Athletico-PR 3 x 0 Amontoado de jogadores com a camisa do Vasco

Um dos poucos a se salvarem na péssima etapa inicial do Vasco, Juninho teve o reconhecimento de sempre: foi substituído no intervalo.
Um dos poucos a se salvarem na péssima etapa inicial do Vasco, Juninho teve o reconhecimento de sempre: foi substituído no intervalo (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Todos os resultados da rodada ajudaram e uma vitória significaria um salto de quatro posições na tabela. Ou seja, a possibilidade de terminar o ano fora do Z4 estava criada. A rodada estava tão boa que mesmo um empate serviria a esse propósito.

Mas todos os resultados podem ajudar o Vasco. Se o Vasco não se ajuda, de nada adianta. E na derrota de ontem para o Athletico-PR por 3 a 0, só vimos o Vasco ajudar os donos da casa. TODOS os gols do Furacão nasceram de erros individuais bisonhos.

Não que isso sirva para aliviar a barra do time. Porque quando se fala em erros individuais, pode-se pensar que se as falhas não acontecessem, o Vasco teria alguma chance. Não, não teria. Aliás, se não fossem as defesas do Fernando Miguel (que, vale lembrar, também falhou em dois gols), seríamos vítimas de mais uma goleada na Arena da Baixada.

E sim, nosso elenco é limitado e atravessa uma fase de insegurança que piora tudo. Mas esse não é o pior problema. Ruim mesmo é ver que o elenco, sob comando de Sá Pinto há já 15 partidas, ainda está longe de ser um time. Não há jogadas, não há coordenação entre os setores, não há nada que indique um trabalho para transformar o amontoado de jogadores que vai a campo em uma equipe.

Não só isso, as escalações e alterações feitas (ainda que fosse o Rui Motta no estádio, certamente sob orientações do Sá Pinto) indicam que a comissão técnica sequer sabe o que jogador X ou Y é capaz de fazer em campo. Só esse desconhecimento explica o tratamento dado ao Carlinhos, Marcos Jr e Vinícius, que recebem diversas oportunidades mesmo sem entregar algo que justifique as chances que têm. E, enquanto isso, o Juninho segue preterido e mesmo agora, quando tem sido escalado mais vezes, é sempre sacado do time, mesmo quando é um dos poucos que se salvam (exatamente como aconteceu ontem).

Poderíamos terminar esse terrível ano de 2020 com o pequeno alívio de ver nosso time fora do Z4, mas nem isso o Vasco pôde nos oferecer. E isso, em um jogo contra o time que, antes de marcar três vezes contra nós, tinha o segundo pior ataque do Brasileirão.

Termino repetindo o fim da resenha sobre o empate com o Flu: alguém aí pode dizer que vê alguma qualidade no time ou enxerga qualquer possibilidade do Sá Pinto nos levar a conquista de 17 pontos – ou um pouco menos, se dermos sorte – em 36 que faltam?

As atuações

Fernando Miguel – falhou no segundo gol, levou o terceiro em chute defensável e, ainda assim, foi o melhor do time com alguma folga.

Léo Matos – no segundo gol, criou raízes na área e manteve-se imóvel enquanto o atacante Carlos Eduardo passava pelas suas costas. No terceiro, foi driblado com extrema facilidade pelo mesmo Carlos Eduardo. Yago Pikachú entrou em seu lugar, como se tivesse alguma condição de melhorar a situação da lateral direito. E é lógico que não tinha.

Werley – não teve culpa de nada. A culpa é de quem escala um zagueiro no máximo mediano (pra ser bem gentil) e sem ritmo de jogo em uma partida como essa.

Leandro Castán – depois de um breve suspiro contra o Santos, voltou a ter uma atuação pra lá de irregular. Inseguro, mais uma vez errou várias saídas de bola.

Neto Borges – eficiente iniciando uma jogada de gol. Infelizmente, foi para o time adversário. No segundo gol, permitiu o chute que o Fernando Miguel acabou dando o rebote. Mas deve seguir como titular, já que criou-se o mito (desmentido pelos fatos a cada jogo) de que é uma opção melhor que o Henrique.

Andrey – falhou feio no primeiro gol, errou uma tonelada de passes – alguns bastante perigosos – e foi envolvido pelo toque de bola atleticano diversas vezes. A falta de confiança é clara e o rapaz nem tem mais idade para voltar ao sub-20. Saiu quando o jogo já estava 3 a 0 para dar lugar ao Tiago Reis, quando pouco poderia fazer pra mudar o panorama da partida. Ainda assim, conseguiu perder um gol feito.

Marcos Júnior – a moral que o rapaz tem com o português é inexplicável. Aí, no intervalo, Léo Gil entra em seu lugar e nos faz pensar que o treinador até pode ter suas razões: o argentino originou o lance do terceiro gol ao pisar na bola de forma bisonha. Além disso, errou muitos passes e em diversos momentos sequer dominar a bola conseguiu.

Juninho – era o único a ter um mínimo de lucidez, não apenas no meio de campo, mas no time inteiro. Resultado? Foi substituído no intervalo. O garoto deve ser a pessoa mais ansiosa da Terra para ver uma mudança no comando técnico do Vasco. Gustavo Torres entrou em seu lugar e podemos pinçar dois lances entre as suas pixotadas habituais: errou o passe que acabou gerando o segundo gol irregular do Cano e perdeu um gol claro de cabeça, no único cruzamento certo feito pelo Neto Borges.

Carlinhos – enquanto Juninho segue sendo preterido, Carlinhos segue sendo privilegiado com escalações e permanência por todos os 90 minutos dos jogos mesmo que não faça qualquer coisa de útil dentro de campo. Ontem, por exemplo, não criou, não marcou e não finalizou. Mas não foi substituído.

Vinícius – não é falta de esforço, não é falta de empenho, é falta de objetividade mesmo. O garoto corre, corre, corre….e é só isso mesmo. Tanto é que, mesmo não acertando quase nada, Talles Magno – que entrou no intervalo – não pode ser reserva do Vinícius.

Germán Cano – teve três chances, marcou duas (infelizmente, ambas em impedimento) e desperdiçou uma.

‘Feliz ano novo’ do Vasco pode comçar hoje, contra o Furacão

Ainda com Benitez, elenco posa para a foto de Natal no CT do Almirante. Pra torcida, o que importa é ter um presente hoje
Ainda com Benitez, elenco posa para a foto de Natal no CT do Almirante. Pra torcida, o que importa é ter um presente hoje, contra o Atl-PR (Foto: Carlos Gregório Jr./Vasco)

E apesar de mais um ano terrível para o Vasco dentro de campo, o time tem hoje a chance de terminar esse igualmente terrível 2020 oferecendo algum alento e esperança para a sua torcida. Para isso, basta vencer hoje o Athletico na Arena da Baixada e com isso, passar a virada do ano fora do Z4.

