Vasco supera a própria irregularidade e bate o Vitória na Colina

Abrindo o placar contra o Vitória, Maicon marcou seu primeiro gol pelo Vasco
Abrindo o placar contra o Vitória, Maicon marcou seu primeiro gol pelo Vasco (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Na entrevista que concedeu no final do jogo de ontem, Payet declarou que o “Vasco precisa saber terminar as partidas“. LONGE DE MIM querer contestar o sujeito que fez as duas assistências pros gols que garantiram nossos três pontos contra o Vitória, mas na minha modesta opinião, o Vasco também está precisando saber INICIAR suas partidas.

E depois do primeiro tempo terrível que vimos ontem, duvido que essa seja uma opinião solitária. Ainda que o Vasco tenha conseguido, em parte, fazer uma das tais “partidas controladas” na etapa inicial, em vários momentos o Vitória só não criou problemas graves porque – tentando manter o devido respeito ao time baiano – mostrou uma limitação tremenda no ataque. Erros de posicionamento defensivo deixaram muitos espaços para o adversário nos atacar e, em vários momentos, eles foram bem mais agressivos que nós, como se a necessidade da vitória fosse apenas do Vitória.

Ofensivamente, também fomos muito ineficientes. Nas raras vezes que conseguimos superar a marcação rubro-negra, finalizamos mal ou nem isso. Pelo que apresentamos nos primeiros 45 minutos, pra chegarmos a um gol, só mesmo se a arbitragem fizesse seu trabalho direito e marcasse o grosseiro pênalti sofrido pelo Galdames, só menos grosseiro que o erro do VAR ao não assinalar a infração.

Ainda bem que no segundo tempo o time voltou melhor e conseguiu resolver a questão antes dos 12 minutos: depois de uma atuação discreta na etapa inicial, o Francês fez duas assistências em seis minutos e resolveu a partida com as ajudas do Maicon e do Pirata. Poderíamos ter marcado outros, passamos um sufoco no fim por conta de um cochilo defensivo, mas conseguimos manter a vantagem até o apito final.

Era uma vitória indispensável, não apenas por nos tirar do Z4 e dar uma tranquilizada no ambiente antes de um clássico, mas também por ser um confronto direto na luta para fugir da zona da confusão. É deprimente ver o Vasco, numa sexta rodada de Brasileirão, estar com esse tipo de preocupação, mas é o que temos pra hoje. Que as questões apontadas pelo Francês – e as não apontadas também – sejam corrigidas o mais rápido possível e que nossos próximos confrontos diretos sejam por disputas pelo posições mais nobres na tabela.

Na As atuações

Léo Jardim – não chegou a ser extremamente exigido na partida. No lance do gol, até permitiu o rebote em um primeiro chute, mas se o Vitória não tivesse marcado, seria mais uma defesa difícil pra conta do goleiro.

João Victor – não dava pra contar com o zagueiro improvisado sendo uma arma no apoio, mas compensou defensivamente. Paulo Henrique o substituiu no fim, aparentemente, apenas para pagar sua cota de irritação para a torcida.

Maicon – bem nas antecipações, bolas altas e combates diretos, ainda abriu o placar para o Vasco em um momento importante da partida.

Léo – fez uma partida regular, sem nada que comprometesse sua atuação. Tentou ajudar na saída de bola.

Lucas Piton – um primeiro tempo que reforçou a impressão de queda de desempenho. Melhorou junto com o time no segundo tempo, sendo mais presente no apoio, mas seus cruzamentos não foram precisos.

Sforza –  não fugiu da responsa de ser o principal marcador no meio de campo e ajudou na saída de bola. E ainda se revelou uma boa opção para a cobrança de faltas: quase marcou um golaço, obrigando o goleiro adversário a fazer grande defesa para evitar o que seria seu gol de falta.

Galdames – alguns erros de posicionamento no primeiro tempo deram espaço demais ao adversário, ainda assim, fez uma partida acima da sua média. Na primeira etapa, apareceu em lances de perigo quando chegou à frente, fazendo a finalização mais perigosa do time, dando uma assistência (desperdiçada pelo David) e sofreu um pênalti escandaloso não marcado. No segundo tempo conseguiu ser mais consistente defensivamente, sem deixar de arriscar algumas chegadas à área. Mateus Carvalho entrou em seu lugar  e acabou vacilando no gol do Vitória, errando um passe fácil e perdendo a chance de recuperar a bola antes da primeira finalização do lance.

Payet – uma atuação que lembrou o Vovô Nenê: um primeiro tempo discreto, levando a pior com a marcação adversária (mas ainda assim conseguindo uma finalização perigosa, no lance do penal não marcado). Aí, no segundo tempo, foi lá  e resolveu, fazendo as assistências para os dois gols vascaínos. Deu lugar ao Praxedes, cuja maior contribuição pro resultado foi ter levado um tabefe, provocando a expulsão de um jogador do Vitória quando o adversário tentava pressionar pelo empate.

Rossi – digno de nota, apenas uma recuperação quando fazia a recomposição defensiva e conseguiu cortar um contra-ataque. No ataque, foi uma nulidade. O que torna inexplicável a reserva imposta ao Adson. Mesmo não sendo um craque, é muito mais útil na frente, criando jogadas com velocidade e dando trabalho aos seus marcadores sem medo de arriscar dribles. Vinha bem mas acabou sentindo no fim e deu lugar ao  Puma, que pelo menos não teve tempo para aparecer (ou comprometer o resultado).

