Vasco cede empate ao Goiás no fim e se complica ainda mais

O Pirata não desperdiçou a chance que teve; já o Vasco....
O Pirata não desperdiçou a chance que teve; já o Vasco….(📸: Leandro Amorim | Vasco)

A gente pode aceitar a explicação do Don Ramón para sua opção por um time pra lá de alternativo contra o Goiás (até com a entrada do Robson no lugar do PH).

Pode achar que, dentro das circunstâncias – a tal escalação alternativa, por exemplo – o time não ter sofrido gols no primeiro tempo já foi algo aceitável.

Pode passar um pano por termos passado os primeiros 45 minutos basicamente tocando a bola de um lado pro outro na nossa intermediária, aparentemente sem muitas pretensões de atacar (por isso as míseras três finalizações em todo primeiro tempo, duas sem levar qualquer risco), mesmo que nosso time esteja em uma situação desesperadora e que a vitória fosse nossa única opção aceitável ontem.

A gente também pode achar que no segundo tempo, com um time mais próximo do que podemos chamar de “força máxima“, o Vasco foi superior ao seu adversário e que com o gol do Vegetti (ainda que criado mais pelo acaso e pelo faro de gol do Pirata) merecíamos a vitória.

Podemos todos, inclusive, ignorar os dois ou três contra-ataques que poderiam resolver o jogo pro nosso lado, mas que foram desperdiçados pela BURRICE de uns e outros do nosso time e colocar na conta da arbitragem – que mais uma vez mostrou que, contra nós, o rigor é sempre máximo –  o resultado da partida.

A torcida do Vasco pode tudo isso aí em cima.

Mas depois do 1 a 1  de ontem contra o Goiás, que nos manteve na 18ª colocação, a quatro pontos de uma saída do Z4 e faltando oito partidas para o fim do Brasileiro, o que não dá pra saber é se ainda podemos acreditar.

As atuações:

Léo Jardim -provavelmente não teríamos nem o insatisfatório pontinho que trouxemos de Goiânia não fossem as grandes defesas que fez. No gol, nada poderia fazer.

Robson – sua total falta de intimidade com a bola atrapalha muito. Nulo no apoio, foi aceitável defensivamente (não sem dar alguns sustos na torcida). A bola do gol de empate veio da lateral que ele devia proteger.

Maicon – apesar de eventuais dificuldades com os atacantes do Goiás, jogou com a segurança de sempre e ainda arrumou uma assistência improvisada para o gol do Vegetti. Saiu com câimbras, dando lugar ao Zé Vitor, o que acabou sendo decisivo: o rapaz deveria marcar o Mateus Babi no lance do gol goiano, mas ficou plantado enquanto o atacante adversário cabeceava com liberdade.

Medel – o esquema com três zagueiros, treinado muito pouco, complicou um pouco a vida do chileno. Ainda assim, se saiu bem.

Léo -jogando pela esquerda da zaga, fez uma partida correta, sem os costumeiros avanços ao ataque. Quando o time voltou a jogar com dois zagueiros, foi sacado dando lugar ao Praxedes, que ajudou o time a ter maior volume de jogo, mas errou passes decisivo que poderiam nos ajudar a matar a partida.

Zé Gabriel – manteve sua média como carregador de piano do meio de campo.

Jair – no primeiro tempo, foi o único a tentar organizar jogadas pelo meio de campo, sem muito sucesso. No segundo tempo, ajudou mais na saída de bola até dar lugar ao Barros, que se limitou ao combate.

Serginho – acabou aparecendo mais tentando ajudar na defesa que no ataque. Gabriel Pec entrou em seu lugar no intervalo e ajudou o time a ser mais efetivo ofensivamente. Por outro lado, as decisões erradas que tomou em lances decisivos marcaram mais sua atuação.

Alex Teixeira – discreto na maioria do tempo, sem conseguir imprimir a intensidade que o time precisava. Ainda assim, acabou participando do lance do gol, cobrando o escanteio que o originou. Payet o substituiu e, entrando em um momento melhor do time, conseguiu aparecer mais que o AT, mas não o bastante pra nos levar à vitória.

Lucas Piton – atuando como ala, foi a principal arma ofensiva do time no primeiro tempo, fazendo alguns bons cruzamentos.

Vegetti – desencantou depois de quatro jogos sem marcar, mostrando o oportunismo que todo bom centroavante precisa ter. Mas sua expulsão – em mais uma mostra de rigor extremo da arbitragem contra o Vasco – aconteceu em um momento terrível do jogo.

Resumindo? O Vasco TEM que vencer o Goiás

Jair é o mais cotado como substituto do Paulinho. Seja quem for, ao Vasco só resta vencer o Goiás.
Jair é o mais cotado como substituto do Paulinho. Mas seja quem for, ao Vasco só resta vencer o Goiás (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Com o Campeonato Brasileiro chegando à sua reta final, voltaremos a ter com mais frequência dois jogos por semana (exceto nas tais datas Fifa). Ou seja, o tormento da torcida vascaína dobrará de tamanho.

Egoisticamente, posso dizer que pra mim é um pouco pior. Além de ter me desacostumado a escrever quatro vezes por semana (agradeço” à eliminação precoce na Copa do Brasil), a situação do Vasco não o torna um assunto fácil de se escrever.

Por exemplo, o que tenho pra falar sobre o jogo de hoje contra o Goiás além de que o Vasco só tem a opção de vencer? Tanto faz que seja fora de casa ou a situação do nosso anfitrião, com qual formação Don Ramón escalará a equipe, quem entrará no lugar do Paulinho, se a arbitragem vai nos prejudicar, entre outras coisas. Para  nós, vencer a partida é a única coisa a ser dita a respeito.

