Bernardo pode não ter ajudado muito o time na partida entre Vasco e Rio Branco-AC. Mas mesmo não tendo sido muito efetivo, foi ele quem acabou sintetizando a maneira como nos classificamos para a segunda fase da Copa do Brasil. Entre as testemunhas do triste espetáculo de ontem na Colina, não deve haver um que não concorde com o problemático jogador vascaíno: o jogo foi de chorar.
Foi mais uma daquelas partidas em que o Vasco frustra completamente as minhas – começo a reconhecer – otimistas expectativas. Como disse ontem, não via razão para deixarmos de nos preocupar com a semifinal de domingo, já que, qualquer que fosse o time que Doriva colocasse em campo, tínhamos não apenas obrigação de nos classificar, mas também de conseguir a classificação goleando.
Mas não foi isso que vimos ontem. E nem poderia ser com Nei, Douglas Silva, Lucas, Bernardo e outros do mesmo nível. O que tivemos foi outra apresentação padrão do Vasco 2015: sem articulação, disperso, trocando passes de lado e dependendo de ligações diretas para fazer qualquer coisa.
O jogo foi tão ruim que os primeiros 45 minutos teve apenas um lance digno de nota. E foi justamente o gol do Rio Branco, que não tinha nada a perder e, não se restringindo à retranca, conseguiu marcar um belo gol aos 42 minutos.
No segundo tempo as coisas melhoraram um pouco. Rafael Silva nem voltou do intervalo e seu substituto, Yago, teve um dos seus lampejos e empatou a partida logo no primeiro minuto da etapa final. Doriva conseguiu acertar a marcação e a equipe acreana passou a ter menos espaços.
Dominamos amplamente a partida até marcarmos o segundo gol, de Thalles, que aproveitou uma sobra após chute de Cley de fora da área. Mas bastou virarmos o placar para o Vasco voltar a ceder espaços. O Rio Branco voltou a gostar do jogo, mas não conseguia levar perigo ao Martín Silva. E como o adversário não conseguia criar as jogadas, nossa defesa resolveu deu uma ajudinha: num lance em que tínhamos nada menos que SETE jogadores defendendo, ficamos trocando passinhos laterais na frente da área até Douglas Silva perder a bola e Kinho, o mesmo que marcou o gol no jogo de ida, empatar novamente a partida.
O Rio Branco só precisava de mais um gol para se classificar, mas nem isso chegou a trazer mais emoção ao jogo, que era tão ruim que em alguns momentos a torcida devia estar desejando mais o apito final que a vaga para a próxima fase.
Mas antes do fim, dois acontecimento mudaram rumo da partida: primeiro, em mais uma mostra de descontrole emocional, Bernardo começa a chorar copiosamente após ser xingado por parte da torcida. Matheus Índio entrou em seu lugar e coincidentemente iniciou a jogada do terceiro gol, passando a bola para Cley, que se livrou de dois marcadores, foi à linha de fundo e centrou na medida para Thalles marcar seu segundo gol na noite, aos 33 minutos. Novamente em vantagem no placar, o terceiro gol do Vasco tornou a já muito difícil classificação do Rio Branco em algo impossível.
Apesar de alguns breves momentos que reviveram o trauma do Baraúnas, a classificação não foi tão problemática, muito mais pelas limitações do adversário – que, vale citar, nem foi tão mal assim – que pelos nossos méritos, que foram escassos diante do desafio que o Rio Branco nos proporcionou. Mesmo sendo um time misto (e não um time reserva, o que é ainda mais preocupante), a classificação para a próxima fase não parece ser motivo para maiores comemorações. Estamos na segunda fase, mas jogamos um futebol muito triste.
As atuações…
Martín Silva – quase não teve trabalho. Nos gols, as falhas foram mais da defesa que suas.
Nei – subiu apenas umas duas vezes ao ataque e errou os cruzamentos. O resto do tempo cobriu a lateral contra um time que praticamente não atacou.
Anderson Salles – mesmo contra um time tão limitado, vacilou nos dois gols: no primeiro, perdeu na velocidade e no corpo para o atacante adversário. No segundo, com a bola nos pés na frente da área, preferiu tocar de lado ao invés de espanar e acabar com o perigo.
Douglas Silva – não foi visto na zaga no lance do primeiro gol e não dominou uma bola simples que recebeu, originando o segundo gol do Rio Branco.
Henrique – foi discreto, subindo algumas vezes ao ataque e não comprometendo na defesa. O que já é muito mais do que o Khrysthyannow consegue fazer.
Guiñazu – bem de um modo geral, mas foi um dos que preferiram ficar tocando a bola na frente da área no lance do segundo gol adversário.
Lucas – também vacilou no lance do segundo gol. Fora isso, deu alguns chutes horrorosos no ataque.
Bernardo – chorou e saiu. Matheus Índio entrou em seu lugar e pelo menos iniciou a jogada do terceiro gol vascaíno.
Jhon Cley – é outro muito criticado, mas ontem participou dos três gols: deu o passe em profundidade para Yago marcar o dele, Thalles marcou seu primeiro na sobra de um chute de Cley de fora da área e fez uma grande jogada no terceiro gol. Mesmo assim saiu para a entrada do Montoya, que só entrou pra perder o gol mais feito do jogo.
Rafael Silva – mostrou emprenho e mobilidade. Mas efetividade, que é bom, nada. Yago o substituiu no intervalo e podemos resumir sua atuação toda em um minuto, quando marcou o gol de empate em uma arrancada e, aos trancos e barrancos, fez o gol (com ajuda do zagueiro adversário)
Thalles – figura nula no primeiro tempo, fez a diferença no segundo, marcando dois gols nas duas bolas que teve em condições de marcar.
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