Hoje, a vitória é o único resultado aceitável para o Vasco

Contra o Vitória, João Vitor vai improvisado na lateral direita
Contra o Vitória, João Vitor vai improvisado na lateral direita (📸 Leandro Amorim | Vasco)

Usando de uma franqueza que nem se justifica pelo que o Vasco tem apresentado em campo, o jogo de hoje é daqueles que qualquer torcedor pode falar: se a gente não vencer o Vitória em casa, vai empatar com quem?

Os caras não venceram ninguém, o único ponto conquistado foi na base da rivalidade com o Bahia e nem em casa os caras estão conseguindo ganhar. O rubro-negro baiano está tão mal que consegue a proeza de estar abaixo de nós na tabela!

Mas aí temos que lembrar dos poréns…Eles estão atrás da gente, sim, mas têm um jogo a menos. E, verdade seja dita, eles pegaram uma tabelinha bem cruel nesse começo de Brasileiro (Palmeiras, São Paulo e Cruzeiro). E como o jogo adiado deles seria contra o Cuiabá, a partida menos complicada do Vitória até agora é justamente a contra o Vasco.

Chatão ler isso. Mas como negar?

Então, é óbvio que os baianos chegarão em São Januário nos considerando o adversário ideal para começar uma virada na competição (e, depois da goleada que sofremos na Colina para o Criciúma, dá pra achar que os caras estão viajando?). Cabe ao time do interino Rafael Paiva evitar que isso aconteça. Até porque, esse lance de “virada no Brasileiro” também é nossa pauta pra hoje.

Para conseguir isso, o interino fará mudanças no time que perdeu para o Furacão na última rodada. Payet volta ao time – esperamos em melhores condições que no seu último jogo – e João Vitor assumirá a lateral direita (o que mostra o quanto estamos bem servidos com PH e Puma). Muito provavelmente o JV parte do jogo como um terceiro zagueiro mesmo, até porque, o meio de campo hoje estará naquele jeito “marca-fofo“, com gringos Galdames e Sforza acompanhando o Francês no setor. Se essa meiuca gringa conseguir dar mais criatividade ao time, TALVEZ compense a falta de pegada no combate.  E aí, é contar que a dupla DVD Pirata faça a sua parte lá na frente (já que com o Rossi só podemos contar com uma substituição no intervalo. Ou antes).

O Vitória, como aparentemente qualquer time que tenhamos que enfrentar atualmente, não deve ser molezinha. Ainda assim, vencer é a única opção que o Vasco tem para não se afundar ainda mais na tabela e na crise.

Campeonato Brasileiro 2024

Vasco X Vitória

Léo Jardim, João Victor, Maicon, Léo, Lucas Piton, Sforza, Galdames, Payet, Rossi, David e Vegetti. Lucas Arcanjo; Zeca (Willean Lepo), Bruno Uvini (Camutanga), Reynaldo e PK; Willian Oliveira, Dudu e Rodrigo Andrade; Matheusinho, Mateus Gonçalves (Iury Castillho) e Janderson.
Técnico: Rafael Paiva (interino). Técnico: Léo Condé.
Estádio: São Januário. Data: 12/05/2024. Horário: 18h30. Arbitragem: Raphael Claus (SP-Fifa). Assistentes: Alex Ang Ribeiro (SP-Fifa) e Daniel Luis Marques (SP). VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP-VAR-Fifa)
TV: O SporTV e o Canal Premiere transmitem para assinantes de todo o Brasil.

Sobre o Doutor, vitimismos, teorias e conspirações

O "Doutor": craque nos campos, afiado como articulista
O “Doutor”: craque nos campos, afiado como articulista

Sócrates, capitão da seleção brasileira na Copa de 1982 e ídolo corintiano, nunca jogou no Vasco. Puxando pela memória, o momento mais marcante envolvendo o meio-campista de futebol elegante e o Gigante foi sua participação no massacre dinamítico pra cima dos marsupiais, quando o Roberto detonou os marsupiais com 5 gols diante de um – ainda – Maraca com mais de 100 mil testemunhas de um dos maiores jogos da história do Brasileirão. O “Doutor” inclusive marcou um dos dois gols da equipe paulista.

Mas porque falar do Sócrates hoje? Porque a polêmica causada pela nota oficial do Vasco por conta da “polêmica” (com muitas aspas) arbitragem no clássico com o Flu me fez lembrar de uma das facetas do craque: seu lado colunista.

O uso da frase “contra tudo e contra todos” na nota vascaína provocou uma reação furiosa da imprensa esportiva, com alguns dos seus integrantes chegando a acusar o Vasco de estar se vitimizando ao citá-la.

Só faltou falarem que o clube está de “mimimi” e mania de perseguição. Como se fosse impossível o Vasco ser intencionalmente prejudicado ou como se nunca tivesse acontecido antes (mostrando que, em se tratando da gente, muitos jornalistas têm a memória muito curta).

E foi essa reação de boa parte da imprensa esportiva que me fez lembrar de uma crônica escrita pelo Sócrates para a revista Carta Capital, em junho de 2008. O título é autoexplicativo, e ainda que trate de CBF e não da FERJ, nos faz pensar: se nos bastidores do futebol pentacampeão do mundo rola isso, imaginem o que não acontece nos domínios da federação carioca.

Segue a íntegra da coluna. Seria bom que uns e outros que cobrem o futebol brasileiro se lembrassem que nem tudo é teoria e, algumas vezes, é realmente conspiração.

