Vasco recebe o Ceará em mais um jogo de “vencer ou vencer”

Covid muda 'trio gringo' do Vasco: Cano, com suspeita de infecção, pode dar lugar ao Benítez, recuperado da doença
Covid muda ‘trio gringo’ do Vasco: Cano, com suspeita de infecção, pode dar lugar ao Benítez, recuperado da doença (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Há mais de uma década, pra ser mais exato desde a vexaminosa primeira ausência vascaína na Série A, o Ceará tem cruzado nosso caminho com frequência e, muitas das vezes, em momentos dramáticos para nosso time. Vencemos a maioria das vezes: foram 15 partidas de 2009 pra cá, com apenas quatro empates e duas derrotas. Mas são sempre jogos que o torcedor – acostumado com a grandeza do Gigante e mau acostumado com uma certa empáfia de torcedor de time grande – passa por uma tensão bem maior do que poderia esperar diante de um confronto como esse.

E o jogo de hoje com o Vozão é mais um desses que acabam se tornando mais decisivos do que deveriam ser. A partida não chega a ter a dramaticidade do 2 a 1 de 2016, quando o saudoso Thalles garantiu nossa volta à elite na Arena Maracanã ou mesmo a do empate em 0 a 0 no Castelão, quando conseguimos os pontos necessários para permanecer na Série A. Mas ainda assim, um resultado ruim hoje trará consequências graves para o Vasco.

Uma vitória hoje nos fará dar um pequeno salto na tabela – duas posições, com alguma sorte três – e nos dar alguma folga do Z4 (e tendo ainda um jogo a cumprir). Já uma derrota, ou mesmo um empate, nos manterá entre os quatro últimos colocados e, ainda pior, nos fará ver o pelotão de cima começar a se distanciar. Resumindo, ainda que não estejamos no desespero como em outros confrontos com o Ceará, esse é sim um jogo de “vencer ou vencer”.

E isso em um momento complicado para o nosso já limitado elenco, com contusões e surto de covid. A pior notícia nesse sentido é a quase certa ausência do Cano, que testado positivo para o coronavírus, espera a contraprova para ter chances de ser escalado. Por outro lado, Benítez, já recuperado da covid, pode voltar ao time. Alexandre Grasseli, que segue no comando do time enquanto Sá Pinto se recupera da infecção, ainda precisa definir outras posições, no meio de campo (Andrey ou Marcos Jr? Como a fase do primeiro está longe de ser das melhores, a dúvida é justa) e o provável substituto do Cano (Ribamar e Thiago Reis disputam a vaga).

O Vasco não vence em São Januário há quase três meses – o 1 a 0 sobre o Furacão, ainda em setembro, foi a última vitória em casa – pelo Brasileirão. A hora para acabar com esse jejum inaceitável é hoje, quando temos pela frente um adversário no qual apenas uma vitória é um resultado aceitável.

Vasco X Ceará

 Lucão, Miranda, Ricardo, Castan; Léo Matos, Andrey (Marcos Jr.), Léo Gil, Benítez (Carlinhos), Neto Borges; Gustavo Torres e Ribamar (Tiago Reis).

Richard, Samuel Xavier, Klaus, Luiz Otávio e Bruno Pacheco; Fabinho, Charles e Vina; Lima, Léo Chú e Cléber.

Técnico: Alexandre Grasseli (auxiliar).

Técnico: Guto Ferreira.

Estádio: São Januário. Data: 30/11/2020. Horário: 18h. Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP).  Assistentes:  Daniel Paulo Ziolli (SP) e Miguel Cataneo Ribeiro da Costa (SP). VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP).

O Canal Premiere transmite para seus assinantes de todo o Brasil e no sistema Pay-per-view.

Vasco irregular arranca empate em Buenos Aires

Sempre ele: Cano marca de novo e deixa o Vasco em vantagem na luta pela vaga nas quartas da Sula
Sempre ele: Cano marca de novo e deixa o Vasco em vantagem na luta pela vaga nas quartas da Sula (Foto: Daniel Jayo/POOL/AFP)

Parafraseando o imortal Euclides da Cunha, o vascaíno é, antes de tudo, um forte. Para ver um jogo do seu time na Sul-Americana, o vascaíno precisa ser assinante da Conmebol TV – ou se virar com uma transmissão pirata da internet – e aturar uma transmissão de qualidade duvidosíssima. Tudo para, depois de todo esse perrengue, assistir mais uma partida ruim do seu time, ainda que o empate em 1 a 1 com o Defensa y Justicia não tenha sido um resultado a se lamentar muito.

Aliás, se levarmos em consideração que, tirando o Cano (autor do belo gol vascaíno) e Lucão, o impedimento foi “o melhor jogador” do Vasco, podendo pedir música no Fantástico ao aparecer em três gols dos donos da casa, podemos dizer que o empate foi um ótimo resultado. Ficando apenas um terço dos 90 minutos com a bola e chutando apenas cinco vezes, é preciso reconhecer o feito de voltar da Argentina podendo jogar por um 0 a 0 em São Januário para poder avançar na competição. Ainda mais se lembrarmos que nossa defesa teve uma atuação pra lá de confusa.

Ver mais um jogo ruim do Vasco não foi o problema. Problemático mesmo é ver que seja por desfalques, seja por opção do treinador, o time segue na sua irregularidade irritante. Mas como não ser irregular com Pikachu no time? E, tirando ele, colocando o Carlinhos? Ou tendo Marcos Jr como titular e Juninho como eterna última opção?

Nem a interinidade do Grasseli serve como justificativa para as escolhas tomadas, já que o técnico do time ontem está no clube há mais tempo que o próprio Sá Pinto e deveria conhecer o elenco ainda melhor que o português. Mas depois do jogo, no qual Grasseli usou apenas duas alterações para tentar mudar o time (as outras três foram feitas apenas no finzinho da partida, para gastar tempo).

Por sorte, temos um Cano de volta a ser um atacante mortal mesmo com apenas uma chance e um goleiro que, mesmo muito jovem, tem segurado muito bem a onda. Sem eles – e os providenciais impedimentos, acertadamente marcados – poderíamos muito bem ter dado adeus à Sula ontem mesmo. Antes do jogo da volta receberemos o Ceará pelo Brasileirão, em um jogo de seis pontos importantíssimo para o nosso futuro na competição. Será que a sorte que tivemos na Argentina continuará do nosso lado?