Levando-se em consideração que nem mesmo os três pontos podem nos tirar do Z4 nessa rodada, cogitar uma derrota ou mesmo um empate não faz sentido. Qualquer resultado diferente de uma vitória nos deixará, no mínimo, a três pontos de distância da 16ª colocação. Uma situação catastrófica a essa altura do campeonato. Literalmente.

Então, todo esse post poderia se resumir em uma frase: o Vasco precisa dar o seu jeito, mas vencer o Goiás é sua única opção.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
GOIÁS X VASCO

Local: Estádio da Serrinha.
Horário: 16h (de Brasília).
Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza (SP-Fifa)
Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis (SP-Fifa) e Luiz Alberto Andrini Nogueira (SP)
VAR: Daiane Caroline Muniz dos Santos (SP-Fifa)

GOIÁS: Tadeu, Maguinho, Sidimar, Bruno Melo e Hugo; Morelli, Willian Oliveira e Guilherme Marques; Allano, Matheus Babi e Julián Palácios
Técnico: Armando Evangelista.

VASCO: Leo Jardim, PH, Medel, Leo e Piton; Zé Gabriel, Jair (Orellano) e Praxedes e Payet; Vegetti e Gabriel Pec.

Transmissão: a Rede Globo transmite para o RJ, GO, PE, MG, AP, RR, AC, AM, MA, PI, RN, SE, AL, BA, TO, PR e ES. O Canal Premiere transmite para todo o Brasil.

Vasco fraqueja novamente e perde para o Inter na Colina

Foi pouco: Alex Teixeira marcou o seu contra o Inter, mas - mais uma vez - o Vasco não fez o bastante para evitar a derrota
Foi pouco: Alex Teixeira marcou o seu contra o Inter, mas – mais uma vez – o Vasco não fez o bastante para evitar a derrota (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Domingo passado o Vasco encarou um dos melhores times do país, que conta com um elenco estelar (e que joga há séculos junto), técnico consagrado e com as arquibancadas divididas meio a meio. O resultado? jogamos bem, mas não o bastante e acabamos perdendo a partida ao ceder um contra-ataque bobo.

Ontem, encaramos um time de inegável qualidade – mas que ainda tinha preocupações com um possível rebaixamento – com um bom elenco e técnico. Mas em casa, com as arquibancadas cheias, e com 90% do estádio  a nosso favor.

O resultado? Jogamos mal, chegamos a ser colocados na roda em vários momentos pelo nosso adversário e perdemos por 2 a 1 para o Internacional sofrendo dois gols ridículos (o primeiro deles, adivinhem: cedendo um contra-ataque bobo ao Colorado).

E o que é de encasquetar até o vascaíno menos curioso do mundo é que o time que jogou era exatamente o mesmo. Os mesmos 11 pangarés que no domingo, meros quatro dias atrás, fizeram um jogo parelho (em muitos momentos, foram até melhores) contra o Fla. Mas ontem, sabe-se lá porque diabos, o time resolveu que podia entrar desatento em campo, com uma marcação confusa e frouxa. Mostrar serviço mesmo, só no fim da partida, quando a diferença no placar (que por muita sorte estava apenas 2 a 0)  tornava uma virada praticamente inviável e quando o Inter já havia diminuído bastante o ritmo.

O gol do Alex Teixeira, quase aos 40 minutos da etapa final, até deu uma esperança de conseguirmos arrancar pelo menos um empatezinho, milagroso naquele momento. Mas aí, veio a arbitragem e….

Seja como for, pelo que apresentamos ontem, não merecíamos mesmo nem um pontinho de consolação. Parece que o Don Ramón e seus jogadores leram o post de ontem e resolveram confirmar a tese de que, na hora que mais precisamos  vencer,  o time peida. Se tivéssemos feito o dever de casa ontem, teríamos aberto dois pontinhos do Goiás, que estaria abrindo o Z4; com a derrota, não apenas continuamos na zona de rebaixamento, como vamos enfrentar o mesmo Goiás na próxima rodada ainda mais pressionados, mais afundados na “confusão“.

As atuações

Léo Jardim – fez boas defesas e as vaias que passou a receber em São Januário depois do segundo gol do Inter pareceram um exagero de quem ignora os méritos da finalização do Valencia. Mas também não pareceu ser uma bola indefensável.

Paulo Henrique – fez mais uma partida segura defensivamente, salvando o time em alguns momentos e apareceu com frequência no apoio, infelizmente, não no mesmo nível. Deu lugar ao Puma no fim do jogo, e pareceu atuar mais como ponta que como lateral: apareceu duas vezes na área em lances que seriam de perigo se ele tivesse algum cacoete de atacante.

Medel – muita entrega e disposição como sempre. Nos lances dos dois gols, foi deixado na podre pelos companheiros e nada podia fazer.

Léo – sofreu no combate direto com os atacantes adversários e conseguiu vacilar duas vezes no lance do segundo gol, quando poderia ter abafado a jogada.

Lucas Piton – muito acionado no ataque, fez alguns bons cruzamentos, outros nem tanto.

Zé Gabriel – não conseguiu dar a proteção necessária a zaga e ainda teve uma noite de “delivery” errando muitos passes. Alex Teixeira entrou em seu lugar e diminuiu o placar, dando uma sobrevida – inútil, é verdade – o time na busca pelo empate.

Praxedes – em muitos momentos parece se garantir demais no seu futebol e acaba sendo displicente. Errou um monte de passes e foi outro a pixotar no lance do segundo gol. Deu lugar ao Jair, que, ainda que entrando quando Inter começava a ficar desfigurado pelas alterações, deu mais consistência ao nosso meio de campo e ajudou o time a tentar pressionar.