David – muito participativo, obriga que a defesa adversária fique atenta o tempo todo. Mas ontem estava em um dia de Deivid, já que perdeu pelo menos duas grandes chances para marcar finalizando mal ou não conseguindo executar bem algum movimento. Precisa melhorar sua tomada de decisão também.

Vegetti – o empenho de sempre, mas foi pouco acionado. Mas é aí que um centroavante mostra sua eficiência: finalizou apenas duas vezes e deixou o seu.

Hoje, a vitória é o único resultado aceitável para o Vasco

Contra o Vitória, João Vitor vai improvisado na lateral direita
Contra o Vitória, João Vitor vai improvisado na lateral direita (📸 Leandro Amorim | Vasco)

Usando de uma franqueza que nem se justifica pelo que o Vasco tem apresentado em campo, o jogo de hoje é daqueles que qualquer torcedor pode falar: se a gente não vencer o Vitória em casa, vai empatar com quem?

Os caras não venceram ninguém, o único ponto conquistado foi na base da rivalidade com o Bahia e nem em casa os caras estão conseguindo ganhar. O rubro-negro baiano está tão mal que consegue a proeza de estar abaixo de nós na tabela!

Mas aí temos que lembrar dos poréns…Eles estão atrás da gente, sim, mas têm um jogo a menos. E, verdade seja dita, eles pegaram uma tabelinha bem cruel nesse começo de Brasileiro (Palmeiras, São Paulo e Cruzeiro). E como o jogo adiado deles seria contra o Cuiabá, a partida menos complicada do Vitória até agora é justamente a contra o Vasco.

Chatão ler isso. Mas como negar?

Então, é óbvio que os baianos chegarão em São Januário nos considerando o adversário ideal para começar uma virada na competição (e, depois da goleada que sofremos na Colina para o Criciúma, dá pra achar que os caras estão viajando?). Cabe ao time do interino Rafael Paiva evitar que isso aconteça. Até porque, esse lance de “virada no Brasileiro” também é nossa pauta pra hoje.

Para conseguir isso, o interino fará mudanças no time que perdeu para o Furacão na última rodada. Payet volta ao time – esperamos em melhores condições que no seu último jogo – e João Vitor assumirá a lateral direita (o que mostra o quanto estamos bem servidos com PH e Puma). Muito provavelmente o JV parte do jogo como um terceiro zagueiro mesmo, até porque, o meio de campo hoje estará naquele jeito “marca-fofo“, com gringos Galdames e Sforza acompanhando o Francês no setor. Se essa meiuca gringa conseguir dar mais criatividade ao time, TALVEZ compense a falta de pegada no combate.  E aí, é contar que a dupla DVD Pirata faça a sua parte lá na frente (já que com o Rossi só podemos contar com uma substituição no intervalo. Ou antes).

O Vitória, como aparentemente qualquer time que tenhamos que enfrentar atualmente, não deve ser molezinha. Ainda assim, vencer é a única opção que o Vasco tem para não se afundar ainda mais na tabela e na crise.

Campeonato Brasileiro 2024

Vasco X Vitória

Léo Jardim, João Victor, Maicon, Léo, Lucas Piton, Sforza, Galdames, Payet, Rossi, David e Vegetti. Lucas Arcanjo; Zeca (Willean Lepo), Bruno Uvini (Camutanga), Reynaldo e PK; Willian Oliveira, Dudu e Rodrigo Andrade; Matheusinho, Mateus Gonçalves (Iury Castillho) e Janderson.
Técnico: Rafael Paiva (interino). Técnico: Léo Condé.
Estádio: São Januário. Data: 12/05/2024. Horário: 18h30. Arbitragem: Raphael Claus (SP-Fifa). Assistentes: Alex Ang Ribeiro (SP-Fifa) e Daniel Luis Marques (SP). VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP-VAR-Fifa)
TV: O SporTV e o Canal Premiere transmitem para assinantes de todo o Brasil.

Com ‘sorte de Z4’, Vasco perde pelo placar mínimo em Curitiba

Prejudicado pela expulsão imbecil do Hugo Moura, Vasco só conseguiu evitar a segunda goleada seguida (📸: Matheus Lima | Vasco)

Sorte de campeão” é uma expressão conhecida, que  todo mundo entende o significado. É quando aquele time que está disputando um título passa o maior perrengue em um jogo, mas vence com um gol cagado. Ou, quando mesmo em caso de derrota, vê seus concorrentes perderem na mesma rodada e uma liderança é mantida.

Como as palavras sorte, campeão e Vasco não são escritas junto há muito tempo, nos resta ter algum outro tipo de sorte. Infelizmente daquelas que não adiantam nada. Na derrota de ontem para o Athletico, fomos salvos quatro vezes pela trave, pelo menos duas vezes pelo Léo Jardim e, ainda assim, perdemos. A “sorte” de evitar outra goleada após a sofrida para o Criciúma, no final das contas, não adianta de muita coisa (exceto evitar que nosso saldo de gols ficasse ainda pior do que já está).