PROMISCUIDADE PURA

por Sócrates
Há dez anos, numa reunião da cúpula do Flamengo com um diretor da CBF, tratava-se de ajeitar uma tabela de campeonato de acordo com os interesses do clube

Ainda tenho uma pendência financeira com o Flamengo que vem desde o tempo em que lá joguei – há exatamente 20 anos, eu chegava ao clube. Depois de muito tentar um acordo, joguei a toalha e decidi apresentar as minhas razões à Justiça. Os passos estão sendo dados, ainda que lentamente, e um dia se decidirá pelos meus direitos não atendidos.

Pois foi em uma dessas tentativas de buscar uma solução amigável com o clube que vivenciei um quadro que diz bem como se processa a relação entre clubes e confederação quando existe um interesse comum. Eu marcara uma reunião com o então presidente do Flamengo, Kléber Leite (hoje ocupando um cargo informal no clube), e, na hora determinada, cheguei à nova e suntuosa sede do clube – no meu tempo, a administração era embaixo das arquibancadas da Gávea. Na ante-sala da presidência me pediram para esperar um pouco, pois ele estava em meio a uma reunião muito importante e que logo após me receberia. Recebi o recado com naturalidade e procurei uma cadeira para aguardar.

Foi até bom, porque, nesse período em que permaneci ali na sala de espera, pude rever muitos e bons amigos que entravam e saíam daquela pequena saleta sem ter chances de ser atendidos. Relembrar com eles os anos em que lá passei foi muito prazeroso e me fez desprezar o tempo que perdi naquele ambiente. Finalmente, fui chamado para entrar no gabinete presidencial. Surpreendi-me, pois não vi ninguém sair e imaginei que deveria haver uma outra porta por onde os presentes ao encontro pudessem retornar aos seus afazeres normais. Fui levado à sala de reuniões em que, ao redor de uma grande mesa retangular, se postavam várias figuras conhecidas e alguns, para mim, estranhos. Percebi então que a reunião não terminara e que dali em diante eu estaria assistindo ao final da mesma.

Depois de cumprimentar todos, sentei-me relaxadamente como sempre e passei a observar o ambiente. A princípio, notei que de alguma forma eu estava incomodando algumas daquelas pessoas, mas não a maioria. Eu nem mesmo havia entendido a causa de me terem convidado para participar daquela roda – o que eu tinha para falar com o presidente nem de longe poderia interessar aos demais –, mas busquei entender o que se passava pela cabeça de cada um deles. O técnico Luxemburgo, naquele momento, era o que mais falava e, inclusive, me argüiu sobre o que eu achava de Djalminha e Amoroso e qual dos dois serviria para ser o que eles chamavam de arco e flecha – aquele que arma a jogada e que também define, faz gols. A resposta, de tão óbvia, saiu como um reflexo da minha boca.

Acho que, talvez, eles também estivessem discutindo a possível contratação do atual atacante do São Paulo. Mas, com certeza, este não era o assunto principal daquela confraria. E isso ficou claro depois do primeiro impacto que a minha presença provocou, quando eles retornaram ao tema principal que, inacreditavelmente, me teve como testemunha. Um senhor que eu não conhecia era nada mais nada menos que um diretor da CBF encarregado de formular as tabelas dos campeonatos – pelo menos na Copa do Brasil daquele ano, 1995, ele parecia ter plenos poderes. Os demais estavam com as datas do torneio nas mãos e com o quadro de confrontos, que ainda não fora definido, deitado sobre a grande mesa.

Todos os aspectos eram expostos nos mínimos detalhes e discutidos pela alta cúpula do clube ali presente. Qual a data mais interessante para jogar, já que, concomitantemente, o Flamengo disputava o Campeonato Carioca. Onde seria menos desgastante se apresentar – no interior do Pará ou de Goiás, por exemplo. Quais os adversários que exigiriam menos. Discutiu-se, inclusive, qual time poderia atrapalhar os seus mais tradicionais rivais do estado do Rio de Janeiro – particularmente o Vasco da Gama.

Tudo o que se definia era anotado pelo senhor em questão. Como um vassalo, ele se prestava a dar qualquer esclarecimento que fosse do interesse dos demais. Depois de pouco mais de uma hora, definiu-se o que se queria. A partir daquele instante, todos ali, de comum acordo, já sabiam o que poderia ser a caminhada do Flamengo rumo ao pretenso título – que, apesar de todos aqueles cálculos, acabou não sendo conquistado.

Por essas e outras é que sempre duvidei de qualquer ato das federações e/ou confederação. É muita promiscuidade. Quando o árbitro, réu confesso de ter manipulado resultados no atual Campeonato Brasileiro, aponta alguns dirigentes como agentes de pressão para proteger determinados clubes, não tenham dúvidas de que mais uma vez ele está dizendo a verdade. E tenho certeza que muito mais podridão há debaixo do tapete.

Lembrar deste relato do Doutor é uma afirmação de que a Dona FFERJ ou outros clubes estão em conluio para prejudicar o Vasco? Óbvio que não. Mas é um lembrete aos que nos acusam de vitimização que conluios, sim, acontecem.

A hora do Vasco fazer a sua parte é contra o Corinthians

O titular da zaga: Medel se recupera e estará em campo contra o Corinthians
No sacrifício: único titular da zaga não suspenso, Medel  ignora contusão para atuar contra o Corinthians (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Na rodada que acabou ontem, o Botafogo não ajudou, nem o Goiás. Na que começa hoje, não dá pra contar que o tricolor daqui ou o paulista vão ajudar.

E na real, o Vasco não tem porque contar com os resultados de ninguém para se garantir de vez na Série A ano que vem. E bater o Corinthians hoje, na Colina, é um passo decisivo para que isso se concretize.