As atuações….

Lucão – o rapaz sofreu quatro gols na partida e ainda foi um dos poucos que se salvaram no time ontem. Não tinha o que fazer nem nos três gols anulados, nem no único que valeu e ainda fez duas ou três grandes defesas.

Miranda – com um posicionamento estranho, o garoto teve uma atuação confusa no primeiro tempo, subindo ao ataque (?) mesmo jogando pelo ledo mais frágil da nossa defesa. No segundo tempo jogou mais plantado, mas aí vacilou no lance do gol argentino, ficando vendido com um passe. Marcelo Alves o substituiu nos minutos finais e sua entrada não fez muita diferença.,

Leandro Castan – voltando ao time depois da covid, pareceu demorar para se adaptar ao esquema com três zagueiros. No primeiro tempo teve provavelmente sua atuação mais insegura com a camisa do Vasco. No segundo tempo melhorou um pouco, mas foi facilmente driblado no lance do gol argentino.

Ricardo Graça – outro envolvido na insegurança defensiva do primeiro tempo. Graça teve muito trabalho com os atacantes adversários e sofremos dois dos três gols anulados pelo seu lado.

Léo Matos – um retrato da irregularidade vascaína: quando não esquecia das suas funções defensivas (os três gols em impedimento foram em jogadas pela nossa direita), parecia estar procurando um cartão vermelho ao distribuir sopapos nos marcadores adversários. Pra compensar, acertou o belo cruzamento para o gol do Cano.

Marcos Júnior – é voluntarioso? É. Procura se esforçar no combate? Sim. Mas nem a fase pela qual o Vasco atravessa justifica vermos como titular em uma competição internacional alguém tão limitado tecnicamente. No lance do gol do Defensa, estava olhando o time argentino trocar passes no meio de campo.

Leo Gil – jogar no país natal ou a partida do Maradona deve ter feito mal ao rapaz, que teve talvez sua pior atuação pelo Vasco. Além dos muitos erros de passe e decisões equivocadas, foi outro a apenas observar a jogada que originou o gol adversário. Bruno Gomes entrou em seu lugar nos minutos finais e não chegou a fazer diferença.

Yago Pikachu – pra quem parecia ter entrado em um limbo no time, indo pro banco e raramente entrando, é bizarra a insistência do pokémon entre os titulares e, pior ainda, tendo a função de articular jogadas. Mesmo na sua melhor fase ele não seria uma opção aceitável como substituto do Benítez. Agora então, em baixa, não consegue fazer nada direito, nem criar, nem marcar. Carlinhos, voltando depois da covid, foi uma das duas alterações feitas pelo Grasseli com tempo de mostrar algum serviço. Não foi o caso: o craque das redes sociais mal foi notado em campo.

Neto Borges – nem ajudou como poderia defensivamente, nem teve a participação ofensiva que costuma ter.

Torres – a única chance de gol do Vasco no primeiro tempo foi dele. E, ainda que fosse uma oportunidade claríssima, o colombiano a desperdiçou. Pouco antes de sair, trombou com um zagueiro argentino e acabou criando uma boa chance para o Cano, que não conseguiu finalizar. Lucas Santos entrou em seu lugar e não conseguiu fazer muito mais que o próprio Torres.

Cano – a eficiência de sempre: uma finalização, um gol. Aliás, um golaço. Ygor Catatau entrou no seu lugar para gastar o tempo no fim do jogo e nem foi notado.

Vasco luta por vantagem na Sula e para evitar novo surto

Castan e Tenório treinam: o zagueiro se recuperou da covid e deve jogar em Buenos Aires
Castan e Tenório treinam: o zagueiro se recuperou da covid e deve jogar em Buenos Aires (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

O Defensa y Justicia, nosso adversário de hoje no jogo de ida pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana, é um clube de menor expressão no cenário argentino, sem títulos importantes e que vai mal das pernas este ano. Ou seja, tirando a tradição e os títulos importantes que temos de sobra, parece que o sorteio nos destinou um oponente de acordo com o próprio momento do Vasco.

E por mais que seja tentador dar alguma prioridade para um título que ainda temos chance de ganhar – sabe lá? – me parece que, pelo menos para nós, seria bem melhor decidir a vaga em um par ou ímpar. No meio de um surto de covid no elenco, pegar aviões e ficar concentrado em hotéis certamente não é o mais indicado. Principalmente para um time que tem um elenco reduzido (em talento) e ainda precisa se esforçar muito para se afastar das últimas posições no Brasileirão.

Por sorte, apesar dos muitos desfalques (hoje. até do técnico Sá Pinto, outro infectado que não viajou), o interino Alexandre Grasseli poderá contar com alguns recuperados, como Leandro Castan e Miranda e o meia Carlinhos, e com Leo Matos, Torres e Jadson, que não estavam inscritos na competição. Isso abre algumas possibilidades para o time: Grasseli pode optar por manter três atacantes no time (com Cano, Torres e Vinícius) ou reforçar o meio com o Carlinhos, tirando o Vinícius e deixando uma dupla no ataque.

Não sei se usar como parâmetro uma atuação na qual jogamos de forma muito reativa e que não passamos de um empate é o ideal, mas se repetirmos o nível da partida contra o São Paulo, temos condições de voltar para o Rio com alguma vantagem para o jogo da volta. Aí é torcer que o time volte desta viagem internacional sem mais infectados e tenha elenco para a partida em São Januário.

 

Defensa y Justicia-ARG X Vasco

Unsain, Frias, Rodríguez, Martínez; Acevedo, Loaiza, Rius, Benítez, Camacho (Isnaldo), Pizzini; Braian Romero.

Lucão; Léo Matos, Leandro Castan, Miranda, Ricardo Graça e Neto Borges; Marcos Júnior, Leonardo Gil e Carlinhos (Vinicius); Gustavo Torres e Germán Cano.

Técnico: Hernán Crespo.

Técnico:  Alexandre Grasseli (auxiliar).