Como dizem, a “sorte acompanha quem trabalha“. E se o trabalho na Colina tem sido aquém do necessário, a sorte que nos sobra tem a mesma qualidade. Falta trabalho tanto dentro como fora do campo: na hora de contratar reforços, de avaliar o momento de manter ou demitir técnicos, de escalar quem deve ser titular, de evitar expulsões idiotas, criar jogadas ofensivas e de colocar a bola nas redes adversárias. O resultado? A 17ª colocação na tabela, mesmo com a montanha de grana que se gastou, pela segunda temporada seguida, na montagem do elenco.

Com a quarta derrota seguida, seguimos no Z4 e só não estamos numa posição ainda pior porque um monte de times têm jogos a menos que nós. E, mesmo que vençamos na próxima rodada, há uma chance bem grande de seguirmos na zona da degola. Ou seja, precisaremos de alguma sorte para que isso não aconteça, já que se formos contar com o trabalho que vem sendo feito no clube, parece bem complicado conseguirmos ter algum avanço imediato nesse Brasileirão.

As atuações

Léo Jardim – teve menos trabalho que as traves que defendeu. Fez duas grandes defesas, uma em cada tempo, e no resto do jogo fez defesas seguras em finalizações que não lhe exigiram tanto.

Paulo Henrique – há algum tempo a Av. Paulo Henrique foi pavimentada, teve expansão de faixas de rodagem e não cobra qualquer pedágio. Ontem, a maioria das jogadas perigosas do Furacão veio pelo seu lado do campo, inclusive a do gol. Pra fechar a atuação horrenda, ainda perdeu uma chance clara de gol no segundo tempo.  Clayton entrou em seu lugar e, pra manter o nível que estamos acostumados a ver, não fez nada.

Maicon – fez o que pôde, mas vacilou no lance do gol.

Léo – junto com o Maicon, penou com a falta de proteção à zaga após a expulsão do Hugo Moura.

Lucas Piton – há alguns jogos não consegue ser efetivo no apoio e ontem foi igual. Defensivamente também deu espaços pela sua lateral e não conseguiu impedir a finalização que originou o gol do Athletico.

Hugo Moura – sua forma de retribuir a confirmação da sua contratação em definitivo pelo Vasco, fez uma lambança completa, do passe errado à falta evitável que lhe rendeu um vermelho aos 15 minutos do primeiro tempo. Se o time tinha alguma chance de conseguir um resultado melhor na partida, o volante acabou com ela.

Mateus Carvalho – teve que se desdobrar depois da expulsão do  Hugo Moura, mas era uma missão acima da sua capacidade. Sforza o substituiu e melhorou ligeiramente nossa saída de bola, muito por conta do pé no freio que os donos da casa colocaram no segundo tempo.

Galdames – se a ideia era faze-lo ser o homem de criatividade no time, não deu certo. Defensivamente também não foi tão efetivo.

Rossi – não deveria nem ter entrado e saiu para a entrada do João Vitor após a expulsão. Já o zagueiro mostrou mais uma vez a completa falta de explicação para sua atual condição de reserva. Jogou como lateral e foi mais efetivo ao levar o time para o ataque que qualquer uns dos meias do time. Fez grande jogada que acabou em gol do Vegetti, infelizmente, em posição irregular.

David – mais uma atuação para apagar a imagem de jogador questionado do elenco: não é craque, mas já há alguns jogos  é o mais perigoso do time e quem dá mais trabalho às defesas adversárias. Se melhorasse suas finalizações seria indiscutível no atual grupo que temos. Adson entrou em seu lugar no fim e não conseguiu ajudar muito.

Vegetti – se normalmente fica mais isolado na frente, com um jogador a menos no time, ficou ainda mais solitário. Quase não recebeu bolas e, quando pôde finalizar, fez um gol. Mas estava impedido. Erick Marcus entrou em seu lugar provavelmente para explorar contra-ataques em velocidade. Mas errou tudo o que tentou.

Vasco ‘sofredor’ encara o Athletico em Curitiba

Maicon deve ser titular da zaga novamente contra o Furacão; Medel (primeiro à esquerda) segue como opção no banco
Maicon deve ser titular da zaga novamente contra o Furacão; Medel (primeiro à esquerda) segue como opção no banco (📸 Leandro Amorim | Vasco)

Apesar da situação já periclitante do Vasco no Brasileirão, é inegável admitir que, diante das atuais circunstâncias, um empate hoje com o Athletico será um bom resultado.

Enquanto os paranaenses estão na quinta colocação, não perdem em casa há nove meses e tem um trabalho estabelecido com sua comissão técnica, nós estamos na 17ª posição na tabela, nunca vencemos os caras como visitantes no Brasileiro e ainda estamos afundados numa crise que inclui a falta de um técnico efetivado desde a goleada para o Criciúma.

Diante disso tudo, o Rafael Paiva deve fazer o mesmo que fez no jogo de ida pela terceira fase da Copa do Brasil: armar um time que “sabe sofrer” e se, o acaso der uma forcinha, fazer alguma graça no ataque. Contra o Fortaleza, serviu para segurarmos um valorizado empate sem gols.