Paulinho – talvez fosse o momento de se discutir sua queda de rendimento desde que o Payet assumiu a titularidade. Mas tendo entregado de forma idiota a bola que originou o primeiro gol colorado e ainda arrumando um expulsão, jogando um balde de água fria na pressão final que o Vasco exercia sobre o Inter, seria como tirar o peso dos seus erros individuais.

Payet – teve uma daquelas atuações que reforçam os argumentos de quem diz que o francês veio pro Brasil como turista. Errou quase tudo que tentou, contribuindo muito pouco. Poderia ter aberto o placar, mas não teve velocidade para aproveitar um rebote do goleiro colorado após finalização do Vegetti. Erick Marcus entrou em seu lugar para tentar colocar fogo no fim do jogo e acertou o cruzamento para o gol do Alex Teixeira. Aí, veio o juizão e….

Gabriel Pec – foi tão discreto dessa vez que nem conseguiu irritar a torcida com suas tomadas de decisão equivocadas.

Vegetti – incomodou sempre, deu um trabalho danado pro goleiro, obrigou os zagueiros a ficarem atentos o tempo todo, etc…Mas faz tempo que a precisão e letalidade dos arremates não é a mesma. Completou o quarto jogo sem balançar as redes.

***

Nem só de impedimentos inexistentes e pênaltis mal marcados ou ignorados se faz uma arbitragem prejudicial. Na realidade, esses erros têm até um ponto positivo: são tão grosseiros que fica impossível negar sua influência nos resultados da partida. A arbitragem do Sr. Luiz Flávio de Oliveira na partida de ontem não teve um lance desses.

E esse é o problema.

Foi o tipo de arbitragem que não tem “erros“, porque tudo cai no reino subjetivo da interpretação. Quando há critérios diferentes na aplicação de faltas, e lances que rendem amarelos pra um lado não são sequer marcados para o outro, por exemplo, não dá pra falar que o juiz interferiu no resultado.  Mas esse é o tipo de atitude que vai enervando a equipe prejudicada, o que, obviamente, traz consequências. E pior: é um tipo de erro que o juiz pode fazer ao longo do jogo todo.

O Inter não venceu por conta do Sr. Luiz Flávio de Oliveira, não há como qualquer pessoa dizer isso. Mas o rigor mostrado nas expulsões do Paulinho e do Erick Marcus (principalmente deste) nem de longe foi o mesmo mostrado em lances similares praticados pelo Inter. E isso com o Vasco tentando uma pressão final para chegar ao empate.

Resumi o que penso da situação no Twiter:

 

Vasco precisa mostrar força contra o Colorado

Para sair do Z4 nessa rodada, o Vasco precisa vencer. O que significa que não podemos perder gols como o que o Zé perdeu na última rodada
Para sair do Z4 nessa rodada, o Vasco precisa vencer. O que significa que não podemos perder gols como o que o Zé perdeu na última rodada (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Que o Vasco melhorou sensivelmente após a chegada de reforços e do Don Ramón, é um fato inegável. Mas, além de não ser muita vantagem jogar melhor que o Vasco do Barbieri, há outro fato que não se discute: boas atuações não adiantam de nada pra gente se os três pontos não vierem junto.

E o problema é que, mesmo com a melhora de produção, o time segue peidando em momentos que não poderia. Pontos deixados em partidas como as que tivemos contra o Bragantino, Palmeiras, Bahia, Santos, São Paulo e Flamengo faz parecer que encarar adversários tradicionais ou que têm algo pelo que lutar na temporada é o gatilho para perdemos pontos, mesmo quando fazemos um jogo parelho ou, algumas vezes, jogamos melhor.

(parêntese: pode-se contrapor esse argumento citando as vitórias sobre o Coelho e o Coxa, concorrentes diretos na permanência na elite e o clássico contra o Flu. Mas, convenhamos: os dois primeiros, na prática, não disputam mais nada nesse Brasileiro. E a freguesia tricolete explica qualquer vitória sobre o time do Laranjal. Levar em consideração as seguidas garfadas que sofremos nos jogos me parece um contraponto mais relevante nesse caso. Mas isso é outro assunto. Fecha parêntese)

E o Internacional, nosso adversário de hoje, além de ser um clube imenso, ainda precisa de pontos para afastar em definitivo as chances de rebaixamento. Ou seja, é um oponente que reúne as duas características que têm nos trazido problemas.

Só que já passou da hora do Vasco mostrar que pode transformar boas atuações em vitórias, seja contra qual adversário for. Hoje, então, isso é ainda mais indispensável: não apenas porque vencer evitará que o Colorado abra uma grande vantagem na classificação, mas também porque, sem três pontos, não deixaremos o Z4 nessa rodada (o que até poderia acontecer com um empate, mas precisaríamos contar com um virtualmente impossível tropeço do Santos diante do Coxa na Vila).

Para mostrar a força necessária diante de um adversário direto, Don Ramón deve repetir a escalação que jogou bem contra um adversário forte, mas não o bastante para vencer, uma síntese da tese que defendo neste post. Usando o jogo contra o Fla como referência, um ponto precisa necessariamente mudar: precisamos de mais eficiência no ataque. A derrota no clássico não teria acontecido de não tivéssemos desperdiçado todas as chances que criamos. Ter o pior ataque da competição é algo que dificulta gravemente qualquer pretensão do Vasco.

