Todos os resultados da rodada ajudaram e uma vitória significaria um salto de quatro posições na tabela. Ou seja, a possibilidade de terminar o ano fora do Z4 estava criada. A rodada estava tão boa que mesmo um empate serviria a esse propósito.
Mas todos os resultados podem ajudar o Vasco. Se o Vasco não se ajuda, de nada adianta. E na derrota de ontem para o Athletico-PR por 3 a 0, só vimos o Vasco ajudar os donos da casa. TODOS os gols do Furacão nasceram de erros individuais bisonhos.
Não que isso sirva para aliviar a barra do time. Porque quando se fala em erros individuais, pode-se pensar que se as falhas não acontecessem, o Vasco teria alguma chance. Não, não teria. Aliás, se não fossem as defesas do Fernando Miguel (que, vale lembrar, também falhou em dois gols), seríamos vítimas de mais uma goleada na Arena da Baixada.
E sim, nosso elenco é limitado e atravessa uma fase de insegurança que piora tudo. Mas esse não é o pior problema. Ruim mesmo é ver que o elenco, sob comando de Sá Pinto há já 15 partidas, ainda está longe de ser um time. Não há jogadas, não há coordenação entre os setores, não há nada que indique um trabalho para transformar o amontoado de jogadores que vai a campo em uma equipe.
Não só isso, as escalações e alterações feitas (ainda que fosse o Rui Motta no estádio, certamente sob orientações do Sá Pinto) indicam que a comissão técnica sequer sabe o que jogador X ou Y é capaz de fazer em campo. Só esse desconhecimento explica o tratamento dado ao Carlinhos, Marcos Jr e Vinícius, que recebem diversas oportunidades mesmo sem entregar algo que justifique as chances que têm. E, enquanto isso, o Juninho segue preterido e mesmo agora, quando tem sido escalado mais vezes, é sempre sacado do time, mesmo quando é um dos poucos que se salvam (exatamente como aconteceu ontem).
Poderíamos terminar esse terrível ano de 2020 com o pequeno alívio de ver nosso time fora do Z4, mas nem isso o Vasco pôde nos oferecer. E isso, em um jogo contra o time que, antes de marcar três vezes contra nós, tinha o segundo pior ataque do Brasileirão.
Termino repetindo o fim da resenha sobre o empate com o Flu: alguém aí pode dizer que vê alguma qualidade no time ou enxerga qualquer possibilidade do Sá Pinto nos levar a conquista de 17 pontos – ou um pouco menos, se dermos sorte – em 36 que faltam?
As atuações
Fernando Miguel – falhou no segundo gol, levou o terceiro em chute defensável e, ainda assim, foi o melhor do time com alguma folga.
Léo Matos – no segundo gol, criou raízes na área e manteve-se imóvel enquanto o atacante Carlos Eduardo passava pelas suas costas. No terceiro, foi driblado com extrema facilidade pelo mesmo Carlos Eduardo. Yago Pikachú entrou em seu lugar, como se tivesse alguma condição de melhorar a situação da lateral direito. E é lógico que não tinha.
Werley – não teve culpa de nada. A culpa é de quem escala um zagueiro no máximo mediano (pra ser bem gentil) e sem ritmo de jogo em uma partida como essa.
Leandro Castán – depois de um breve suspiro contra o Santos, voltou a ter uma atuação pra lá de irregular. Inseguro, mais uma vez errou várias saídas de bola.
Neto Borges – eficiente iniciando uma jogada de gol. Infelizmente, foi para o time adversário. No segundo gol, permitiu o chute que o Fernando Miguel acabou dando o rebote. Mas deve seguir como titular, já que criou-se o mito (desmentido pelos fatos a cada jogo) de que é uma opção melhor que o Henrique.
Andrey – falhou feio no primeiro gol, errou uma tonelada de passes – alguns bastante perigosos – e foi envolvido pelo toque de bola atleticano diversas vezes. A falta de confiança é clara e o rapaz nem tem mais idade para voltar ao sub-20. Saiu quando o jogo já estava 3 a 0 para dar lugar ao Tiago Reis, quando pouco poderia fazer pra mudar o panorama da partida. Ainda assim, conseguiu perder um gol feito.
Marcos Júnior – a moral que o rapaz tem com o português é inexplicável. Aí, no intervalo, Léo Gil entra em seu lugar e nos faz pensar que o treinador até pode ter suas razões: o argentino originou o lance do terceiro gol ao pisar na bola de forma bisonha. Além disso, errou muitos passes e em diversos momentos sequer dominar a bola conseguiu.
Juninho – era o único a ter um mínimo de lucidez, não apenas no meio de campo, mas no time inteiro. Resultado? Foi substituído no intervalo. O garoto deve ser a pessoa mais ansiosa da Terra para ver uma mudança no comando técnico do Vasco. Gustavo Torres entrou em seu lugar e podemos pinçar dois lances entre as suas pixotadas habituais: errou o passe que acabou gerando o segundo gol irregular do Cano e perdeu um gol claro de cabeça, no único cruzamento certo feito pelo Neto Borges.
Carlinhos – enquanto Juninho segue sendo preterido, Carlinhos segue sendo privilegiado com escalações e permanência por todos os 90 minutos dos jogos mesmo que não faça qualquer coisa de útil dentro de campo. Ontem, por exemplo, não criou, não marcou e não finalizou. Mas não foi substituído.
Vinícius – não é falta de esforço, não é falta de empenho, é falta de objetividade mesmo. O garoto corre, corre, corre….e é só isso mesmo. Tanto é que, mesmo não acertando quase nada, Talles Magno – que entrou no intervalo – não pode ser reserva do Vinícius.
Germán Cano – teve três chances, marcou duas (infelizmente, ambas em impedimento) e desperdiçou uma.