Esse “basta” aí de cima, claro, com muitas aspas. Não apenas porque o Furacão tem uma campanha melhor – ligeiramente – que a nossa ou porque também esteja motivada pela vitória na última rodada, fora de casa, contra o Red Bull Bragantino. E nem vou lembrar o péssimo retrospecto que o Vasco tem no estádio, onde não vence desde 2007 e que costuma ser palco de derrotas terríveis para nós.

As aspas têm muito mais a ver com os problemas do próprio Vasco. A vitória sobre o Santos serviu para aliviar um pouco a situação na tabela, mas em termos de evolução do time, mostrou muito pouco. Com Benítez definitivamente fora da equipe, as voltas de Neto Borges, Léo Gil e do Talles Magno não chegam a empolgar, porque pelo menos dois deles não chegaram a fazer falta na última rodada (dando um desconto para o Talles, que indiscutivelmente é mais útil que o Vinícius). Contra um adversário cujo único objetivo, como nós, é escapar da degola, o Vasco precisará mostrar mais serviço do que mostrou contra a equipe santista.

Isso passa por Sá Pinto – que, suspenso, não comanda a equipe à beira do campo – acertar a escalação hoje, coisa que não chega a ser um ponto positivo no seu histórico na Colina. Os desfalques na rodada passada obrigaram o portuga a mudar seu 3-4-3 para um 4-3-3 com a bola, adiantando um pouco o Carlinhos. O problema é o risco do treinador voltar a jogar com três zagueiro ou escalar Talles e Vinícius junto com Cano no ataque, tirando o Juninho do time e deixando o Carlinhos como único armador do time. Essa última formação só pode trazer um resultado: um meio de campo que perde tanto em criação como na ocupação dos espaços e no combate.

Se Sá Pinto não vê as coisas dessa forma, que ele encontre uma forma do Vasco ter um mínimo de eficiência ofensiva e que não abra completamente a mão de ter a posse de bola, como fez em São Januário no último domingo. Não podemos deixar apenas o Furacão propor o jogo, até porque erramos tanto nos contra-ataques que ter apenas essa arma na partida é uma tática suicida. Nosso treinador não pode esquecer que, se estamos a uma vitória de um possível salto de quatro colocações na tabela, também estamos a uma derrota de ver os concorrentes voltarem a abrir distância. Que ele – e Rui Mota, seu substituto hoje – saibam o que fazer para tornar o fim de ano dos vascaínos um pouco mais feliz.

Athletico-PR X Vasco

Santos, Khellven, Pedro Henrique (Zé Ivaldo), Thiago Heleno e Abner; Richard, Christian, Léo Cittadini e Nikão; Carlos Eduardo e Renato Kayzer.

Fernando Miguel; Léo Matos, Marcelo Alves, Leandro Castan e Neto Borges; Marcos Júnior, Leonardo Gil, Juninho (Vinícius) e Carlinhos; Talles Magno e Germán Cano.

Técnico: Paulo Autuori.

Técnico: Rui Mota (interino).

Estádio: Arena da Baixada. Data: 27/12/2020. Horário: 18h15. Árbitro: Jean Pierre Goncalves Lima (RS). Assistentes: Leirson Peng Martins (RS) e Lucio Beiersdorf Flor (RS). VAR: Jose Claudio Rocha Filho (SP).

A partida será transmitida apenas pela internet, no sistema pay-per-view em Internet Pay-per-view: torcidavisitante.com e Canal Casimito na Twitch.tv

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Aviso aos 'jênios': o problema não é a Benítez sair, e sim, quem ficará no seu lugar
Aviso aos ‘jênios‘: o problema não é a Benítez sair, e sim, quem ficará no seu lugar

A saída do Benítez foi mais uma oportunidade para que os torcedores que povoam os grupos e comunidades sobre o Vasco nas redes sociais mostrassem a dificuldade que têm para entender fatos de compreensão muito simples.

Várias são as postagens com “não sabe nada” sobre o Vasco ou sobre futebol, cobrando “o que ele fez pelo clube”, usando isso como argumento para criticar quem lamenta a saída do argentino do clube.

Uma coisa é ter uma noção realística das capacidades do Benítez e achar que R$ 20 milhões é muita coisa por 60% dos seus direitos. Com isso, até eu concordo. Agora, saber que o investimento no gringo, com esses números, não é tão vantajoso para o clube não impede ninguém de, com um mínimo de bom-senso, lamentar a saída do Benítez.

Não se trata de achar o cara um craque, de considerá-lo um ídolo ou merecedor de entrar para a história do clube. Se trata de lembrar que o elenco atual do Vasco é extremamente fraco e que não possuí ninguém que possa substituir o Benítez com o seu nível, por mais irregular que ele seja.

Falar “o Benítez não fez nada pelo Vasco” não fará com que o Carlinhos seja tão útil ao time quanto foi o hermano. E chamar quem entende um fato tão claro de torcedor “nutella” ou “modinha” não torna ninguém um analista de futebol genial. Apenas evidencia problemas cognitivos graves.

E eu tenho certeza: os mesmos que diminuem os feitos do gringo hoje, serão os mesmos que vão reclamar muito caso o Benítez fique no Brasil faça pelo menos metade do que fez o Conca fora do Vasco.

Vasco vence, mas não convence

Fernando Miguel praticando um dos seus milagres na partida de ontem: o goleiro garantiu os três pontos com sua atuação contra o Santos
Fernando Miguel praticando um dos seus milagres: o goleiro garantiu os três pontos com sua atuação contra o Santos (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Legal, com o 1 a 0 sobre o Santos, o Vasco voltou a ganhar uma partida depois de sei lá quanto tempo, que era um tempo ainda maior sem vitórias em São Januário e ficamos mais próximos de deixar o Z4.

Com tudo isso, ficar feliz com o resultado do jogo é normal. Já ficar feliz com o jogo em si fica mais complicado.

Sei que não podemos mais nos dar ao luxo de exigir boas atuações. Com o Brasileiro chegando na sua reta final e ainda entre os quatro últimos colocados, o que importa é ganhar e somar pontos. Se o Vasco tem atuações terríveis e conseguir as vitórias, ótimo.

O problema é crer que o Vasco, abrindo mão da posse de bola e se segurando como pode durante todo o jogo, vá conseguir vencer sempre. Ontem, um Santos cheio de desfalques e numa atuação claramente bem abaixo das suas possibilidades, teve 65% de posse de bola e finalizou quase 5 vezes mais que nós. Por essas e outras que, mesmo que o gol tenha sido feito pelo Carlinhos, não dá pra negar que o jogador que realmente garantiu os três pontos para o Vasco foi o Barba.

