Vasco mantém a sina em confrontos diretos e perde para o Corinthians

União do time não foi o bastante para que o Vasco, mesmo estando duas vezes à frente no placar, vencesse o alvinegro paulista
União do time não foi o bastante para que o Vasco, mesmo estando duas vezes à frente no placar, vencesse o alvinegro paulista (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Já comentei por aqui que costumo fazer as resenhas sobre os jogos do Vasco apenas no dia seguinte, para não me deixar levar nem pela empolgação das vitórias, tampouco pela frustração das derrotas.

Dessa vez, a noite de sono após a derrota para o Corinthians não foi um alívio para um espírito frustrado. Serviu apenas para consolidar o sentimento de resignação.

Não tem muito o que falar sobre o jogo. Dizer que a derrota começou a se construir na partida contra o Atlhetico e a quase gabaritada que o Daronco fez com os pendurados da nossa defesa?

Ir mais atrás e lembrar das centenas de milhões gastas pra montar um elenco que, no primeiro turno nos levou à lanterna e que ainda hoje atrapalha nossa reação por falta de peças?

Ou, indo pro que aconteceu em campo, lembrar que a arbitragem – VAR incluso, já que sequer chamou o juiz de campo para uma revisão – ignorou solenemente um possível pênalti que poderia, no momento, nos levar ao empate?

Nada disso faz diferença. O fato é que, mais uma vez, o Vasco falhou justo quando não poderia e perdeu pontos em outro confronto direto. E em uma luta contra o rebaixamento das mais acirradas dos últimos tempos, é inaceitável um time ficar duas vezes a frente do placar e permitir a virada. Menos ainda sofrendo gols como o de ontem, numa jogada de altinha e feito de cabeça por um jogador com 1m75 de altura (só pra pontuar, o Capasso, titular da zaga ontem, tem 1m88).

Fraquejamos mais uma vez e com isso, complicamos severamente nossa situação na tabela. Contar com vitórias de times já desinteressados na competição contra nossos concorrentes na fuga do Z4 é o tipo de esperança que, além de inútil, nem merecemos ter. Podemos ganhar os dois jogos que restam, muito mais complicados que o de ontem? Sim. Mas ainda assim dependeremos de tropeços do Bahia ou Santos que, nesse momento, parecem muito mais eficientes na busca pelos seus objetivos.

As atuações

Léo Jardim – pra quem se acostumou a ver milagres, o primeiro gol parecia um tanto quanto defensável. Mas seria uma baita injustiça atribuir qualquer responsabilidade ao Jardim pela derrota.

Puma Rodríguez – com um gol e uma assistência, fez uma das suas melhores partidas pelo Vasco, ainda que tenha tomado alguma decisões erradas e tenha errado o passe que originou o terceiro gol adversário. Paulo Henrique entrou em seu lugar e até fugiu das suas características, sendo bastante presente no apoio. Não adiantou.

Gary Medel – mesmo no sacrifício, se doou ao máximo e, como um torcedor comum, se revoltou com o recuo do time nas vezes que esteve à frente no placar. Vacilou no lance do primeiro gol corintiano e não teve pernas para acompanhar o atacante que marcou o quarto.

Manuel Capasso – fora de ritmo e desentrosado, viu o time tomar dois gols de cabeça de um tampinha sem aparentemente poder fazer qualquer coisa. Deu lugar ao Zé Vitor, que por razões misteriosas e injustificadas para qualquer um que não acompanha os treinos do Vasco, tem tido mais oportunidades que o Miranda (que não é lá essas coisas, mas pelo menos tem mais experiência). Só foi visto quase saindo na mão com o Vegetti e sendo facilmente superado por um atacante adversário no lance do quarto gol marsupial.

Lucas Pitón – importante no apoio, fez a assistência para o gol do Puma e lançou umas 400 bolas na área adversária.

Zé Gabriel – não dá pra culpar individualmente uma postura que foi coletiva. O Zé não foi o único a recuar, mas em muitos momentos deixou espaços demais para o toque de bola adversário. Inclusive no lance do terceiro gol.

Jair – fez uma partida consistente e menos irritante que as últimas do Praxedes. Deu lugar ao Sebastián Ferreira, que é inegavelmente esforçado e igualmente inútil.

Paulinho – um pouco mais de intensidade que nos últimos tempo e maior colaboração na armação. Mas estava desatento no lance do terceiro gol e não conseguiu chegar a tempo de evitar o chute. Rossi entrou em seu lugar apenas para errar tudo o que tentou.

Dimitri Payet – se esforçou, chamou a responsa em jogadas individuais e fez belas inversões (como o passe que fez para o Piton no primeiro gol do Vasco), mostrando que sobre no time  no quesito visão de jogo.

Gabriel Pec – a entrega e algumas decisões equivocadas, como sempre. Finalizou três vezes, uma delas, com relativo perigo. Deu lugar ao Alex Teixeira, que não teve tempo e nem teria o que fazer com o time já no desespero.

Pablo Vegetti – marcou um belo gol, mas cochilou feio no segundo gol adversário.

A hora do Vasco fazer a sua parte é contra o Corinthians

O titular da zaga: Medel se recupera e estará em campo contra o Corinthians
No sacrifício: único titular da zaga não suspenso, Medel  ignora contusão para atuar contra o Corinthians (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Na rodada que acabou ontem, o Botafogo não ajudou, nem o Goiás. Na que começa hoje, não dá pra contar que o tricolor daqui ou o paulista vão ajudar.

E na real, o Vasco não tem porque contar com os resultados de ninguém para se garantir de vez na Série A ano que vem. E bater o Corinthians hoje, na Colina, é um passo decisivo para que isso se concretize.

