Nesses quase 10 anos em que escrevo sobre o Vasco na internet, há uma coisa que sempre falo porque é minha convicção pessoal sobre o assunto: a torcida vaiar o próprio time é burrice. Vaiar um jogador não fará com que ele jogue melhor (menos ainda que aprenda a jogar) e é fazer o trabalho da torcida adversária.
Esse é um ponto. Agora, querer colocar qualquer tipo de responsabilidade sobre a derrota do Vasco para o Paraná Clube na torcida ou nas vaias vindas das arquibancadas de São Januário é mais que nonsense; é buscar uma desculpa esfarrapada para a incompetência do time.
Dizer que o time do Vasco, cheio de jogadores com mais de uma década como profissionais “se abala” com vaias a ponto de não conseguir vencer um time limitado como o Paraná é fazer pouco da inteligência do torcedor.
As vaias também justificam um time que teve 62% de posse de bola finalizar apenas 12 vezes em mais de 90 minutos? E explica o fato de metade dessas finalizações ter sido pra fora? Foi por causa das vaias que só conseguimos fazer um gol, mais uma vez, de forma acidental e não numa jogada trabalhada?
As vaias justificam as escolhas do treinador? Será que, mesmo com um elenco limitado em número – não falarei em qualidade – como temos, somente Diguinho, Eder Luis, William Oliveira, Leandrão e, para citar alguns titulares, Jorge Henrique e Madson merecem chances? São as vaias que impedem o Jorginho de ir colocando com mais frequência a molecada da base?
Foram as vaias que justificaram a renovação de contrato do Aislan? Ou o fato de não termos qualquer outra opção para a zaga além dele?
As vaias, que a bem da verdade foram direcionadas para um ou dois jogadores apenas, não explicam nada disso. O fato é que o Vasco não vem jogando bem há tempos. Seja ganhando, seja perdendo.
Falar que os jogos são difíceis porque os adversários jogam na retranca é retórica furada. O que a diretoria, a comissão técnica e os jogadores esperavam dos outros times jogando contra um gigante do futebol nacional, com um elenco várias vezes mais caro que os demais e franco favorito ao título? Mesmo que não tivéssemos passado por essa experiência outras duas vezes não seria necessária inteligência de sobra para saber que furar retrancas seria o trabalho primordial do Vasco nessa Série B.
O que Jorginho e seus comandados precisam é se justificar menos e trabalhar mais. O treinador precisa, mais que urgentemente, encontrar alternativas táticas para o time. E os jogadores, alguns de maneira extrema, precisam treinar mais e se aprimorar tecnicamente. Fora isso, é conversinha pra tentar acalmar a torcida que não resolve nada.
E aí, Vasco? Vamos voltar a justificar o favoritismo na competição ou não?
As atuações…
Martín Silva – nada pôde fazer nos gols. No resto do jogo, pouco teve a fazer.
Madson – mais um cruzamento certo. Com as mãos. Tirando isso, não se vê sendo efetivo em momento algum.
Rodrigo – começou entregando uma bola que quase virou um lance de perigo, mas depois não chegou a ter trabalho com o ataque adversário. Se lançou ao ataque no segundo tempo e quase marcou de cabeça. No lance do segundo gol, estava completamente vendido no lance.
Luan – se contundiu ainda no primeiro tempo e deu lugar ao Aislan, que entre lances bizarros e alguns bons cortes, falhou mais uma vez e foi responsável direto pela derrota.
Henrique – foi visto com frequência no apoio, mas não conseguiu acertar qualquer cruzamento. E ainda deixou sua lateral desguarnecida em vários momentos.
Diguinho – é praticamente um zagueiro jogando no meio de campo: sua irresistível vontade de sair dando bicões em qualquer bola que lhe apareça pela frente é irritante.
Julio dos Santos – vinha fazendo uma partida na média, e pelo que vinha apresentando, provavelmente seria substituído de qualquer forma, como acontece na maioria das vezes. Mas Jorginho acabou queimando o paraguaio ao tirá-lo de campo justo no momento em que ele começou a ser vaiado. William Oliveira entrou no seu lugar e, pilhado em excesso, não conseguiu fazer muito além de dar um novo gás ao meio de campo. Acabou sendo coadjuvante da pixotada do Aislan.
Andrezinho – tentou organizar o time, mas afunilou demais as jogadas e acabou errando os passes decisivos. Quase marcou um belo gol, em chute que só carimbou o travessão por conta do desvio do goleiro adversário.
Nenê – ontem até que resolveu jogar bola, voltando a marcar, criando boas chances e deixando companheiros na cara do gol, como fez com Andrezinho. Mas não foi o bastante para superar a retranca paranaense.
Jorge Henrique – um dia muito infeliz para o minicraque: além de fazer um gol contra, atrapalhou o Nenê numa chance clara de gol. Eder Luis entrou em seu lugar e não conseguiu fazer nada. Ou seja, por atrapalhar menos que o JH, se saiu um pouco melhor.
Leandrão – não conseguiu fazer muita coisa além de cavar penalidades e errar passes quando tentou ser o pivô. O lance do segundo gol começou com o centroavante apanhando da bola ao tentar dominá-la ao receber um lançamento longo.
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