A partida de hoje é a última na sequência de jogos que tivemos no Rio e qualquer coisa diferente de uma vitória será a confirmação de um aproveitamento bem abaixo do que precisávamos. A próxima partida será fora de casa e contra o Goiás, o que tornam os três possíveis pontos de hoje ainda mais necessários. Logo mais, com a Colina mais uma vez lotada e em Caldeirão Mode On, o Vasco precisa provar que uma arrancada em direção a uma reta final de Brasileiro mais tranquila ainda é possível.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x INTERNACIONAL

Local: São Januário.
Horário: 19h (horário de Brasília).
Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP)
Assistentes: Neuza Inês Back (SP-Fifa) e Marcelo Carvalho Van Gasse (SP)
VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP-VAR-Fifa)

VASCO: Léo Jardim; Paulo Henrique, Medel, Léo e Piton; Zé Gabriel, Paulinho, Praxedes e Payet; Vegetti e Gabriel Pec.
Técnico: Ramón Díaz.

INTERNACIONAL: Rochet; Bustos, Vitão, Mercado e Renê; Johnny, Maurício, Aránguiz e Wanderson; Alan Patrick e Enner Valencia.
Técnico: Eduardo Coudet.

Transmissão: o SporTV e  o Canal Premiere transmitem a partida para todo país.

Vasco vai bem no Clássico dos Milhões, mas não o bastante

Faltou eficiência: Zé Gabriel teve a chance de empatar a partida, mas perdeu uma chance inacreditável
Faltou eficiência: Zé Gabriel teve a chance de empatar a partida, mas perdeu uma chance inacreditável (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Nem há muito o que falar sobre a derrota do Vasco para o Flamengo pelo placar mínimo, pelo menos não sobre a partida em si. Podemos falar que é uma merda manter uma incômoda escrita diante dos caras, que perdemos a chance de nos manter fora do Z4 , que clássico é assim mesmo e que ganhar todos os pontos possíveis, agora, se torna mais obrigatório do que nunca.

Nada disso tem a ver com o que aconteceu na Arena Maracanã ontem.

O que se pode falar, aí sim sobre o que vimos em campo, é que o Vasco jogou bem, em igualdade de condições com o rubro-negro em boa parte do jogo e até melhor em alguns momentos. Que o jogo, bem disputado pelos 90 minutos e com bem menos provocações que um clássico com o nível de tensão como o de ontem, mostrou que o time do Don Ramón tem condições de encarar adversários do topo da tabela sem precisar ficar apenas se defendendo. E que, no final das contas, o futebol é isso: nem todo jogo parelho termina em empate.

Os aplausos dos vascaínos após uma derrota para o rival da Gávea mostraram que os torcedores gostaram do que viram e que a atuação do time não os decepcionou. Encarar de igual para igual o multimilionário Fla – quem tem elenco para se dar ao luxo de, numa substituição “passatempo“, colocar em campo um jogador do nível de um Everton Ribeiro aos 40 da etapa final –  nos permite, sim, manter as esperanças de que, em breve, sairemos da “zona da confusão“.

Porém (e sempre há os poréns) para que isso aconteça, ser apenas competitivo é pouco. Ontem jogamos em alto nível por boa parte do tempo, mas pecamos no principal, na hora de decidir. Éramos superiores no jogo quando o Fla encontrou seu gol, em um contra-ataque. Tivemos uma chance claríssima para empatar , mas o Zé Gabriel não fez o gol, perdendo um lance que, confesso, não consigo imaginar como ele conseguiu essa proeza.

O campeonato horroroso que fizemos até a chegada de reforços e do Don Ramón  é a principal razão para estarmos, agora, preocupados com o rebaixamento. Isso explica a situação do time, mas não a resolve. Não podemos depender apenas de São Januário e nem de jogos contra times que já não tem muitas pretensões no Brasileiro. Jogar bem, como inegavelmente fizemos ontem é bom, mas não é mais o bastante. Precisamos de vitórias.

As atuações:

Léo Jardim – sem culpa no gol, ainda evitou que sofrêssemos alguns outros fazendo defesas difíceis.

Paulo Henrique – vinha fazendo uma grande partida, muito consistente na parte de defensiva e, vá lá, ok no apoio. Mas comprometeu sua atuação no lance do gol: deu um bote errado no Gerson no início da jogada e não o acompanhou, mesmo sendo bem mais veloz, deixando o rubro-negro livre para marcar. Puma Rodríguez o substituiu aos 40 do segundo tempo e, nesse tempinho em campo, conseguiu mostrar suas limitações no combate (mesmo com o Fla já muito mais interessado em segurar o placar).

Medel –  mais uma vez mostrou porque é peça indispensável ao time. Ganhou a maioria das disputas diretas e dificultou muito a vida dos atacantes adversários.

Léo – correto na zaga, erros de passe em excesso quando subiu pra iniciar jogadas. Deu azar no lance do gol, quando seu corte acabou virando uma assistência pro Gérson.

Lucas Piton – muita presença ofensiva, principalmente no segundo tempo, quando acertou alguns bons cruzamentos.

Zé Gabriel – fez uma partida consistente na sua função, roubando várias bolas e ajudando na saída de bola e na ligação com o ataque. Mas o gol inexplicável que perdeu, com o gol vazio e só precisando empurrar a bola, comprometeu sua atuação. Jair entrou em seu lugar para renovar o gás do meio de campo e trazer mais qualidade no passe. Mas acabou se destacando mesmo ao desviar a bola no chute que originou o gol e desperdiçando uma grande chance ao cabecear uma bola pra fora após bom cruzamento do Piton.

Paulinho – jogando mais aberto, acabou não tendo o protagonismo do meio campo como estamos acostumados a ver. Melhorou no segundo tempo, quando fez uma grande jogada de infiltração na área adversária, mas foi prejudicado pelas limitações intelectuais do Pec.

Praxedes – mais uma vez mostrou que a bola não queima no seu pé, mesmo em jogos grandes como o de ontem. Quase marcou um belo gol em chute de fora da área, interceptado pela zaga adversária. Cansou e deu lugar ao Sebástian Ferreira,  quando Don Ramón partiu para um tudo ou nada nos minutos finais. O uruguaio ajudou na parte do nada.