Vencemos, mas como falei no post anterior, devemos a vitória mais à decisão do técnico santista em poupar parte do seu elenco que às mudanças que Sá Pinto fez em sua equipe. O portuga até mudou o esquema, surpreendeu escalando Juninho como titular e inovou adiantando o Carlinhos, onde acabou fazendo sua melhor partida pelo Vasco. Mas antes da metade do segundo tempo, o técnico vascaíno retrocedeu em suas mudanças, voltou com os três zagueiros e se agarrou à diferença mínima do placar com unhas e dentes, numa tática pra lá de arriscada. E que dificilmente daria certo contra um Santos em um dia melhor.

Seja como for, neste momento, só estamos no Z4 por conta dos critérios de desempate. Sá Pinto terá mais uma semana cheia de treinos antes do último jogo do ano, o confronto direto contra o Furacão. Esse é o tempo que o técnico terá para fazer os vários ajustes que seu time precisa para terminar este terrível 2020 com boas notícias para o torcedor: começar o ano novo fora da zona de degola.

As atuações

Fernando Miguel – mesmo com a vitória, o Barba foi o jogador mais importante da partida (na minha modesta opinião, claro). Fez pelo menos duas grandes defesas que mantiveram nosso lado do placar zerado, garantindo assim os três pontos.

Léo Matos – esteve afoito por boa parte da partida, mas foi útil defensivamente e acertou o cruzamento que originou o gol do Vasco.

Jadson – não ter cometido nenhum penal já seria de bom tamanho, mas o zagueiro não chegou a comprometer.

Leandro Castan – a melhor atuação do zagueiro em um bom tempo. Ele só precisaria não cometer erros grosseiros para isso, mas Castan ainda foi bem no combate direto e nas antecipações.

Henrique – o de sempre: útil na defesa, o contrário no apoio.

Andrey – cometeu algumas faltas que poderiam nos trazer riscos, mas não chegou a comprometer defensivamente. Ajudou pouco na criação, e quando apareceu mais a frente, tomou decisões equivocadas.

Marcos Júnior – teve trabalho no combate pelo meio de campo, mas conseguiu ajudar na saída de bola. Bruno Gomes entrou em seu lugar

Juninho – finalmente titular (ainda que tendo a chance por conta dos vários desfalques), o garoto acabou oscilando. Mostrou habilidade em alguns lances, e inexperiência em outros. Em um jogada teve a chance de marcar um golaço, mas preferiu tentar o passe. Deu lugar ao Marcelo Alves quando Sá Pinto resolveu de vez segurar o placar.

Carlinhos – jogando mais avançado, atuou numa área menor do campo e acabou fazendo menos besteiras. E com isso, foi um dos destaques do time, criando algumas das poucas jogadas ofensivas que tivemos e marcando o gol da vitória. Yago Pikachu o substituiu e teve uma atuação digna de um ex-jogador em atividade. Errou quase tudo o que tentou.

Vinícius – tem habilidade e velocidade. Mas tem o dom de sempre escolher a opção errada na hora de definir as jogadas. Gustavo Torres entrou em seu lugar e foi visto com mais frequência ajudando a defesa que indo ao ataque.

Cano – com o Vasco se desfazendo da bola durante praticamente todo o jogo, o argentino só conseguia participar saindo da área e recuando para buscar a bola. Armou alguns contra-ataques dessa forma, inclusive o que originou o gol vascaíno. Saiu no fim da partida para Tiago Reis entrar. E, nos pouco mais de 10 minutos nos quais esteve em campo, conseguiu desperdiçar uma boa chance de cara para o goleiro.

Vasco precisa de fé em Deus e no Santos (que o Cuca vai escalar)

Benítez vira dúvida e é um dos muitos problemas do Vasco na partida contra o Santos
Benítez vira dúvida e é um dos muitos problemas do Vasco na partida contra o Santos (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Hoje o Vasco recebe o Santos em São Januário, em uma partida que, para nós, é de óbvia importância. E começo este post pré-jogo fazendo uma pergunta sobre o confronto:

Para muitos, a resposta parece óbvia, e realmente é: com vários desfalques e jogadores desgastados (depois de eliminar o Grêmio pela Libertadores), Cuca deve escalar um time misto para enfrentar o Vasco. E essa deve ser a decisão mais relevante que um dos técnicos tomará na partida de hoje.

Isso porque é mais fácil – ou menos difícil – crer em uma vitória do Vasco porque o Santos jogará desfigurado que acreditar que o Ricardo Sá Pinto trará algo de novo que mude as perspectivas da sua equipe.

E falo isso mesmo contando com os desfalques que o Vasco terá hoje. Não contar com Neto Borges, Leo Gil e Talles, pelo o que os três têm apresentado, nem seria o fim do mundo. Mesmo no nosso elenco pra lá de precário, não podemos dizer que não haja substitutos que mantenham o nível do trio. Mas ai entra o “fator lusitano”: ao se agarrar às suas convicções, Sá Pinto escolhe mal os substitutos e parece incapaz de pensar em alternativas táticas que ajudem a compensar os desfalques.

Explicando: ainda que Henrique e Andrey tenham plenas condições de, pelo menos, manter o nível dos titulares suspensos, as opções para o Talles são realmente terríveis. Ainda assim, dificilmente o portuga abrirá mão do seu esquema com três atacantes e seremos obrigados ao suplício de ver Torres, Vinícius ou mesmo o Ribamar em campo. Ainda que, contra o Santos, até fosse mais interessante ter um meio de campo reforçar a ter um trio de frente com atacantes que não acertam nada (com exceção do Cano, claro).

E, pra piorar tudo, existe uma grande possibilidade do Benítez não jogar hoje. Esse fato, sozinho, seria uma catástrofe; mas quando sabemos que Sá Pinto deve optar por Carlinhos como seu substituto, temos a certeza que o desfalque do argentino está mais para uma hecatombe.

Ainda assim, o que resta para a torcida além de acreditar? Sabemos que os três pontos de hoje são mais que importantes, são desesperadamente necessários. Então, ainda que parte da nossa fé tenha que ser direcionada para o Santos (o time) e a escalação que o Cuca colocará em campo, é importante que os vascaínos mantenham a esperança na vitória. Ainda que para isso precisemos de alguma ajuda divina.

Vasco X Santos

Fernando Miguel; Léo Matos, Leandro Castan, Jadson (Marcelo Alves) e Henrique; Marcos Júnior, Andrey e Carlinhos (Juninho ou Benítez); Gustavo Torres, Cano e Vinícius (Ribamar).