Com o que rolou nos últimos duelos na parte debaixo da tabela, o confronto com o alvinegro paulista passou a ser mais que direto. Quem vencer dará um bom respiro (nosso adversário praticamente escapa da degola) e quem perder provavelmente penará até a última rodada para se livrar. E jogando em casa, com São Januário abarrotado, a responsabilidade pela vitória é bem maior pra gente. Vamos com uma zaga que nunca jogou junta, com Medel no sacrifício e sem opções decentes no banco; nosso meio campo vive uma queda de desempenho no pior momento possível; até a inaceitável escrita imposta pelos marsupiais (já se vão 13 anos sem uma vitória sobre os caras)…nada disso pode ser empecilho para conquistarmos três pontos.

Um empate hoje é um resultado quase inútil. Manter uma sequência invicta é bonitinho, mas não serve pra nada. Ganhar apenas um ponto só vai nos fazer depender dos outros para não voltarmos ao Z4 na penúltima rodada da competição.  Já perdemos pontos demais em confrontos diretos e já passou da hora de acabar com essa história.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x CORINTHIANS

Local: São Januário.
Horário: 21h30 (horário de Brasília).
Árbitro: Savio Pereira Sampaio (DF-Fifa).
Assistentes: Leila Naiara Moreira da Cruz (Fifa-DF) e Kleber Lucio Gil (SC)..
VAR: Daniel Nobre Bins (VAR-Fifa-RS).

VASCO: Léo Jardim, Paulo Henrique, Capasso, Medel e Lucas Piton; Zé Gabriel, Paulinho e Praxedes (Payet); Rossi, Vegetti e Gabriel Pec.
Técnico: Ramón Díaz.

CORINTHIANS: Cássio; Fagner, Bruno Méndez (Caetano), Veríssimo e Fábio Santos; Maycon, Moscardo, Giuliano e Renato Augusto; Romero e Yuri Alberto.
Técnico: Mano Menezes.

Transmissão: o SporTV e o Canal Premiere transmitem para todo o país.

Vasco arranca empate com o Furacão e mantém série invicta

Tão importante quanto segurar o ímpeto do Furacão foi Léo Jardim ter se segurado para próximo jogo, contra o Corinthians
Tão importante quanto segurar o ímpeto do Furacão foi Léo Jardim ter se segurado para próximo jogo, contra o Corinthians (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Nas 18 partidas que o Vasco teve como visitante neste Brasileirão, o time só não sofreu gols em três: nas vitórias sobre Cuiabá e América-MG e na de ontem, no empate sem gols contra o Athletico.

Isso já seria o bastante para valorizarmos o pontinho conquistado em Curitiba. Mas o jogo em si também evidencia a importância do resultado. O esquema com três zagueiros enfraqueceu nosso meio de campo e permitimos que o Furacão passasse boa parte do jogo nos pressionando. Ainda que Léo Jardim nem tenha tido tanto trabalho assim (apesar de ter realizado pelo menos um milagre no jogo), o Athletico chegou muitas vezes com perigo e, tivesse uma pontaria melhor, teria nos causado ainda mais problemas.

Ofensivamente o esquema também não ajudou. Com Paulinho em uma noite apagada e PH pouco participativo no apoio, apesar dos três zagueiros, tínhamos poucas opções para explorar os contra-ataques. E, como o próprio Don Ramón sinalizou na sua coletiva,  ainda faltou precisão nos poucos contragolpes que tivemos. Mesmo assim, tivemos algumas chances e poderíamos até ter tido uma sorte melhor na partida.

Obviamente uma vitória seria melhor, mas o pontinho conquistado serviu para nos garantir duas posições momentâneas e a certeza de terminar a rodada fora do Z4. Um empate em uma partida complicada e manter a sequência sem derrotas também dá mais uma moral para o time nessa reta final de campeonato. Ou seja, mesmo não nos garantindo um alivio maior, até que podemos nos dar por satisfeitos com o resultado na Ligga Arena.

As atuações:

Léo Jardim – apesar do Furacão ter rondado nossa área quase todo o jogo, não chegou a ter tanto trabalho. E quando exigido, se saiu bem: fez pelo menos duas grandes defesas, uma delas, um dos seus milagres.

Medel – seguro como sempre, melhorou a saída de bola do time quando inverteu sua posição com o Maicon. Saiu com dores e preocupa. Robson entrou em seu lugar e, enquanto eu ainda lamentava sua entrada em campo, quase marcou um gol de cabeça. Tomou um amarelo inexplicável do Daronco e está suspenso para a próxima partida.

Maicon – começando pela direita, quase entregou a mariola no começo do jogo numa saída errada. Deslocado pro centro, se saiu bem e foi importante principalmente cortando bolas levantadas na nossa área. Foi outro que não escapou dos amarelos do Daronco e não joga contra os gambás.

Léo – jogou com tranquilidade e não se complicou protegendo o lado esquerdo da zaga. Também foi alvo da mão nervosa do Daronco e está suspenso.

Paulo Henrique – firme defensivamente, poderia ter tido maior participação ofensiva em um esquema com três zagueiros. Acabou dando lugar ao Puma, que até apareceu mais no apoio, mas não chegou a se destacar.

Zé Gabriel – teve muito trabalho com os meias adversários e ainda baixou o Zé Delivery, entregando uma bola que poderia terminar em gol para o Athletico.

Paulinho – apenas mediano no combate, foi uma nulidade na articulação. Praxedes o substituiu e pelo menos apareceu na frente para ajudar no ataque, em um dos lances, quase marcando o gol que poderia nos dar a vitória.

Marlon Gomes – jogou com muita intensidade, mas acabou sendo mais útil na marcação – foi o maior ladrão de bolas do jogo – que na criação. Payet entrou em seu lugar quase no fim do jogo e não teve muita chance para aparecer.

