Remo X Vasco

Vinícius, Thiago Ennes (Wellington Silva), Romércio, Kevem e Igor Fernandes; Anderson Uchoa, Lucas Siqueira, Matheus Oliveira e Thiago Miranda; Erick Flores e Victor Andrade.

Vanderlei, Ernando, Miranda e Ricardo Graça (MT); Zeca, Romulo, Juninho, Sarrafiore e Léo Jabá; Gabriel Pec e Cano.

Técnico: Felipe Conceição.

Técnico: Lisca.

Estádio: Baenão. Data: 13/08/2021. Horário: 21h30. Arbitragem: Vinicius Gonçalves Dias Araujo (SP). Assistentes: Alex Ang Ribeiro (SP) e Fabrini Bevilaqua Costa (SP).

O SporTV e o Premiere transmitem a partida para seus assinantes de todo o Brasil.

Vasco conta com ‘sorte de aniversariante’ e vence o Vila Nova

Jabá comemora
Vasco sofre, mas gol do Jabá garantiu a vitória, presente para o aniversariante da noite, o técnico Lisca (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Nesta quarta-feira, o técnico Lisca completa 49 anos. A festa de aniversário poderia perder grande parte da graça se seu time não tivesse vencido a partida de ontem, contra o Vila Nova. Mas os comandados deram um presente para o comandante: além de vencer o jogo por 1 a 0, ainda fizeram o Vasco dormir no G4 pela primeira vez.

Mas o “presente” não foi daqueles que a gente entra numa loja, demora alguns minutos e sai com um pacote enfeitado. Foi preciso uma dose de luta e algumas doses de sorte para conseguir os três pontos. Na realidade, o Vasco flertou com a derrota até o apito final.

No primeiro tempo, o time nem chegou a jogar mal. Tivemos mais posse de bola e passamos grande parte da etapa no campo do Vila Nova. Mas praticamente não ameaçamos o gol adversário, que marcava muito bem e bloqueava nossas ações até com facilidade. Por outro lado, o time goiano acabou criando as chances mais claras de gol, sempre no contra-ataque. A sorte já começou a sorrir pra cruz de malta aí: o Vila Nova perdeu pelo menos duas chances claras de gol (uma, porque o atacante furou a bola; outra em um chute de fora da área que passou tirando tinta da trave).

E se nosso oponente não deu sorte nas suas finalizações, o Vasco acabou sendo presenteado com um gol “semiespírita”, já nos acréscimos: Juninho dá um passe em profundidade para o Léo Jabá e ele arrisca um chute que muito dificilmente daria em alguma coisa. Mas deu. O chute mascado, quase dividido com o zagueiro, acabou encobrindo o goleiro e colocando a bola no fundo da rede.

Lisca e o elenco
Lisca festeja a vitória e seu aniversário com seu grupo (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Depois do intervalo, tudo mudou. Atrás no placar, os visitantes passaram a atacar e foi a vez do Vasco apelar para os contragolpes. O jogo ficou franco – não tanto quanto poderia, já que o Sr. Felipe Fernandes de Lima resolveu aparecer marcando tudo o que ele considerava ser falta – e os dois times começaram a perder gols. O Vasco chegou a ter chances mais claras que no primeiro tempo, mas desperdiçou todas; o Vila Nova teve umas quatro ou cinco finalizações que só o Pai Santana poderia explicar porque não entraram. Fomos pressionados no fim do jogo, mas o placar não se alterou.

Chegamos à segunda vitória seguida e finalmente figuramos entre os quatro primeiros (pelo menos até o complemento da rodada). Mas não podemos dizer que jogamos bem. Sofremos demais contra um time que, ainda que venha aprontando das suas como visitante, tem o segundo pior ataque da competição e no momento está mais preocupado com a proximidade do Z4. Pode-se falar que o time estava cansado depois de jogar em um pântano contra o Vitória, mas isso não justifica os erros da equipe, que não foram poucos.

Hoje o time pode comemorar com seu técnico, mas é bom saber: para se manter no G4, precisamos fazer mais. Nem todo dia é aniversário do Lisca e nem todo dia teremos a sorte que tivemos ontem.

As atuações

Vanderlei – ontem chegou a dar uma saída em falso, mas como foi uma noite de sorte para todo o time, o Vila Nova desperdiçou a oportunidade.

Léo Matos – até apareceu com frequência no apoio, mas não foi exatamente feliz nas conclusões das jogadas. Tomou seu amarelo de praxe muito cedo, e pra evitar a expulsão, evitou ser mais firme na marcação. Isso poderia ter sido problemático, principalmente quando o Vasco passou a ser pressionado.

Miranda – penou para conter os atacantes goianos, mas em alguns momentos penou mesmo com a bola: duas vezes se enrolou sozinho e quase entregou a paçoca.

Leandro Castan – se machucou ainda no primeiro tempo, mas não podia sair sem dar uma pixotada: em uma saída de bola, errou um passe de forma tão canhestra que iniciou um contra-ataque que por muito pouco não sofremos um gol. Ernando entrou em seu lugar e mostrou uma impressionante regularidade em não impedir que os jogadores do Vila Nova cabeceassem com perigo ao gol do Vanderlei.

Zeca – não faltou empenho ao lateral, que contribuiu tanto no apoio quanto na defesa. Mas segue errando muito mais que acertando, principalmente na hora de concluir as jogadas ofensivas.