 John, Pará (Madson), Lucas Veríssimo, Laércio (Luiz Felipe ou Alex) e Felipe Jonatan (Wagner Leonardo); Alison, Diego Pituca e Sandry; Lucas Braga, Jean Mota (Soteldo) e Kaio Jorge.

Técnico: Ricardo Sá Pinto.

Técnico: Cuca.

Estádio: São Januário. Data: 19/12/2020. Horário: 16h. Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (MG). Assistentes: Alessandro Alvaro Rocha de Matos e Guilherme Dias Camilo (MG). VAR: Igor Junio Benevenuto de Oliveira (MG)

A Rede Globo transmite para todo o Brasil (exceto MG, SC, MT, MS). O Canal Premiere transmite para seus assinantes de todo o Brasil e no sistema Pay-per-view.

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Há 10 anos o Blog da Fuzarca lembrava a Mercosul 2000
Há 10 anos o Blog da Fuzarca lembrava a Mercosul 2000

E enquanto o Vasco pena em mais um Brasileirão cujo único objetivo acabará por ser outra fuga do descenso, um feito de um tempo no qual o Gigante fazia juz ao seu apelido completa 20 anos: a conquista da Copa Mercosul de 2000, na final que ficou pra história – com toda justiça – como “a maior virada de todos os tempos”.

Para lembrar aquele antológico Palmeiras 3 x 4 Vasco, um flashback: o post que fiz para celebrar os 10 anos do título, quando o Blog da Fuzarca ainda estava no Globoesporte.com. Ignorem a imagem do Bruno Maia (que antes de ser VP de Marketing da atual gestão, assumiu o espaço após o GE me defenestrar do portal) e relembrem não apenas uma crônica da década passada, mas também um Vasco que volta e meia provava que o impossível não existe para quem tem a cruz de malta no peito.

Germán evita que o Vasco entre pelo Cano (de novo)

Sempre ele: Cano marca de novo e evita a derrota para o Flu
Sempre ele: Cano marca de novo e evita a derrota para o Flu (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

O título deste post também poderia ser “Só o Cano Salva” ou qualquer outro trocadilho com o nome do artilheiro argentino. O que tem sido uma regra nesta temporada: mais uma vez Germán Cano evita uma derrota do Vasco, marcando no fim e garantindo o empate em 1 a 1 com o Fluminense.

E é difícil encontrar qualquer outro ponto positivo a se destacar no clássico de ontem. O Vasco de Sá Pinto segue sendo um time sem pontos altos. Aliás, é complicado até chamar o amontoado de jogadores que o português tem colocado em campo de “time”. Para ser uma equipe, é preciso ter alguma organização e conjunto, qualidades que o Vasco hoje não tem. Fora o talento individual do Cano e lampejos de um e outro, o “time” não produz nada.

Depois de um primeiro tempo com falhas na defesa e erros no ataque, fomos para o intervalo em desvantagem no placar por conta de mais um lance com erros coletivos inaceitáveis. Como Sá Pinto não mexeu no time, o segundo tempo começou como na etapa inicial, o que só começou a mudar quando os tricolores recuaram, por volta dos 20 minutos. E o que ficou bem evidente é que nem um viciado em gols como o Cano teria conseguido marcar se o Fluminense não tivesse praticamente abdicado de buscar ampliar sua vantagem e buscado segurar sua pequena vantagem por um tempo longo demais.

Quem acompanha o blog há mais tempo sabe que sou contra a troca de técnicos, a não ser que seja o último recurso. Inclusive acho que uma troca de comando agora é quase um decreto para o descenso. Mas juro que tento ver qualquer outro motivo além desse para a manutenção do Sá Pinto no cargo e não consigo encontrar. Este foi o 13º jogo sob comando do português e o Vasco não melhora em nada. Pelo contrário, parece se tornar cada vez mais desorganizado. Isso sem falar nas suas escolhas na escalação, que além de não renderem, são elogiadas pelo próprio ao fim de cada partida. O que mostra um questionável senso de entendimento do jogo.

Alguém aí pode dizer que vê alguma qualidade no time além da voracidade do Cano em marcar gols (algo que nada tem a ver com o trabalho do técnico)? Ou enxerga qualquer possibilidade do Sá Pinto nos levar a conquista de 21 pontos – ou um pouco menos, se dermos sorte – em 42 que faltam?

O gol do Cano nos livrou da derrota ontem. Mas também deu uma sobrevida ao trabalho do treinador no Vasco. O tempo dirá se este empate realmente valeu a pena.

As atuações

Fernando Miguel – sem culpa no gol, correspondeu quando foi exigido no primeiro tempo. No segundo, só precisou fazer uma grande defesa em um lance irregular do Flu. No resto da etapa, pouco precisou fazer.

Léo Matos – mesmo travando um duelo com o questionável Egídio, não conseguiu se destacar no apoio e, defensivamente, não evitou que o lateral tricolor cruzasse para nossa área a bola que originou o gol do adversário. Deu um bom passe para Talles Magno finalizar de frente pro gol.

Jadson – irregular, tomou um amarelo logo no começo da partida. Não chegou no Wellington Silva no lance do gol

Leandro Castan – mais uma marca para sua péssima fase: um corte de bola que acabou se tornando uma assistência para o gol adversário.

Neto Borges – uma grande jogada no primeiro tempo, passando por dois, invadindo a área e…finalizando mal (duas vezes, já que chutou também no rebote do goleiro). Se machucou no início do segundo tempo e deu lugar ao Henrique, que entrou quando o Flu já estava tentanto cozinhar o jogo e não teve problemas defensivos. No apoio apareceu pouco, como sempre. E quando foi, protagonizou cruzamentos constrangedores.

Marcos Junior – foi um dos que observaram a entrada do Wellington Silva na nossa área para marcar o gol sem fazer nada. No resto do jogo, marcou com afobação e foi uma nulidade na criação. Carlinhos entrou em seu lugar e mais uma vez não justificou sua contratação. Só apareceu desperdiçando uma chance clara cabeceando pra fora.

Leo Gil – errou muitos passes na saída de bola e em alguns momentos parece não estar 100% condicionado fisicamente. Mas compensou tudo isso marcando com disposição e, principalmente, acertando o passe para o gol do Cano.

Benítez – complicado falar mal do único cara lúcido do meio de campo, mas foi mais um a ter uma atuação irregular. Apareceu mais no primeiro tempo, quando criou algumas jogadas mas mostrou suas deficiências como finalizador. No segundo tempo, justo quando o Vasco teve mais oportunidades, apareceu pouco e erru alguns passes decisivos.