Lucas Piton – aproveitou mais a liberdade oferecida pelo esquema e apareceu com perigo no apoio. Acertou dois cruzamentos que renderam boas chances de gol para o time.

Gabriel Pec – tentou explorar os contragolpes em velocidade e quase marcou um belo gol na etapa final, obrigando o goleiro athleticano a fazer uma grande defesa. Saiu no fim para a entrada do Mateus Carvalho, que  não teve tempo para aparecer.

Vegetti – pouco acionado, mas ainda teve duas oportunidades para marcar de cabeça.

***

E lá vamos nós, mais uma vez, falar da atuação do Sr. Anderson Daronco em uma partida do Vasco. Nem comentarei os amarelos, distribuídos profusa e precisamente para nossos jogadores pendurados. Isso estava na cara que ia acontecer.

O problema é que as daroncadas não foram apenas essa: um festival de faltas não marcadas, inversões de falta, aplicações exóticas de vantagens…aqueles errinhos que, ao final do jogo, nunca contam como “influenciar o resultado“, mas que vão levando o time prejudicado a se irritar. O que, obviamente, atrapalha seu desempenho.

O Vasco ainda tem dois jogos sem a arbitragem definida pela CBF (a partida contra o Corinthians terá Sávio Pereira Sampaio como juiz). Seria bom que o Sr. Daronco não fosse o responsável pelo apito em nenhuma delas.

 

Vasco precisa devolver a quebra de escrita contra o Furacão

Dilema no gol: pendurado, Léo Jardim não pode levar um amarelo no jogo de hoje, contra o Furacão
Dilema no gol: pendurado, Léo Jardim não pode levar um amarelo no jogo de hoje, contra o Furacão (📸: Leandro Amorim | Vasco)

O histórico – nem tão – recente de confrontos do Vasco com o Furacão não é o que podemos chamar de tranquilo. Há séculos sem ganhar dos caras no Paraná e com uma goleada vergonhosa na bagagem, os jogos contra o Athletico-PR são ainda mais complicados nas retas finais de Brasileirão, ainda mais na situação de hoje (nós, na briga pra permanecer na elite; eles, ainda disputando algo na competição): já tiramos um título quase certo dos caras e eles já jogaram a pá de cal em um dos nossos rebaixamentos, com direito a briga sangrenta na arquibancada.

A partida de hoje na tal “Ligga Arena, infelizmente, repete o cenário. Enquanto os donos da casa ainda precisam de pontos para se garantir na Libertadores do ano que vem, nós estamos todos com as calculadoras na mão, fazendo contas para disputar a Série A em 2024. No primeiro turno, já sob o comando de Don Ramón, o Athletico quebrou o tabu de nunca ter nos vencido em São Januário. Esta noite o Vasco tem a chance de devolver a quebra em uma escrita: não vencemos o Furacão em seus domínios há longos 16 anos.

O retrato do momento mostra um Vasco melhor, apesar de tudo. Enquanto mantemos uma invencibilidade de 5 partidas, o Athletico está o mesmo número de jogos sem conseguir uma vitória. Mas sabemos que o futebol não segue lógicas momentâneas. Uma hora, invencibilidades e fases ruins acabam. A missão de Ramón Diaz e seus comandados é fazer com que a nossa boa fase continue.

O problema é que, no contexto do campeonato, um empate nos serve pouco. Um ponto pode nos fazer subir uma posição na tabela (ou até duas, mas não dá pra contar muito com uma vitória do Botafogo sobre o Santos), mas não nos permitirá aumentar a vantagem para o Z4. Em caso de vitória do Cruzeiro sobre o Goiás, por exemplo, nos deixará a apenas um ponto da 17ª colocação. Sendo assim, vencer o Furacão na sua casa é o único objetivo que o Vasco pode ter hoje.

E para conseguir os três pontos, Don Ramón precisará mexer na sua equipe. Com a expulsão do Rossi na partida contra o Cruzeiro, Payet e Marlon Gomes disputam a vaga. Entre quem entrar, talvez seja mais interessante abandonarmos o esquema com três atacantes (no qual o Francês não consegue desempenhar todas as funções táticas e ainda se sacrifica) e ter mais um homem no meio. Marlon ainda tem chance de entrar mesmo que o Camisa 10 ganhe a vaga do Rossi, aí, no lugar do Praxedes (que, pelo que vem jogando, poderia muito bem pegar um banco). A outra alteração no time deve ser o retorno do PH à lateral, o que é positivo, já que provavelmente precisaremos de maior eficiência defensiva hoje do que o Puma pode oferecer.

Vencer hoje é o ideal, porque nos faria ganhar no mínimo duas posições na tabela – com alguma sorte, até quatro (!) – e aumentaria nossa distância do Z4. Um empate, como já disse, não seria o melhor dos mundos, nos manteria no bolo dos desesperados e numa situação pior que a da rodada passada. Ainda assim, seria um pontinho fora de casa, o que não podemos desprezar de forma alguma.

Já uma derrota…bom, é melhor nem pensar nessa hipótese.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
ATLHETICO X VASCO

Local: Ligga Arena.
Horário: 19h30 (de Brasília).
Árbitro: Anderson Daronco (RS-Fifa).
Assistentes: Rafael da Silva Alves (RS-Fifa) e Maurício Coelho Silva Penna (RS).
VAR: Wagner Reway (PB-VAR-Fifa).

ATHLETICO-PR: Bento, Cacá, Thiago Heleno e Esquivel; Cuello, Erick, Fernandinho e Canobbio; Zapelli, Vitor Bueno e Willian Bigode
Técnico: Wesley Carvalho.