Payet – um dos destaques do primeiro tempo, mostrou visão de jogo quando teve espaço para pensar o que fazer. TERIA uma boa chance, mas enrolou para finalizar após dominar uma bola dentro área e acabou não conseguindo o arremate. Cansou e deu lugar ao Orellano, que segue replicando a trajetória do Montoya no Vasco como “promessa nunca cumprida”,  com a  desculpa que, diferente do colombiano, o argentino nunca teve uma sequência que lhe ajudasse a criar ritmo. Ontem, apesar das boas intenções, errou tudo o que tentou.

Gabriel Pec – ofereceu a entrega de sempre, mas  enquanto seguir tomando quase sempre a decisão equivocada, continuará sendo aquela “ajuda que atrapalha“. Deu lugar ao Erick Marcus no fim, quando o garoto, mesmo que pudesse fazer algo de relevante, não teria tempo para isso.

Vegetti – perigoso como sempre, teve duas ou três boas chances, mas parou na grande atuação do goleiro rubro-negro ou na falta de precisão no arremate. Ainda tem muito crédito, mas como nos acostumou mal, podemos dizer que o Pirata já está em um jejum, chegando à terceira partida sem balançar as redes.

Vasco encara o Fla em jogo no qual a rivalidade deve ficar em segundo plano

Depois de servir à seleção chilena, Medel  volta à titular idade no Vasco em um jogo realmente importante: um Clássico dos Milhões
Depois de servir à seleção chilena, Medel volta à titularidade no Vasco em um jogo realmente importante: um Clássico dos Milhões (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Confesso que estava preocupado com a ausência do Rossi no jogo de hoje, contra o Flamengo. Com um monte de jogos contra o rubro-negro no currículo, pensava que ter alguém que entenda a pressão desse tipo de jogo fosse ser importante.

Até que, pensando melhor, vi que talvez o melhor mesmo seja termos o maior número possível de jogadores que não entrem com uma carga extra de pilha. Isso porque, esse Clássico dos Milhões em especial, não se trata  da rivalidade histórica. É uma partida na qual a única coisa que importa é melhorar a situação do Vasco na tabela.

Óbvio que, como todo o clássico, é uma partida naturalmente mais tensa. Mas entrando em campo de volta ao Z4 (com o empate do Goiás contra o Cuiabá) e com o Bahia tendo vencido sua partida, o foco deve ser total na conquista dos três pontos. Seja um clássico com um grande rival, fosse um time de outro estado, país ou planeta.

Com isso, Don Ramón precisa deixar claro aos 11 sujeitos com a armadura vascaína que entrarem no gramado da Arena que é preciso jogar com atenção total, com a garra que o jogo exige e a inteligência para não cair nas inevitáveis provocações que devem acontecer. Por sorte, teremos um time mais maduro em campo, com as voltas de Medel, Paulinho e a permanência do Payet entre os titulares. Jogadores que acrescentam não apenas tecnicamente, mas também em experiência.

Vencer o Flamengo hoje nos fará ficar mais uma rodada fora da zona da confusão e nos fará manter o bom rendimento nessa sequência de jogos no Rio. Outra vitória, depois do empate com o São Paulo e de passarmos pelo Fortaleza  na última rodada, também manterá a motivação do time em alta, em um momento crucial do Brasileiro.

E, sendo contra o time da Gávea, ainda melhor. Aí sim, depois de mais três pontos na conta, a rivalidade pode ser levada em consideração.

CAMPONATO BRASILEIRO 2023
FLAMENGO X VASCO

Local: Arena Maracanã.
Horário: 16h (de Brasília).
Árbitro: Raphael Claus (SP-Fifa).
Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis (SP-Fifa) e Evandro de Melo Lima (SP).
VAR: Daiane Caroline Muniz dos Santos (SP-Fifa).

FLAMENGO: Rossi, Wesley, Fabrício Bruno, Léo Pereira e Ayrton Lucas; Erick Pulgar, Thiago Maia, Gerson e Arrascaeta; Bruno Henrique e Pedro.
Técnico: Tite.

VASCO: Léo Jardim, Paulo Henrique, Medel, Léo e Lucas Piton; Zé Gabriel, Praxedes e Paulinho; Payet, Gabriel Pec e Vegetti.
Técnico: Ramón Díaz.

Transmissão: a Rede Globo transmite para o RJ, PE, AP, RR, AC, RO, AM, PA, MA, PI, CE, RN, PB, AL, SE, BA, MT, MS, TO, GO, ES, PR, SC e DF. O Canal Premiere transmite para todo o Brasil.

‘Allons enfants de la Patrie’: Payet marca e Vasco vence o Fortaleza

Le jour de gloire est arrivé: Payet marca seu primeiro gol pelo Vasco e nos tira, por enquanto, do Z4
Le jour de gloire est arrivé: Payet marca seu primeiro gol pelo Vasco e nos tira, por enquanto, do Z4(📸: Leandro Amorim | Vasco)

O Vasco entrou em campo contra o Fortaleza pressionado. Ao longo do jogo, os resultados da rodada só aumentaram a pressão e a necessidade de uma vitória.

Jogávamos bem, tínhamos mais posse de bola, não corríamos – muitos – riscos, criávamos chances. A bola, porém, insistia em não entrar. Enquanto nossos adversários iam vencendo suas partidas, o Leão segurava nossa pressão, mantendo o empate.