Com o que rolou nos últimos duelos na parte debaixo da tabela, o confronto com o alvinegro paulista passou a ser mais que direto. Quem vencer dará um bom respiro (nosso adversário praticamente escapa da degola) e quem perder provavelmente penará até a última rodada para se livrar. E jogando em casa, com São Januário abarrotado, a responsabilidade pela vitória é bem maior pra gente. Vamos com uma zaga que nunca jogou junta, com Medel no sacrifício e sem opções decentes no banco; nosso meio campo vive uma queda de desempenho no pior momento possível; até a inaceitável escrita imposta pelos marsupiais (já se vão 13 anos sem uma vitória sobre os caras)…nada disso pode ser empecilho para conquistarmos três pontos.

Um empate hoje é um resultado quase inútil. Manter uma sequência invicta é bonitinho, mas não serve pra nada. Ganhar apenas um ponto só vai nos fazer depender dos outros para não voltarmos ao Z4 na penúltima rodada da competição.  Já perdemos pontos demais em confrontos diretos e já passou da hora de acabar com essa história.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x CORINTHIANS

Local: São Januário.
Horário: 21h30 (horário de Brasília).
Árbitro: Savio Pereira Sampaio (DF-Fifa).
Assistentes: Leila Naiara Moreira da Cruz (Fifa-DF) e Kleber Lucio Gil (SC)..
VAR: Daniel Nobre Bins (VAR-Fifa-RS).

VASCO: Léo Jardim, Paulo Henrique, Capasso, Medel e Lucas Piton; Zé Gabriel, Paulinho e Praxedes (Payet); Rossi, Vegetti e Gabriel Pec.
Técnico: Ramón Díaz.

CORINTHIANS: Cássio; Fagner, Bruno Méndez (Caetano), Veríssimo e Fábio Santos; Maycon, Moscardo, Giuliano e Renato Augusto; Romero e Yuri Alberto.
Técnico: Mano Menezes.

Transmissão: o SporTV e o Canal Premiere transmitem para todo o país.

Vasco precisa mostrar força contra o Colorado

Para sair do Z4 nessa rodada, o Vasco precisa vencer. O que significa que não podemos perder gols como o que o Zé perdeu na última rodada
Para sair do Z4 nessa rodada, o Vasco precisa vencer. O que significa que não podemos perder gols como o que o Zé perdeu na última rodada (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Que o Vasco melhorou sensivelmente após a chegada de reforços e do Don Ramón, é um fato inegável. Mas, além de não ser muita vantagem jogar melhor que o Vasco do Barbieri, há outro fato que não se discute: boas atuações não adiantam de nada pra gente se os três pontos não vierem junto.

E o problema é que, mesmo com a melhora de produção, o time segue peidando em momentos que não poderia. Pontos deixados em partidas como as que tivemos contra o Bragantino, Palmeiras, Bahia, Santos, São Paulo e Flamengo faz parecer que encarar adversários tradicionais ou que têm algo pelo que lutar na temporada é o gatilho para perdemos pontos, mesmo quando fazemos um jogo parelho ou, algumas vezes, jogamos melhor.

(parêntese: pode-se contrapor esse argumento citando as vitórias sobre o Coelho e o Coxa, concorrentes diretos na permanência na elite e o clássico contra o Flu. Mas, convenhamos: os dois primeiros, na prática, não disputam mais nada nesse Brasileiro. E a freguesia tricolete explica qualquer vitória sobre o time do Laranjal. Levar em consideração as seguidas garfadas que sofremos nos jogos me parece um contraponto mais relevante nesse caso. Mas isso é outro assunto. Fecha parêntese)

E o Internacional, nosso adversário de hoje, além de ser um clube imenso, ainda precisa de pontos para afastar em definitivo as chances de rebaixamento. Ou seja, é um oponente que reúne as duas características que têm nos trazido problemas.

Só que já passou da hora do Vasco mostrar que pode transformar boas atuações em vitórias, seja contra qual adversário for. Hoje, então, isso é ainda mais indispensável: não apenas porque vencer evitará que o Colorado abra uma grande vantagem na classificação, mas também porque, sem três pontos, não deixaremos o Z4 nessa rodada (o que até poderia acontecer com um empate, mas precisaríamos contar com um virtualmente impossível tropeço do Santos diante do Coxa na Vila).

Para mostrar a força necessária diante de um adversário direto, Don Ramón deve repetir a escalação que jogou bem contra um adversário forte, mas não o bastante para vencer, uma síntese da tese que defendo neste post. Usando o jogo contra o Fla como referência, um ponto precisa necessariamente mudar: precisamos de mais eficiência no ataque. A derrota no clássico não teria acontecido de não tivéssemos desperdiçado todas as chances que criamos. Ter o pior ataque da competição é algo que dificulta gravemente qualquer pretensão do Vasco.

A partida de hoje é a última na sequência de jogos que tivemos no Rio e qualquer coisa diferente de uma vitória será a confirmação de um aproveitamento bem abaixo do que precisávamos. A próxima partida será fora de casa e contra o Goiás, o que tornam os três possíveis pontos de hoje ainda mais necessários. Logo mais, com a Colina mais uma vez lotada e em Caldeirão Mode On, o Vasco precisa provar que uma arrancada em direção a uma reta final de Brasileiro mais tranquila ainda é possível.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x INTERNACIONAL

Local: São Januário.
Horário: 19h (horário de Brasília).
Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP)
Assistentes: Neuza Inês Back (SP-Fifa) e Marcelo Carvalho Van Gasse (SP)
VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP-VAR-Fifa)

VASCO: Léo Jardim; Paulo Henrique, Medel, Léo e Piton; Zé Gabriel, Paulinho, Praxedes e Payet; Vegetti e Gabriel Pec.
Técnico: Ramón Díaz.