Romulo – outro a ficar pendurado já no primeiro tempo. Mas, ainda assim, fez uma boa partida, sem aparecer muito, mas com eficiência. Mas precisa fazer a recomposição defensiva mais rapidamente.

Juninho – sob o comando do Lisca, finalmente parece que está se firmando. Fez bem a transição entre a defesa e o ataque (ontem fez a assistência para o gol do Jabá), sem comprometer suas funções defensivas. Deu uma sumida quando cansou, na metade do segundo tempo (e ele é muito jovem para isso, diga-se). Andrey o substituiu para dar um novo gás ao meio de campo,

Marquinhos Gabriel – o de sempre: alternou bons momentos com apagões completos. As vezes mostra habilidade e faz o time avançar; outras, sua lentidão o fez perder bolas bobas. Deu lugar ao Galarza quando Lisca resolveu garantir o resultado, mas o rapaz não chegou a fazer tanta diferença na função de evitar a pressão adversária.

Sarrafiore – não conseguiu se impor diante da eficiente marcação adversária. Também cansou e deu lugar ao MT, que teve algumas oportunidades para armar contra-ataques, mas pecou ao conduzir demais a bola quando poderia passar com velocidade.

Léo Jabá – contou com a sorte para marcar o gol da vitória, mas se não fosse sua movimentação, não estaria bem posicionado para fazer a finalização. Foi quem mais deu trabalho aos zagueiros do Vila Nova, criando a maioria das jogadas de perigo do Vasco, mas é aquilo: o gol feito ao acaso não esconde sua dificuldade em colocar a bola na rede.

Figueiredo – entrou no lugar do Cano e mesmo tendo mais mobilidade que o argentino e recebendo mais bolas, não conseguiu fazer muita coisa: deu uma cabeçada com relativo perigo no primeiro tempo e deu um passe açucarado para o Jabá no segundo. Cayo Tenório entrou em seu lugar para reforçar a marcação, o que não deu muito certo: o garoto passou quase todo o tempo em que esteve em campo olhando as jogadas do Vila Nova se desenrolarem sem dar o combate.

Vasco deve usar a cabeça contra o Vila Nova

Romulo e Daniel Amorim treinam
Contra o Vila Nova, Romulo deve seguir no time; Daniel Amorim de entrar no lugar do Cano (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Depois da polêmica – ah, esses eufemismos – arbitragem que nos eliminou na Copa do Brasil, Lisca assegurou que a derrota para o São Paulo seria o “início da arrancada da sua equipe no Brasileiro. Sua equipe venceu o jogo seguinte, contra o Vitória; mas como uma “arrancada” não se configura com uma única vitória, passar pelo Vila Nova hoje é necessário para que se possa dizer que o Vasco realmente começou a arrancar.

Tanto é que, se conquistarmos três pontos hoje, podemos terminar a rodada pela primeira vez entre os quatro primeiros na competição. Mas para isso será preciso vencer a equipe goiana e torcer por uma complexa combinação de resultados. Mas antes disso, é importante que o Vasco perca sua alergia ao G4 e faça seu dever de casa: vencer na Colina um adversário da parte debaixo da tabela.

Mas talvez não seja tão simples assim a tarefa. O Vila Nova está na 14ª colocação, mas três das suas quatro vitórias foram jogando fora de casa e contra adversários acima da sua classificação. A última delas, inclusive, foi sobre um time melhor colocado que o próprio Vasco: o Guarani, derrotado pelo colorado goianiense por um sonoro 4 a 1.

Então é importante que o Vasco saiba os perigos que o Vila Nova pode proporcionar. Para superá-los, Lisca deve manter o time que bateu o Vitória na última rodada, com apenas duas mudanças: a volta de Marquinos Gabriel – que havia sido poupado – e algum substituto para o Cano, suspenso pelo terceiro amarelo. Daniel Amorim, centroavante de origem, seria a escolha natural, o que nos daria um maior poder de fogo nas jogadas aéreas; mas corre por fora também a manutenção do Serrafiore no time. Autor do gol da vitória no Barradão, o argentino jogaria mais à frente.

Será a segunda partida do Lisca em São Januário pelo Brasileiro (o primeiro foi na já longínqua estreia do técnico com um 4 a 1 sobre o Bugre) e ele deve orientar sua equipe a propor o jogo. Precisaremos então ter eficiência ofensiva, sem abrir mão da cautela para evitar contra-ataques. Resumindo: jogue com o “Pirulito” no ataque ou não, o Vasco precisará usar a cabeça para vencer hoje.

Vasco X  Vila Nova

Vanderlei, Léo Matos, Miranda, Leandro Castan e Zeca; Romulo, Juninho e Marquinhos Gabriel; Léo Jabá, Morato e Daniel Amorim (Sarrafiore).

 Georgemy, Xandão, Rafael Donato e Renato Silveira; Mazetti, Dudu, Arthur Rezende, Renan Mota e Willian Formiga; Alesson e Henan.

Técnico: Lisca.

Técnico: Higo Magalhães.

Estádio: São Januário. Data: 10/08/2021. Horário: 21h. Arbitragem: Felipe Fernandes de Lima (MG). Assistentes: Ricardo Junio de Souza (MG) e Fernanda Nândrea Gomes Antunes (MG).

O canal Premiere transmite a partida para seus assinantes de todo o Brasil e também no sistema pay-per-view.