Torres – mais uma partida sem nada a acrescentar do atacante, que corre acelerado para o título de contratação mais equivocada de jogador estrangeiro já feita pelo Vasco. E olha que ele concorre com caras como o zagueiro Erazo, o lateral Cobi Jones e o goleiro Tadic. Talles Magno o substituiu e, mesmo que ainda esteja longe da melhor fase, é um atleta que podemos chamar de “jogador de futebol”. Teve duas grandes chances, uma em chute de fora da área que carimbou o travessão e outra, perdendo um gol feito depois de bom passe do Léo Matos.

Vinícius – rei das decisões equivocadas, nas raras vezes em que fez uma boa jogada a desperdiçou em seguida com um passe errado ou finalização ruim. Deu lugar ao Ribamar, que merece elogios por ter sido uma figura completamente apagada na partida: dessa forma, não perdeu nenhum gol feito, uma espécie de assinatura na sua carreira.

Cano – a eficiência do gringo para marcar gols é uma força da natureza. Em duas finalizações – a primeira, ruim, foi no primeiro tempo – evitou mais uma derrota vascaína marcando o seu 21o gol no ano em um time que, para ser bem gentil, não é muito colaborativo para um centroavante.

Fluminense: o adversário ideal para o Vasco sair da crise

Sá Pinto dá satisfação a membros de organizadas: técnico corre o risco de ser demitido caso o Vasco perca o clássico de hoje
Sá Pinto dá satisfação a membros de organizadas: técnico corre o risco de ser demitido caso o Vasco perca o clássico de hoje (Foto: reprodução)

Sejamos curto e grossos? Se o Vasco não vencer o clássico de hoje contra o Fluminense, não vence mais nada nesse campeonato. Essa não é uma convicção surgida da minha cabeça. É o destino, como todo torcedor vascaíno sabe. Por mais que os tricoletes estejam em melhor fase, a freguesia tricolor acabará falando mais alto e eles não deixarão de passar seu cartão de cliente preferência top master neste domingo.

Alguns fatores para crer nisso? Primeiro, as estatísticas. Pro Fluzim conquistar três pontos hoje, precisaria quebrar um impensável número de tabus de uma só vez: os caras nunca – veja bem, NUNCA – nos venceram nos dois turnos desde que o Brasileiro passou pros pontos corridos (mais de 17 anos), não embalam uma sequência de três vitórias sobre nós desde 1989 (31 anos) e, ainda mais antigo, a última vez que São Januário presenciou uma derrota vascaína para o Florminense foi 1973, quando tanto o Sá Pinto como o Marcão, tinham apenas UM ANO de idade.

Agora, falando (um pouco mais) sério e deixando (um pouco) de lado as superstições, o momento para o Vasco iniciar uma saída do buraco em que se enfiou é agora. E isso não tem nada a ver com o nosso adversário, mas apenas com a nossa situação. Com uma derrota, dificilmente Sá Pinto será mantido no cargo e uma troca de comando técnico a essa altura do campeonato será um encaminhamento sério para um novo descenso. Já uma vitória em clássico, contra um Flu bem melhor colocado e em uma rodada na qual alguns resultados nos foram favoráveis pode trazer a mudança de clima necessária para o time começar a se recuperar.

Para isso, contamos MUITO com a volta da dupla Cano-Benítez. Nossa crise seria bem menor, por exemplo, se os dois gringos estivessem na eliminação na Sul-Americana: Cano marcaria pelo menos dois ou três dos vários gols perdidos pelo “ataque” naquela partida. Com os dois em campo (jogando o que sabem, claro), o Vasco passa de um amontoado medíocre de jogadores para algo que se parece um time e que, sim, pode ter bons resultados contra adversários mais complicados. Também vale citar o duelo que Leo Matos travará com o Egídio: o lado direito do nosso ataque tem grandes possibilidades de ser o melhor caminho para a vitória.

Sendo assim, nossos rivais do Laranjal são o adversário perfeito para iniciar uma reação no Brasileiro. Uma vitória nos dará muita moral por ser um clássico e por ser um adversário melhor colocado na tabela. E, todos sabemos, vencer o Fluminense não chega a ser uma tarefa das mais complicadas, mesmo que estejamos em péssima fase e eles bem. É confiar na freguesia, na nossa dupla portenha e esperar os três pontos. Nem que seja com um suado 1 a 0 (com gol do Cano, claro).

Vasco X Fluminense

Fernando Miguel, Léo Matos, Jadson (Marcelo Alves), Castan e Neto Borges; Léo Gil, Andrey (Marcos Júnior) e Benítez; Talles (Vinícius), Torres e Cano.

Marcos Felipe (Muriel), Igor Julião, Nino, Luccas Claro e Egídio; Yuri (André), Hudson e Nenê; Michel Araujo, Wellington Silva e Marcos Paulo.

Técnico: Ricardo Sá Pinto.

Técnico: Marcão.

Estádio: São Januário. Data: 13/12/2020. Horário: 20h30. Árbitro:Rodolpho Toski Marques (PR). Assistentes: Bruno Boschilia (PR) e Sidmar dos Santos Meurer (PR). VAR: Braulio da Silva Machado (SC).

O SporTV transmite para seus assinantes de todo  o Brasil (exceto RJ). O Canal Premiere transmite para seus assinantes de todo o Brasil e no sistema Pay-per-view.

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Eu não tinha ouvido as “reivindicações” feitas ao time e ao treinador por membros de torcidas organizadas no dia da invasão do CT do Almirante. Ao ver o vídeo, minha opinião sobre esse tipo de atitude foi reforçada: é um equívoco completo.

O dia que me mostrarem provas de que pressionar e intimidar jogadores faz com que eles joguem mais futebol do que sabem/podem, talvez eu apoie as invasões. Enquanto essa prova não aparece, sigo definindo o gesto como ele realmente é: algo que deve satisfazer o ego de brutamontes, mas que não ajuda o clube em nada. E nem teria como ajudar, já que os sujeitos que foram lá “cobrar” Sá Pinto e os jogadores mal falar sabiam.

A invasão também serviu para, mais uma vez, evidenciar a incompetência da diretoria. Gente não autorizada tem acesso à áreas privadas do clube, ameaçam o elenco e a comissão técnica, a própria diretoria divulga uma nota oficial chamando o ato de “invasão” e “ilegal” e o resultado, pelo menos até agora, foi apenas esse, uma nota oficial. Ninguém foi demitido, ninguém foi preso na hora ou depois (ainda que se veja claramente quem foram os invasores) e ficou tudo por isso mesmo.

Por sorte, em pouco mais de um mês esta gestão golpista que por ora comanda o Vasco acabará.