INTERNACIONAL: Rochet; Bustos, Vitão, Mercado e Renê; Johnny, Maurício, Aránguiz e Wanderson; Alan Patrick e Enner Valencia.
Técnico: Eduardo Coudet.

Transmissão: o SporTV e  o Canal Premiere transmitem a partida para todo país.

‘Allons enfants de la Patrie’: Payet marca e Vasco vence o Fortaleza

Le jour de gloire est arrivé: Payet marca seu primeiro gol pelo Vasco e nos tira, por enquanto, do Z4
Le jour de gloire est arrivé: Payet marca seu primeiro gol pelo Vasco e nos tira, por enquanto, do Z4(📸: Leandro Amorim | Vasco)

O Vasco entrou em campo contra o Fortaleza pressionado. Ao longo do jogo, os resultados da rodada só aumentaram a pressão e a necessidade de uma vitória.

Jogávamos bem, tínhamos mais posse de bola, não corríamos – muitos – riscos, criávamos chances. A bola, porém, insistia em não entrar. Enquanto nossos adversários iam vencendo suas partidas, o Leão segurava nossa pressão, mantendo o empate.

Voltamos do intervalo uma posição abaixo da que estávamos na tabela. A vitória, agora, era indispensável. O gol, uma necessidade. Pressionar era preciso e começamos atacando mais. E justo na hora que o Vasco mais precisava, Payet resolveu: recebeu do Praxedes, escapou da marcação e chutou de esquerda, no canto. Vasco 1 a 0.

Depois disso, o time recuou demais, sofremos uma pressão do Fortaleza até maior do que a que exercemos, precisamos dos reflexos do Léo Garden, mas no final, resistimos. Foi mais penoso do que queríamos, mas a vitória veio. Como tinha falado ontem, o Vasco precisa trabalhar mais do que tinha trabalhado contra o São Paulo. E o time fez isso. Lutou contra um adversário dos mais qualificados do Brasileiro, com um retrospecto impressionante de UMA derrota nos últimos 13 jogos e o superou.

Foi uma vitória importante, não apenas por nos fazer dormir fora do Z4 (precisamos secar o Santos hoje para não voltarmos), mas por não deixarmos nossos concorrentes diretos fugirem ou nos ultrapassarem. E é uma mostra de força que dá moral ao time em um ótimo momento: antes de um clássico que é sempre complicadíssimo.

Como diz o hino do país do herói do jogo, “que teus inimigos agonizantes vejam teu triunfo, e nós a nossa glória“.  Tá, não precisamos de “inimigos agonizantes” e fugir do rebaixamento está longe de ser uma “glória“. Mas bem que Don Ramón e seus comandados podem se inspirar na Marselhesa até o fim deste Brasileirão.

As atuações

Léo Jardim – passou o primeiro tempo sem muito trabalho, mas terminou o jogo sendo um dos destaques, realizando defesas importantes.

Paulo Henrique – evitou o que seria um gol certo do Fortaleza no primeiro tempo com um corte salvador. De resto, aquela limitação intelectual que todos conhecemos. Puma entrou em seu lugar no fim e não influiu ou contribuiu muito.

Maicon – começou a partida tendo que se virar com uma sequência de bolas recuadas na fogueira, o que deve ter deixado o xerifão mais ligado ainda na partida. Jogou com segurança, mesmo nos momentos de pressão do adversário. Miranda entrou no fim, quando o Deus da Zaga sentiu câimbras e sua maior contribuição foi ajudar o tempo correr com sua entrada.

Léo – cochilou no lance mais perigoso do Fortaleza, permitindo uma cabeçada que só não entrou por um milagre do Leo Garden. Fora isso, fez uma partida razoável.

Lucas Piton – não comprometeu defensivamente e fez pelo menos uma grande jogada no apoio, deixando o Praxedes na cara do gol. Dessa vez não foi tão bem nos cruzamentos.

Zé Gabriel – fez uma proteção à zaga correta e até iniciou alguns contra-ataques com relativa qualidade. Mas se enrolou em alguns lances nos quais corremos riscos e que não aconteceriam se optasse pela jogada mais simples.

Praxedes – não é um Paulinho, mas foi um dos destaques do time. Ajudou na marcação e ainda apareceu na frente diversas, vezes, infelizmente não sendo eficiente nas finalizações. Deu o passe para o Payet marcar o seu gol. Jair entrou em seu lugar para dar um novo gás à marcação pelo meio, e na oportunidade que teve à frente, demorou a concluir a jogada e carimbou o chute no marcador.

Marlon Gomes – entrou naquela pilha de sempre, o que lhe rendeu um amarelo por um carrinho meio desnecessário. Mesmo que não estivesse pendurado, acabaria saindo no intervalo por sentir uma contusão. Rossi o substituiu e não teve muito tempo para fazer a diferença, já que o time recuou muito após marcar seu gol.

Payet – começou a partida mais avançado e acabou em parte sobrecarregado por precisar cobrir as subidas do Piton. No segundo tempo, veio pro meio e fez a diferença marcando seu primeiro gol pelo Vasco e garantindo os três pontos. Mateus Carvalho entrou em seu lugar para fechar de vez o meio de campo e foi pragmático: para parar um contragolpe perigoso, cometeu uma falta inevitável e levou o terceiro amarelo, ficando fora do próximo jogo.

Gabriel Pec – talvez o jogador mais participativo do time, correu o tempo todo e tentou ajudar tanto ofensiva como defensivamente. Mas esse foi o problema: como estava naqueles dias de decisões equivocadas, na maioria das vezes só deu motivos para a torcida se irritar com ele.