A questão é saber se, com as prováveis mudanças que o interino fará na equipe, saberemos aguentar o inevitável sofrimento. Ainda sem confirmar sua escalação, Paiva indica que montará sua equipe em um 4-3-3 padrão, com Maicon e Léo na zaga e Galdames e Rossi tirando as vaga que foram do Rojas e do Rayan no Castelão. Colocar mais volantes no meio de campo talvez evite que o Furacão tenha a mesma facilidade que o Fortaleza teve na última partida. O estranho é a escolha justamente por dois caras que começaram no banco na última partida e que, quando entraram, foram da irrelevância à má atuação pura e simples.

Sobre Medel, relacionado mas começando no banco, quero crer que seja por falta de ritmo. Fora isso, é outra decisão esquisita do Paiva.

Um empate hoje não será o bastante para nos tirar do Z4, mas nos dará um pontinho que nos deixará mais perto de sair do 17ª posição na próxima rodada (um confronto direto contra o Vitória, na Colina). É pouco, muito pouco. E revoltantemente ruim ter que se contentar com isso.

Campeonato Brasileiro 2024

Athletico-PR X Vasco

Léo Godoy, Kaique Rocha, Gamarra e Esquivel; Fernandinho, Erick e Zapelli (Felipinho); Canobbio, Julimar (Cuello) e Pablo (Mastriani). Léo Jardim, Paulo Henrique, Maicon, Léo, Lucas Piton; Hugo Moura (ou Sforza), Mateus Carvalho, Galdames; Rossi, David e Vegetti.
Técnico: Cuca. Técnico: Rafael Paiva (interino).
Estádio: Ligga Arena  Data: 05/05/2024. Horário: 16h. Arbitragem: Anderson Daronco (FIFA-RS) . Assistentes: Luanderson Lima dos Santos (FIFA-BA) e Michael Stanislau (RS). VAR: Pablo Ramon Goncalves Pinheiro (FIFA-RN).
TV: o Canal Premiere transmite para assinantes de todo o Brasil.

Vasco que só soube sofrer arranca empate no Castelão

Destaque do Vasco na partida, Léo Jardim garantiu o empate no Castelão com grandes defesas
Destaque do Vasco na partida, Léo Jardim garantiu o empate no Castelão com grandes defesas (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Depois de uma traulitada como a que tomamos na última rodada do Brasileiro, é difícil não ter achado o empate de ontem com o Fortaleza um bom resultado.

Jogando fora de casa, contra um time há muito tempo mais ajustado que o nosso (pra não entrarmos na discussão da qualidade do elenco) e que até técnico tem, sair do Castelão sem perder, sem sofrer gols – algo que não acontece há quase dois meses – e podendo avançar para as oitavas da Copa do Brasil com uma vitória em São Januário no jogo de volta, não dá muito pra reclamar, certo?

Mais ou menos.

O problema é que gostar do resultado não significa que o Vasco tenha nos dado motivos para gostar da partida. Muitas vezes, aliás, é o contrário: quando o time vai mal e, ainda assim, não perdemos, a satisfação com o placar é inversamente proporcional à satisfação com o que vimos em campo.

Foi isso o que aconteceu ontem. Era óbvio que Rafael Paiva tinha como objetivo principal não tomar gols, algo que conseguiu. Mas me parece bastante perigoso dizer que fomos bem defensivamente apenas por não termos sido vazados. E por uma razão simples: em uma equipe com dois volantes, laterais que não avançaram muito e três zagueiros não deveria ter como principal destaque na partida o seu goleiro. A impressão que fica, no fim das contas, é que o ferrolho do Paiva só “funcionou” porque Léo Jardim estava em uma noite inspirada.

Com um time tão defensivo como o que tivemos ontem, a facilidade com a qual o Fortaleza atacava e criava chances de perigo (nem tantas, é verdade) evidenciou que o esquema proposto ainda tem muito o que evoluir. E, outra questão que deve ser resolvida até o jogo da volta, não podemos passar quase o jogo todo pressionados como aconteceu ontem. Ser defensivo é necessário em algumas partidas, mas ser inofensivo não pode acontecer nunca.

O empate foi um bom resultado, ok. Mas “saber sofrer“, ainda mais dependendo tanto de milagres do goleiro, não vai nos fazer avançar na Copa do Brasil. O Vasco também precisa saber vencer.

As atuações
Léo Jardim – indiscutivelmente o melhor em campo, evitou que o Vasco saísse com uma derrota com pelo menos quatro grandes defesas.

Paulo Henrique – tomou um drible humilhante em um lance que só não terminou em gol pela finalização no lance ter carimbado a trave. Está numa fase terrível.

Rojas – surpreendeu fazendo uma partida segura, se saindo bem nos combates diretos. Em um lance, roubou uma bola e armou um bom contra-ataque. Perto do fim, deu lugar ao Zé Gabriel, “curiosamente” no momento em que o Fortaleza levou mais perigo nos minutos finais.

Maicon – também não comprometeu, se destacando nas bolas aéreas e antecipações.

Léo – depois de um primeiro tempo irritante, melhorou. Na etapa final, bloqueou uma finalização perigosa.

Lucas Piton – quando não consegue se destacar no apoio, geralmente evidencia sua irregularidade defensiva. Foi o que aconteceu ontem.