VASCO: Léo Jardim, Paulo Henrique, Maicon, Medel, Lucas Piton; Zé Gabriel, Praxedes (Marlon Gomes), Paulinho, Marlon Gomes (Payet), Gabriel Pec e Vegetti.
Técnico: Ramón Díaz.

Transmissão: o  canal TNT transmite para todo o Brasil (exceto PR). A Cazé TV transmite para assinantes no YouTube. O canal Casemito transmite no Twitch (para cadastrados e assinantes Amazon Prime).

***

Chatão isso de ficar falando de arbitragem antes mesmo da partida começar, mas é impossível não ficar preocupado quando o apitador do jogo de hoje será o Sr. Anderson Daronco.

Com seu histórico de arbitragens “colaborativas” para o Vasco, é impossível não lembrar que o Léo Jardim está pendurado. E, por uma infeliz coincidência do destino, se ele estiver suspenso na próxima rodada, o jovem Halls será o goleiro titular: Ivan tem contrato com o Corinthians, nosso próximo adversário. Ou seja, ele não poderá jogar contra os gambás.

Então, para não corrermos o risco de disputar um confronto direto com  nosso  terceiro – e inexperiente – goleiro, Jardim deverá ser bastante comedido com possíveis reclamações e ceras. É certo que a mão do Daronco estará coçando para dar um amarelo para o titular do nosso gol.

Vasco deixa vitória escapar e fica no empate com o Cruzeiro


Contando com um pouco de sorte, Puma abriu o placar da partida
Contando com um pouco de sorte, Puma abriu o placar da partida no empate com a Raposa (📸: Leandro Amorim | Vasco)

O empate em 2 a 2 com o Cruzeiro nem foi um resultado péssimo. Claro que, pelo cenário desta rodada, uma vitória seria perfeita. Mas continuamos à frente da própria Raposa, aumentamos a distância pro Z4 em um ponto e, no fim das contas, um ponto é melhor que nada.

O problema não foi o placar em si, mas sim a clara impressão de que não conquistamos um ponto; deixamos de ganhar dois. Não que o jogo tenha sido fácil ou que nossos anfitriões não tenham sido melhores  em considerável parte dos 90 minutos. Mas até isso poderia ter sido evitado se o Vasco tivesse tido outra postura.

Ter recuado demais após o gol do Pumita, é um exemplo do que o time não deveria ter feito. A estratégia deu certo contra o Botafogo, mas ontem o Vasco apenas chamou o Cruzeiro para o seu campo, sem mostrar a mesma eficiência defensiva que teve no clássico. Resultado? Nos seguramos o quanto pudemos, mas acabamos batendo nosso próprio recorde em sofrer gols no fim do primeiro tempo: dessa vez fomos vazados duas vezes depois dos 40 minutos.

(parêntese: os gols que sofremos também entram na conta do “poderíamos ter evitado“. O primeiro, além do apagão do nosso meio de campo, foi fruto da má sorte do Medel, que acidentalmente desviou o chute e matou o Léo Jardim; o segundo não teria acontecido se o Rossi não fosse um imbecil. Fecha parêntese)

Deixando a vantagem escapar, precisávamos melhorar. E até melhoramos, ainda que tenha levado um tempinho. Mas ter maior presença ofensiva e igualar o placar com o gol do Pec foi o máximo que conseguimos. Poderíamos ter feito mais? Sim, mas aí nossa ineficiência em colocar a bola na rede fez a diferença. É o risco que se corre ao ter inimigos do gol, como o Sebastian, em campo.

Se o uruguaio não tivesse perdido o gol feito que perdeu – ou não estivesse em posição irregular no lance que anulou nosso terceiro gol – poderíamos voltar de BH com uma posição bem mais confortável na competição, precisando de uns dois ou três pontos para acabar com os qualquer risco e jogando a pressão da luta pela permanência na elite para os nossos concorrentes diretos. Agora, seguimos apenas com o nariz fora d’água e precisamos vencer uma ou duas partidas das quatro que nos faltam. Todas contra adversários bem mais qualificados que o Cruzeiro.

O empate de ontem pode até não ter tido “sabor de derrota“. Mas se não conseguimos uma vitória com gostinho de “estamos salvos” foi, mais uma vez, por vacilos nossos.

As atuações:

Léo Jardim – não chegou a ter muito trabalho, mas contou com a sorte no fim do jogo, quando o Cruzeiro perdeu um gol feito, com nosso goleiro já batido. Nada podia fazer nos gols.

Puma Rodríguez – ninguém esperava muito do lateral uruguaio, mas acabou sendo decisivo, abrindo o placar para o Vasco em um típico “gol cagado” (ainda que numa bela finalização). Na defesa, também surpreendendo muitos, não chegou a se comprometer (ainda que os dois gols do Cruzeiro tenham saído do seu lado do campo).

Maicon – a disposição de sempre, se destacando nos cortes pelo alto e nos bloqueios aos chutes do Cruzeiro. Na parte final do jogo saiu, dando lugar ao Léo, que não prejudicou a atuação da zaga.

Medel – teve mais uma boa atuação, infelizmente marcada pelo azar de ter desviado o chute que originou o primeiro gol cruzeirense.

Lucas Piton – uma atuação regular, que teria sido mais decisiva se sua assistência para o Sebastian fosse para um jogador que soubesse fazer gols.

Zé Gabriel –  não dificultou muito a vida do meio de campo adversário, que chegava com liberdade para finalizar com muita frequência. No primeiro gol da Raposa, poderia ter cometido uma falta e parado o lance. Sebastian o  substituiu e, mesmo fazendo a assistência para o gol do Pec, conseguiu se destacar negativamente perdendo um dos gols mais feitos da partida e estando em posição irregular na jogada que renderia nosso terceiro gol.