Vegetti – teve uma chance clara no primeiro tempo, evitada com uma defesa milagrosa do goleiro adversário. De resto, faltou precisão nas outras chances que teve no primeiro tempo e, com o Vasco pressionado na etapa final, pouco apareceu.

Vasco precisa mostrar mais trabalho contra o Fortaleza

Payet começa: com Paulinho suspenso, o francês deve ganhar nova chance entre os titulares contra o Fortaleza
Payet começa: com Paulinho suspenso, o francês deve ganhar nova chance entre os titulares contra o Fortaleza (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Na segunda-feira passada, fazendo um sol de rachar no Rio de Janeiro, minha preocupação era uma só: esse calor dos infernos será um problema no jogo contra o Fortaleza. Hoje, com o céu parecendo anunciar um toró apocalíptico para mais tarde, o que passou pela minha cabeça foi como a chuva pode atrapalhar a atuação do Vasco logo mais na Colina.

Resumindo, o confronto de hoje contra o tricolor cearense não sai da minha mente e qualquer fato, até os que nada têm a ver com futebol, tem me feito pensar nas suas possíveis consequências quando a bola rolar. Até uma visita do meu irmão – flamenguista, fazer o que? – aqui em casa hoje entrou na dança (e sim, isso é positivo: o Vasco costuma vencer quando o sujeito está aqui).

Ao torcedor, tudo é possível. Podemos fazer relações absurdas entre acontecimentos e um jogo e sermos supersticiosos o quanto quisermos. Já para Don Ramón e seus comandados, só resta uma coisa: trabalhar. E contra um adversário complicado, finalista de Sul-Americana e muito vivo na briga por uma vaga na Libertadores do ano que vem, o “pruefessor” terá mesmo que mostrar trabalho, tanto para apagar a impressão deixada pelo empate com o São Paulo como para montar sua equipe, que terá desfalques relevantes.

A ausência do Medel, ainda que seja a mais irritante por ter sido uma questão de convocação (se eu não estou nem aí pra nossa Seleção, imagina pra chilena!), pelo menos não traz dúvidas: Maicon entra em seu lugar. Já do meio pra frente, a complicação é maior. Com a suspensão do Paulinho, Marlon Gomes deve assumir sua posição, mas com características diferentes: Marlon tem um jogo mais vertical e não tem tido a mesma eficiência no combate. Talvez por isso Don Ramón pense em escalar o Payet, povoando mais o meio de campo (não que o francês deva ajudar tanto assim na marcação) em detrimento do Rossi, que está à sua disposição.

Seja como for, o Vasco precisa desesperadamente encerrar a sequência de jogos sem vitórias e voltar a vencer no Brasileiro. Sendo assim, quem estiver em campo precisará ser mais eficiente do que fomos contra o Santos e contra o São Paulo. Não podemos nos dar mais ao luxo de perder pontos em casa. Seja qual for o adversário, seja qual for o tempo, seja qual for a superstição que tenhamos.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x FORTALEZA

Local: São Januário.
Horário: 21h30 (horário de Brasília).
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS)
Assistentes: Bruno Boschilia (PR-Fifa) e Maira Mastella Moreira (RS)
VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP-VAR-Fifa)

VASCO: Léo Léo Jardim, Paulo Henrique (Puma Rodríguez), Maicon, Léo e Lucas Piton; Zé Gabriel, Praxedes, Marlon Gomes e Payet; Gabriel Pec e Vegetti.
Técnico: Ramón Díaz.

FORTALEZA: João Ricardo; Tinga, Brítez, Titi e Bruno Pacheco; José Welison, Caio Alexandre e Pochettino; Yago Pikachu, Lucero e Guilherme.
Técnico: Juan Pablo Vojvoda.

Transmissão: a Rede Globo transmite para RJ, CE, PE, MG, AP, RR, AC, RO, AM, PA, PI, MA, RN, PB, SE, ES, SC e DF. O Canal Premiere transmite a partida para todo país.

 

Vasco empata em noite de mãos mais eficientes que os pés

Com um pênalti defendido, Léo Jardim foi o grande destaque vascaíno no empate contra o São Paulo
Com um pênalti defendido, Léo Jardim foi o grande destaque vascaíno no empate contra o São Paulo (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Na situação na qual o Vasco ainda se encontra, há duas coisas que o time precisa evitar a todo o custo: correr riscos desnecessários e desperdiçar oportunidades de resolver uma partida. No empate sem gols de ontem com o São Paulo, conseguimos gabaritar o que não fazer e, não fosse o eterno criticado Léo Jardim, nem o pontinho que nos tirou momentaneamente do Z4 teria entrado pra conta.

Os riscos desnecessários foram no primeiro tempo. Ainda que o Vasco tenha começado a partida relativamente bem, não demorou muito para o tricolor paulista ser mais perigoso e efetivo, mostrando que o tal “clima de festa” não ia rolar e que os desfalques no time não fariam toda essa diferença. Com um trabalho mais consolidado do Dorival e um elenco com mais recursos, o São Paulo nos colocou na roda e só não foi pro intervalo com vantagem no placar porque nosso goleiro defendeu um pênalti e logo depois fez uma grande defesa em finalização de Lucas Moura.

Mas se nosso adversário era tecnicamente superior, cadê o risco desnecessário?  Isso ficou claro depois do intervalo. Mesmo sem ter feito alterações no início do segundo tempo, o Vasco passou a jogar melhor e pressionar o São Paulo. E aí fica o questionamento: se fomos mais eficientes desde o começo do segundo tempo com o mesmo time que começou o jogo, por que passar pelo risco de jogar pior por todos os 45 minutos iniciais?

