Nem acho que valha a pena ficar falando da arbitragem na derrota do Vasco para o Flu. Lances revistos pelo VAR, ainda que considerados decididos acima de qualquer contestação, são analisados por pessoas e pessoas são passíveis de enganos (digamos assim) em suas interpretações e ao traçar linhas.
Dito isto, o clássico de ontem foi mais uma daquelas partidas nas quais vimos que o Vasco joga nos limite das suas possibilidades para ser competitivo. Sem Payet, o time é 100% transpiração e muito pouca inspiração. Com três volantes no meio de campo, conseguimos errar mais passes que o Flu mesmo tendo apenas 45% da posse de bola. Criar algo errando tantos passes é bem complicado.
E há outra questão: mesmo sem um articulador e errando muitos passes, a intensidade até ajuda a criar lances de perigo. Mas sem inspiração, esses lances são inúteis: finalizamos bem mais que os tricolores, mas desperdiçamos todas (com exceção, claro, do gol do Vegetti), algumas claríssimas.
Tendo um adversário mais eficiente, o Flu não precisou fazer muita coisa para vencer a partida. Aproveitou as chances que teve e controlou bem o jogo quando o Vasco tentou pressionar. Ou seja, outra partida na qual até poderíamos ter melhor sorte, mas não tivemos força para conseguir evitar a derrota. Nada muito diferente da derrota para o Bragantino.
Mesmo com todos os titulares, o Vasco é um time que precisará se empenhar muito para conseguir seus objetivos. Sem reforços, com desfalques decisivos e com escolhas questionáveis (Rossi? Por que???), as coisas ficam mais complicadas. Lamentar a falta de sorte, decisões da arbitragem ou placares injustos não resolve nada. “Merecer” um resultado melhor não altera o placar. E, ainda pior, não nos dará um pontinho sequer a mais na tabela.
As atuações
Léo Jardim – nada podia fazer nos gols sofridos. Fez pelo menos uma grande defesa, em finalização do Douglas Costa.
Paulo Henrique – outra atuação ruim. Pouco ajudou no apoio e defensivamente foi ainda pior.
Maicon – criou raízes no lance do primeiro gol, ficando plantado enquanto o Ganso saltou para cabecear. No segundo, não conseguiu interceptar o passe que chegou para o Martinelli marcar. Teve a chance de compensar as duas falhas marcando o gol de empate, mas cabeceou para fora na boa chance que teve.
Léo – não comprometeu como seu companheiro de zaga. Fez uma partida segura.
Lucas Piton – não conseguiu ser tão efetivo no apoio. No lance do segundo gol, foi facilmente superado pela troca de passes do adversário.
Sforza – precisou correr muito para impedir os avanços do tricolor. Acabou saindo, por cansaço, dando lugar ao Zé Gabriel, que levou um amarelo protocolar e não muito mais que isso.
Galdames – discreto demais, não conseguiu ajudar o time justo no que mais precisávamos: algum tipo de articulação. Erick Marcus entrou em seu lugar no intervalo, ajudando o time a ser mais incisivo no ataque. Mas na prática, não conseguiu ser tão efetivo.
Mateus Carvalho – mais uma vez prejudicado por um amarelo muito cedo (e dessa vez, completamente sem sentido). Antes de sair no intervalo, fez uma finalização com relativo perigo no começo da partida. Hugo Moura fez sua estreia substituindo o Cocão. O volante aumentou o poder de marcação pelo meio e se destacou acertando o cruzamento para o gol do Veggeti. Os erros de passes podem se justificar pela falta de entrosamento.
Rossi – outra atuação terrível. Facilmente superado pela defesa tricolor e sem cumprir aceitavelmente a função tática de ajudar a fechar o lado direito, não fez nada que preste ofensiva ou defensivamente. Rayan entrou em seu lugar no intervalo e é impossível negar que sua atuação ficou marcada – negativamente – por perder um gol quando estava sozinho diante do goleiro Fábio.
David – mais um jogo com intensidade e movimentação, criando jogadas e deixando seus companheiros em boa posição para finalizar. Saiu no final da partida, dando lugar ao Clayton, que assim como o Rayan, marcou sua presença em campo perdendo uma chance claríssima de gol.
Vegetti – no primeiro tempo, obrigou o Fábio a fazer uma grande defesa e poderia ter conseguido um penal a nosso favor se as regras de mão na bola dentro da área não tivessem interpretações diversas para equipes diferentes. No segundo tempo marcou o gol vascaíno. Deu trabalho aos marcadores -e para a arbitragem – durante todo o jogo.