Paulinho  – mostrou alguma intensidade durante uma parte muito pequena do jogo, ainda no primeiro tempo. Depois, sumiu até machucar o ombro e dar lugar ao Jair, que trouxe um pouco mais de consistência defensiva ao meio de campo.

Praxedes –  uma lástima. Frouxo na marcação, incapaz na articulação de jogadas e um monte de decisões equivocadas. Saiu para a entrada do  Marlon Gomes, que voltando de contusão, pareceu estar fora de ritmo.

Rossi – pra não dizer que só atrapalhou o time, foi ele quem descolou o passe para o Pumita marcar seu gol. De resto, nada de útil: por causa de uma cera feita por ele, o juiz deu mais um minuto de acréscimo no primeiro tempo, minuto esse no qual o Rossi resolveu cometer uma penalidade idiota. E ainda conseguiu ser expulso estando no banco, depois de ter sido substituido pelo Payet. O francês participou do lance do gol de empate, cobrando o escanteio escorado pelo Sebastian para o Pec. Quase fez um belo gol em jogada individual, mas demorou a chutar e foi bloqueado.

Gabriel Pec – jogando pela esquerda no primeiro tempo, foi uma nulidade. Com a saída do Rossi, foi para a esquerda e passou a contribuir mais. Garantiu o pontinho em BH marcando o gol de empate.

Vegetti – mesmo pouco acionado, marcou três vezes em posição irregular e quase marcou um de cabeça.

Vasco imprevisível enfrenta a Raposa acuada

Absolvido em julgamento por sua expulsão contra o Goiás, Vegetti encara o Cruzeiro, no Mineirão
Absolvido em julgamento por sua expulsão contra o Goiás, Vegetti encara o Cruzeiro, no Mineirão (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Nas últimas rodadas, aconteceu de tudo com o Vasco.

Ainda não tinha vencido fora de casa sob o comando de Don Ramón e bateu o Coelho em BH, no que ainda era um confronto direto.

Mesmo jogando melhor contra Fla e Santos, perdeu as duas partidas. Assim como perdeu para o Inter, em casa, em um jogo no qual precisava mostrar força.

Precisava vencer desesperadamente o Goiás, e estando a minutos de conquistar os três pontos, cedeu o empate e se enterrou na classificação.

E justo quando as esperanças da torcida começaram a enfraquecer, o time emendou uma sequência de vitórias contra Cuiabá, Botafogo e novamente o América-MG, estas duas últimas, mesmo jogando menos – ou bem menos – que seus adversários.

Então, na real, falar que o Vasco PRECISA vencer o Cruzeiro hoje, no Mineirão é um redundância que pouco ou nada adianta. Os jogadores sabem disso, o técnico sabe disso, mas saber não muda a imprevisibilidade da equipe.

Dadas as circunstâncias, a partida de hoje é a mais importante do campeonato. Levando os três pontos, sobe duas posições na tabela, segura a própria Raposa na 16ª colocação, aumentará para cinco pontos a distância do Z4 e precisará de (talvez) mais três pontos em 12 a disputar para se livrar de vez de qualquer risco.

Já uma derrota, além do inevitável abalo moral, vai nos deixar novamente no bolo dos desesperados.

Desespero esse que esta noite estará do outro lado. Às portas da zona de rebaixamento e jogando com portões fechados por conta da confusão no jogo contra o Coxa, o Cruzeiro certamente não entrará em campo com a tranquilidade necessária. O Vasco precisa usar isso a seu favor.

Tirando o PH, único desfalque do time, Don Ramón pode escalar o que seria sua força máxima. Com quase 10 dias para trabalhar, o técnico teve tempo para ajustar sua equipe e evitar que precise dar outa coletiva pós-jogo reclamando do que viu em campo.

Mas no fim das contas, com ou sem reclamações, o importante é vencer, passando por cima das imprevisibilidades e da Raposa, um bicho muito perigoso acuado como está.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
CRUZEIRO X VASCO

Local: Mineirão.
Horário: 19h (de Brasília).
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS).
Assistentes: Michael Stanislau (RS) e Maurício Coelho Silva Penna (RS).
VAR: Daniel Nobre Bins (RS-Fifa).

CRUZEIRO: Rafael Cabral, William, Lucas Oliveira (Neris), Luciano Castán e Marlon; Matheus Jussa, Machado, Mateus Vital (Japa) e Nikão; Rafael Elias e Bruno Rodrigues.
Técnico: Paulo Autuori.

VASCO: Leo Jardim, Puma Rodríguez, Medel, Maicon e Lucas Piton; Zé Gabriel, Paulinho e Praxedes; Rossi, Vegetti e Gabriel Pec.
Técnico: Ramón Díaz.

Transmissão: o Canal Premiere transmite para todo o Brasil.

Vasco sofre, mas vence o Coelho

CONSACREZ-VOUS, FRANÇAIS: Payet entrou no intervalo e garantiu a importante vitória sobre o América com golaço de falta, já nos acréscimos
CONSACREZ-VOUS, FRANÇAIS: Payet entrou no intervalo e garantiu a importante vitória sobre o América com golaço de falta, já nos acréscimos (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Mesmo depois da emocionante vitória sobre o América-MG por 2 a 1, Don Ramón deu uma descascada no seu time na coletiva pós-jogo.