Hugo Moura – marcou com firmeza enquanto esteve em campo e tentou ajudar o time a ter uma saída de bola com mais qualidade. Acabou sendo substitu1ído no intervalo pelo Galdames, após sentir. O chileno até teve uma finalização interessante, mas além disso, só mostrou que muitas vezes considera ter mais qualidade do que consegue praticar com a bola no pé. Em dois momentos armou contragolpes perigosos para o Fortaleza ao errar passes.

Mateus Carvalho – vinha dando consistência à marcação pelo meio, mas pra variar, foi amarelado muito cedo e acabou saindo no intervalo. Sforza o substituiu e, apesar de ser detonado por alguns torcedores nos Twitters da vida, fez uma partida mediana, sem razões para elogios, mas igualmente sem razão para críticas em excesso.

Rayan – tentou ser uma válvula de escape pelo lado de campo, puxando contra-ataques, mas não conseguiu ser efetivo. Adson entrou em seu lugar para exercer a mesma função, mas tirando um arremate relativamente perigoso, não acrescentou tanto.

David – foi quem mais se destacou no ataque, tentando levar o time à frente pelo lado esquerdo do campo. O lance mais bonito do time foi dele: chapelou o marcador e completou com um chute forte de fora da área. Rossi entrou em seu lugar em um momento do jogo no qual acabou sendo mais útil na função de ajudar a cobrir os avanços do Fortaleza pela lateral.

Vegetti – não chegou a receber bolas em boas condições para finalizar, mas incomodou bastante a zaga adversária com seu jogo físico.

Fortaleza e Copa do Brasil são os menores problemas do Vasco hoje

Rojas deve fazer parte do "ferrolho" que o técnico interino do Vasco fará contra o Fortaleza hoje
Rojas deve fazer parte do “ferrolho” que o técnico interino do Vasco fará contra o Fortaleza hoje (📸: Leandro Amorim | Vasco)

É dever de todo torcedor acreditar e ter fé que seu time se sairá bem em toda competição que participa. Mas, sejamos realistas: hoje, o vascaíno tem muito mais com o que se preocupar do que a Copa do Brasil ou o jogo de hoje contra o Fortaleza.

Claro que torcer que voltemos do Castelão com um resultado que pelo menos não nos tire as esperanças de chegar às oitavas de final da competição, todos nós torceremos. Mas o momento – desde o sorteio do confronto, no qual poderíamos ter tido melhor sorte – não é nada favorável. Time mal no Brasileirão, goleado em casa na última rodada, sem um técnico oficial, com problemas sérios de gestão por conta da 777….Mais incerto que o futuro do Vasco na Copa do Brasil é o futuro do clube de um modo geral.

Talvez por isso o interino Rafael Paiva tenha dado indicações de que montará a equipe de forma beeeeeeeeem cautelosa. Três zagueiros e três volantes, provavelmente com a intenção de evitar uma outra sacolada de gols pra cima da gente.  Como Payet e Medel mostraram estar fora de ritmo contra o Criciúma (o primeiro nem relacionado foi), Cocão e Rojas assumirão seus lugares. Como a bola chegará à dupla DVD Pirata é um mistério. Mas com esse monte de defensores em campo, o Fortaleza deve ter – ESPERAMOS 🙌 – uma dificuldade maior para chegar ao Léo Jardim.

Talvez a atitude correta para o time seja reconhecer o tamanho da crise que o clube vive e relativizar a importância dessa partida. Encarar a disputa da seguinte forma: um bom resultado será ótimo para melhorar o clima, mas um resultado ruim será apenas mais uma gota de chuva na tempestade que atravessamos. Encarando o fato de que temos mais a ganhar que a perder, boa parte da pressão do jogo diminui.

Copa do Brasil 2024

Fortaleza x Vasco

 João Ricardo, Tinga, Brítez, Titi, Bruno Pacheco; Lucas Sasha, Pedro Augusto e Kervin Andrade; Marinho, Moisés (Breno Lopes) e Renato Kayzer. Léo Jardim, Paulo Henrique, Rojas, Maicon, Léo, Lucas Piton, Sforza, Hugo Moura, Mateus Cocão, David e Vegetti.
Técnico: Juan Pablo Vojvoda. Técnico: Rafael Paiva (interino).
Estádio: Arena Castelão. Data: 01/05/2024. Horário: 19h. Arbitragem: Matheus Delgado Candançan (SP). Assistentes: Alex Ang Ribeiro (SP-Fifa) e Daniel Paulo Ziolli (SP). VAR: Daniel Nobre Bins (RS-VAR-Fifa).
TV: O SporTV e o Canal Premiere transmitem para assinantes de todo o Brasil.

Goleado pelo Criciúma, Vasco volta à sua rotina de ‘tempestades perfeitas’

Ao perder o pênalti que levaria o Vasco ao empate ainda no primeiro tempo, Vegetti deu início à catastrófica derrota para o Criciúma
Ao perder o pênalti que levaria o Vasco ao empate ainda no primeiro tempo, Vegetti deu início à catastrófica derrota para o Criciúma (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Eu ainda estava nas arquibancadas de São Januário quando comecei a pensar no que falar hoje sobre a derrota para o Criciúma. Até o momento, anda era uma derrota, feia, mas apenas uma derrota. Longe do vexame que se sacramentou com o apito final da partida.

