Vasco x Boavista: jogar bem é mais importante que a liderança

Mesmo com mais opções no elenco, Zé Ricardo não deve mexer muito no time para o jogo contra o Boavista
Mesmo com mais opções no elenco, Zé Ricardo não deve mexer muito no time para o jogo contra o Boavista (📷 Rafael Ribeiro/Vasco)

Algo certamente esperado por poucos – e eu me incluo nessa – o Vasco chega à segunda rodada da Taça Guanabara lutando para manter a liderança do Estadual, em partida contra o Boavista, na Colina. Caso vença, seguirá com 100% de aproveitamento, após bater o Voltaço, fora de casa, na estreia da competição.

E o que isso tudo significa? Como diria o atual apresentador de reality show, nada. Só jogamos uma partida e o Carioquinha não é parâmetro pra nada. É melhor estrear com uma vitória, claro, mas como diz o grande vascaíno e parceiro Rapha Conceição:

Então, o ideal é continuar “não perdendo” no Estadual e vencer o Boavista na primeira partida que jogamos em casa nesse Estadual. Não significará muito? Provavelmente, não. Mas o time da Região dos Lagos já mostrou que pode complicar a vida dos grandes, arrancando um empate com o Botafogo no Vazião, na ptimeira rodada.

Mesmo com a regularização do Vanderlei, Galarza e das caras novas Matheus Barbosa e Getúlio, Zé Ricardo não deve mexer no time que venceu o Voltaço. Se rolar uma alteração, deve ser a estreia do Luis Cangá no lugar do Ulisses, que demonstrou alguma insegurança na quarta passada.

Mais importante que manter a liderança nesse momento, é manter o promissor padrão de jogo que tivemos na estreia e, claro, apresentar alguma evolução na parte defensiva.  Se com isso o time de Zé Roberto tiver outra boa atuação, saberemos que uma vitória significará mais que estar no topo da tabela no momento.

Vasco X  Boavista

Thiago Rodrigues, Weverton, Ulisses (Luis Cangá), Anderson Conceição, Edimar; Yuri Lara, Juninho, Nenê, Bruno Nazário, Gabriel Pec e Raniel.

Fernando, Wellington Silva, Diogo Rangel, Kadu e Bull; Ralph, Marquinho e Biel; Matheus Alessandro, Marquinhos e Di Maria

Técnico: Zé Ricardo.

Técnico: Leandrão.

Estádio: São Januário. Data: 29/01/2022. Horário: 21h. Arbitragem:Rodrigo Carvalhaes de Miranda. Assistentes: Wallace Muller Barros Santos e Guilherme Voga Tavares.

TV: Claro TV, DirecTV, Sky, Vivo transmitem no sistema Pay-per-view. Internet: Cariocão Play e Eleven Sports transmitem no sistema Pay-per-view.

Com ‘emoção’, Vasco vence e aumenta a confiança no acesso

Cano comemora
Depois de três jogoos, Cano volta a marcar e ajudou o Vasco a vencer (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Fernando Diniz tentou com sua escalação, nossos zagueiros tentaram com seus recuos para o Vanderlei e o próprio goleiro tentou com mais uma saída equivocada do gol… e mesmo com todo esse pessoal tentando dar mais emoção ao jogo, o Vasco venceu o Confiança por 2 a 1.

As tentativas de “autocomplicação” já começaram pela escalação dos titulares. Com a volta de Léo Matos – que estava suspenso na última rodada – e para manter o Riquelme (um dos destaques na vitória sobre o Goiás), Fernando Diniz achou por bem escalar o time com todos os laterais que aparecessem pela sua frente e acomodou o Zeca no meio de campo.

E o novo esquema – sim, novo, porque Diniz tirou o terceiro atacante, escalando um 4-4-2 – resultou em um time confuso, que nem conseguiu ameaçar o adversário, nem mostrou maior eficiência defensiva. Na prática, o Vasco desperdiçou os primeiros 45 minutos tocando a bola de um lado pro outro de forma inútil, conseguindo apenas uma finalização mesmo com quase 70% de posse de bola.

Menos mal que Diniz reconheceu o equívoco e não quis morrer abraçado à sua ideia inicial. Na volta do intervalo, o Vasco retornou ao 4-3-3, trocando um Matos por Pec. Com a mudança, seguimos tendo maior posse de bola, só que agora, com maior efetividade no ataque. Passamos a finalizar e resolvemos o jogo antes da metade da etapa final, em três minutos: abrimos o placar com Cano, aos 15 e ampliamos com Graça aos 18.

Com o prejuízo no placar, o Confiança abandonou a postura defensiva e passou a procurar mais o jogo e conseguiu diminuir, após falha do Vanderlei. Resistimos bem à tentativa de pressão dos donos da casa e seguramos o resultado, garantindo a terceira vitória seguida, pela primeira vez na competição.

Antes de Fernando Diniz assumir a equipe – e até mesmo depois, principalmente após o empate com o Cruzeiro – a impressão era de que o acesso do Vasco teria se transformado em uma missão impossível. Agora, na sexta colocação e com o G4 a cinco pontos de distância, o que parecia uma impossibilidade é “apenas” difícil. Antes da vitória sobre o Brusque, tínhamos apenas 2% de chance de conseguir o acesso; agora, já são14%. Diniz e seus comandados precisam aproveitar o momento e manter a sequência positiva, que só aumenta a confiança do time e da torcida na volta à elite.