– Estou muito decepcionado com a equipe, pois não é a forma que trabalhamos. Com certeza, todos estão contentes com o resultado, mas no futebol, para salvar um time, é preciso jogar bem, é preciso interpretar de outra maneira, é preciso ter outro ritmo, outra dinâmica e outra pressão. – Ramón Diaz

Errado o “pruefessor” não está. Se a partida teve emoção, foi porque o Vasco não teve capacidade para fazer dela um confronto tranquilo. Até pareceu que seria tranquilo, com Vegetti abrindo o placar logo aos 4 minutos (depois de bela jogada individual do Pec).  Mas depois disso, o que vimos foi um América, um time já rebaixado, empatar o jogo menos de 10 minutos depois e dominar o primeiro tempo todo, até o intervalo.

O esporro deve ter comido no vestiário. A evidente bronca que o time tomou e as entradas de Payet e Rossi deram uma melhorada no time.  Mas não parecia o bastante. Não ameaçávamos tanto e seguíamos correndo riscos. O tempo passava, o América acertou nossa trave e obrigava Léo Jardim a fazer mais uma defesa difícil no Brasileiro. E o Vasco? Pouco, muito pouco.

O alívio só veio nos acréscimos, não pelo trabalho conjunto do time, mas pela conjunção da malandragem portenha do Pirata e do talento francês: Vegetti cavou uma falta na frente da área, o juizão marcou e Payet cobrou a falta com perfeição, no ângulo, indefensável.

A explosão nas arquibancadas em São Januário e a festa pela vitória não escondem mais uma partida bem abaixo do que o Vasco deveria mostrar na situação que ainda se encontra. A tal irregularidade – evidente se compararmos com a atuação de ontem com a que tivemos no clássico contra Botafogo – que o time não consegue superar, não foi o bastante para nos tirar a vitória. Mas a irritação do Don Ramón faz sentido: nossa reta final não tem jogos fáceis. Com atuações como a de ontem, contra adversários mais fortes e ainda com objetivos na competição, o time não poderá contar apenas com cobranças de falta perfeitas.

As atuações

Leo Jardim – foi decisivo para a vitória, ao fazer grande defesa no segundo tempo, quando o jogo ainda estava empatado.

Paulo Henrique – acabou sendo mais importante defensivamente que no apoio, onde errou alguns passes. Evitou uma finalização perigosa cotando um chute do adversário. Levou um amarelo e desfalca o time contra o Cruzeiro. Puma  entrou no fim, e só apareceu errando um cruzamento sem ter nenhum marcador o pressionando.

Maicon – um começo nervoso, errando passes e falhando no gol do América. Melhorou no  segundo tempo, jogando com mais segurança.

Medel – penou com a falta de proteção à zaga e não conseguiu atrapalhar o atacante na cabeçada que originou o empate. Mas foi incansável como sempre e um dos melhores do time.

Piton – partida discreta, não conseguiu ser tão eficiente no apoio.

Zé Gabriel – deu muita liberdade para o time do América trabalhar no nosso campo. Quase fez o gol mais cagado da história de São Januário. Deu lugar ao Jair no segundo tempo, que trouxe mais segurança à zaga.

Praxedes – errou uma penca de passes, tomou várias decisões equivocadas e desperdiçou belo passe do Alex Teixeira que o deixou em ótima condição de marcar. Saiu no intervalo para a entrada do Payet, que ajudou o time a ter maior volume de jogo ofensivo e garantiu a vitória com um golaço de falta.

Paulinho -não conseguiu ajudar tanto na construção de jogadas e também tomou decisões equivocadas nas poucas chances que teve.

Gabriel Pec – sua atuação pode ser resumida em um meme do Chico Buarque: fez grande jogada e a assistência para o gol do Vegetti; depois, perdeu um gol feito, com o goleiro batido, cabeceando mal uma bola. Sebastián entrou em seu lugar no fim e fez o de sempre: nada.

Alex Teixeira – lento demais pra posição que foi escalado, pouco apareceu. Quando fez uma grande jogada, em uma arrancada com direito a passagem por alguns marcadores, Praxedes desperdiçou a bola. Deu lugar ao Rossi no intervalo, que voltando de contusão, não conseguiu se destacar.

Vegetti – decisivo como sempre, participou dos dois gols, marcando o primeiro com um chute preciso e claramente cavando a falta que originou o gol do Payet.

Vasco com a faca e o queijo minas nas mãos

Convocado para a Seleção Pré-Olímpica, Pec segue titular contra o Coelho, hoje, na Colina
Convocado para a Seleção Pré-Olímpica, Pec segue titular contra o Coelho, hoje, na Colina (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Com a balbúrdia acontecida no (literal) confronto entre o Coxa e o Cruzeiro, nossa partida de hoje contra o América-MG tornou-se uma oportunidade de ouro para o Vasco não apenas abrir uma distância do Z4 mas também para ganhar alguma tranquilidade antes de entrar em uma reta final de Brasileiro na qual essa mesma tranquilidade deve passar longe.

A oportunidade é única pelo desenho da rodada. Além do Coxa ter segurado a Raposa, todos os nossos outros concorrentes diretos têm partidas complicadas. Dando a lógica, temos tudo para terminar a rodada com três pontos de distância da zona da confusão e abrindo alguma vantagem no número de vitórias, algo que pode fazer a diferença no fim do campeonato.

Mas para isso acontecer, o Vasco precisa vencer. Não apenas o América, mas antes disso, a ansiedade. Nossa vitória sobre o Botafogo na última rodada mostrou que uma suposta superioridade técnica perde importância em um momento de pressão. E o Coelho, ainda que seu elenco tenha brio e não queira entrar pra história como o que teve o pior desempenho em uma Série A, entrará em campo sem qualquer peso sobre os ombros. A pressão pelo resultado estará toda do nosso lado.