O jogo ainda estava 2 a 0 e eu pensava que um resultado tão terrível – que ninguém tem obrigação de se lembrar depois de tudo o que veio a seguir – depois de um primeiro tempo no qual poderíamos até terminado a frente no placar seria aquele típico caso de “errar rápido para corrigir rápido“. É papo de empreendedor, mas me parecia caber na situação: já que era pra pagar mico, que fosse nas primeira rodadas, quando ainda teríamos tempo para mudar a rota e tentar fazer um Brasileiro PELO MENOS sem o terror que vivemos em 2023.

Mas não demorou muito pra vermos que, pelo visto, 2023 não acabou para o Vasco.

Ontem eu tinha falado que uma derrota seria terrível por conta da pressão que seria jogada na equipe. E aí, não apenas perdemos, tivemos uma tempestade perfeita em São Januário:

✅Perdemos o jogo;
✅Perdemos o jogo em casa;
✅Perdemos o jogo contra um dos times que acabaram de subir da Série B;
✅Perdemos o jogo desperdiçando um pênalti e gols feitos;
✅Perdemos o jogo tendo uma atuação inclassificável no segundo tempo;
✅Perdemos o jogo numa goleada, com direito a provocação do adversário;
✅Perdemos o jogo e provavelmente entraremos no Z4;
✅Perdemos o jogo e a comissão técnica, a menor das responsáveis pela vergonha de ontem;

Resumindo, o que deveria ser um início de recuperação no Brasileiro acabou se tornando um alçapão para o Vasco cair direto em uma crise que certamente afetará o time por um bom tempo. E é bem provável que já vejamos os resultados práticos disso na quarta que vem, quando enfrentaremos o Fortaleza pelo jogo de ida na Copa do Brasil.

Depois de uma goleada como a de ontem, é natural que todo o trabalho seja revisto com um viés de terra arrasada. Que é preciso mudar, é claro. Mas quem  guiará o futebol vascaíno por novos rumos? Sob o comando da 777, está claro que nossa caravela não tem – nem terá – uma bússola ou um almirante que saiba o que está fazendo. E isso, no meio da tempestade que acabamos de adentrar.

Ao invés de falar das atuações dos jogadores, vale mais falar da atuação de quem realmente sofre com essas humilhações que o Vasco da Gama passa com uma frequência muito maior que a aceitável: a torcida.

Antes do jogo, mostrou que as coisas não estavam tão bem ao demorar dias para esgotar os ingressos para a partida. Ainda assim, foi lá e lotou o Caldeirão.

Durante os 90 minutos, apoiou o quanto foi possível. As primeiras vaias generalizadas só vieram no intervalo. Com o Criciúma aumentando a vantagem, natural os protestos aumentarem e parte dos torcedores irem embora (eu mesmo fui um deles. O Vasco é pra quem acredita, mas ontem, depois do 3 a 0, não havia fé que resistisse). Ainda assim, o estádio ainda estava bem cheio no quarto gol sofrido.

Jogaram objetos no campo, mas pelo nosso histórico recente, uma derrota catastrófica como a de ontem poderia ter gerado problemas muito maiores. Diante disso, só quem saiu merecendo aplausos na tarde de ontem foi nossa própria torcida.

Vasco volta pra casa e titulares voltam ao time contra o Criciúma

Estreia, finalmente? - Payet treinou entre os titulares e pode fazer contra o Criciúma seu primeiro jogo pelo Brasileiro
Estreia, finalmente? – Payet treinou entre os titulares e pode fazer seu primeiro jogo pelo Brasileiro contra o Criciúma (📸 Leandro Amorim | Vasco)

Após duas rodadas como visitante, finalmente o Vasco volta à Colina pelo Brasileirão. Depois da vitória sobre o Grêmio na primeira rodada, encaramos outro time do Sul, o Criciúma.

Tão esperada quanto voltar a jogar em São Janú, as voltas de Payet e Medel são tão importantes quanto. Aliás, até mais, se lembrarmos do que o Vasco mostrou até aqui na competição. Sem o Francês, não sobra muito ao time além de chuveirinhos na área adversária; e sem o Xerifão, nossa zaga não conseguiu ter uma eficiência que compensasse os poucos gols que nosso ataque tem marcado (reflexo da baixa variação de jogadas ofensivas, relacionada diretamente à ausência do Payet, etc).

Chegar ao confronto contra o Tigrão já sendo um confronto direto pra fugir do Z4 era algo que não esperávamos. E nada indica que teremos um joguinho tranquilo: o Criciúma só está numa posição pior que a nossa por ter um jogo a menos e ainda não perdeu na competição (o que é bem relevante se considerarmos que eles jogaram contra o Galo em BH).

Isso torna o jogo de hoje crucial para que a equipe de Don Ramón volte ao caminho das vitórias e, antes de tudo, que saia da incômoda posição que já nos encontramos na tabela. Qualquer coisa diferente dos três pontos hoje pode nos deixar na zona de rebaixamento, jogando uma pressão enorme no time em uma mísera quarta rodada. Pressão essa que será ainda maior – e justificável – caso as voltas de Payet e Medel se confirmem: não vencer um dos ainda considerados principais candidatos ao rebaixamento, jogando em casa e com sua força máxima, será algo bem difícil da torcida aceitar de boa.