As atuações

Vanderlei – passou boa parte do jogo tentando matar a torcida do coração nos lances em que precisou usar os pés. Pra completar, falhou feio no lance do gol do Confiança.

Léo Matos – costumeiramente é um lateral que atua mais defensivamente, ainda assim, deixou muitos espaços pelo seu lado de campo. Acabou sacado no intervalo, quando Diniz resolveu acertar a bagunça que fez na escalação inicial. Gabriel Pec o substituiu e ajudou a tornar nosso ataque mais efetivo: participou da jogada do primeiro gol e fez a assistência para o segundo.

Ricardo Graça – mostrou firmeza e disposição na zaga e ainda marcou o gol da vitória mostrando boa antecipação no lance. Mas estava perdidinho no lance do gol do Confiança.

Leandro Castan ­– quase cometeu um pênalti em lance no qual perdeu o tempo da bola, mas foi útil principalmente nos momentos de maior pressão dos nossos anfitriões.

Riquelme ­– outra boa atuação do garoto, mostrando habilidade nas constantes subidas ao apoio sem comprometer na parte defensiva. Iniciou a jogada do segundo gol do Vasco antes de ser substituído pelo Walber, que no pouco tempo em que esteve em campo, fez pelo menos um corte importante em jogada aérea do adversário.

Bruno Gomes – se enrolou um pouco na marcação no começo da partida. Subiu de produção depois que Diniz reorganizou o time. Iniciou a jogada do segundo gol vascaíno.

Zeca – começando como volante, se embolou mais que ajudou. Voltou do intervalo como lateral e rendeu mais.

Marquinhos Gabriel – no bagunçado esquema do primeiro tempo, não conseguiu fazer muita coisa; na volta do intervalo, não conseguiu ajudar na criação. Sarrafiore entrou em seu lugar, se machucou com poucos minutos e ficou mancando em campo, no sacrifício, até o fim do jogo.

Nene – começou a partida numa posição demasiadamente recuada e foi muito discreto no primeiro tempo. No segundo tempo fez o de sempre: participou dos lances dos dois gols (incluindo a assistência para o primeiro).

Morato – quase marcou um golaço do meio de campo, mas na maioria do tempo não conseguiu superar a marcação do Confiança. Deu lugar ao Romulo, que entrou para ajudar a fechar mais o meio de campo quando tínhamos dois gols de diferença. Acabamos sofrendo o gol do Confiança depois da sua entrada.

Cano – “redesencantou” marcando um gol depois de quatro partidas em jejum. Além disso, tentou ajudar na marcação o quanto pôde. Daniel Amorim entrou em seu lugar no fim e mal tocou na bola.

Boa estreia, placar injusto

 

Nenê em ação
Nenê reestreou bem, participou do gol do time, mas não conseguir levar o Vasco à vitória (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Como tinha falado ontem, o Vasco contou muito com a sorte na vitória por 3 a 0 sobre o CRB no primeiro turno. Ontem a tal “ironia do destino” resolveu dar as caras e, em uma partida na qual jogamos melhor e merecíamos a vitória, não passamos de um empate em 1 a 1 com o time alagoano.

Talvez seja pela baixa expectativa – falo da minha parte, claro – de vermos uma atuação decente do time, já que Diniz é um técnico com ideias “complexas” e teve muito pouco tempo pra trabalhar, mas o fato é que o Vasco teve uma das suas melhores atuações na competição. Nos poucos dias que teve, o novo treinador encurtou o espaçamento do time, avançou a linha de marcação do time e, sim, fez com que o time valorizasse a troca de passes na saída de bola.

E, o mais surpreendente, tudo isso teve um relativo sucesso na sua aplicação. Mesmo tendo uma escalação mais ofensiva, o Vasco conseguiu controlar o jogo na maior parte do tempo. Pressionar a saída de bola adversária deu certo, a qualidade de passe do time melhorou de um modo geral (algo no qual o velhote Nenê teve bastante importância) e tudo isso fez com que corrêssemos menos riscos.

Mas aí tem algo que o Diniz não resolver: os erros individuais. Nenhum técnico, aliás. Deus, que fez uns pouco dotados intelectualmente e outros sem talento para a prática futebolística em nível profissional, talvez possa. Mas a intervenção divina não apareceu para evitar que o Léo Jabá criasse contra-ataques errando passes ridículos, que o Vanderlei ficasse parado numa bola que terminou no gol (e o VAR, milagrosamente, anulou), que Pec fosse perder um dos gols mais feitos da sua curta carreira ou que o Bruno Gomes preferisse cavar uma falta a definir uma jogada de simples execução.

Uma vitória seria o mais justo, mas não adianta reclamar. É preciso trabalhar mais porque os dois pontos que deixamos escapar ontem já estão fazendo falta e poderão fazer muito mais no fim da competição. Se for pra olharmos pelo lado positivo, a forma de jogar do time pode nos dar alguma esperança de dias – e jogos – melhores para o Vasco. A questão é saber se ainda há tempo para reagirmos.