Estádio: Norberto “Tito” Tomaghello. Data: 26/11/2020. Horário: 21h30. Arbitragem: Andrés Matonte (URU). Assistentes: Carlos Barrero (URU) e Martín Soppi (URU). VAR: Jhon Ospina (COL).

A Conmebol TV transmite a partida para seus assinantes em todo o Brasil.

São Paulo 1 x 1 Vasco: acima das expectativas, mas decepcionante

Cano chuta para marcar seu décimo gol no Brasileirão
Cano chuta para marcar seu décimo gol no Brasileirão (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Começando este post filosoficamente, tudo na vida é influenciado pelas expectativas. No futebol não seria diferente. O torcedor do Vasco, vendo seu time levantando as mãos para o céu por ter conseguido um pontinho contra o Fortaleza, ia esperar o que de uma partida contra o São Paulo, no Morumbi, jogando com um monte de reservas? Resumindo, “perder de pouco” devia ser a expectativa mais positiva criada por grande parte dos vascaínos.

Aí, o que acontece? O Vasco faz uma partida até aceitável e consegue um empate em 1 a 1. Pronto. Expectativas superadas, quem esperava perder fica feliz e o lado positivo é ressaltado.

Só que nem todo mundo se contenta com as expectativas. Pra muitos, e eu me incluo nesse grupo, o empate foi decepcionante porque poderíamos vencido. Dentro da proposta reativa pensada pelo treinador, nos saímos melhor que o tricolor. Conseguimos o gol e, não fosse uma falha individual, a chance de termos conquistado os três pontos eram grandes, já que o São Paulo só conseguiu uma chance realmente clara de gol, impedida pelo goleiro Lucão.

Mas o gol que sofremos depois da pixotada do zagueiro Jadson não foi o único motivo de termos jogado no lixo dois pontos importantíssimos. Se não tivéssemos desperdiçado tantos contra-ataques no primeiro tempo, poderíamos ter ido pro intervalo ainda na frente no placar. E no segundo tempo talvez não sofrêssemos tanto com a pressão sãopaulina se o Sá Pinto não esperasse até os minutos finais para dar uma renovada no time, dando um novo gás na marcação e, quem sabe, dando maiores possibilidades para outros contragolpes (que dificilmente aconteceriam com nosso meio de campo com a língua pra fora, quando apenas aos QUARENTA E UM MINUTOS DO SEGUNDO TEMPO o portuga fez a primeira alteração no setor).

Também teve a escalação do Jadson, mesmo tendo o Marcelo Alves e até o Castan como opções, mas não dá pra colocar o erro bisonho do zagueiro na conta do técnico.

Perdemos mais uma chance de nos afastarmos do Z4, lugar para onde podemos ir caso o Atl-GO não perca para o Sport hoje. Ou seja, precisaremos “mudar a chave” para o jogo de ida nas oitavas da Sul-Americana ainda nos preocupando com nossa classificação no Brasileiro. Aí, fica a pergunta: como isso ira se refletir nas nossas expectativas para a partida contra o Defensa y Justicia-ARG?

As atuações

Lucão – tirando os chutes que precisou dar quando recebia bolas recuadas (praticamente todos foram pra fora), teve uma boa estreia no Brasileirão. Foi bem quando exigido e mostrou uma frieza que poderá ser um diferencial na sua carreira. Não poderia fazer nada no lance do gol tricolor.

Miranda – se enrolou em algumas saídas de bola, mas no geral foi bem, mostrando disposição e seriedade.

Jadson – se não tivesse vacilado bisonhamente no lance do empate sãopaulino, poderia até ser elogiado, principalmente nos cortes das bolas aéreas.

Ricardo Graça – também segurou a pressão adversária, sem qualquer ato que comprometesse sua atuação.

Pikachu – não repetiu a deplorável atuação que teve contra o Fortaleza, até fazendo uma outra jogada com o Torres no ataque. Mas nada que justifique uma volta ao time titular com a volta de todos os jogadores.

Marcos Jr. – marcou incansavelmente, sendo muito importante pro sistema defensivo bolado pelo Sá Pinto. Mas suas evidentes limitações com a bola no pé, distribuindo bolas quadradas na maioria dos passes que dá, atrapalham bastante.

Léo Gil – não era pra ser a do argentino, mas sem ter quem organize o meio de campo, ele assume a função. Como não poderia deixar de ser, teve altos e baixos na armação de jogadas. Saiu para a entrada do Andrey quando Sá Pinto queria apenas fazer o tempo passar.

Henrique – não comprometeu defensivamente, mas em um esquema com três zagueiros, não podemos ter um ala que parece subir ao ataque preso a uma bola de ferro de 10kg. Apesar disso, ficou em campo até os 41 minutos do segundo tempo, quando Neto Borges o substituiu, obviamente se ter tempo para fazer qualquer coisa.

Vinícius – ontem assumiu a posição de atacante mais irritante do time. Não chegou ao nível de inutilidade do Talles, mas a aparente incapacidade de tomar uma decisão correta faz com que todos os seus esforços seja desperdiçados. Tirando uma finalização que não levou muito risco ao gol adversário, errou quase tudo. Deve ter tirado a paciência do Sá Pinto também, já que foi o primeiro a ser substituído, pouco depois da metade do segundo tempo. Lucas Santos entrou em seu lugar quando o São Paulo estava pressionando mais e o Vasco não conseguiu conectar contra-ataques para que o garoto mostrasse serviço.

Torres – no primeiro tempo foi o principal “puxador” de contra-ataques, mas em apenas um levou perigo real, obrigando ao Tiago Volpi a fazer boa defesa. De resto, desperdiçou todos os outros contragolpes que esteve no comando. Mas compensou sua atuação acertando um ótimo passe em profundidade para o Cano marcar o gol vascaíno. Juninho entrou em seu lugar e, com menos de 10 minutos para fazer alguma coisa, acabou só ajudando na marcação. Ou seja, na prática continua se ter tido chances com o técnico português.

Cano – na única chance clara que teve, marcou seu décimo gol na competição. Ygor Catatau o substituiu no fim e nem encostar na bola encostou.