Campeonato Brasileiro 2024

Vasco X Criciúma

Léo Jardim, Paulo Henrique, Medel, Léo, Lucas Piton, Sforza, Hugo Moura, Payet, Rayan, David e Vegetti. Gustavo, Claudinho, Rodrigo, Wilker Ángel e Miguel Trauco; Barreto, Higor Meritão, Fellipe Mateus, Marquinhos Gabriel e Marcelo Hermes; Bolasie (Eder).
Técnico: Ramón Diaz. Técnico: Cláudio Tencati.
Estádio: São Januário. Data: 27/04/2024. Horário: 16h. Arbitragem: Caio Max Augusto Vieira (RN). Assistentes: Marcelo Carvalho Van Gasse (SP) e Francisco Chaves Bezerra Junior (PE). VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP-FIFA).
TV: O Canal Premiere transmite para assinantes de todo o Brasil.

Vasco, com suor e sem inspiração, perde clássico para o tricolor

Hugo Moura fez uma assistência na sua estreia pelo Vasco, mas não conseguiu evitar a derrota no Clássico
Hugo Moura fez uma assistência na sua estreia pelo Vasco, mas não conseguiu evitar a derrota no clássico (📸: Lucas Merçon | Fluminense)

Nem acho que valha a pena ficar falando da arbitragem na derrota do Vasco para o Flu. Lances revistos pelo VAR, ainda que considerados decididos acima de qualquer contestação, são analisados por pessoas e pessoas são passíveis de enganos (digamos assim) em suas interpretações e ao traçar linhas.

Dito isto, o clássico de ontem foi mais uma daquelas partidas nas quais vimos que o Vasco joga nos limite das suas possibilidades para ser competitivo. Sem Payet, o time é 100% transpiração e muito pouca inspiração. Com três volantes no meio de campo, conseguimos errar mais passes que o Flu mesmo tendo apenas 45% da posse de bola. Criar algo errando tantos passes é bem complicado.

E há outra questão:  mesmo sem um articulador e errando muitos passes, a intensidade até ajuda a criar lances de perigo.  Mas sem inspiração, esses lances são inúteis: finalizamos bem mais que os tricolores, mas desperdiçamos todas (com exceção, claro, do gol do Vegetti), algumas claríssimas.

Tendo um adversário mais eficiente, o Flu não precisou fazer muita coisa para vencer a partida. Aproveitou as chances que teve e controlou bem o jogo quando o Vasco tentou pressionar. Ou seja, outra partida na qual até poderíamos ter melhor sorte, mas não tivemos força para conseguir evitar a derrota. Nada muito diferente da derrota para o Bragantino.

Mesmo com todos  os titulares, o Vasco é um time que precisará se empenhar muito para conseguir seus objetivos. Sem reforços, com desfalques decisivos e com escolhas questionáveis (Rossi? Por que???), as coisas ficam mais complicadas. Lamentar a falta de sorte, decisões da arbitragem  ou placares injustos não resolve nada. “Merecer” um resultado melhor não altera o placar. E, ainda pior, não nos dará um pontinho sequer a mais na tabela.

As atuações

Léo Jardim – nada podia fazer nos gols sofridos. Fez pelo menos uma grande defesa, em finalização do Douglas Costa.

Paulo Henrique – outra atuação ruim. Pouco ajudou no apoio e defensivamente foi ainda pior.

Maicon – criou raízes no lance do primeiro gol, ficando plantado enquanto o Ganso saltou para cabecear. No segundo, não conseguiu interceptar o passe que chegou para o Martinelli marcar. Teve a chance de compensar as duas falhas marcando o gol de empate, mas cabeceou para fora na boa chance que teve.

Léo – não comprometeu como seu companheiro de zaga. Fez uma partida segura.

Lucas Piton – não conseguiu ser tão efetivo no apoio. No lance do segundo gol, foi facilmente superado pela troca de passes do adversário.

Sforza – precisou correr muito para impedir os avanços do tricolor. Acabou saindo, por cansaço, dando lugar ao Zé Gabriel, que levou um amarelo protocolar e não muito mais que isso.

Galdames – discreto demais, não conseguiu ajudar o time justo no que mais precisávamos: algum tipo de articulação. Erick Marcus entrou em seu lugar no intervalo, ajudando o time a ser mais incisivo no ataque. Mas na prática, não conseguiu ser tão efetivo.

Mateus Carvalho – mais uma vez prejudicado por um amarelo muito cedo (e dessa vez, completamente sem sentido). Antes de sair no intervalo, fez uma finalização com relativo perigo no começo da partida. Hugo Moura fez sua estreia substituindo o Cocão. O volante aumentou o poder de marcação pelo meio e se destacou acertando o cruzamento para o gol do Veggeti. Os erros de passes podem se justificar pela falta de entrosamento.

Rossi – outra atuação terrível. Facilmente superado pela defesa tricolor e sem cumprir aceitavelmente a função tática de ajudar a fechar o lado direito, não fez nada que preste ofensiva ou defensivamente. Rayan entrou em seu lugar no intervalo e é impossível negar que sua atuação ficou marcada – negativamente – por perder um gol quando estava sozinho diante do goleiro Fábio.

