Já comentei por aqui que costumo fazer as resenhas sobre os jogos do Vasco apenas no dia seguinte, para não me deixar levar nem pela empolgação das vitórias, tampouco pela frustração das derrotas.
Dessa vez, a noite de sono após a derrota para o Corinthians não foi um alívio para um espírito frustrado. Serviu apenas para consolidar o sentimento de resignação.
Não tem muito o que falar sobre o jogo. Dizer que a derrota começou a se construir na partida contra o Atlhetico e a quase gabaritada que o Daronco fez com os pendurados da nossa defesa?
Ir mais atrás e lembrar das centenas de milhões gastas pra montar um elenco que, no primeiro turno nos levou à lanterna e que ainda hoje atrapalha nossa reação por falta de peças?
Ou, indo pro que aconteceu em campo, lembrar que a arbitragem – VAR incluso, já que sequer chamou o juiz de campo para uma revisão – ignorou solenemente um possível pênalti que poderia, no momento, nos levar ao empate?
Nada disso faz diferença. O fato é que, mais uma vez, o Vasco falhou justo quando não poderia e perdeu pontos em outro confronto direto. E em uma luta contra o rebaixamento das mais acirradas dos últimos tempos, é inaceitável um time ficar duas vezes a frente do placar e permitir a virada. Menos ainda sofrendo gols como o de ontem, numa jogada de altinha e feito de cabeça por um jogador com 1m75 de altura (só pra pontuar, o Capasso, titular da zaga ontem, tem 1m88).
Fraquejamos mais uma vez e com isso, complicamos severamente nossa situação na tabela. Contar com vitórias de times já desinteressados na competição contra nossos concorrentes na fuga do Z4 é o tipo de esperança que, além de inútil, nem merecemos ter. Podemos ganhar os dois jogos que restam, muito mais complicados que o de ontem? Sim. Mas ainda assim dependeremos de tropeços do Bahia ou Santos que, nesse momento, parecem muito mais eficientes na busca pelos seus objetivos.
As atuações
Léo Jardim – pra quem se acostumou a ver milagres, o primeiro gol parecia um tanto quanto defensável. Mas seria uma baita injustiça atribuir qualquer responsabilidade ao Jardim pela derrota.
Puma Rodríguez – com um gol e uma assistência, fez uma das suas melhores partidas pelo Vasco, ainda que tenha tomado alguma decisões erradas e tenha errado o passe que originou o terceiro gol adversário. Paulo Henrique entrou em seu lugar e até fugiu das suas características, sendo bastante presente no apoio. Não adiantou.
Gary Medel – mesmo no sacrifício, se doou ao máximo e, como um torcedor comum, se revoltou com o recuo do time nas vezes que esteve à frente no placar. Vacilou no lance do primeiro gol corintiano e não teve pernas para acompanhar o atacante que marcou o quarto.
Manuel Capasso – fora de ritmo e desentrosado, viu o time tomar dois gols de cabeça de um tampinha sem aparentemente poder fazer qualquer coisa. Deu lugar ao Zé Vitor, que por razões misteriosas e injustificadas para qualquer um que não acompanha os treinos do Vasco, tem tido mais oportunidades que o Miranda (que não é lá essas coisas, mas pelo menos tem mais experiência). Só foi visto quase saindo na mão com o Vegetti e sendo facilmente superado por um atacante adversário no lance do quarto gol marsupial.
Lucas Pitón – importante no apoio, fez a assistência para o gol do Puma e lançou umas 400 bolas na área adversária.
Zé Gabriel – não dá pra culpar individualmente uma postura que foi coletiva. O Zé não foi o único a recuar, mas em muitos momentos deixou espaços demais para o toque de bola adversário. Inclusive no lance do terceiro gol.
Jair – fez uma partida consistente e menos irritante que as últimas do Praxedes. Deu lugar ao Sebastián Ferreira, que é inegavelmente esforçado e igualmente inútil.
Paulinho – um pouco mais de intensidade que nos últimos tempo e maior colaboração na armação. Mas estava desatento no lance do terceiro gol e não conseguiu chegar a tempo de evitar o chute. Rossi entrou em seu lugar apenas para errar tudo o que tentou.
Dimitri Payet – se esforçou, chamou a responsa em jogadas individuais e fez belas inversões (como o passe que fez para o Piton no primeiro gol do Vasco), mostrando que sobre no time no quesito visão de jogo.
Gabriel Pec – a entrega e algumas decisões equivocadas, como sempre. Finalizou três vezes, uma delas, com relativo perigo. Deu lugar ao Alex Teixeira, que não teve tempo e nem teria o que fazer com o time já no desespero.
Pablo Vegetti – marcou um belo gol, mas cochilou feio no segundo gol adversário.