Vasco ‘versão covid’ encara o São Paulo no Morumbi

Máscara, álcool gel e gols: contra a covid, Cano já fez a sua parte. Falta fazer contra o São Paulo
Máscara, álcool gel e gols: contra a covid, Cano já fez a sua parte. Falta fazer contra o São Paulo (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Neste confronto que temos hoje com o SãoPaulo, o Vasco já entrará perdendo uma batalha: contra a covid. Com sete desfalques por conta da doença – entre eles os titulares Fernando Miguel, Benítez e Talles – Sá Pinto terá ainda mais dificuldades para colocar sua equipe em campo no Morumbi.

E como as coisas nuncas são fáceis pros lados de São Januário, a pandemia resolveu abarcar na Colina justo quando teremos pela frente, fora de casa, o time com o melhor desempenho no campeonato. Não só isso, com a motivação em alta por uma boa série invicta, pela classificação na Copa do Brasil e pela possibilidade de chegar à liderança do Brasileirão com três jogos a menos.

Para quem tem o hábito de sempre olhar o “copo meio cheio”, pode-se dizer que o surto de covid no elenco do Vasco obrigará o técnico português a fazer mexidas no time que a torcida pede há algum tempo e Sá Pinto não parecia muito disposto a fazer.

Há tempos que os vascaíno queriam ver o Lucão defendendo o gol vascaíno (ainda que Fernando Miguel venha tendo atuações consistentes) e o Talles no banco. Esses dois desejos serão realizados, mas como o portuga ainda não confirmou o time, não sabemos se Juninho, outra vontade dos torcedores, estará no meio de campo. O jovem meia, que pode trazer mais qualidade para um meio de campo desprovido de ideias, ainda pode perder a vaga caso Cayo Tenório jogue na direita e Pikachu siga na meiuca.

No empate com o Fortaleza na última rodada, as decisões do Sá Pinto tiveram um peso bem grande no resultado. Dessa vez, a covid obrigará o técnico a fazer as alterações que, pelo visto, ele não via como necessárias. Que ele aproveite o revés do surto para descobrir alternativas mais eficientes para o Vasco.

São Paulo X Vasco

Tiago Volpi; Juanfran, Diego Costa, Bruno Alves e Reinaldo; Luan, Daniel Alves, Gabriel Sara e Igor Gomes; Brenner e Luciano.

Lucão; Leandro Castan, Miranda (Marcelo Alves) e Ricardo Graça; Yago Pikachu (Cayo Tenório), Andrey, Leonardo Gil, Juninho e Neto Borges; Gustavo Torres e Germán Cano.

Técnico: Fernando Diniz.

Técnico: Ricardo Sá Pinto.

Estádio: Morumbi. Data: 22/11/2020. Horário: 16h. Arbitragem: Braulio da Silva Machado (Fifa-SC). Assistentes: Kleber Lúcio Gil (Fifa-SC) e Éder Alexandre (SC). VAR: Emerson de Almeida Ferreira (MG)

A Rede Globo transmite a partida para todo o Brasil (exceto CE e MG). O Canal Premiere transmite para todo Brasil no sistema pay-per-view.

Vasco 0 x 0 Fortaleza: resultado ruim com o dedo do técnico

Léo Gil em ação: o argentino - junto com o goleiro Fernando Miguel - foi um dos poucos a ter feito algo de útil no empate com o Fortaleza
Léo Gil em ação: o argentino – junto com o goleiro Fernando Miguel – foi um dos poucos a ter feito algo de útil no empate com o Fortaleza (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Olha, pode-se procurar razões que expliquem a terrível atuação vascaína no empate sem gols com o Fortaleza. O difícil é encontrar algo que justifique a apresentação abaixo da crítica que vimos ontem.

Teve a chuva? Teve, mas isso teve também para o Fortaleza. O mesmo serve para as condições do gramado (que, convenhamos, até estava ótimo, dada a quantidade de água que caiu sobre o Rio de Janeiro nesta quinta). Teve os desfalques, o que, mais uma vez aconteceu com o nosso adversário.

Ah, mas o desfalque deles não foi do seu melhor jogador!”, podem dizer alguns.

Não sei dizer se atacante Osvaldo ou se o zagueiro Paulão fizeram tanta falta ao tricolor cearense. Posso dizer, com certeza, que o Benítez fez MUITA falta ao Vasco. Mas esse é um problema que os técnicos precisam resolver. E nesse sentido, parece que Marcelo Chamusca se saiu melhor que Sá Pinto.

Não dá pra comparar. O Fortaleza joga com basicamente o mesmo elenco e da mesma forma há muito tempo. É normal estarem mais entrosados”.

É, esse argumento é mais plausível. Mas não podemos esquecer que o conhecimento do elenco é importante para que as substituições em um time funcionem. E o treinador da equipe cearense está no seu segundo jogo. Sá Pinto, que já completou um mês no comando vascaíno, deveria conhecer mais seu elenco.

E é nessa hora que a surge o problema. A não ser que os treinos do Vasco aconteçam numa realidade alternativa, completamente apartada do que todos nós vemos nos jogos, o portuga tomou algumas decisões inexplicáveis.

Vamos relevar a escalação do Pikachu, inoperante por todo 2020, no lugar do Benítez. Sá Pinto foi pego de surpresa e Carlinhos, que na cabeça do lusitano parece ser o substituto direto do camisa 10, também estava fora do jogo.

Mas, mesmo ignorando isso – que no final das contas foi uma decisão relevante pra explicar a total falta de articulação vascaína no jogo – Sá Pinto tomou muitas outras opções contestáveis na partida. E continuando com o Pokémon: escalar o cara como titular, vá lá. Mantê-lo em campo até os 43 minutos do segundo tempo não fazendo nada em campo não tem desculpa.

E manter Andrey e Talles como titulares? Os dois estão atuando muito abaixo do que podem, e há um bom tempo. No caso do Talles, o próprio Sá Pinto sabe disso, tanto que é o segundo jogo seguido que o substitui ainda no intervalo. Se não houvesse opções no elenco, ok. Mas nos dois casos há substitutos que podem render mais.

