Na coletiva após a derrota para o Volta Redonda, o técnico Barbieri falou – com argumentos bem racionais, vale lembrar – que espera que a torcida tenha um pouco de paciência para que os resultados do seu trabalho apareçam. Faz sentido, claro. Como disse o técnico vascaíno, “é preciso tempo e discernimento e sabedoria para entender que vai levar tempo“.
O lado racional do torcedor entende os argumentos do Barbieri. Mas – aí a frase que vocês nunca ouviram antes – o torcedor é passional. E também é preciso entender que uma derrota como a de ontem demanda alguma justificativa para a torcida.
Um pedido de desculpas, por exemplo, seria legal.
Por exemplo? Para a torcida de Cariacica em especial, que lotou o estádio em uma noite de segunda-feira, pagando ingressos caros, e que teve um final frustrante no reencontro com seu time do coração.
Outro que poderia receber um pedido de desculpas é o Juninho Pernambucano. O reizinho, comentarista na transmissão da Cazé TV, teve o desprazer de ver o Jair, em uma noite terrível, usar sua tradicional camisa 8 vascaína. E isso no dia do seu aniversário!
Eu e meus poucos leitores também poderíamos ter um pedido de desculpas: no post de ontem, falei que as mexidas que o Barbieri faria no time para o jogo contra o Voltaço tinham “tudo para trazer melhorias táticas, técnicas e até físicas para sua equipe“. Parecia óbvio, mas não foi o que aconteceu. O Alex Teixeira não conseguiu ser mais efetivo que o Nenê, o já citado Jairo não correspondeu às expectativas e o Figueiredo acabou rendendo mais no meio que na ponta.
Até o Volta Redonda merece desculpas, se não do Vasco, da torcida e da imprensa esportiva em geral. Quando atribuímos a derrota apenas à incompetência vascaína, cometemos uma injustiça com um adversário que teve sim, muitos méritos. O Voltaço é um time bem mais organizado que o Vasco, soube anular o que tentamos fazer e aproveitar nossas muitas falhas.
Mas podemos por fim generalizar e falar que o time todo – vá lá, deixemos o Léo Pelé e o Pec fora dessa – e seu treinador devem desculpas a toda torcida vascaína. Tá certo que é um início de trabalho e que “só o dinheiro não faz um time campeão” (como bem falou o Barbieri). Mas se isso poderia justificar o placar, não justifica uma atuação tão inoperante ofensivamente e insegura defensivamente. Futebol são 11 contra 11, mas com a diferença brutal de investimento entre as duas equipes, é impossível não esperar que a suposta qualidade de um elenco tão mais caro ajudasse a superar a falta de entrosamento. Mas não foi isso o que vimos ontem.
As atuações
Ivan – o primeiro gol sofrido era uma bola bastante defensável. No segundo gol não havia o que fazer.
Puma Rodríguez – cochilou nos lances dos dois gols do adversário. Foi muito pouco efetivo no apoio.
Robson – outro que vacilou nos dois gols do Voltaço. Saiu contundido ainda no primeiro tempo, dando lugar ao Miranda, que pelo menos não cometeu nenhum erro decisivo.
Léo – ainda que tenha cochilado no segundo gol, foi um dos poucos a escapar do que podemos chamar de desastre. Foi em uma jogada individual do zagueiro que nasceu o lance do gol do Pec.
Lucas Piton – participativo, mas acertou pouco para ser efetivo no apoio. Defensivamente não chegou a comprometer.
Zé Gabriel – muitas vezes envolvido pelo toque de bola adversário, passou o jogo tocando bolas pra trás ou errando os passes pra frente. Foi tão inútil que saiu ainda no primeiro tempo, com Erick Marcus entrando em seu lugar. O garoto deu um certo trabalho para a defesa do Volta Redonda, principalmente em jogadas pelo lado do campo, mas não conseguiu fazer a diferença.
Jair – mesmo que no restante do jogo tivesse feito algo de realmente útil, a entregada de bola seguida de um drible desclassificante no lance do segundo gol teria comprometido completamente sua avaliação. Saiu no fim, com Galarza entrando em seu lugar. Só foi visto acertando um bico na canela de um adversário.
Alex Teixeira – até correu e tentou ser participativo, mas na prática, sua atuação só nos fez sentir saudades do Nenê. Pra dizer que não fez nada, deu o passe de cabeça no lance em que Pedro Raul sofreu o penal (o que, sabemos, não adiantou nada). Um dos mais decepcionantes na noite de ontem. Eguinaldo o substituiu e também não conseguiu mostrar muito serviço.
Gabriel Pec – único que realmente mostrou serviço, buscou sempre levar o time à frente, seja criando jogadas ou em lances individuais. Marcou pela segunda vez no Estadual, e mais uma vez um belo gol. Misteriosamente sacado para dar lugar ao Vinícius, que nada misteriosamente, não chegou a fazer nada de notável em campo.
Figueiredo – começou como ponta e, mesmo sendo muito acionado, não conseguiu concluir bem a maioria das jogadas que tentou. Voltou do intervalo mais recuado e conseguiu se destacar pelo empenho (o que não chega a ser vantagem, já que disposição o garoto sempre mostra).
Pedro Raul – impossível defender o rapaz: ainda que seja pouco acionado, segue desperdiçando as poucas chances que tem. Incluindo aí um pênalti que nos levaria ao empate.