As atuações

Vanderlei – foi salvo pelo VAR no lance do gol irregular do CRB, quando ficou fincado no chão em um cruzamento que poderia ter interceptado. Mas fez pelo menos duas grandes defesas: uma, no lance anterior ao gol invalidado dos donos da casa e outra no segundo tempo, em cabeçada quase à queima-roupa. No gol de empate nada poderia ter feito.

Léo Matos – mais preso à marcação, teve uma atuação discreta. Ainda assim, não se pode ignorar que o gol que sofremos saiu em uma jogada pelo lado de campo que deveria proteger.

Ricardo Graça – teve algumas dificuldades de adaptação para jogar na direita e nas bolas aéreas. Teve participação nos dois gols do jogo: no nosso, finalizou na direção do Cano; no deles, tentou se antecipar no lance, deu um bote errado e facilitou o trabalho do ataque alagoano.

Leandro Castan – jogou com disposição, mas também ficou perdido nas bolas alçadas a nossa área e no lance do gol de empate.

Zeca – não jogou de forma muito diferente da que estava jogando no período Lisca, iniciando algumas jogadas e caindo por dentro em alguns momentos. Mas teve uma atuação muito discreta no apoio.

Andrey – com menos de 7 minutos de bola rolando já tinha um amarelo. Ainda assim, conseguiu ser eficiente no combate, sem deixar de ser firme quando necessário. Faltou (muita) precisão nas chances em que tentou finalizar, mas fez boa jogada individual que deixou Pec na cara do gol, em lance que poderia sacramentar nossa vitória. Caio Lopes entrou em seu lugar e teve pouco tempo para fazer algo relevante.

Marquinhos Gabriel – não se acanhou com a presença do Nenê em campo e não pareceu sentir nenhum incômodo em desaparecer em campo na maioria do tempo (como na maioria dos jogos). Quando Nenê saiu, seguiu na sua discrição.

Nenê – o quarentão chegou na véspera e estava há algum tempo sem jogar. Ainda assim, mostrou que, com o elenco que temos, escolhe onde quer jogar. Dá muito mais opções no meio de campo, seja com passes, movimentação ou dribles. Já participou de um lance de gol vascaíno, cobrando o escanteio que originou o gol do Cano. Cansou e deu lugar ao Figueiredo que, pelo que fez em campo, mantém o mistério das suas constantes participações. Deve ser um fenômeno nos treinos.

Morato – tentou criar espaços no ataque, imprimindo uma movimentação intensa, mas acabou sendo muito pouco efetivo. Gabriel Pec o substituiu e levou mais perigo, mas ficou marcado por perder o gol daqueles imperdíveis e que fatalmente nos daria a vitória.

Léo Jabá – demonstrou uma impressionante competência em falhar: errou praticamente tudo o que tentou enquanto esteve em campo. Bruno Gomes entrou para reforçar a marcação e marcou o momento no qual nos deixamos ser mais pressionados pelo CRB. E ele até vinha bem, até cometer um erro capital: tinha a posse da bola, sofreu uma carga e cavou uma falta, que não foi marcada. E na sequência se desenrolou a jogada do gol de empate.

Cano – com a chegada do Nenê, não precisou mais sair com tanta frequência de perto da área. Coincidentemente, desencantou depois de 10 jogos sem marcar  fazendo um gol bonito/cagado.

Vasco 1 x 1 Brasil: com ou sem VAR, um empate indesculpável

Marquinhos Gabriel em ação
Marquinhos Gabriel em ação: meia pouco contribuiu no empate com o Brasil-RS (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Alexandre Pássaro deu uma entrevista coletiva após o 1 a 1 entre Vasco e Brasil de Pelotas. Sabemos que algo extracampo aconteceu quando um dirigente resolve falar depois de uma partida, e mais uma vez, Pássaro foi reclamar de mais um erro do VAR prejudicando o Vasco.

Na prática, teria sido melhor que o Diretor Executivo não falasse. Primeiro, porque ainda que ele esteja totalmente correto em seus argumentos e reclamações, “ir à CBF” só significa um gasto de combustível com resultados nulos, já que nunca resolve nada. E por último (e mais importante), reclamar de um gol que poderia ter sido validado depois de mais uma demonstração da incompetência do Vasco em vencer um adversário limitadíssimo fica com cara de desculpa para um resultado indesculpável.

E não precisamos livrar a cara do Vanderlei (e do Castan também) no lance do gol do Brasil. A falha, principalmente do goleiro, foi imperdoável e sua responsabilidade no resultado está figurada no placar. Mas mesmo contando com mais um gol nascido de erros individuais, como dizer que o problema foi esse em um jogo no qual finalizamos 21 vezes e só marcamos UM golzinho? Isso contra a terceira pior defesa do campeonato. E tendo um penal a nosso favor!

(parêntese: depois da cobrança ridícula do nosso camisa 14, é oficial: o Vasco conseguiu estragar o Cano. Fecha parêntese)

Lisca teve mais tempo para treinar e efetivamente conseguiu fazer com que seu time melhorasse. Mas, pelo menos até agora, não conseguiu fazer do Vasco um time efetivo ofensivamente. Temos uma posse de bola estéril, que leva pouco perigo real ao adversário. E com isso, ficamos mais suscetíveis aos nossos erros individuais: quando sofremos um gol, as chances de revertermos o placar são poucas. Dois pontos importantíssimos foram para o lixo e os perdemos para um adversário que sequer precisou criar qualquer coisa para fazer um gol. Até o fim da rodada, o G4 pode estar mais distante e o tempo para reagir no campeonato, mais curto.