Vasco é goleado mais uma vez e Sá Pinto é premiado com a paciência da diretoria

Ilha de qualidade no meio-campo, Benitez não foi capaz de fazer o time ameaçar o Grêmio
Ilha de qualidade no meio-campo, Benitez não foi capaz de fazer o Vasco ameaçar o Grêmio (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Assim que o Grêmio marcou seu terceiro gol sobre o Vasco – na partida de ontem que terminou 4 a 0 para os donos da casa – confesso que parei de prestar atenção no jogo. Não que estivesse faltando emoção (e não teria como, já que todo ataque do tricolor gaúcho poderia acabar nas redes vascaínas), mas porque todo vascaíno está cansado de saber como terminam duelos desse tipo: um Vasco trôpego contra um adversário bem mais qualificado sempre acaba em goleada. Ano após ano, há – literalmente – décadas, temos visto esse triste espetáculo

Por isso a revolta da torcida pelo Twitter, minha segunda tela em dias de Vasco na TV, estava mais interessante que a partida. Minha timeline virou um grande fórum sobre o time: xingamentos, previsões e sugestões vinham de todos os lados e, vale dizer, os tuiteiros tinham mais ideias para apresentar que a equipe do Sá Pinto. Por isso, a vontade de falar sobre mais uma goleada sofrida pelo time é tão grande quanto a capacidade do Ribamar em marcar gols.

E como é preferível falar das consequências do micão que passamos na Arena do Grêmio que do jogo em si, esperei até às 16h40 para publicar esse post, aguardando notícias sobre o futuro do comandante lusitano. Mas pelo visto, Campello suportará a pressão pela demissão do Sá Pinto e manterá o portuga no cargo. Diferente do que disse ao demitir o Ramon Menezes: “Qual seria o momento de fazer a troca? Quando entrar na zona do rebaixamento? Quando a vaca for para o brejo?

E olha que agora o brejo está 10 rodadas mais perto do que estava quando o “Ramonismo” foi enterrado….

As atuações

Fernando Miguel – como o 4 a 0 foi pouco, podemos dizer inclusive que o Barba deu sorte, sua maior qualidade como goleiro. Mas ele também fez algumas boas defesas e ajudou a evitar uma goleada histórica.

Miranda – o zagueiro errado na posição errada e na hora errada. Com o Léo Matos praticamente nulo na marcação, se viu o jogo inteiro sozinho contra o Pepê, muito mais rápido e com habilidade de sobra para passar como quis pelo Miranda quando quis. Também foi muito mal nas bolas alçadas à área. Teria de positivo ter tirado um gol em cima da linha no segundo tempo, mas compensou marcando o penal que rendeu o quarto gol ao Grêmio.

Marcelo Alves – ontem não conseguiu ir bem nem nas bolas altas, um dos seus pontos fortes. Ainda assim, sua saída para a entrada do Ribamar, não foi das mais justas. Se era necessário manter três zagueiros, o português não deveria tirar o que se saiu melhor. Sobre o Ribamar, nem precisamos falar, né?

Leandro Castan – está definitivamente tomado pela insegurança e parece que, neste esquema com três zagueiros do Sá Pinto, não vai render nunca. Ontem errou até em recuos pro goleiro e acabou nem voltando do intervalo. Ricardo Graça herdou os problemas que Castan teve com o Ferreirinha, mas apesar das dificuldades – e do Vasco ter sofrido mais dois gols na etapa final – foi um pouco melhor que seu titular.

Léo Matos – muito preocupado com o apoio, onde fez muito pouco de efetivo, e desligado demais na marcação.

Marcos Júnior – corre atrás da bola, faz faltas, mas volta e meia foi envolvido pelo toque de bola gremista. Juninho entrou no intervalo e parece que o Sá Pinto escolheu a dedo um jogo no qual o garoto pouco poderia ajudar para lhe dar mais tempo em campo. Com ele, o meio passou a ter mais presença ofensiva, mas ficou mais vulnerável aos contra-ataques.

Leo Gil – já chamaram o gringo de “novo Desábato”. O problema é que o encanto com o Gil parece que vai acabar antes. É voluntarioso, até tem boas ideias, mas erra muitos passes.

Benítez – uma andorina não faz verão. E um meia sozinho no meio não faz um time se impor.

Neto Borges – nada de útil no apoio, pouca presença defensiva.

Talles Magno – até se esforçou e tentou criar alguma coisa, mas foi presa fácil pra zaga tricolor. Tiago Reis entrou com o jogo decidido e sem tempo para fazer qualquer coisa.

Gustavo Torres – é um caso raríssimo de ser humano com um número de QI menor que o número da chuteira que calça. Deu lugar ao Carlinhos, que se não tivesse entrado e deixasse o time com 10, poderia ter sido mais útil.

Grêmio x Vasco: dia de redenção ou demissão?

Sá Pinto se desespera na eliminação do Vasco na Sula: partida contra o Grêmio também promete fortes emoções ao técnico
Sá Pinto se desespera na eliminação do Vasco na Sula: partida contra o Grêmio também promete fortes emoções ao técnico (Foto: Conmebol)

Que Sá Pinto não se engane: mesmo que encarar o Grêmio – nosso adversário de hoje – fora de casa seja complicado, estejamos nós em uma boa fase ou não, o técnico português dificilmente voltará de Porto Alegre empregado em caso de uma derrota. Ainda que o atual presidente tenha falado que “não cede à pressões (exatamente o que aconteceu no caso do Ramon Menzes), se sofrermos uma goleada então, a demissão será uma certeza.

E isso não acontecerá apenas porque o desempenho do time com o lusitano tem sido terrível, mas também porque Alexandre Campello, ainda que nos últimos suspiros do seu mandato, não deixaria de “jogar pra torcida” e fazer o que todo presidente de clube padrão (e sem ideias) faz quando seu time entra em crise. Algo que o próprio já fez antes, e há poucos meses.

Para azar do Sá Pinto, seu emprego pode estar na dependência de fazer pontos contra um time que não perde há 15 jogos (oito pelo Brasileirão). Sua última derrota em casa foi há mais de três meses e há mais de dois o tricolor gaúcho não perde sequer um ponto na sua Arena pelo Brasileiro.

Ou seja…se o que Sá Pinto precisa é promover a “redenção” do seu time, ele deu o azar de pegar um dos piores oponentes no pior momento possível.

Isso porque sabemos que o treinador não mudará seu esquema e seguirá abraçado ao seu modo reativo de jogar. Ok, essa opção deu certo contra o São Paulo – numa partida que poderíamos ter vencido – e pode dar certo hoje. A diferença crucial, é aí que entra o “pior momento possível” é que Sá Pinto não contará com Germán Cano, ainda se recuperando da covid. E todos nós sabemos do que é capaz um ataque sem Cano e com Talles e Ribamar. Ou melhor, do que NÃO é capaz esse ataque.