Don Ramón precisa deixar isso claro para sua equipe: buscar a vitória pelos 90 minutos é uma obrigação, mas não um sinônimo de desespero. É preciso jogar com calma, criar as oportunidades de gol sem abandonar a cautela que se mostrar necessária. Com a contusão do Erick, Rossi e Alex Teixeira disputam sua vaga, que deve ser a única alteração com relação ao time que venceu o Alvinegro. Sendo assim, manter a forma de jogo – e o bom nível de atuação – que tivemos no clássico não deve ser um problema.

O jogo de hoje é o último que teremos contra um adversário que, em teoria, não tem mais o que disputar na competição. Isso aumenta nossa responsabilidade, já que não tendo vida fácil até a derradeira rodada, somar pontos é indispensável. Ter a serenidade necessária para vencer o América hoje pode ser a chave para encararmos a reta final do Brasileirão com mais tranquilidade. E essa chave, hoje, está nas mãos – e pés – do time do Vasco.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x AMÉRICA-MG

Local: São Januário.
Horário: 18h30 (horário de Brasília).
Árbitro: Savio Pereira Sampaio (DF-Fifa).
Assistentes: Bruno Boschilia (PR-Fifa) e Tiago Augusto Kappes Diel (RS).
VAR: Rodolpho Toski Marques (PR).

VASCO: Léo Jardim, Paulo Henrique, Maicon, Medel, Lucas Piton, Zé Gabriel, Paulinho, Praxedes, Gabriel Pec, Rossi (Alex Teixeira) e Vegetti.
Técnico: Ramón Díaz

AMÉRICA-MG: Jori, Mateus Henrique, Danilo Avelar, Ricardo Silva e Marlon; Alê, Martínez, Juninho e Benítez; Felipe Azevedo e Mastriani.
Técnico: Diogo Giacomini (Interino).

Transmissão:  o Canal Premiere transmite para todo o país.

***

Teve pleito no Vasco ontem e vale dar os parabéns ao Pedrinho, novo presidente eleito do Clube. Não sei exatamente sua capacidade como gestor – ainda mais em um momento ainda transitório de SAF – mas uma coisa todo torcedor acredita: amor ao Vasco da Gama não lhe falta.

Não é garantia de um bom mandato, mas deveria ser a primeira e indispensável condição para quem chega ao cargo.

Vasco mostra força e bate o Botafogo

PH comemora seu gol pelo Vasco no clássico contra o Botafogo
Noite de herói: PH comemora seu gol, que garantiu a vitória do Vasco sobre o Bota e tirou o time do Z4 (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Estava claro que um jogo contra o líder do campeonato seria complicado. E o jogo realmente começou complicado, com o Vasco sendo pressionado pelo Botafogo. O nervosismo dos dois lados, ambos precisando muito da vitória, atrapalhava: nós não conseguíamos jogar, eles não conseguiam abrir o placar.

Até que, com quase 30 minutos de bola rolando, Maicon intercepta um passe no meio de campo. Com o corte, a bola cai caprichosamente no improvável Paulo Henrique, o mesmo PH que, há não muito tempo, era um dos líderes da barca montada pela torcida.

O lateral domina e corta pro meio. Muitos – me incluo – já antevendo a merda que o rapaz faria. Mas PH limpa a marcação e chuta, de esquerda, ainda de fora da área. O improvável ex-líder da barca estufa a rede, com a bola entrando no cantinho do Lucas Perri.

O gol, que garantiu a vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo, foi apenas o lance mais importante do jogo. Mas não a única coisa importante. O jogo coletivo, a entrega e a firmeza defensiva do Vasco, importante nos muitos momentos de pressão alvinegra, foi tão importante quanto. Não apenas evitamos que Léo Garden, o líder de defesas difíceis no Brasileirão, aumentasse sua lista de milagres embaixo das traves; também conseguimos criar outras chances de gol: poderíamos, inclusive, ter saído do clássico com um placar mais folgado.

Era um clássico tenso para os dois lados e o Vasco precisaria mostrar mais força que o Botafogo para vencê-lo. E assim fizemos. Manter a pegada de ontem e acabar de vez com nossa insistente irregularidade nos jogos é a chave para seguirmos fora do Z4, de onde conseguimos sair ontem. E, esperamos todos, para onde não voltaremos nunca mais.

As atuações

Leo Jardim – sem muito trabalho durante o jogo, mostrou segurança nas poucas vezes nas quais nosso sistema defensivo não evitou as chegadas do ataque alvinegro.

Paulo Henrique – já vinha tendo boas atuações, mas se for para estabelecer um marco na “volta por cima” do lateral, será a partida de ontem. Não apenas pelo belo gol, se livrando da defesa e finalizando com precisão, de fora da área, no canto do goleiro, mas também pela consistência defensiva e a ajuda no apoio (onde oscilou um pouco). Uma partidaça, esturricando a língua de muitos que já o criticaram.

Maicon – outro “renascido” do elenco, o “God of Zaga” fez uma partida bem perto de perfeita, se impondo fisicamente sobre os atacantes adversários (sem apelar para excessos) e zagueirando quando necessário. Ainda evitou o que poderia ser um gol do Botafogo, bloqueando um chute quase na pequena área quando o jogo ainda estava empatado e iniciou a jogada do gol do PH.

Medel – só não fez “assistências“, como seu companheiro de zaga. Tirando isso, uma atuação no nível do Maicon, praticamente sem erros (com a diferença que o chileno tem 1 metro e meio de altura).

Piton – com o placar a nosso favor pouco depois da metade da primeira etapa, teve seus melhores momentos no apoio logo após nosso gol. Depois acabou priorizando as funções defensivas, se saindo bem.

Zé Gabriel – carregou o piano de sempre, com eficiência e discrição. Poderia ter errado menos passes nas saídas de bola.