Ontem, Lisca começou sua coletiva exaltando a atuação do seu time e reclamando da arbitragem. Um pouco de autocrítica seria muito mais produtivo nesse momento.

As atuações

Vanderlei – numa partida na qual não teve trabalho, acabou sendo um dos responsáveis diretos pelo resultado ao fazer uma desastrosa saída de bola no lance do gol adversário.

Léo Matos – o Brasil não ofereceu muitos problemas na parte defensiva. Com isso teve maior presença ofensiva, principalmente no primeiro tempo, mas errou a maioria dos cruzamentos.

Miranda – foi bem nas bolas alçadas à nossa área, mas não conseguiu evitar a finalização adversária no gol do Brasil.

Leandro Castan ­– ainda que o Vanderlei tenha dado um passe ruim no gol do Xavante, a indecisão e a falta de velocidade do zagueiro impediram que ele recuperasse a bola. Pra completar, foi facilmente driblado pelo atacante que deu o primeiro chute no lance.

Zeca – novamente ajudou a iniciar as jogadas quando atuava por dentro. Mas faltou criatividade para ser mais efetivo diante de um adversário mais fechado. Em muitos lances acabou tirando a velocidade da subida do Vasco ao ataque.

Andrey – sem trabalho no combate, teve maior presença ofensiva. Teve uma boa chance em uma cabeçada e acertou a trave numa cobrança de falta.

Caio Lopes – não foi mal, mas contra um time que só pensou em se defender, poderia ter tido uma atuação mais efetiva no ataque. Matías Galarza o substituiu em um momento no qual precisávamos pressionar e acabou sendo mais útil ofensivamente.

Marquinhos Gabriel – fez uma ou outra jogada, como uma assistência que fez para finalização do Pec. Mas no geral, não chama a responsabilidade que sua função no time exige. Diferente do Daniel Amorim, que sempre se destaca nas vezes que entra em campo. Ontem, evitou um vexame ainda maior do Vasco marcando o gol e poderia ter garantido os três pontos, se o VAR funcionasse quando o lance é pode nos favorecer. O que não acontece quase nunca.

Gabriel Pec ­– mostrou boa movimentação e finalizou com perigo duas vezes no primeiro tempo. Foi sacado no intervalo (em mais uma evidência de que o Lisca não é fã do futebol do rapaz) para a entrada do Morato, que começou trazendo maior agressividade ao time. Fez boa jogada que terminou em pênalti para o Vasco e que Cano desperdiçou.

Léo Jabá – na única chance que teve, ainda no primeiro, furou a bola na linha da pequena área. E esse lance foi um resumo da sua atuação: um constante “quase”: Jabá tenta, tem boas intenções, mas lhe falta qualidade para acertar as jogadas. Como prêmio, ficou em campo até o fim do jogo.

Germán Cano – impossível livrar o gringo do terrível resultado: Cano teve a chance de mudar completamente a história do jogo, mas cobrou muito mal a penalidade que lhe deram e pôs tudo a perder. Saiu para a entrada do Figueiredo e foi tão apagado quanto o nosso centroavante.

Vasco 1 x 2 Londrina: ouro em incompetência

Sarrafiore disputa a bola
No chão, Cano observa Sarrafiore. A dupla argentina passou em branco na derrota para o Londrina (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Tenho por regra não começar a escrever sobre nenhuma partida do Vasco imediatamente após seu término. Seja vencendo, seja perdendo, tendemos a carregar nas cores do que falaremos. Seja ganhando, seja perdendo.

Mas pra tudo na vida, há um limite. E o limite desta vez foi a derrota do Vasco para o Londrina. E sim, estou escrevendo isso ainda de cabeça quente e achando que todo elenco vascaíno merecia mesmo era tomar um couro.

E seria muito fácil descarregar toda a ira de torcedor pra cima dos festejados medalhistas, que completaram juntos o pódio fecal na noite de quarta. Mas, ainda que seja impossível desvencilhar a derrota dos erros clamorosos do Lucão e do Graça, nem de longe os dois foram os únicos culpados pelo resultado.

A falta de efetividade ofensiva, a previsibilidade, a irritante mania de parar de jogar assim que se consegue marcar um gol. Tudo isso acontece há muito tempo. As limitações do elenco e, sim, do treinador (na boa, qual foi a estratégia de substituições do Lisca nesse jogo?)….bom, nesses casos, a responsa pode  e deve ser compartilhada com os responsáveis pelas contratações do clube.

A expectativa era vencer e terminar o primeiro turno entre os quatro primeiros colocados (sem contar muito com uma boa atuação do time, que já seria demais); a realidade, infelizmente, é entrar no returno possivelmente na metade de baixo da tabela e com o G4 ainda mais distante.

As atuações

Lucão – fez grande defesa e poderia ser um dos destaques do time, mas falhou feio no primeiro gol e foi decisivo para o placar negativo. É o segundo jogo seguido que o goleiro do Vasco teve responsabilidade direta em uma derrota.