Bom, pelo menos o Talles tem: o Torres pode não ter feito a diferença, mas mesmo sem fazer muito, foi muito mais efetivo que o garoto. Já pro lugar do Andrey, a escolha óbvia seria o Juninho. Mas como o garoto não entra em campo mesmo quando Pikachu, Marcos Jr, Cayo Tenório, entre outros, têm chances, a pergunta que devemos fazer é se o Juninho ainda está no elenco. E, se ele está, o que fez para não ser escalado nunca. Talvez uma piada de português ouvida pelo treinador….

O pior não é ter perdido uma chance incrível de voltar ao meio da tabela jogando em casa contra um adversário em crise. Ruim mesmo é ver que temos mesmo é que comemorar o pontinho que conseguimos segurar, e com bastante sacrifício. E dessa vez, não dá pra livrar o Sá Pinto da sua responsabilidade pelo resultado.

 

As atuações

Fernando Miguel – mais uma vez o melhor do time, tendo evitado que o adversário marcasse pelo menos dois gols, um em cada tempo, com grandes defesas.

Werley – mostrou disposição, mas teve muito trabalho com os atacantes do Fortaleza. Teve uma chance incrível para marcar, mas não chegou na bola.

Marcelo Alves – no primeiro tempo, quando não conseguiu repetir o desempenho nas bolas aéreas que teve contra o Sport, o Fortaleza conseguiu ganhou quase todas as bolas levantadas na nossa área, em uma só não marcando um gol por interferência do Fernando Miguel. No segundo tempo melhorou e teve uma atuação mais segura.

Ricardo Graça – vinha tendo uma boa atuação, inclusive ajudando na saída de bola, mas quase sofremos um gol em jogada na qual o atacante Bergson estava sendo marcado por ele.

Léo Matos – menos participativo que em outros jogos, teve trabalhos com as subidas do lateral adversário e acabou contribuindo pouco no apoio. Cayo Tenório entrou em seu lugar nos minutos finais e só teve tempo de subir duas vezes ao apoio (errando as tentativas de cruzamento) e ajudar o Vasco a segurar a pressão final do Fortaleza.

Andrey – vinha mantendo sua recente – alta – média de erros, até que perdeu uma bola inaceitável na entrada da área que só não terminou em gol por, mais uma vez, causa do Barba.

Leo Gil – não era pra ser – até porque lhe faltam as ferramentas – mas acabou sendo obrigado a tentar organizar o meio de campo, não apenas ajudando na saída de bola, mas fazendo a transição entre os setores e criando jogadas. Mesmo sem ser mais que razoável, foi um dos que se salvaram no time. O argentino foi sacado segundos depois de quase ter marcado um gol para a entrada do Marcos Junior, que nem de longe conseguiu ser útil como o gringo.

Yago Pikachu – escalado em cima da hora por conta da contusão inesperada do Benítez, só conseguiu fazer uma coisa: deixar ainda mais clara a falta que o camisa 10 pode fazer ao time. Apesar de irrelevante defensivamente e ainda mais inútil na criação de jogadas, só foi substituído pelo Vinícius aos 43 do 2º tempo, ou seja, quando o garoto já não teria tempo pra fazer nada.

Neto Borges – assim como o Matos, teve sua participação no apoio comprometida pelos avanços do lateral do Fortaleza. E como o Matos, não conseguiu ajudar no ataque.

Talles Magno – mais 45 minutos de erros, pouca intensidade e decisões equivocadas. Depois de ter sido sacado duas vezes seguidas no intervalo, deve finalmente ir para o banco. Até porque o Torres, seu substituto, não precisou nem de 10 minutos para ser mais útil ao time. Uma das melhores chances do Vasco saiu dos pés do colombiano.

Cano – se o time não cria, o artilheiro não marca. Tirando uma cabeçada sem perigo, pouco fez.

Vasco precisa vencer independente da fase do Fortaleza

Banco e titular: Pikachu passa por Leo Matos no treino. Contra o Fortaleza, o segundo fica na lateral direita
Banco e titular: Pikachu passa por Leo Matos no treino. Contra o Fortaleza, o segundo fica na lateral direita (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Quem olha para as últimas semanas do Fortaleza – nosso adversário hoje em rodada atrasada do Brasileirão – e vê uma eliminação na Copa do Brasil, quatro derrotas em sequência no Brasileiro e a saída do Rogério Ceni, deve imaginar que não há melhor momento para encarar o tricolor cearense.

O torcedor pode até pensar assim, mas essa não é a atitude ideal para Sá Pinto e seus comandados. Não dá pra contar com vitórias e pontos se baseando no mau momento dos adversários. Primeiro, porque o que separa uma crise de uma volta por cima pode ser uma vitória fora de casa. E segundo, com o hábito que o Vasco tem de “ressuscitar defuntos”, o importante vencer por nossos próprios esforços e não porque a fase do Fortaleza é ruim.

E nem acho que será essa a atitude do time. A boa atuação na vitória contra o Sport serve pra dar à torcidas maiores esperanças de uma atuação convincente. O portuga tem que lidar com um monte de desfalques, e deve tratar da melhor forma possível: repetindo a equipe que venceu na Ilha do Retiro. Sim, Sá Pinto poderia pelo menos considerar mexer um pouco no time (Talles, que nem voltou do intervalo na última partida, e Andrey já estão pedindo um período no banco já há algum tempo), mas se o conjunto da equipe repetir o desempenho da última partida, dá pra crer em mais três pontos.

O 3-5-2, como não poderia deixar de ser, também continua. E é com esse esquema, uma defesa mais segura, mais opções ofensivas e Cano novamente de bem com os gols que o Vasco irá atrás de uma vitória importantíssima (principalmente depois da zebra ter passado em Belo Horizonte e o Furacão ter nos jogado novamente para o Z4). E é por isso que, sem esquecer que há bem pouco tempo nós mesmos estávamos em uma crise ainda pior que a do Fortaleza, acredito que temos plenas condições de vencer pelos nossos méritos e não pelos deméritos dos visitantes.

Vasco X Fortaleza

Fernando Miguel, Werley, Marcelo Alves e Ricardo Graça; Léo Matos, Andrey, Léo Gil, Martín Benítez e Neto Borges; Talles Magno e Germán Cano.

Felipe Alves, Tinga, Derley, Jackson e Carlinhos; Juninho, Felipe, Ronald e Romarinho; David e Bergson.