Dificilmente teremos uma atuação tão horrenda quanto as duas últimas (contra o Ceará, pelo Brasileiro, e contra o Defensa y Justicia pela Sula) e pode ser que, jogando com mais atenção e disposição na defesa, consigamos não sofrer gols. Mas é aí que reside o problema: fomos eliminados da Sul-Americana, em casa, jogando por um 0 a 0 contra um adversário muitas vezes mais limitado que o Grêmio. Sá Pinto pode voltar com Ricardo Graça e Leo Mattos e dar uma chance ao Bruno Gomes (não, ao Juninho, nunca). É torcer para que essas mudanças sejam o bastante para que o Vasco não repita os vacilos cometidos nos últimos jogos.

Mesmo sabendo que um ponto não será o bastante para nos tirar do Z4 nesta rodada (e é bom dar uma torcida pro São Paulo bater o Sport hoje), é impossível negar que um empatezinho é um resultado que não poderemos lamentar. Mas adianta pouco: mesmo com um jogo a menos que o restante dos times, já há um pelotão se distanciando do Z4 e que pode ficar ainda mais longe ao fim dessa rodada. Por isso a fé numa improvável vitória vascaína hoje, que provavelmente nos faria subir uma posição, deve estar viva nos corações da torcida. Porque todo torcedor do Vasco sabe que começar uma redenção no Brasileiro hoje é muito mais importante que as cobranças por uma mudança no comando do time.

Grêmio X Vasco

Paulo Victor; Victor Ferraz, Geromel, David Braz e Diogo Barbosa; Matheus Henrique, Maicon, Luiz Fernando (Ferreira), Pinares (Isaque) e Pepê; Diego Souza.

Fernando Miguel; Miranda (Ricardo Graça), Marcelo Alves e Leandro Castan; Léo Matos, Bruno Gomes (Marcos Júnior), Léo Gil, Benítez e Neto Borges; Talles Magno e Ribamar (Tiago Reis).

Técnico: Renato Gaúcho.

Técnico: Ricardo Sá Pinto.

Estádio: Arena do Grêmio. Data: 06/12/2020. Horário: 16h. Arbitragem: Raphael Claus (SP). Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis (SP) e Alex Ang Ribeiro (SP). VAR: Marcio Henrique de Gois (SP).

A Rede Globo transmite a partida para RJ, RS, PR, SC, ES, AP, RR, AC, RO, AM, PA, MA, PI, RN, PB, BA, TO, GO, DF e Juiz de Fora-MG. O SporTV transmite para seus assinantes de todo o Brasil (exceto RS). O Canal Premiere transmite para todo Brasil no sistema pay-per-view.

Eliminação indefensável e justa: Vasco perde e está fora da Sula

Ribamar se prepara para finalizar e perder a primeira chance claríssima da noite
Ribamar se prepara para finalizar e perder a primeira chance claríssima da noite (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Parece que eu estava adivinhando.

Infelizmente, o que falei no post de ontem (“ficar com o nosso lado do placar zerado é a maneira mais plausível de classificação. É isso ou contar que o time, sem o Cano, marque gols”) se tornou realidade. Sofremos um gol, não tivemos competência para marcar unzinho sequer e, mesmo jogando em casa, fomos eliminados pelo Defensa y Justicia.

E não foi por falta de oportunidade. Também estava no post de ontem: “talvez a presença do Benítez torne as coisas mais fáceis para o nosso ataque, mas aí precisamos torcer também para que a bola não atrapalhe o Ribamar”. Aos 11 minutos do primeiro tempo, Benitez acertou um excelente passe para o centroavante invadir a área e concluir na cara do gol.

Ribamar chutou pra fora.

Esse foi apenas o primeiro de muitos lances que serviram como prova de quanto o Cano faz falta ao time e como nossos outros atacantes estão em um nível inaceitável para uma competição de alto nível.

Ah, mas fomos eliminados porque sofremos gols. Se fosse 0 a 0 estaríamos classificados”. Sim. E, apesar de termos tido outra apresentação muito fraca, o time argentino dificilmente marcaria um gol, até porque também é uma equipe bastante limitada.

Mas aí veio a desatenção da defesa, um corte mal feito, uma sobra de bola depois de bater no travessão e uma cochilada generalizada dos nossos jogadores. Foram tantos deslizes em um lance que nem mesmo um adversário fraco como o Defensa y Justicia poderia desperdiçar.

Ainda assim, é impossível crucificar a defesa, que falhou no gol argentino, mas essa foi sua única falha grave. Já o ataque….Era um jogo para vencermos, até com uma certa facilidade. Aliás, faz tempo que o Vasco não cria tantas chances claras – ou mesmo claríssimas – de gol. Com Cano em campo, poderíamos até golear. Com Ribamar e Torres, fomos eliminados.

E vale falar também do técnico. Sá Pinto mostrou irritação ao ser questionado pela demorar em mexer no seu time. Mas como discordar disso, sabendo que o Vasco – que já não tinha jogado bem o primeiro tempo – sofreu o gol aos 11 minutos da etapa final e a primeira alteração feita pelo português foi 20 minutos depois? O episódio mostra uma falta total de autocrítica por parte do técnico, algo que faria bem a ele e, mais importante, ao time. Mas, pelo contrário, parece que Sá Pinto morrerá abraçado às suas convicções. Muitas delas já comprovadamente equivocadas, desde o hábito de demorar a mexer na sua equipe até a insistente escalação de uns e o que parecer ser um boicote a outros.

Depois de mais uma noite de vergonha em São Januário, resta ao Vasco a luta para permanecer na elite em 2021. Se for pra olhar pelo lado positivo desta eliminação, focar nesta missão, muito mais importante para o futuro do clube. Fica a dúvida se Sá Pinto, que se mostra tão avesso à mudanças e às críticas, conseguirá realizar as mudanças que sua equipe obviamente precisa para fugir do Z4.

 

As atuações

Lucão – falhou no gol do Defensa e também antes, numa saída equivocada ainda no primeiro tempo. Mas diante de tudo o que aconteceu na partida, responsabilizar o garoto é um absurdo.

Miranda – um bom cruzamento para Ribamar perder um dos gols feitos da noite, mas foi um dos que ficaram sem reação no lance do gol do Defensa.

Marcelo Alves – cortou mal o cruzamento que originou o gol adversário, mandando a bola no travessão do Lucão. Também perdeu um gol feito, mas o erro não foi na sua cabeçada, e sim na grande defesa do goleiro argentino. Deu lugar ao Tiago Reis quando Sá Pinto, 20 minutos depois de sofrermos o gol, resolveu que era hora do tudo ou nada. Pelo que fez em campo, Tiago acabou ficando com a parte do “nada

Leandro Castan – ainda parece inseguro no esquema com três zagueiros. No começo do jogo, errou um passe perto da área, obrigando o Benítez a cometer uma falta e levar amarelo. No lance do gol também ficou perdido.