Léo Matos – seja defendendo, seja apoiando, não fedeu, nem cheirou.

Miranda – não teve velocidade para chegar no rebote do Lucão e impedir a finalização do adversário.

Ricardo Graça – a medalha de ouro não foi o bastante para que o jovem zagueiro saísse da má fase, que o persegue desde o começo do ano. Com a lambança que fez no lance do segundo gol, só podemos festejar a sorte da Seleção Olímpica, que não precisou contar com sua participação em campo.

Zeca – participou da jogada do gol do Vasco, rolando a bola para o Jabá. Pra compensar, no lance do primeiro gol do Londrina, foi ele quem cobrou um lateral para um companheiro cercado de marcadores.

Romulo – foi bem nas bolas aéreas e nas antecipações. Numa delas, iniciou a jogada do nosso gol. Caio Lopes entrou no seu lugar nos minutos finais numa tentativa desesperada do treinador fazer qualquer coisa.

Juninho – disperso e lento, perdeu um monte de bolas bobas e mais uma chance de se manter entre os titulares. Não voltou do intervalo, dando lugar ao Bruno Gomes, que até jogou bem, aumentando a intensidade do time no combate e fazendo bem a ligação com o ataque. Porém, no lance do primeiro gol do Londrina, ficou olhando o jogador que deu o chute de fora da área receber a bola sem nada fazer.

Sarrafiore – se esforçou e tentou ser útil, principalmente com finalizações a média distância. Mas não conseguiu fazer a diferença. Cansou e quando sofremos o primeiro gol, o renegado Gabriel Pec o substituiu e manteve o nível: não fez diferença.

Marquinhos Gabriel – acordou para fazer o gol e não fez muito mais que isso. Galarza entrou no seu lugar nos minutos finais numa tentativa desesperada do treinador fazer qualquer coisa.

Léo Jabá – foi o jogador mais perigoso do Vasco e esse é um dos problemas do time: ele até acertou um belo chute – acidental – na trave e fez a bela assistência para o gol do Marquinhos Gabriel. Mas é um problema sério depender de um jogador que tem pouco além da velocidade para oferecer. Fora isso, são muitos erros de passe, finalizações equivocadas e decisões falhas. Figueiredo entrou no seu lugar nos minutos finais numa tentativa desesperada do treinador fazer qualquer coisa.

Cano – a cada partida, Cano se vê obrigado a recuar mais para buscar o jogo. Ontem foi visto boa parte do tempo quase na linha do meio de campo. Talvez o Lisca arrume um jeito do nosso centroavante voltar a marcar gols (o jejum já é de seis jogos) quando ele passar a buscar o jogo na nossa intermediária. Ainda assim, mais distante da área, foi o jogador que mais finalizou.

Vasco perde para o Remo em mais uma ‘crise alérgica ao G4’

Sarrafiore em ação
Sarrafiore marcou o seu, mas não foi o bastante para evitar a derrota do Vasco para o Remo (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

O Vasco entrou em campo ontem podendo, pela primeira vez no Brasileiro, ter uma sequência de três vitórias e por tabela, garantir mais um “pernoite” na suíte G4 do Série B. Mas para isso, seria preciso vencer o Remo, o que seria impossível numa noite na qual o time do Lisca voltou a apresentar sua já conhecida alergia às primeiras colocações na tabela. Com (mais) uma atuação patética, o Vasco perdeu por 2 a 1 e pode até agradecer o placar modesto.

E olha que o Remo nem precisou fazer muito para vencer. Ainda que os comentaristas tenham visto uma excelente atuação dos donos da casa, ficou claro que eles simplesmente souberam jogar em cima dos nossos muitos erros. Tanto foi assim que, antes de abrir o placar – com um gol irregular, vale dizer –, o Remo não era melhor: o Vasco não tinha criado chances claras, mas exercia aquele domínio nada efetivo ao qual já estamos nos acostumando. Tínhamos a bola, mas não superávamos a defesa paraense.

Mas o gol foi o sinal para o Vasco se perder completamente no jogo. O Remo passou a dominar, marcou o segundo (contando com uma ajuda decisiva do Vanderlei) e criou uma sequência de chances claras para ampliar sua vantagem. Viramos uma presa fácil, e são não podemos dizer também indefesa porque nosso goleiro resolveu compensar a falha no segundo gol e fazer três defesas milagrosas.

Ainda fizemos o nosso gol, em jogada de contra-ataque de Léo Jabá e finalização de Serrafiore, antes do fim do primeiro tempo. Mas veio a etapa final e as coisas não melhoraram muito. Não fomos mais tão pressionados (menos por nossos méritos que pela diminuída de ritmo do Remo), mas voltamos a mostrar aquela incapacidade gigantesca de criar jogadas. Com a expulsão do Vanderlei aos 21 minutos, ficamos com menos um em campo e ainda mais distantes da possibilidade de uma reação. Reação essa que realmente não veio.