Se desde o apito inicial pressionássemos o São Paulo como fizemos no segundo tempo, talvez  tivéssemos criado mais chances claras de gol como as que tiveram o Pec (duas vezes), Payet e o Praxedes. Mas como chances não criadas não contam e não conseguimos colocar a bola na rede, fica fácil entender porque não podemos nos dar ao luxo de resolver as partidas quando as oportunidades aparecem.

Podia ser pior? Podia, claro. Mas “não ser ruim de todo” é muito pouco para o Vasco. Deixar pelo caminho pontos que poderiam ser conquistados, ainda mais jogando em casa, é algo que não pode virar uma rotina. Principalmente por termos mais três partidas seguidas em casa.

As atuações

Léo Jardim – quem já foi considerado vilão tantas vezes sem ser, ontem foi o herói de fato: defendeu um pênalti e uma finalização perigosíssima no primeiro tempo. Na etapa final não chegou a ter trabalho.

Paulo Henrique – alternou bons a maus momentos, infelizmente, com primazia aos maus. Erra passes demais, alguns bastante perigosos. Ainda assim, não comprometeu defensivamente como o Puma, que entrou em seu lugar. O uruguaio entrou para trazer maior poder no apoio, mas não conseguiu se destacar nessa função.

Maicon – entregou o que se espera dele: seriedade. Xerifou sem comprometer e ainda tentou fazer algumas ligações diretas com o ataque que até funcionaram.

Léo – nem dá pra falar que o pênalti comprometeu sua atuação. Não apenas porque a cobrança não entrou, mas porque em um lance tão acidental em um movimento natural do corpo, não dá pra dizer que ele “cometeu” a penalidade.

Lucas Piton – não acertou quase nada no apoio e a dupla com o Pec – que começou pela esquerda – não funcionou. Mas foi bem defensivamente.

Zé Gabriel – penou com o meio de campo tricolor, mas não fez os deliveries de costume.

Paulinho – não conseguiu dar a dinâmica que o meio de campo precisava no primeiro tempo, mas o time cresceu com sua melhora na etapa final. Além de iniciar boas jogadas, foi novamente o maior ladrão de bolas do time. Tomou o terceiro amarelo e será um desfalque importante contra o Fortaleza. Mateus Carvalho o substituiu e teve uma atuação discreta, sem conseguir manter o nível do titular.

Praxedes – as vezes some do jogo, eventualmente cria alguma coisa, mas o gol que ele perdeu ontem foi daqueles que comprometer qualquer atuação.

Marlon Gomes – jogando aberto pela direita não rendeu tanto, mas criou algumas boas jogadas no primeiro tempo e melhorou quando foi deslocado na etapa final. Foi substituído pelo Payet, que mais uma vez teve uma partida discreta, mas desperdiçou boa oportunidade em um contra-ataque, no qual preferiu dar um passe ao invés de finalizar.

Gabriel Pec -jogando no lado errado do campo no primeiro tempo, foi mais útil na recomposição no ataque. Deslocado para onde se sente mais confortável, virou o jogador mais perigoso do time: quase marcou duas vezes. Em uma, obrigou o goleiro tricolor a fazer grande defesa; na outra, viu seu chute bater caprichosamente na trave. Cansou e deu lugar o Figueiredo, que não chegou a fazer muita coisa no tempo que esteve em campo.

Vegetti – não conseguiu se impor fisicamente contra os zagueiros sãopaulinos e não teve muitas chances de marcar. Em uma das poucas vezes, faltou acreditar no lance (após uma cobrança de falta centrada na área), coisa que ele não costuma fazer.

***

Só pra pontuar as novidades sobre a Operação Salva Vasco: o lance sobre o Pec no primeiro tempo, ignorado tanto pelo sr. Bráulio da Silva Machado como pelo VAR, foi muito mais pênalti que o “cometido” pelo Pumita na partida contra o Santos (e que o VAR mandou o juiz revisar depois do próprio Daronco ter dito que não aconteceu).

Contra o São Paulo, o Vasco precisa retomar sua arrancada no Brasileirão

O "Dom" e o Pirata: Díaz e Vegetti são esperanças de um Vasco eficiente contra o São Paulo
O “Dom” e o Pirata: Díaz e Vegetti são esperanças de um Vasco eficiente contra o São Paulo (📸: Leandro Amorim | Vasco)

A derrota para o Santos na última rodada trouxe más consequências para o Vasco, e a volta momentânea para o Z4 não foi a pior delas. Isso porque basta uma vitória hoje, sobre o São Paulo, para que terminemos a rodada fora da zona da confusão e, com alguma sorte, até abrindo dois pontinhos do 17º colocado.

E, pelo momento do tricolor, esse confronto até veio em um bom momento para nós. Provavelmente ainda na ressaca pelo título da Copa do Brasil (😂), sendo ainda um dos times com pior desempenho fora de casa e com desfalques relevantes hoje, basta ao São Paulo fazer uma campanha mediana para evitar maiores riscos de rebaixamento. Ou seja, ainda que seja um adversário pra lá de perigoso, o clube do Morumbi está muito mais no clima de entrega de faixas do que de luta por outros objetivos no Brasileiro.

Mas o momento do São Paulo não garante nada se o Vasco não fizer por onde conseguir seus objetivos. Tomando como exemplo o jogo na Vila Belmiro, não podemos repetir as desatenções e muito menos o descontrole emocional que tivemos no último jogo. E isso inclui o “pruefessor“, que com suas mexidas colocou o time em um tudo ou nada sem muito sentido ainda no intervalo.