Yago Pikachu – uma das escolhas inexplicáveis do treinador. Na fase em que se encontra, não mereceria ser titular mesmo que Leo Matos não fosse uma opção. Não acertou praticamente nada e mesmo no seu lance de maior destaque, conseguiu uma finalização tosca depois de, por sorte, errar um drible e ver a bola sobrar nos seus pés.

Marcos Junior – outro que não produz nada que justifique sua titularidade. Um chute sem risco e um bom passe para o Ribamar perder outro gol foi tudo o que fez. De resto, apelou muito para as faltas na marcação. Juninho entrou em seu lugar, pra variar, quando o time já estava no desespero e, mesmo assim, levou mais perigo que o titular, com uma finalização de fora da área que tirou tinta da trave.

Leo Gil – segue errando mais que acertando. Tirando uma bola levantada na área (que acabou sendo a chance mais clara de gol do Vasco no primeiro tempo, na cabeçada do Marcelo Alves), pouco fez, indo mal inclusive na saída de bola. Lucas Santos entrou em seu lugar, mas nem teve tempo para aparecer.

Benítez – deu um passe excelente para o Ribamar perder seu gol mais feito da noite. No segundo tempo, tabelou novamente com o centroavante, que se enrolou com a bola e parou para pedir pênalti (e realmente foi). Mas no geral, é impossível fazer ESTE time do Vasco render ofensivamente sozinho como está. Talles Magno entrou no seu lugar e de positivo, apenas uma deixadinha para Juninho mandar um chute com perigo.

Neto Borges – depois de um primeiro tempo apagadíssimo, apareceu mais na etapa final, inclusive colocando o Torres na cara do gol (para o colombiano isolar a bola).

Torres – outro que teve uma chance claríssima para marcar, mas isolou a bola de forma completamente bisonha. Como agravante, neste lance ainda tinha a opção de passar para o Ribamar, livre e de cara para um gol vazio (o que, claro, não significa que ele marcaria o gol).

Ribamar – uma das exibições de atacante vascaíno mais desastrosas já vistas na história. Com pelo menos três gols feitos perdidos, ficou claro que, se fosse possível, era melhor ter escalado do Cano jogando de máscara. Mas o treinador deve ter gostado da sua atuação, já que só o tirou de campo aos 42 minutos do segundo tempo e colocou o Carlinhos, aquele que não faz nada nem quando é titular, que dirá a poucos minutos do apito final, no seu lugar.

Para acalmar os ânimos: paz para o time é mais importante que a vaga na Sula

De volta ao comando do time, Sá Pinto conversa com Grasseli. Interino não tem boas novas para dar ao técnico
De volta ao comando do time, Sá Pinto não teve muitas boas novas a receber do interino Grasseli (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Li em pela internet que a volta do Sá Pinto e de alguns jogadores, recuperados da covid, é uma boa notícia para o Vasco na partida de hoje contra o Defensa y Justicia. Como torcedor, me perguntei se para um clube que despencou da liderança do Brasileiro para o Z4, que não consegue vencer no seu estádio há quase três meses, que acabou de sofrer uma goleada humilhante e que sequer consegue – depois de duas votações – decidir quem é seu presidente essas “boas notícias” são o bastante para nos animar.

Na minha opinião, não são. Aliás, diante do risco iminente de mais um descenso, nem uma classificação para as quartas de final da Sul-Americana chega a ser tão animadora. É claro que um título internacional é muito tentador. Mas com o futebol que temos jogado, a luta para permanecer na elite me parece uma ambição complicada o bastante.

Mas como até o mais racional dos torcedores têm um lado otimista que não dá pra sufocar completamente, imaginar o Vasco nas quartas da Sula é inevitável. E como o DyJ não chega a ser um adversário dos mais poderosos, dá pra acreditar que, melhorando um pouco, Sá Pinto e seus comandados podem passar 90 minutos sem sofrer um gol.

Porque, sim, ficar com o nosso lado do placar zerado é a maneira mais plausível de classificação. É isso ou contar que o time, sem o Cano, marque gols. Talvez a presença do Benítez torne as coisas mais fáceis para o nosso ataque, mas aí precisamos torcer também para que a bola não atrapalhe o Ribamar. Como o empate no jogo de ida nos deu a vantagem da classificação com um 0 a 0, talvez precisemos considerar em jogar com o regulamento embaixo do braço.

Apesar do benefício de continuar dividindo as atenções do time em um momento no qual o foco total deveria ser no Brasileiro, é bom que Sá Pinto saiba que uma eliminação hoje – com a vantagem do empate, em casa e contra um adversário frágil – fará com que a pressão sobre o treinador aumente bastante. Então é importante, tanto para o Vasco quanto para o treinador, que o time avance na Sul-Americana. Mesmo que, neste momento, amenizar o clima na Colina seja a maior vantagem nesta classificação.

Vasco X Defensa y Justicia-ARG

Lucão (Fernando Miguel), Léo Matos, Miranda, Castan, Ricardo Graça, Neto Borges; Andrey, Léo Gil, Benítez, Gustavo Torres e Ribamar.

Unsain, Breitenbruch, Frías, Héctor Martínez e Brítez; Acevedo (Valdenito), Rius, Larralde e Benítez; Pizzini e Braian Romero.

Técnico: Ricardo Sá Pinto.

Técnico: Hérnan Crespo.

Estádio: São Januário. Data: 03/12/2020. Horário: 21h30. Árbitro: Andrés Cunha (URU). Assistentes: Nicolas Taran (URU) e Martín Soppi (URU). VAR: Daniel Fedorczuk (URU).

A Conmebol TV transmite para seus assinantes de todo o Brasil.

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Uma prova de que uma acalmada nos ânimos é uma necessidade urgente para o Vasco foi o protesto que membros da algumas organizadas fizeram ontem no CT do Almirante.

Tenho minhas dúvidas sobre a validade e mesmo da eficácia deste tipo de ação. Nenhum outro tipo de profissional passa por esse tipo de situação e acho muito difícil que jogadores limitados passem a jogar mais bola após se verem cercados por torcedores com um discurso agressivo de cobrança.

Por outro lado, é mais que compreensível a atitude destes torcedores. Tem uma hora que cansa ver seu time protagonizar situações vexaminosas como as que o Vasco tem nos sujeitado a passar. E com os estádios vazios, sem as arquibancadas para protestar, não há muitas outras formas dos vascaínos deixarem claro seu descontentamento para os jogadores (reclamar em redes sociais, já sabemos, é inútil).

Se o protesto serviu para algo, que tenha sido para os jogadores entenderem o que é usar a armadura cruzmaltina e que, mesmo com a pandemia ainda rolando, a falta de empenho e respeito ao clube será cobrada.