Neste momento, com um técnico relativamente recém-chegado e com pouco tempo para treinos, não dá pra esperar espetáculos. E o Vasco estava longe disso, apresentando um futebol bastante limitado mesmo nas suas vitórias. Mas alguns problemas do time, que independem do tempo que Lisca tem no comando, ainda se repetem. Por exemplo, os perrengues nas jogadas aéreas do adversário (questão não resolvida desde os tempos do Pré-Temporadão). Ou, ainda mais grave, ver que qualquer adversário joga com mais intensidade que nós. Não há como ainda falar que o Vasco “precisa aprender a jogar a Série B” se estamos na 18ª rodada da competição.

Ou o Lisca resolve isso rápido, ou o Vasco vai acabar aprendendo a disputar a segunda divisão permanecendo mais um ano nela.

As atuações

Vanderlei – três defesas espetaculares, um frango e uma expulsão totalmente evitável. No fim das contas, uma noite infeliz também para o jogador mais regular da equipe.

Zeca – enquanto ficou observando Erik Flores avançar pela esquerda, deixou Renan Gorne entrar livre para cabecear e marcar o primeiro gol adversário.

Ernando – acompanhou o Zeca na marcação vouyeur: ficou apenas olhando a jogada do primeiro gol do Remo se desenrolar, enquanto o atacante que cabeceou entrou livre, nas costas do zagueiro. Para a irritação com o veterano ser completa, ele falhou em mais 385 bolas alçadas à área vascaína e ainda perdeu um gol feito (de cabeça, claro) no segundo tempo.

Miranda – também fez parte da catastrófica noite da zaga vascaína: ainda que não tenha cometido um erro individual grosseiro, não vimos fazer nada pra evitar as várias jogadas aéreas do Remo.

MT – o lance do primeiro gol foi a definição da sua atuação: apesar da jogada ser na lateral que deveria proteger, marcava a uma distância enorme e não conseguiu evitar o passe dado ao Erik Flores. Depois do passe feito, trotou em direção à área, com uma disposição de quem sabia que não chegaria a tempo nem de evitar o cruzamento ou de marcar o cabeceio na área. Além do aparente desinteresse no jogo, ajudou muito pouco na criação de jogadas. Cayo Tenório o substituiu para, primordialmente, fechar a lateral direita.

Romulo – lento demais para conseguir marcar com eficiência o jogo intenso que o Remo fez, principalmente no primeiro tempo. Sem a ajuda de um volante mais veloz, se complica bastante.

Andrey – não foi o companheiro que o Romulo precisaria para fazer uma proteção à zaga eficiente. Ficou na roda em trocas de passe do adversário várias vezes. Quando tentou ajudar na parte ofensiva fez pouco: finalizou uma vez, sem perigo. Deu lugar ao Caio Lopes, que acabou entrando quando o Vasco já estava em desvantagem numérica e pouco conseguiu contribuir.

Juninho – dessa vez não conseguiu fazer a ligação entre o meio e o ataque, nem marcar com eficiência. Foi sacado no intervalo, dando lugar ao Figueiredo, que mais uma vez não conseguiu justificar ser uma das primeiras opções ofensivas para o técnico.

Sarrafiore – se esforçou, mas não conseguiu acionar os atacantes o bastante. Se salvou no time por ter feito o gol vascaíno. Cansou no segundo tempo e acabou sendo sacrificado com a expulsão do Vanderlei, dando lugar ao Halls. O jovem goleiro reserva não chegou a ter muito trabalho e não comprometeu.

Léo Jabá – se esforçou muito para dar trabalho aos defensores adversários, mas além de receber poucas bolas, muitas vezes tropeçou nas suas próprias decisões equivocadas. Falhou bisonhamente no lance do segundo gol do Remo, mas compensou fazendo a jogada do gol do Vasco quase sozinho, dando uma bela assistência para o Sarrafiore.

Cano – sem bolas, sem gols: o argentino precisa ser municiado para marcar, o que não aconteceu. Sua melhor chance, ainda no primeiro tempo, surgiu em um erro na saída de bola do Remo, culminando com um chute de fora da área que foi perto da trave. Claramente poupado, saiu no meio da etapa final dando lugar ao Gabriel Pec, que por ser um jogador com maior movimentação, mudou a dinâmica do ataque. Mas não o bastante para evitar a derrota.

Vasco conta com ‘sorte de aniversariante’ e vence o Vila Nova

Jabá comemora
Vasco sofre, mas gol do Jabá garantiu a vitória, presente para o aniversariante da noite, o técnico Lisca (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Nesta quarta-feira, o técnico Lisca completa 49 anos. A festa de aniversário poderia perder grande parte da graça se seu time não tivesse vencido a partida de ontem, contra o Vila Nova. Mas os comandados deram um presente para o comandante: além de vencer o jogo por 1 a 0, ainda fizeram o Vasco dormir no G4 pela primeira vez.

Mas o “presente” não foi daqueles que a gente entra numa loja, demora alguns minutos e sai com um pacote enfeitado. Foi preciso uma dose de luta e algumas doses de sorte para conseguir os três pontos. Na realidade, o Vasco flertou com a derrota até o apito final.

No primeiro tempo, o time nem chegou a jogar mal. Tivemos mais posse de bola e passamos grande parte da etapa no campo do Vila Nova. Mas praticamente não ameaçamos o gol adversário, que marcava muito bem e bloqueava nossas ações até com facilidade. Por outro lado, o time goiano acabou criando as chances mais claras de gol, sempre no contra-ataque. A sorte já começou a sorrir pra cruz de malta aí: o Vila Nova perdeu pelo menos duas chances claras de gol (uma, porque o atacante furou a bola; outra em um chute de fora da área que passou tirando tinta da trave).