Como a única alteração no time que encarou o Peixe deve ser a entrada do Maicon no lugar do suspenso – por conta do seu descontrole – Medel,  fazer com que o time volte à atenção máxima e à intensidade que vínhamos mostrando é o principal recado que Dom Ramón precisa colocar na cabeça dos seus comandados.

Se o clima ainda é de festa para o nosso adversário, o Vasco está bem longe disso. A goleada sofrida na última partida deve ser encarada como uma parada inesperada na nossa reação no Brasileiro. Sendo o primeiro de quatro jogos no Rio, começar essa série com uma vitória é indispensável para que Don Ramón e seus comandados voltem a arrancar na competição e se afastem o mais rápido possível da zona de rebaixamento.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x SÃO PAULO

Local: São Januário.
Horário: 18h30 (horário de Brasília).
Árbitro: Braulio da Silva Machado (FIFA-SC)
Assistentes: Bruno Raphael Pires (FIFA-GO) e Henrique Neu Ribeiro (SC)
VAR: Rodrigo D Alonso Ferreira (SC)

VASCO: Leo Jardim, Puma, Maicon, Leo e Piton; Zé Gabriel, Paulinho e Praxedes e Marlon Gomes; Gabriel Pec e Vegetti.
Técnico: Ramón Díaz.

SÃO PAULO: Rafael, Nathan, Diego Costa, Alan Franco e Caio Paulista; Alisson, Pablo Maia, Wellington Rato e Rodrigo Nestor; Lucas Moura e Luciano.
Técnico: Dorival Júnior.

Transmissão: o Canal Premiere transmite a partida para todo país.

Vasco, desatento e descontrolado, perde para o Santos

Bateu o motor: Paulinho, que tem ditado o ritmo do meio campo vascaíno, foi mal na derrota para o Santos, na Vila
Bateu o motor: Paulinho, que tem ditado o ritmo do meio campo vascaíno, foi mal na derrota para o Santos, na Vila (📸: Leandro Amorim | Vasco)

O que mais me impressionou na partida que o Vasco fez ontem na Vila Belmiro não foi o placar elástico – o 4 a 1 aplicado pelo Santos definitivamente não foi construído unicamente pelos méritos do adversário – ou mesmo o resultado, que bem poderia ser outro em outras condições. O que chocou mesmo foi o desespero que todos do nosso lado demonstraram ao longo do jogo.

Como tinha falado ontem, o desespero estava do lado santista e caberia ao Vasco saber se aproveitar disso. O que, aliás até vinha fazendo: o time vinha melhor que os donos da casa – e bem melhor que sua apresentação na última rodada, contra o Coelho – e mesmo depois de sofrer o primeiro gol em uma penalidade “à la Daronco“, manteve a calma e conseguiu empatar a partida.

Aí, veio a cochilada no segundo gol, a vacilada do Zé bem no estilo Delivery no terceiro e pronto. O desespero, em um momento no qual não tinha qualquer razão de ser, mudou de lado.

A começar de onde menos se esperava. As alterações do Don Ramón no intervalo atiraram o time em um tudo-ou-nada quando o jogo estava longe de estar definido. Com 45 minutos por jogar, conseguir pelo menos um empate naquele 3 a 1 não parecia ser algo impossível. Mas nosso treinador achou por bem colocar sua equipe toda pra cima quando o Santos, que já vinha apelando pros contra-ataques, estava com uma vantagem bastante confortável. Resultado: nem conseguimos ser efetivos ofensivamente e ainda ficamos mais vulneráveis defensivamente.

O jogo de ontem não era uma final nem uma partida de mata-mata. Ainda faltam 13 rodadas para o fim do campeonato e um empate ontem seria um resultado pra lá de aceitável, e se o time não tivesse sucumbido ao nervosismo (vide o descontrole de todos depois da provocação do Soteldo) e, claro, não mostrasse desatenção em alguns lances, poderia voltar ao Rio sem depender do Botafogo hoje para se manter fora fora do Z4.

Que a goleada de ontem sirva pelo menos como lição para o Vasco. Não podemos nos deixar levar por boas sequências e acreditar que vamos vencer todos os jogos que temos pela frente. Em alguns momentos, precaução e controle serão mais importantes que posturas suicidas para buscar uma vitória.

As atuações

Léo Jardim – pelos menos dois dos gols santistas pareceram ser bolas defensáveis.

Puma Rodríguez – uma atuação de dar saudades do Robson. As limitações do uruguaio na marcação ao longo da sua participação ficaram muito evidentes. Maicon entrou em seu lugar para recompor a zaga e fez o que pôde.

Medel – mesmo que não tivesse penado com o ataque santista, teria comprometido completamente sua atuação pelo total descontrole demonstrado na confusão que aconteceu após a provocação do Soteldo. Com a sua experiência, é inaceitável prejudicar o time com sua ausência não apenas pelo restante da partida, mas também no próximo jogo.

Léo – comeu o pão que o diabo amassou com a dupla de atacantes santistas.

Lucas Piton – até se apresentou no apoio, mas não esteve em um bom dia nos cruzamentos.

Zé Gabriel –  em dia de Zé Delivery, escorregou e perdeu a bola que originou o terceiro gol santistas. Saiu no intervalo para a entrada do Sebástian Ferreira, que dificilmente ajudaria o time naquele momento da partida e, pelo contrário, acabou prejudicando ao cair na pilha e agredir o Soteldo.

Paulinho – ontem não teve nada de “magic“: não conseguiu ajudar na criação e ainda cochilou no lance do segundo gol adversário.

Praxedes – estava sendo mais útil na marcação que na criação e com o time perdendo por dois gols de diferença foi sacado para a entrada do Payet, o que se mostrou algo completamente infrutífero. O francês não conseguiu ajudar o time em nada. A tal “preparação” para que ele entre finalmente em forma precisa dar uma acelerada.

