Ontem tinha comentado que o Zé Ricardo iria para o jogo contra o Brusque sem fazer qualquer alteração no que considera seu time titular e que, com isso, só poderíamos esperar que o Nenê colocasse o Raniel em condições de marcar.
Só que o Vovô achou melhor cortar os intermediários – até porque, pelo visto, nosso centroavante titular está de mal com o gol – e ele foi lá e resolveu a partida sozinho, marcando duas vezes e garantindo a vitória sobre o Brusque.
E, sem querer pagar de adivinho, as coisas se desenrolaram muito como falei ontem: depois de um primeiro tempo pavoroso, as alterações no segundo tempo acabaram fazendo o time melhorar e vencer, mesmo que aos trancos e barrancos. É impressionante como o Vasco, mesmo invicto e mesmo vencendo, não consegue se impor sobre nenhum adversário nesta Série B. Nem mesmo contra o Brusque, que pelo apresentado ontem, terá uma dificuldade tremenda pra se manter na Série B.
E o mais assustador de tudo é que, pelo segundo tempo que fizemos – principalmente após as entradas da dupla presidencial, Getúlio e Figueiredo – a vitória de ontem foi a melhor atuação do Vasco na competição. Mesmo com o primeiro tempo ruim e com o time precisando de contra-ataques para ameaçar um adversário muito limitado.
A “goleada” de ontem nos fez dormir na vice-liderança e nos dá mais tranquilidade de moral para o difícil clássico contra o Grêmio na quinta que vem. Seria ótimo se o segundo tempo de ontem servisse para o Zé Ricardo perceber que, no meio do nosso elenco chumbrega, há opções que tornam o time, se não melhor, pelo menos mais competitivo. E com isso, talvez não dependêssemos apenas do talento do Nenê para vencer.
Mas acho que isso é esperar demais do nosso treinador, infelizmente.
As atuações
Thiago Rodrigues – fez uma grande defesa, quando o jogo ainda estava empatado e passou a segurança necessária para o time construir a vitória.
Weverton – ainda não vi porque é a primeira opção para a lateral direita. Limitado toda vida, volta e meia deixa espaços pelo seu lado do campo e acerta muito pouco quando apoia. Pra dizer que não fez nada, fez um cruzamento na medida pro Raniel, que desperdiçou.
Quintero -não chegou a comprometer mesmo nos momentos em que o Brusque tentou exercer uma pressão.
Anderson Conceição – segue dando segurança pro nosso maior trauma recente, as bolas aéreas. Mas insiste em sair a bola com “lançamentos” que, na maioria absoluta das vezes, vão diretamente para o adversário.
Edimar – bem no combate direto, segurou bem a onda quando o Brusque atacou pela sua lateral. Depois de um primeiro tempo nulo no apoio, melhorou no segundo, ainda que não chegando à linha de fundo, mas com bons passes, como no lance do segundo gol, quando acionou o Getúlio com um bola em profundidade.
Yuri Lara – um dos poucos que se salvaram no primeiro tempo, quando o Vasco pouco fez. Se destacou no combate e nas roubadas de bola. Saiu nos minutos finais, dando lugar ao Zé Gabriel,
Andrey – mais uma partida na qual o garoto mostrou personalidade de veterano: ocupa bem os espaços, protege bem a bola e tem qualidade para fazer a ligação entre a defesa e o ataque. Chegou até a finalizar em duas oportunidades, mas nisso, ele precisa treinar bastante. Também saiu no fim, dando lugar ao Matheus Barbosa, que só de não levar amarelo nos minutos que ficou em campo, já foi um alívio.
Nenê – o pessoal nas sociais já reclamava do coroa, e até com razão, pela sua atuação discreta no primeiro tempo. Ainda não entenderam como são as coisas: o Vovô pode ficar sentado em campo por 89 minutos. Se no minuto restante ele resolver mostrar o talento que tem, não há no nosso elenco com maior poder de decisão (infelizmente). Ou alguém do time teria capacidade técnica para dar o toque entre o goleiro e a trave do primeiro gol? Além de abrir o placar e facilitar a vitória no segundo tempo, também marcou o segundo e poderia ter marcado pelo menos mais um, mas chutou pra fora.
Palacios – estreou como titular, mas numa posição na qual não parecer ser a sua. Jogando mais avançado e pelos lados do campo, acabou se desgastando rápido e não podendo explorar sua força e habilidade. Saiu no começo da etapa final, dando lugar ao Figueiredo, que mostrou a garra de sempre – inclusive ajudando na defesa – mas não conseguiu levar muito perigo ao gol adversário.
Raniel – teve uma chance clara, mas desperdiçou cabeceando pra fora. Depois até tentou ajudar na criação, mas essa, definitivamente, não é a dele. Pelo menos fez a assistência, acidental, para Nenê abrir o placar. Getúlio, que entrou em seu lugar no começo do segundo tempo, precisou de pouco mais de 20 minutos em campo para mostrar que pode oferecer mais que apenas ficar parado esperando uma bola para finalizar: fez uma bela assistência para o segundo gol do Nenê. Aos 35 acabou se machucando e deu lugar ao sumido Sánchez, que acabou apenas justificando o seu sumiço.
Gabriel Pec – vinha fazendo um primeiro tempo bem discutível até participar bem da jogada do primeiro gol. No segundo tempo melhorou e foi uma boa opção de ataque pela esquerda.