E se nosso oponente não deu sorte nas suas finalizações, o Vasco acabou sendo presenteado com um gol “semiespírita”, já nos acréscimos: Juninho dá um passe em profundidade para o Léo Jabá e ele arrisca um chute que muito dificilmente daria em alguma coisa. Mas deu. O chute mascado, quase dividido com o zagueiro, acabou encobrindo o goleiro e colocando a bola no fundo da rede.

Lisca e o elenco
Lisca festeja a vitória e seu aniversário com seu grupo (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Depois do intervalo, tudo mudou. Atrás no placar, os visitantes passaram a atacar e foi a vez do Vasco apelar para os contragolpes. O jogo ficou franco – não tanto quanto poderia, já que o Sr. Felipe Fernandes de Lima resolveu aparecer marcando tudo o que ele considerava ser falta – e os dois times começaram a perder gols. O Vasco chegou a ter chances mais claras que no primeiro tempo, mas desperdiçou todas; o Vila Nova teve umas quatro ou cinco finalizações que só o Pai Santana poderia explicar porque não entraram. Fomos pressionados no fim do jogo, mas o placar não se alterou.

Chegamos à segunda vitória seguida e finalmente figuramos entre os quatro primeiros (pelo menos até o complemento da rodada). Mas não podemos dizer que jogamos bem. Sofremos demais contra um time que, ainda que venha aprontando das suas como visitante, tem o segundo pior ataque da competição e no momento está mais preocupado com a proximidade do Z4. Pode-se falar que o time estava cansado depois de jogar em um pântano contra o Vitória, mas isso não justifica os erros da equipe, que não foram poucos.

Hoje o time pode comemorar com seu técnico, mas é bom saber: para se manter no G4, precisamos fazer mais. Nem todo dia é aniversário do Lisca e nem todo dia teremos a sorte que tivemos ontem.

As atuações

Vanderlei – ontem chegou a dar uma saída em falso, mas como foi uma noite de sorte para todo o time, o Vila Nova desperdiçou a oportunidade.

Léo Matos – até apareceu com frequência no apoio, mas não foi exatamente feliz nas conclusões das jogadas. Tomou seu amarelo de praxe muito cedo, e pra evitar a expulsão, evitou ser mais firme na marcação. Isso poderia ter sido problemático, principalmente quando o Vasco passou a ser pressionado.

Miranda – penou para conter os atacantes goianos, mas em alguns momentos penou mesmo com a bola: duas vezes se enrolou sozinho e quase entregou a paçoca.

Leandro Castan – se machucou ainda no primeiro tempo, mas não podia sair sem dar uma pixotada: em uma saída de bola, errou um passe de forma tão canhestra que iniciou um contra-ataque que por muito pouco não sofremos um gol. Ernando entrou em seu lugar e mostrou uma impressionante regularidade em não impedir que os jogadores do Vila Nova cabeceassem com perigo ao gol do Vanderlei.

Zeca – não faltou empenho ao lateral, que contribuiu tanto no apoio quanto na defesa. Mas segue errando muito mais que acertando, principalmente na hora de concluir as jogadas ofensivas.

Romulo – outro a ficar pendurado já no primeiro tempo. Mas, ainda assim, fez uma boa partida, sem aparecer muito, mas com eficiência. Mas precisa fazer a recomposição defensiva mais rapidamente.

Juninho – sob o comando do Lisca, finalmente parece que está se firmando. Fez bem a transição entre a defesa e o ataque (ontem fez a assistência para o gol do Jabá), sem comprometer suas funções defensivas. Deu uma sumida quando cansou, na metade do segundo tempo (e ele é muito jovem para isso, diga-se). Andrey o substituiu para dar um novo gás ao meio de campo,

Marquinhos Gabriel – o de sempre: alternou bons momentos com apagões completos. As vezes mostra habilidade e faz o time avançar; outras, sua lentidão o fez perder bolas bobas. Deu lugar ao Galarza quando Lisca resolveu garantir o resultado, mas o rapaz não chegou a fazer tanta diferença na função de evitar a pressão adversária.

Sarrafiore – não conseguiu se impor diante da eficiente marcação adversária. Também cansou e deu lugar ao MT, que teve algumas oportunidades para armar contra-ataques, mas pecou ao conduzir demais a bola quando poderia passar com velocidade.

Léo Jabá – contou com a sorte para marcar o gol da vitória, mas se não fosse sua movimentação, não estaria bem posicionado para fazer a finalização. Foi quem mais deu trabalho aos zagueiros do Vila Nova, criando a maioria das jogadas de perigo do Vasco, mas é aquilo: o gol feito ao acaso não esconde sua dificuldade em colocar a bola na rede.

Figueiredo – entrou no lugar do Cano e mesmo tendo mais mobilidade que o argentino e recebendo mais bolas, não conseguiu fazer muita coisa: deu uma cabeçada com relativo perigo no primeiro tempo e deu um passe açucarado para o Jabá no segundo. Cayo Tenório entrou em seu lugar para reforçar a marcação, o que não deu muito certo: o garoto passou quase todo o tempo em que esteve em campo olhando as jogadas do Vila Nova se desenrolarem sem dar o combate.