Voltamos do intervalo uma posição abaixo da que estávamos na tabela. A vitória, agora, era indispensável. O gol, uma necessidade. Pressionar era preciso e começamos atacando mais. E justo na hora que o Vasco mais precisava, Payet resolveu: recebeu do Praxedes, escapou da marcação e chutou de esquerda, no canto. Vasco 1 a 0.

Depois disso, o time recuou demais, sofremos uma pressão do Fortaleza até maior do que a que exercemos, precisamos dos reflexos do Léo Garden, mas no final, resistimos. Foi mais penoso do que queríamos, mas a vitória veio. Como tinha falado ontem, o Vasco precisa trabalhar mais do que tinha trabalhado contra o São Paulo. E o time fez isso. Lutou contra um adversário dos mais qualificados do Brasileiro, com um retrospecto impressionante de UMA derrota nos últimos 13 jogos e o superou.

Foi uma vitória importante, não apenas por nos fazer dormir fora do Z4 (precisamos secar o Santos hoje para não voltarmos), mas por não deixarmos nossos concorrentes diretos fugirem ou nos ultrapassarem. E é uma mostra de força que dá moral ao time em um ótimo momento: antes de um clássico que é sempre complicadíssimo.

Como diz o hino do país do herói do jogo, “que teus inimigos agonizantes vejam teu triunfo, e nós a nossa glória“.  Tá, não precisamos de “inimigos agonizantes” e fugir do rebaixamento está longe de ser uma “glória“. Mas bem que Don Ramón e seus comandados podem se inspirar na Marselhesa até o fim deste Brasileirão.

As atuações

Léo Jardim – passou o primeiro tempo sem muito trabalho, mas terminou o jogo sendo um dos destaques, realizando defesas importantes.

Paulo Henrique – evitou o que seria um gol certo do Fortaleza no primeiro tempo com um corte salvador. De resto, aquela limitação intelectual que todos conhecemos. Puma entrou em seu lugar no fim e não influiu ou contribuiu muito.

Maicon – começou a partida tendo que se virar com uma sequência de bolas recuadas na fogueira, o que deve ter deixado o xerifão mais ligado ainda na partida. Jogou com segurança, mesmo nos momentos de pressão do adversário. Miranda entrou no fim, quando o Deus da Zaga sentiu câimbras e sua maior contribuição foi ajudar o tempo correr com sua entrada.

Léo – cochilou no lance mais perigoso do Fortaleza, permitindo uma cabeçada que só não entrou por um milagre do Leo Garden. Fora isso, fez uma partida razoável.

Lucas Piton – não comprometeu defensivamente e fez pelo menos uma grande jogada no apoio, deixando o Praxedes na cara do gol. Dessa vez não foi tão bem nos cruzamentos.

Zé Gabriel – fez uma proteção à zaga correta e até iniciou alguns contra-ataques com relativa qualidade. Mas se enrolou em alguns lances nos quais corremos riscos e que não aconteceriam se optasse pela jogada mais simples.

Praxedes – não é um Paulinho, mas foi um dos destaques do time. Ajudou na marcação e ainda apareceu na frente diversas, vezes, infelizmente não sendo eficiente nas finalizações. Deu o passe para o Payet marcar o seu gol. Jair entrou em seu lugar para dar um novo gás à marcação pelo meio, e na oportunidade que teve à frente, demorou a concluir a jogada e carimbou o chute no marcador.

Marlon Gomes – entrou naquela pilha de sempre, o que lhe rendeu um amarelo por um carrinho meio desnecessário. Mesmo que não estivesse pendurado, acabaria saindo no intervalo por sentir uma contusão. Rossi o substituiu e não teve muito tempo para fazer a diferença, já que o time recuou muito após marcar seu gol.

Payet – começou a partida mais avançado e acabou em parte sobrecarregado por precisar cobrir as subidas do Piton. No segundo tempo, veio pro meio e fez a diferença marcando seu primeiro gol pelo Vasco e garantindo os três pontos. Mateus Carvalho entrou em seu lugar para fechar de vez o meio de campo e foi pragmático: para parar um contragolpe perigoso, cometeu uma falta inevitável e levou o terceiro amarelo, ficando fora do próximo jogo.

Gabriel Pec – talvez o jogador mais participativo do time, correu o tempo todo e tentou ajudar tanto ofensiva como defensivamente. Mas esse foi o problema: como estava naqueles dias de decisões equivocadas, na maioria das vezes só deu motivos para a torcida se irritar com ele.

Vegetti – teve uma chance clara no primeiro tempo, evitada com uma defesa milagrosa do goleiro adversário. De resto, faltou precisão nas outras chances que teve no primeiro tempo e, com o Vasco pressionado na etapa final, pouco apareceu.

Vasco precisa mostrar mais trabalho contra o Fortaleza

Payet começa: com Paulinho suspenso, o francês deve ganhar nova chance entre os titulares contra o Fortaleza
Payet começa: com Paulinho suspenso, o francês deve ganhar nova chance entre os titulares contra o Fortaleza (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Na segunda-feira passada, fazendo um sol de rachar no Rio de Janeiro, minha preocupação era uma só: esse calor dos infernos será um problema no jogo contra o Fortaleza. Hoje, com o céu parecendo anunciar um toró apocalíptico para mais tarde, o que passou pela minha cabeça foi como a chuva pode atrapalhar a atuação do Vasco logo mais na Colina.

Resumindo, o confronto de hoje contra o tricolor cearense não sai da minha mente e qualquer fato, até os que nada têm a ver com futebol, tem me feito pensar nas suas possíveis consequências quando a bola rolar. Até uma visita do meu irmão – flamenguista, fazer o que? – aqui em casa hoje entrou na dança (e sim, isso é positivo: o Vasco costuma vencer quando o sujeito está aqui).