Técnico: Ricardo Sá Pinto.

Técnico: Abel Ferreira.

Estádio: São Januário. Data: 19/11/2020. Horário: 19h. Árbitro: Jean Pierre Goncalves Lima (RS).  Assistentes:  Leirson Peng Martins (RS) e Lucio Beiersdorf Flor (RS)
VAR: Marcio Henrique de Gois (SP)
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O Canal Premiere transmite para seus assinantes de todo o Brasil e no sistema Pay-per-view.

Cano desencanta e Vasco volta a vencer

Desencanou: com dois gols, Cano encerra seu jejum na artilharia e o de vitórias do Vasco
Desencanou: com dois gols, Cano encerra seu jejum na artilharia e o de vitórias do Vasco (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Depois de dois meses e um dia, o Vasco voltou a vencer no Brasileirão. E a sensação de alívio de pelo fim de uma sequência de nove jogos sem vitórias não foi o que de melhor aconteceu na tarde de ontem. A forma como construímos o 2 a 0 sobre o Sport foi o principal: o time teve a atuação mais consistente em toda competição.

Não, não foi uma “atuação de gala”, nem mesmo uma ótima apresentação. Mas foi um daqueles jogos controlados, nos quais conseguimos impor nosso jogo e não corremos muitos riscos. Devemos levar em consideração a fragilidade do adversário, claro (aliás, pelo que mostrou ontem, é um mistério o Sport já ter conseguido tantos pontos). Mas o Vasco já venceu outros adversários fora de casa, por um placar mais dilatado – no 3 a 0 contra o Ceará – e nem de longe fizemos uma partida tão convincente.

Sá Pinto parece ter encontrado o caminho, ainda que esteja apenas no começo da jornada. O 3-5-2 aparentemente trouxe uma maior solidez à defesa ao mesmo tempo que dá mais opções ofensivas à equipe. Ontem, mesmo com um Benítez pouco inspirado, fomos bem mais efetivos na frente que nos últimos jogos, algo que seria impensável há algum tempo.

Claro que não podemos ignorar o desempenho individual. Poderíamos ter vencido com ainda mais tranquilidade se alguns jogadores tivessem atuado no máximo das suas capacidades. Por outro lado, novos jogadores e uma boa atuação de desacreditados (Leo Gil e Neto Borges, respectivamente) foram fundamentais para a vitória. Isso mostra que o time tem alternativas e a “benitezdependência” pode não ser mais o padrão. E nisso podemos ver claramente a mão do Sá Pinto.

Quinta-feira temos o Fortaleza pela frente, e depois disso passaremos a ter apenas mais um jogo do primeiro turno a cumprir. Se conseguirmos repetir a boa atuação que tivemos na Ilha do Retiro, temos boas chances de “fechar o turno” na primeira metade da tabela. Isso será um grande feito para o início de trabalho do Sá Pinto.

 

As atuações….

Fernando Miguel – com pouco trabalho, correspondeu quando exigido. Fez uma grande defesa no primeiro tempo e no segundo contou com sua maior qualidade, a sorte, em alguns lances.

Werley – não jogava há meses e voltou ao time em um esquema que ainda não havia jogado sem comprometer. Então podemos dizer que foi bem. Sentiu e deu a chance para a estreia do Jadson, que entre um chutão e outro pra tirar a bola da área, não chegou a ter muitas oportunidades pra mostrar serviço.

Marcelo Alves – uma das surpresas do jogo, foi um dos melhores do time. Soberano nas bolas aéreas, foi muito bem também nas antecipações.

Ricardo Graça – bem nos combates diretos, se saiu melhor na maioria dos duelos com os atacantes do Sport.

Léo Matos – não foi tão presente no apoio, mas teve duas boas chances na etapa inicial, finalizando com uma bomba pra fora na primeira e parando nos pés do goleiro na segunda. Defensivamente foi bem. Deu lugar ao Vinícius, que não chegou a ter uma participação marcante na partida.

Leo Gil – o famoso “motorzinho” do meio de campo, fez uma boa partida. Mostrou muita intensidade no combate e tentou ajudar na saída de bola. Não chegou a subir muito ao ataque, mas em uma dessas subidas, fez a assistência para o primeiro gol do Cano.

Andrey – até ajuda na ocupação dos espaços e no combate, mas com a bola no pé tem deixado muito a desejar. Errou muitos passes e tomou várias decisões equivocadas. A única contribuição efetiva na partida foi o lançamento para Neto Borges no lance do segundo gol do Vasco.

Benitez – teve uma atuação discreta, não conseguindo ser decisivo como costuma ser. Procurou compensar ajudando a marcação com empenho. Yago Pikachu entrou em seu lugar e até que fez uma partida razoável, começando como meia e terminando como ala, com a saída do Leo Matos.

Neto Borges – apesar das suas conhecidas limitações, fez um bom jogo, com destaque na parte ofensiva. Foi ao apoio com frequência e conseguiu criar jogadas de perigo. Fez o cruzamento para o segundo gol do Cano.

Talles Magno – mais uma partida na qual o garoto só fez irritar a torcida. Disperso em vários momentos, lento em quase todos, errou quase tudo o que tentou. Já passou da hora daquele momento “vamos preservar o jogador”, passando uma temporada no banco. Torres entrou em seu lugar e, mesmo não sendo tão melhor que o Talles, pelo menos foi bem menos irritante.

Cano – o gringo “desencanou” e voltou a mostrar a letalidade do começo do campeonato, marcando duas vezes daquele jeito: empurrando a bola pra rede com apenas um toque. Com o jogo praticamente resolvido, deu lugar ao Tiago Reis, que tentou finalizar algumas vezes, mas só chutou em cima dos marcadores.

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É preciso falar sobre as eleições? Ok.

Depois de uma primeira eleição que efetivamente permitiu que sócios de todo o mundo exercessem seu direito a voto, uma liminar no meio da noite permitiu que um candidato que promoveu um boicote ao pleito mais democrático na história do clube se declarasse vencedor.

Se a votação que ele ganhou foi um erro jurídico – convocada por alguém que não tinha o poder para isso – e os votos tivessem sido contatos pelo próprio “vencedor“, não importa. Assim como não importa ele se autodeclarar presidente do clube tendo menos votos que outros dois candidatos.