David – mais um jogo com intensidade e movimentação, criando jogadas e deixando seus companheiros em boa posição para finalizar. Saiu no final da partida, dando lugar ao Clayton, que assim como o Rayan, marcou sua presença em campo perdendo uma chance claríssima de gol.

Vegetti – no primeiro tempo, obrigou o Fábio a fazer uma grande defesa e poderia ter conseguido um penal a nosso favor se as regras de mão na bola dentro da área não tivessem interpretações diversas para equipes diferentes. No segundo tempo marcou o gol vascaíno. Deu trabalho aos marcadores -e para a arbitragem – durante todo o jogo.

Vasco ‘visitante’ busca recuperação contra o Flu na Arena Maracanã

Responsável direto pelo resultado negativo contra o Bragantino, Léo Jardim pode se reabilitar no clássico contra o Laranjal
Responsável direto pelo resultado negativo contra o Bragantino, Léo Jardim pode se reabilitar no clássico contra o Laranjal (📸 Leandro Amorim | Vasco)

Não sei exatamente porque, mas tenho a impressão que, nos últimos anos – sempre que estamos na elite, obviamente – o Vasco é sempre o primeiro a encarar um clássico regional no Brasileirão. O jogo de hoje com o laranjal só reforça isso, ainda que possa ser apenas uma impressão.

O que não é uma impressão é que pegamos uma tabelinha complicada nesse começo de competição. Não sei se algum outro time teve nas três primeiras rodadas apenas adversários classificados pra Libertadores desse ano (o Bragantino já rodou, mas Grêmio e Flu seguem na fase de grupos).

Muitos podem dizer que a ordem dos oponentes não faz diferença, já que temos que encarar todos. Mas na prática não é assim: um começo ruim de Brasileirão e estar nas últimas posições da tabela logo nas primeiras rodadas é ruim por já jogar pressão no time desde o início. E encarar três pedreiras já na largada, com duas delas em sequência jogando como visitante aumenta o risco de resultados ruins.

E até poderíamos não ser os visitantes hoje, se a pinimba dos tricoflores com o Vasco não seguisse inabalável. Mas dessa vez acho que nosso lado também vacilou: não fechar um acordo para meiar a Arena por causa da arenga velha sobre o lado da torcida acabou prejudicando o próprio torcedor, que teve bem menos ingressos ao seu dispor.

Não que eu ache desimportante a questão: o Vasco teria, por direito conquistado, que destinar o lado que quisesse no Maracanã e é uma injustiça histórica uma concessão cheia de maracutaias impedir isso. Mas, depois de anos nesse lenga-lenga, todos já deveríamos ter entendido que esse estádio da Radial Oeste pode até ainda se chamar Mário Filho, mas faz um tempo que não é mais o MARACANÃ.

(parênteses: os mais observadores já devem ter percebido que não chamo o estádio dessa forma há anos. O que hoje é Arena jamais será o Maraca. Fecha parênteses)

Mas mesmo tendo apenas 4 mil vascaínos nas arquibancadas, temos que encarar os “locatários da casa“. E o Flu entra em campo mais pressionado, já que ainda não venceu no Brasileiro e perder um clássico não vai ajudar nada a melhorar o clima no Laranjal. Então os caras virão com tudo, ainda mais se lembrarmos que o tricolor não vence o Vasco três partidas.

Já do nosso lado, ainda que estejamos numa posição melhor na classificação, precisamos voltar a vencer depois da injusta derrota da última rodada. E nada melhor para aumentar a moral de uma equipe que bater um grande rival. Mas seguimos com problemas: Don Ramón ainda não pode contar com Payet e Medel e o treinador ainda não anunciou se volta com o esquema com três zagueiros no clássico. Com uma atuação apagada contra o RB Bragantino, PH pode dar lugar ao João Victor, que formaria a zaga com Léo e Maicon. No meio e no ataque, devemos seguir com três volantes e  com Rossi fechando com a dupla DVD Pirata o trio ofensivo.

Com tudo isso, teremos uma partida complicada, como geralmente é todo clássico, mesmo sem desfalques importantes como teremos. Corremos grande risco de vermos novamente aquele monte de bolas alçadas à área pela falta de articulação do time. Mas pode dar certo, desde que nossos atacantes estejam mais inspirados e que não cometamos erros individuais primários (pra não chamar de falhas bisonhas) na defesa.

Campeonato Brasileiro 2024

Fluminense X Vasco

Fábio; Samuel Xavier, Felipe Melo, Manoel, Marcelo; André, Martinelli, Ganso; Arias, Marquinhos, Cano. Léo Jardim, Paulo Henrique (João Victor), Maicon, Léo, Lucas Piton; Sforza, Galdames, Mateus Carvalho, Rossi, Vegetti e David.
Técnico: Fernando Diniz. Técnico: Ramón Diaz.
Estádio: Arena Maracanã. Data: 20/04/2024. Horário: 16h. Arbitragem: Wilton Pereira Sampaio (FIFA). Assistentes: Bruno Boschilia (FIFA) e Leone Carvalho Rocha. VAR: Rodolpho Toski Marques (VAR-FIFA).
TV: o Canal Premiere transmite para assinantes de todo o Brasil.