Já perdi a conta das vezes em que, após o Vasco perder uma partida, comecei uma resenha de jogo com “é até difícil falar alguma coisa da partida”. Não será esse o caso para falar sobre a derrota por 2 a 0 para o Operário-PR, já que a única possível explicação é de uma simplicidade terrível: o time do Marcelo Cabo se deu férias e ainda não estreou na Série B.
Aliás, diante do que foi apresentado, teria sido melhor mesmo ter tirado o dia de folga. O WO seria pior para o nosso saldo de gols – valeria uma derrota por 3 a 0 – mas economizaríamos os custos da partida e, o mais importante, não deixaríamos milhões de vascaínos absolutamente terrificados com o sincero medo de não voltarmos para a elite ao fim da competição. Ou algo pior.
Tinha comentado no post de ontem que seria importante entrarmos neste Brasileiro com humildade, sabendo que é preciso o máximo de empenho, dedicação e atenção, não apenas para vencer seus adversários, mas também para representar o Vasco da Gama na competição. Parece que os jogadores leram o blog ontem e fizeram justamente o contrário.
Prova disso foi a tranquilidade do Morato na saída para o intervalo, quando já perdíamos por 2 a 0. Ao ser entrevistado, disse “A gente tomou dois gols de erros de saída de bola. A gente precisa melhorar isso e acelerar o jogo”. Quem viu o atacante falar teve a nítida impressão de que o Vasco estava perdendo porque queria e que viraria o placar assim que desejasse.
Não foi isso o que aconteceu. Não sofremos mais gols, mas fizemos muito pouco para reverter a situação do primeiro tempo. Menos que isso: o Operário esteve mais perto de ampliar a vantagem que nós de diminui-la.
Ao fim da partida, Léo Matos deu uma entrevista muito mais sensata: “o homem não pode apanhar na mesma esquina duas vezes. Se ele passou por ali, não deu certo e apanhou, ele tem que ir por outro caminho. No Estadual, já tivemos situações parecidas com essa, de entrar sem intensidade em campo”. Que o Vasco finalmente entenda o conselho do lateral e comece a disputar a Série B com a intensidade que a competição exige já no domingo que vem, quando terá sua “estreia” contra a Ponte Preta.
As atuações
Vanderlei – sem culpa nos gols, fez boas defesas evitando que o Vasco começasse a Série B com um vexame (ainda maior) dentro de casa.
Léo Matos – sua melhor participação foi a entrevista que deu ao final da partida. No primeiro tempo não conseguiu nem fazer uma boa guarda à sua lateral, nem ajudar no apoio. Na etapa final foi mais incisivo nas subidas ao ataque, mas não acertou as jogadas e seguiu dando espaços.
Ernando – em um lance bisonho, quase entregou o que poderia ter sido o segundo gol do Operário. No primeiro, não teve velocidade para bloquear o chute que originou o gol.
Ricardo Graça – além de dar o passe na fogueira para o Zeca na jogada do primeiro gol, ficou sem reação enquanto os adversários tocavam a bola. Tentou, mas não conseguiu cortar a finalização no segundo.
Zeca – foi a famosa “partida para se esquecer” do lateral: depois que perdeu facilmente a bola que originou o primeiro gol do Operário, não acertou mais nada. E isso foi aos 7 minutos do primeiro tempo. Riquelme entrou em seu lugar e trouxe mais força ao apoio, mas não foi o bastante para mudar o panorama da partida.
Andrey – a escala da média de erros cometidos pelo volante não é pequena. Ainda assim, ele a superou com folgas ontem. Além de ter iniciado a jogada do segundo gol adversário com um dos vários passes errados que cometeu na partida, foi muito mal também na marcação, ocupação de espaços e saída de bola. Como prêmio, pôde ficar cometendo erros até o fim do jogo.
Galarza – não esteve no nível terrível do Andrey, mas também foi alvo fácil da marcação do Operário, perdendo bolas bobas. Sua única contribuição foi quase ter marcado um gol ao errar bisonhamente um cruzamento. Saiu no intervalo, dando lugar ao estreante Sarrafiore, que pelo menos ajudou o time a chegar com mais constância ao ataque. Mas não chegou a fazer a diferença.
Morato – em campo, não fez nada. Fora dele, deu uma entrevista constrangedora. Foi outro a nem voltar para o segundo tempo, sendo substituído pelo Léo Jabá, que começou dando maior movimentação ofensiva ao time. Mas acabou sumindo na parte final do jogo.
Gabriel Pec – um lance de perigo, em bonita jogada individual no segundo tempo e mais nada. Foi presa fácil da marcação adversária. Por algum mistério inexplicável, Marcelo Cabo achou que Vinícius teria algo a mais a oferecer e fez a substituição. O garoto só apareceu não dominando uma bola ridícula e cedendo um lateral ao Operário.
Figueiredo – autor da única boa chance do Vasco no primeiro tempo, quase marcou em chute de fora da área. Mas também foi sua única contribuição. Deu lugar ao Daniel Amorim no Intervalo e o estreante só conseguiu mostrar disposição, já que pouco tocou na bola.
Cano – mais uma partida em que viveu de tentar aproveitar as poucas oportunidades que lhe aparecem. Perdeu uma boa chance no segundo tempo.