Praxedes – um início irregular, com passes imprecisos, mas melhorou no decorrer do jogo. Sem um futebol vistoso, mas importante taticamente, ajudou a ditar o ritmo do meio de campo.

Paulinho – bem na parte física – correu e combateu o jogo todo – e tática, alternando com eficiência suas funções defensivas e ofensivas. Quase marcou um gol de cabeça no segundo tempo. Deu lugar ao Jair no fim, tanto para dar um novo gás na marcação, como para fazer o tempo passar com sua entrada. Não teve muito tempo para aparecer.

Gabriel Pec –  quando não irrita com decisões equivocadas no ataque, já dá pra considerar que teve uma boa atuação. Mas ontem também teve importante função de desafogo para o time quando o Bota pressionava e ajudou o time a segurar a bola no ataque. Finalizou uma vez com perigo. Léo entrou no finalzinho da partida, pra fechar de vez o time e, como o Jair, para fazer o cronometro correr.

Vegetti – não deixou o dele, mas foi o típico atacante chato, que deu trabalho para a defesa adversária durante todo o jogo. Mas desperdiçou algumas boas chances, principalmente uma oportunidade quase no fim da partida, quando isolou a bola.

Erick Marcus – fez boas jogadas pela esquerda, numa delas, acertando belo cruzamento para o Paulinho quase marcar de cabeça. Infelizmente se machucou no começo do segundo tempo e provavelmente não deve voltar a atuar esse ano. Alex Teixeira o substituiu e tentou manter a bola no campo alvinegro por mais tempo. Pecou em algumas decisões.

Vasco, pressionado como sempre, encara um Botafogo pressionado como nunca

Em um clássico dramático, Vasco precisa mostrar mais força que o Bota
Em um clássico dramático, Vasco precisa mostrar mais força que o Bota (📸: Leandro Amorim | Vasco)

O Botafogo, nosso adversário de hoje em São Januário, entrará em campo hoje pressionado como nunca neste Brasileiro. De potencial campeão com rodadas de antecedência, viu uma diferença que chegou a ser de 14 pontos para o segundo colocado ser pulverizada para zero, com o Palmeiras igualando seu número de pontos com a vitória que teve no início da rodada.

Já o Vasco entra em campo pressionado como sempre esteve na competição: ainda no Z4 e mais afundado ainda com a vitória do Goiás ontem, o Gigante não pode sequer cogitar um empate no clássico de hoje, ainda mais sendo realizado no nosso caldeirão.

Cada um com seus problemas” é o que diz a sabedoria popular. Mas apesar de ser um confronto entre um dos times com pior rendimento e o líder do Brasileirão desde as primeiras rodadas, podemos dizer que o Vasco chega em um momento melhor que seu adversário.

Loucura dizer isso? Talvez. Mas vejamos o contexto… O Vasco até chega à partida uma posição abaixo do que estava no começo da rodada, mas com as derrotas do Cruzeiro e do Bahia, uma vitória hoje não apenas nos deixará fora do Z4 ao fim dessa rodada como, vejam vocês, nos jogará no bolo dos times que lutam pela última vaga na Sul-Americana. Além disso, enquanto o alvinegro vem de uma derrota daquelas de acabar com o psicológico de qualquer equipe,  nós conseguimos três pontos importantíssimos na última rodada, ao bater o Cuiabá fora de casa.

Outra ponto a se citar é que, enquanto o Botafogo chega com um monte de desfalques por suspensão, o Vasco contará com a volta do Vegetti ao ataque e terá até mais opções aceitáveis no banco, como Jair e, provavelmente, Rossi e Marlon Gomes. A volta do Pirata ao time deve ser a única mexida de Don Ramón na a equipe que venceu na última rodada.

Com tudo isso (mais a óbvia vantagem de jogar em um São Januário mais uma vez lotado), podemos dizer que o Vasco chega com certo favoritismo ao clássico? Claro que não. Primeiro, exatamente por ser um clássico. Segundo porque, por mais que o Botafogo esteja muito pressionado e com problemas para ser escalado, é inegável que tem um time muito mais preparado e – impossível não admitir – qualificado com o nosso. E por último, o mais decisivo de todos, o Vasco tem mostrado uma irregularidade em campo que não nos dá segurança para dizer que somos favoritos contra qualquer adversário que seja. Menos ainda sobre o líder do Brasileirão.

Mas uma coisa que podemos dizer com segurança, é que o Vasco tem o DEVER de entrar em campo mostrando mais empenho pela vitória que o Botafogo. Os dois times chegam ao clássico em níveis de pressão semelhantes, mas seus objetivos são diametralmente opostos. E o nosso, infelizmente bem menos nobre, é evidentemente mais crítico que a luta que o alvinegro enfrenta pelo título.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x BOTAFOGO

Local: São Januário.
Horário: 19h (horário de Brasília).
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS).
Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis (Fifa-SP) e Marcelo Carvalho Van Gasse (SP).
VAR: Wagner Reway (VAR-Fifa-PB).

VASCO: Léo Jardim; Paulo Henrique, Maicon, Medel e Lucas Piton; Zé Gabriel, Praxedes e Paulinho; Gabriel Pec, Erick Marcus (Payet) e Vegetti.
Técnico: Ramón Díaz.

BOTAFOGO: Lucas Perri; Di Placido, Bastos, Phelipe Sampaio e Marçal; Danilo Barbosa, Tchê Tchê e Eduardo; Júnior Santos, Victor Sá e Tiquinho Soares.
Técnico: Lucio Flavio.

***

Esqueci de citar um ponto que pode acabar sendo decisivo na partida: o Sr. Leandro Vuaden apita o jogo. Que na resenha sobre o jogo de amanhã eu não precise citar seu nome ou reclamar da arbitragem….