Ao torcedor, tudo é possível. Podemos fazer relações absurdas entre acontecimentos e um jogo e sermos supersticiosos o quanto quisermos. Já para Don Ramón e seus comandados, só resta uma coisa: trabalhar. E contra um adversário complicado, finalista de Sul-Americana e muito vivo na briga por uma vaga na Libertadores do ano que vem, o “pruefessor” terá mesmo que mostrar trabalho, tanto para apagar a impressão deixada pelo empate com o São Paulo como para montar sua equipe, que terá desfalques relevantes.

A ausência do Medel, ainda que seja a mais irritante por ter sido uma questão de convocação (se eu não estou nem aí pra nossa Seleção, imagina pra chilena!), pelo menos não traz dúvidas: Maicon entra em seu lugar. Já do meio pra frente, a complicação é maior. Com a suspensão do Paulinho, Marlon Gomes deve assumir sua posição, mas com características diferentes: Marlon tem um jogo mais vertical e não tem tido a mesma eficiência no combate. Talvez por isso Don Ramón pense em escalar o Payet, povoando mais o meio de campo (não que o francês deva ajudar tanto assim na marcação) em detrimento do Rossi, que está à sua disposição.

Seja como for, o Vasco precisa desesperadamente encerrar a sequência de jogos sem vitórias e voltar a vencer no Brasileiro. Sendo assim, quem estiver em campo precisará ser mais eficiente do que fomos contra o Santos e contra o São Paulo. Não podemos nos dar mais ao luxo de perder pontos em casa. Seja qual for o adversário, seja qual for o tempo, seja qual for a superstição que tenhamos.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x FORTALEZA

Local: São Januário.
Horário: 21h30 (horário de Brasília).
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS)
Assistentes: Bruno Boschilia (PR-Fifa) e Maira Mastella Moreira (RS)
VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP-VAR-Fifa)

VASCO: Léo Léo Jardim, Paulo Henrique (Puma Rodríguez), Maicon, Léo e Lucas Piton; Zé Gabriel, Praxedes, Marlon Gomes e Payet; Gabriel Pec e Vegetti.
Técnico: Ramón Díaz.

FORTALEZA: João Ricardo; Tinga, Brítez, Titi e Bruno Pacheco; José Welison, Caio Alexandre e Pochettino; Yago Pikachu, Lucero e Guilherme.
Técnico: Juan Pablo Vojvoda.

Transmissão: a Rede Globo transmite para RJ, CE, PE, MG, AP, RR, AC, RO, AM, PA, PI, MA, RN, PB, SE, ES, SC e DF. O Canal Premiere transmite a partida para todo país.

 

Vasco empata em noite de mãos mais eficientes que os pés

Com um pênalti defendido, Léo Jardim foi o grande destaque vascaíno no empate contra o São Paulo
Com um pênalti defendido, Léo Jardim foi o grande destaque vascaíno no empate contra o São Paulo (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Na situação na qual o Vasco ainda se encontra, há duas coisas que o time precisa evitar a todo o custo: correr riscos desnecessários e desperdiçar oportunidades de resolver uma partida. No empate sem gols de ontem com o São Paulo, conseguimos gabaritar o que não fazer e, não fosse o eterno criticado Léo Jardim, nem o pontinho que nos tirou momentaneamente do Z4 teria entrado pra conta.

Os riscos desnecessários foram no primeiro tempo. Ainda que o Vasco tenha começado a partida relativamente bem, não demorou muito para o tricolor paulista ser mais perigoso e efetivo, mostrando que o tal “clima de festa” não ia rolar e que os desfalques no time não fariam toda essa diferença. Com um trabalho mais consolidado do Dorival e um elenco com mais recursos, o São Paulo nos colocou na roda e só não foi pro intervalo com vantagem no placar porque nosso goleiro defendeu um pênalti e logo depois fez uma grande defesa em finalização de Lucas Moura.

Mas se nosso adversário era tecnicamente superior, cadê o risco desnecessário?  Isso ficou claro depois do intervalo. Mesmo sem ter feito alterações no início do segundo tempo, o Vasco passou a jogar melhor e pressionar o São Paulo. E aí fica o questionamento: se fomos mais eficientes desde o começo do segundo tempo com o mesmo time que começou o jogo, por que passar pelo risco de jogar pior por todos os 45 minutos iniciais?

Se desde o apito inicial pressionássemos o São Paulo como fizemos no segundo tempo, talvez  tivéssemos criado mais chances claras de gol como as que tiveram o Pec (duas vezes), Payet e o Praxedes. Mas como chances não criadas não contam e não conseguimos colocar a bola na rede, fica fácil entender porque não podemos nos dar ao luxo de resolver as partidas quando as oportunidades aparecem.

Podia ser pior? Podia, claro. Mas “não ser ruim de todo” é muito pouco para o Vasco. Deixar pelo caminho pontos que poderiam ser conquistados, ainda mais jogando em casa, é algo que não pode virar uma rotina. Principalmente por termos mais três partidas seguidas em casa.

As atuações

Léo Jardim – quem já foi considerado vilão tantas vezes sem ser, ontem foi o herói de fato: defendeu um pênalti e uma finalização perigosíssima no primeiro tempo. Na etapa final não chegou a ter trabalho.

Paulo Henrique – alternou bons a maus momentos, infelizmente, com primazia aos maus. Erra passes demais, alguns bastante perigosos. Ainda assim, não comprometeu defensivamente como o Puma, que entrou em seu lugar. O uruguaio entrou para trazer maior poder no apoio, mas não conseguiu se destacar nessa função.

Maicon – entregou o que se espera dele: seriedade. Xerifou sem comprometer e ainda tentou fazer algumas ligações diretas com o ataque que até funcionaram.