Marlon Gomes – se esforçou como sempre, mas sofreu com a marcação – muitas vezes violenta – do Santos e não conseguiu ser efetivo. Jair entrou em seu lugar quando o time já estava uma bagunça e a vaca já tinha ido pro brejo.

Gabriel Pec – 75% do gol vascaíno foi obra sua, puxando o contra-ataque com velocidade e deixando o Pirata tranquilo para apenas empurrar a bola para as redes. Mas não fez muito mais que isso. Saiu para a entrada do sumido Alex Teixeira, que ao entrar quando já não tinha muito mais o que fazer mostrou que deve estar desagradando de alguma forma o “pruefessor” Ramón.

Vegetti – não teve vida fácil contra uma linha de três zagueiros, mas deixou o dele.

***

Como a arbitragem foi do sr. Anderson Daronco, é sempre preciso fazer alguns comentários:

1) Assim como na partida contra o Bragantino, o Sr. Daronco precisou do VAR para assinalar um penal no qual ele tinha uma visão privilegiada no lance. E, pra piorar, mudando sua marcação para uma decisão bastante discutível (pra falar o mínimo). A pergunta que fica é: porque um árbitro que não consegue acertar a marcação de lances decisivos como um pênalti sem a ajuda do vídeo é escalado para partidas importantes como a de ontem (ou qualquer outra, se pensarmos bem)?

Podem dizer que o penal não interferiu no resultado do jogo. Bom, isso nunca saberemos. Se o Vasco não tivesse sofrido um gol logo aos 10 minutos de jogo em pênalti polêmico, a história do jogo poderia ser bem outra.

2) Qual foi o critério do Sr. Daronco na distribuição de cartões na hora da confusão em campo? Porque ele expulsou o Medel, que apesar do descontrole, não foi visto agredindo ninguém, e deu apenas o amarelo para o Sebástian, que efetivamente começou o fuzuê? Não saberemos a resposta para esse mistério. Mas sabemos que, na prática, perdemos um zagueiro titular antes de uma partida importante e um atacante reserva – e meio inútil – poderá jogar contra o São Paulo.

Semana da torcida do Vasco começa tensa com clássico contra o Fla

Orellano deve ganhar a vaga do Gabriel Pec no clássico de hoje, contra o Fla
Orellano deve ganhar a vaga do Gabriel Pec no clássico de hoje, contra o Fla (📸: Daniel Ramalho | Vasco)

O torcedor vascaíno não teve muito do que reclamar no seu final de semana por um motivo muito justo: o Vasco não jogou e, sendo assim, não tivemos a irritação/frustração de ver o time em campo de sexta até ontem. Por outro lado, as chances de começarmos a semana da pior forma possível são bem grandes com o clássico contra o Flamengo marcado para essa segunda-feira.

Inevitável pensar diferente. Os protestos da torcida pela campanha pífia no Brasileiro até fizeram que os executivos da SAF começassem a dar mais satisfações, nenhuma que convencesse ou agradasse ao torcedor. E onde realmente importa, no campo, o panorama não é diferente. O ainda “prestigiado” Barbieri até deve fazer algumas mudanças na sua equipe, mas nada que nos convença de que as coisas ficarão melhores.

Senão vejamos: para enfrentar um adversário com um elenco bem superior tecnicamente, com muito mais opções no banco, motivado por se classificar na Copa do Brasil batendo um grande rival e que pode chegar ao G4 em caso de uma vitória hoje, o que o Vasco terá? A volta do Puma pra lateral? Do Pedro Raul ao ataque? As possíveis entradas do Orellano e Carabajal (HAHAHAHA) no time? A possibilidade de um esquema com três zagueiros, que em nada vai resolver nosso problema de criação quando o que precisamos mesmo é de vitórias?

Isso é muito pouco. Como é pouco o que tem feito o Vasco no campeonato. Uma derrota hoje (uma quarta que se somaria à atual sequência) e vamos nos estabelecer de vez no Z4, em uma inapelável penúltima colocação. E, como esperança de tempos melhores no curto prazo, apenas a vaga promessa de um executivo falando em uma “correção de rotas” na SAF.

Assim, resta ao vascaíno se apegar ao velho bordão “clássico é clássico“. Vencer um grande rival, em um confronto no qual o favoritismo está claramente do outro lado, terá um efeito prático (com três pontos, terminaremos a rodada fora do Z4) e um subjetivo: trazer um pouco de paz e moral para um grupo que passa por um momento terrível há meses. É torcer que nossos jogadores se superem e tragam uma inesperada vitória contra o rubro-negro, que pode – quem sabe? – significar o início de uma nova fase do Vasco no Brasileirão.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023
VASCO x FLAMENGO

Local: Arena Maracanã.
Horário: 20h (horário de Brasília).
Árbitro: Bráulio da Silva Machado (SC-FIFA).
Assistentes: Alex dos Santos (SC) e Thiaggo Americano Labes (SC)
VAR: Daiane Muniz (SP-FIFA).

VASCO: Léo Jardim, Puma Rodríguez, Robson (Carabajal), Capasso, Léo, Lucas Piton, Jair, Galarza, Orellano, Alex Teixeira e Pedro Raul.
Técnico: Maurício Barbieri.

FLAMENGO: Santos, Varela, Rodrigo Caio, David Luiz e Filipe Luis; Vidal, Victor Hugo e Everton Ribeiro; Matheus França, Pedro e Bruno Henrique
Técnico: Jorge Sampaoli.

Transmissão: o SporTV e o Canal Premiere transmitem para todo o Brasil.