Acho bem difícil que a decisão do STJ se mantenha e a briga de liminares deve continuar até se decidir quem deve realmente ser o próximo mandatário do Vasco. Seja quem for, já se sabe qual foi o candidato que reproduziu todas as táticas do euriquismo. E, não por acaso, é aquele que se uniu aos herdeiros políticos do dotô.

Será o ‘trio gringo’ a solução para a falta de gols do Vasco?

Torres pode ter sua estreia como titular contra o Sport
Torres pode ter sua estreia como titular contra o Sport (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Mais complicada que a situação do Vasco no Brasileiro só mesmo a situação da política interna do próprio Vasco. Ostentando uma sequência de nove partidas sem vencer e precisando reverter a consequente despencada na tabela, o time cruzmaltino tem pela frente o Sport, na Ilha do Retiro. Ainda que a partida seja fora de casa, Sá Pinto e seus comandados sabem que apenas a vitória interessa. Qualquer coisa diferente disso pode nos jogar na virtual lanterna do campeonato (já que o Goiás está tão atrás na última posição que, pelo menos no momento, nem dá pra contar muito).

E esse é o problema de ficar um número inaceitável de rodadas sem fazer o dever de casa, mesmo contra adversários mais limitados: agora é preciso compensar como visitantes os pontos perdidos na Colina. E isso contra um Sport que já esteve em condições parecidas com as nossas mas que conseguiu revertê-las com a chegada do Jair Ventura. Ou seja, é um adversário que sabe muito bem a importância dos pontos como mandante.

O jogo será difícil, ainda mais com a quantidade de desfalques que Sá Pinto precisará contornar. Mesmo sem Castan e Miranda, vetados com covid-19, o técnico deve manter o 3-5-2 que vem usando, o que significa que Ricardo Graça deve contar com a companhia do estreante Jadson e com o retorno do desaparecido Werley na zaga. No meio, os Léos Matos e Gil, Andrey (que bem podia dar lugar ao Juninho), Benitez e – fazer o que? – Neto Borges. Na frente, Cano pode ter a companhia do colombiano Torres, se o portuga finalmente sacar que Talles está precisando de um tempo no banco.

Sá Pinto bem que poderia testar um trio ofensivo estrangeiro, com Benítez, Torres e Cano. Faz tempo que os atacantes de lado que temos não têm correspondido e a pouca efetividade do setor deixa clara que já passou da hora de testar novas opções. Quem sabe “los tres amigos” não são a solução para a falta de gols do Vasco?

Sport X Vasco

Maílson, Patric, Maidana, Adryelson e Sander; Ricardinho, Márcio Araújo e Lucas Mugni; Thiago Neves, Jonatan Gómez e Leandro Barcia.

Fernando Miguel; Jadson (Marcelo Alves), Werley e Ricardo Graça; Léo Matos, Léo Gil, Andrey, Benitez e Neto Borges; Talles (Gustavo Torres) e Cano.

Técnico: Jair Ventura.

Técnico: Ricardo Sá Pinto.

Estádio: Ilha do Retiro. Data: 14/11/2020. Horário: 16h30. Arbitragem: Heber Roberto Lopes (SC). Assistentes: Thiaggo Americano Labes (SC) e Johnny Barros de Oliveira (SC).
VAR: Braulio da Silva Machado (SC).

A Rede Globo (RJ, PE, AP, RO, RR, AC, AM, MA, PI, CE, RN, PB, AL, SE, ES, DF e Juiz de Fora-MG) e o SporTV (exceto PE) transmitem a partida. O Canal Premiere transmite para todo Brasil no sistema pay-per-view.

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Enquanto escrevo, faltam poucos minutos para a nova votação para a presidência do Vasco, desta vez on-line, começar. Se ela será pra valer e se seu resultado será respeitado, é impossível saber. Com o hábito de judicializar o pleito, nunca se sabe quando uma liminar vai aparecer e melar tudo.

Seja como for ou quem for o vencedor, já sabemos quem perdeu essas eleições. E, para variar, foi o clube. Nenhuma das chapas fez uma campanha sem pontos questionáveis. Além das artimanhas jurídicas, teve campanha de desinformação nas redes sociais, cabos eleitorais disseminando mentiras e ofensas, “matérias internacionais” forjadas, alianças com o que há de pior na política do clube, contratação de empresas envolvidas no pleito sob suspeita de envolvimento com as chapas, entre outros.

Vença quem vencer, teremos um presidente que já chegará bastante contestado por boa parte da torcida. É a polarização política, essa praga que aflige o Brasil, chegando ao Vasco. E, exatamente como aconteceu no país de um modo geral, essa polarização foi algo planejado e alimentado pelas redes sociais. Não precisamos citar nomes: quem jogou sujo sabe o que fez para emporcalhar a disputa.

Explicando a balbúrdia eleitoral vascaína

Eleição do dia 07/11 foi anulada
Eleição do dia 07/11 foi anulada (Foto: Bruno Marinho)

Como tinha falado em outro post, eu me fiz a promessa de não falar sobre as eleições para presidente do Vasco esse ano. Só que a situação toda se tornou tão absurda que não dá pra deixar passar em branco mais um pleito coroado por manobras jurídicas, alianças suspeitas e muito poucas demonstrações de respeito ao clube e aos seus sócios e torcedores.

Por sorte, existe gente verdadeiramente dedicada ao Vasco, como o Helder Floret (@hfloret), que fez um trabalho minucioso – e, mais importante nos dias de hoje, muito bem documentado – explicando toda a balbúrdia que os candidatos à presidente fizeram com o processo eleitoral vascaíno. Ao Helder agradeço por me permitir reproduzir a thread e também pelo grande prova de amor ao Vasco que é esse artigo.

Porque as eleições de sábado foram irregulares e corretamente anuladas pelo STJ 

No dia 28/10, o presidente da Assembléia Geral, Faues Cherene Mussa convocou para o dia 07/11 a Assembléia Geral Ordinária que decidiria o presidente do clube para o próximo triênio. De maneira totalmente online.