Léo – nem dá pra falar que o pênalti comprometeu sua atuação. Não apenas porque a cobrança não entrou, mas porque em um lance tão acidental em um movimento natural do corpo, não dá pra dizer que ele “cometeu” a penalidade.

Lucas Piton – não acertou quase nada no apoio e a dupla com o Pec – que começou pela esquerda – não funcionou. Mas foi bem defensivamente.

Zé Gabriel – penou com o meio de campo tricolor, mas não fez os deliveries de costume.

Paulinho – não conseguiu dar a dinâmica que o meio de campo precisava no primeiro tempo, mas o time cresceu com sua melhora na etapa final. Além de iniciar boas jogadas, foi novamente o maior ladrão de bolas do time. Tomou o terceiro amarelo e será um desfalque importante contra o Fortaleza. Mateus Carvalho o substituiu e teve uma atuação discreta, sem conseguir manter o nível do titular.

Praxedes – as vezes some do jogo, eventualmente cria alguma coisa, mas o gol que ele perdeu ontem foi daqueles que comprometer qualquer atuação.

Marlon Gomes – jogando aberto pela direita não rendeu tanto, mas criou algumas boas jogadas no primeiro tempo e melhorou quando foi deslocado na etapa final. Foi substituído pelo Payet, que mais uma vez teve uma partida discreta, mas desperdiçou boa oportunidade em um contra-ataque, no qual preferiu dar um passe ao invés de finalizar.

Gabriel Pec -jogando no lado errado do campo no primeiro tempo, foi mais útil na recomposição no ataque. Deslocado para onde se sente mais confortável, virou o jogador mais perigoso do time: quase marcou duas vezes. Em uma, obrigou o goleiro tricolor a fazer grande defesa; na outra, viu seu chute bater caprichosamente na trave. Cansou e deu lugar o Figueiredo, que não chegou a fazer muita coisa no tempo que esteve em campo.

Vegetti – não conseguiu se impor fisicamente contra os zagueiros sãopaulinos e não teve muitas chances de marcar. Em uma das poucas vezes, faltou acreditar no lance (após uma cobrança de falta centrada na área), coisa que ele não costuma fazer.

***

Só pra pontuar as novidades sobre a Operação Salva Vasco: o lance sobre o Pec no primeiro tempo, ignorado tanto pelo sr. Bráulio da Silva Machado como pelo VAR, foi muito mais pênalti que o “cometido” pelo Pumita na partida contra o Santos (e que o VAR mandou o juiz revisar depois do próprio Daronco ter dito que não aconteceu).

Contra o São Paulo, o Vasco precisa retomar sua arrancada no Brasileirão

O "Dom" e o Pirata: Díaz e Vegetti são esperanças de um Vasco eficiente contra o São Paulo
O “Dom” e o Pirata: Díaz e Vegetti são esperanças de um Vasco eficiente contra o São Paulo (📸: Leandro Amorim | Vasco)

A derrota para o Santos na última rodada trouxe más consequências para o Vasco, e a volta momentânea para o Z4 não foi a pior delas. Isso porque basta uma vitória hoje, sobre o São Paulo, para que terminemos a rodada fora da zona da confusão e, com alguma sorte, até abrindo dois pontinhos do 17º colocado.

E, pelo momento do tricolor, esse confronto até veio em um bom momento para nós. Provavelmente ainda na ressaca pelo título da Copa do Brasil (😂), sendo ainda um dos times com pior desempenho fora de casa e com desfalques relevantes hoje, basta ao São Paulo fazer uma campanha mediana para evitar maiores riscos de rebaixamento. Ou seja, ainda que seja um adversário pra lá de perigoso, o clube do Morumbi está muito mais no clima de entrega de faixas do que de luta por outros objetivos no Brasileiro.

Mas o momento do São Paulo não garante nada se o Vasco não fizer por onde conseguir seus objetivos. Tomando como exemplo o jogo na Vila Belmiro, não podemos repetir as desatenções e muito menos o descontrole emocional que tivemos no último jogo. E isso inclui o “pruefessor“, que com suas mexidas colocou o time em um tudo ou nada sem muito sentido ainda no intervalo.

Como a única alteração no time que encarou o Peixe deve ser a entrada do Maicon no lugar do suspenso – por conta do seu descontrole – Medel,  fazer com que o time volte à atenção máxima e à intensidade que vínhamos mostrando é o principal recado que Dom Ramón precisa colocar na cabeça dos seus comandados.

Se o clima ainda é de festa para o nosso adversário, o Vasco está bem longe disso. A goleada sofrida na última partida deve ser encarada como uma parada inesperada na nossa reação no Brasileiro. Sendo o primeiro de quatro jogos no Rio, começar essa série com uma vitória é indispensável para que Don Ramón e seus comandados voltem a arrancar na competição e se afastem o mais rápido possível da zona de rebaixamento.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x SÃO PAULO

Local: São Januário.
Horário: 18h30 (horário de Brasília).
Árbitro: Braulio da Silva Machado (FIFA-SC)
Assistentes: Bruno Raphael Pires (FIFA-GO) e Henrique Neu Ribeiro (SC)
VAR: Rodrigo D Alonso Ferreira (SC)

VASCO: Leo Jardim, Puma, Maicon, Leo e Piton; Zé Gabriel, Paulinho e Praxedes e Marlon Gomes; Gabriel Pec e Vegetti.
Técnico: Ramón Díaz.

SÃO PAULO: Rafael, Nathan, Diego Costa, Alan Franco e Caio Paulista; Alisson, Pablo Maia, Wellington Rato e Rodrigo Nestor; Lucas Moura e Luciano.
Técnico: Dorival Júnior.

Transmissão: o Canal Premiere transmite a partida para todo país.