Convocação para a votação do dia 07/11, apenas on-line
Convocação para a votação do dia 07/11, apenas on-line. Grifo do blog (reprodução)

No dia 29/10, contrariando o edital anterior, o presidente Alexandre Campello divulga outro edital convocando também para o dia 07/11 eleições mas dessa vez presenciais.

Edital do Campello

O edital do Campello: convocando eleições presenciais (reprodução)
O edital do Campello: convocando eleições presenciais (reprodução)

Ocorre que o estatuto do Vasco é claro. Quem convoca a Assembleia Geral é o presidente da Assembleia Geral (com antecedência de dez dias). Campello não tinha poder para divulgar edital convocando eleições.

O Estatuto é claro: quem convoca as eleições é o Presidente da Assembleia Geral
O Estatuto é claro: quem convoca as eleições é o Presidente da Assembleia Geral (Reprodução)

Como não poderia ser diferente, o edital do Campello foi anulada pelo poder judiciário em decisão da juíza Monica Poppe confirmada pelo desembargador Carlos Eduardo.

Decisão anulando o edital do Campello
Decisão anulando o edital do Campello (reprodução)…
....Decisão confirmada pelo desembargador
….e a confirmação do desembargador (reprodução)

Guarde essa informação: o edital do Campello foi anulado, ele não tem validade. O único edital válido para o dia 07 é o do Mussa que previam eleições exclusivamente online.

Devido a discordância dos candidatos quanto ao formato das eleições e a empresa que realizaria a mesma ficou inviável que ocorressem dia 07 e o adiamento ficou acordado em reunião em que todos os candidatos se fizeram presentes.

Nota publicada no site oficial do clube
Nota publicada no site oficial do clube (reprodução)

No mesmo dia, o presidente Mussa conseguiu uma liminar marcando as eleições novamente totalmente online, só que agora no dia 14/11.

Liminar confirmando as eleições on-line no dia 14/11
Liminar confirmando as eleições on-line no dia 14/11 (reprodução)

No dia 06/11, já à noite, em uma ação interposta pelo candidato Leven Siano e pelo presidente do Conselho Deliberativo Roberto Monteiro, o desembargador Camilo Ribeiro decidiu por eleições presenciais no dia seguinte (07/11).

Candidato e Presidente do Conselho Deliberativo buscaram a justiça
Candidato e Presidente do Conselho Deliberativo buscaram a justiça (reprodução)

Ocorre que o desembargador foi levado ao erro. Argumentaram que o edital anterior previa eleições presenciais no dia 07/11. Era aquele edital do Campello que havia sido derrubado lá atrás e que nunca teve validade. Baseado nele, o desembargador autorizou as eleições.

Decisão não levou em consideração a anulação do edital do Campello
Decisão não levou em consideração a anulação do edital do Campello (reprodução)

Importante uma pausa aqui: é falso o argumento de que as eleições estavam marcadas para o dia 07, logo as chapas não foram pegas de surpresa. Nunca houve eleição presencial marcada para o dia 07. As eleições seriam online dia 07 ou adiadas. Não existe argumento fora disso.

Se a exigência era por eleição presencial então o pedido judicial deveria ser para que o Mussa assim marcasse e respeitando o prazo de dez dias. Nunca de um dia para o outro. Foi uma decisão equivocada, fora do estatuto e fadada a cair, o que aconteceu.

Vale ressaltar que o próprio desembargador afirmou na sua decisão que o ideal seria a realização de eleições híbridas

Para justiça, eleição apenas presencial não era a ideal
Para justiça, eleição apenas presencial não era a ideal (reprodução)

No dia 07/11, faltando cerca de duas horas para o término da eleição, o presidente do STJ, ministro Humberto Martins então derrubou a decisão anterior. Nada do que ocorreu sábado seria válido.

Decisão final da justiça - até agora - anulou a votação, que nem deveria ter ocorrido
Decisão final da justiça – até agora – anulou a votação, que nem deveria ter ocorrido (reprodução)

Qual o correto a se fazer então: interromper imediatamente a eleição, lacrar as urnas e discutir na justiça. Caso a decisão fosse para a continuidade da eleição, bastaria que mais duas horas fossem dadas oportunizando quem não pôde ir. Mas os votos já registrados não se perderiam.

Mas não foi esse o procedimento. Contrariando uma decisão judicial continuaram a eleição e o pior: contaram os votos, estragando totalmente tudo o que havia sido feito até então.

No momento em que contaram os votos, tudo que foi feito anteriormente foi perdido e as eleições estão contaminadas no todo. Nada mais se aproveita. Não pode valer aquele resultado pq ainda faltava tempo de eleição. Não pode aproveitar o de antes pq contaram os votos.

Quem insiste em se declarar vencedor de uma eleição contaminada não está respeitando o torcedor vascaíno. Quer fazer bravata, contar história e iludir. Não é assim que se trata o Vasco. Isso aqui não pode ser brincadeira.

O torcedor vascaíno está machucado, cansado de sofrer e o cenário de desilusão se torna propício para se deixar levar por promessas vazias e falas fora da realidade. Não podemos nos deixar levar.

Quer eleição presencial? Então que se brigue para que ocorram dentro do estatuto, com dez dias de antecedência e marcadas da maneira correta. Vamos para o debate e quem tem mais votos vence. Mas não fizeram assim. Nem de perto.

Ou fazemos as coisas da maneira correta ou vamos continuar sendo destruídos pelas mesmas pessoas que por anos seguem a nos destruir. Ou deixamos de ser enganados ou vamos continuar a ser. Ano após ano. Até o dia que isso acaba. Eu não quero.

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Depois de uma explicação tão detalhada, não há desculpas para que alguém continue falando que a votação de amanhã “é golpe” (a não ser, é claro, praquela galera que é mais torcedora de candidato que do clube). E basta olhar quem ainda luta para validar a votação do dia 07 para saber qual lado deseja o melhor para o Vasco.

Pra terminar, é bom termos cuidado com quem se junta ao que há de pior na política vascaína para vencer as eleições. O “dotô” não precisa estar de corpo presente para suas práticas continuarem a ser usadas (inclusive desistir de concorrer à eleição quando o risco de perdê-la é enorme).