‘Movimento natural’: arbitragem erra, zaga falha e Vasco perde

Miranda acerta Léo Jabá
Segue o jogo: para a “Central do Apito”, lance normal. Ruim para o Vasco, o juiz concordou

Vasco e São Paulo faziam um jogo agitado, com chances para ambos os lados.

Até que Juninho faz uma jogada com Cano e o argentino marca o gol. Mas a bola resvalou na mão do volante no meio da tabela com o gringo e, com a ajuda do VAR, o Sr. Anderson Daronco anulou o gol.

Dez minutos depois, Léo Jabá comete uma falta grosseira e recebe o amarelo. O VAR aciona o juiz que, revendo o lance, decide que o cartão vermelho era o mais justo.

Ainda que esses dois momentos tenham sido críticos – o que se torna mais óbvio depois que sofremos o primeiro gol, com o tricolor contando com a ajuda do Ernando, que falhou grotescamente – não podemos dizer que qualquer um dos dois tenha sido o momento decisivo da partida.

Por um motivo simples: nos dois lances com auxílio do árbitro de vídeo, as decisões do Sr. Daronco foram corretas. Ainda que o toque do Juninho tenha sido quase que imperceptível e que faltas acidentais tão violentas quanto a cometida pelo Jabá tenham ficado apenas no amarelo, não se pode dizer que o juiz errou.

O momento decisivo do jogo aconteceu antes e, ironicamente, quando precisamos do VAR, ele não foi acionado. Estou falando do lance que ilustra essa resenha. Aquela evidente mãozada do zagueiro Miranda no rosto do Léo Jabá.

Reparem: a altura que o braço do tricolor atinge ao ir para trás. Para completar, o movimento que Miranda faz com a mão, quando ela toca o rosto do atacante do Vasco. Esse lance que, se acontecesse em qualquer outro lugar do campo, provavelmente renderia um amarelo para o jogador do São Paulo, foi um pênalti ignorado pelo Sr. Daronco.

(Parêntese: e como “falta” sofrimento na vida da torcida vascaína, quem acompanhou a partida pela TV aberta ainda teve que ouvir do comentarista de arbitragem da emissora que “não aconteceu nada”  e que Miranda fez um “movimento natural”. Fecha parêntese)

Dizer que esse foi o lance capital não redime o Vasco dos seus erros nem as falhas de um esquema novo com muito pouco treino. Mas não é tão difícil entender porque o pênalti não marcado foi o momento decisivo da partida: se a arbitragem acertasse, o jogo seria completamente outro. Provavelmente abriríamos o placar, Léo Jabá não seria expulso e terminaríamos pelo menos o primeiro tempo com 11 jogadores (isso, claro, se a vontade do Sr. Daronco em distribuir vermelhos para a equipe do Vasco não aparecesse de qualquer jeito na etapa final).

UPDATE: parece que o gol do Cano também deveria ser legal

Fiquei sabendo da mudança da regra depois de ter publicado o post. Ao que tudo indica, o Sr. Daronco também não sabia da mudança, pelo menos até ontem.
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No fim das contas, se alguém se deu bem com essa derrota por 2 a 1 foi o Lisca. Ninguém nutria muitas expectativas pela classificação do Vasco e com uma atuação tão desastrosa da arbitragem, os erros do time acabaram tendo menor proporção (menos, é claro, os erros da zaga. Esses, ninguém perdoa).

Odiando o Daronco, a gente esquece que o novo técnico tem o retrospecto de três derrotas em quatro jogos.

As atuações

Vanderlei – atuação padrão: sem culpa nos gols e algumas boas defesas.

Ernando – o primeiro gol dos paulistas saiu com o zagueiro se enrolando constrangedoramente, mostrando toda a falta de intimidade que tem com seu instrumento de trabalho. Deu lugar ao Léo Matos no Intervalo, quando Lisca teve que dar fim ao seu 3-5-2. Talvez a intenção fosse termos alguma chance de criar jogadas com seus avanços, o que só aconteceu até Castán ser expulso.

Miranda – foi o autor do passe para Ernando no lance do primeiro gol. Ou seja, cometeu o imperdoável erro de confiar no seu companheiro de zaga.

Leandro Castán – não poderia ficar pra trás e deixar o Ernando como o vilão da partida: não foi visto no lance do primeiro gol do São Paulo, foi se pé que desviou a bola no segundo, tirando o Vanderlei do lance. E ainda acabou expulso (mesmo que injustamente).

Léo Jabá – imprudente, cometeu uma falta grosseira e foi expulso ainda no primeiro tempo, enterrando de vez as chances de reação do Vasco.

Juninho – vinha bem, mostrando que pode aliar intensidade na marcação e habilidade para ajudar na criação de jogadas. Fez a tabela que originou o gol anulado, mas por azar a bola resvalou na sua mão. Com a expulsão do Jabá e o fim do 3-5-2, deu uma sumida e deu lugar ao Cayo Tenório, aparentemente para termos uma opção de velocidade pelo lado de campo. A tentativa foi válida até ficarmos com dois jogadores a menos em campo.

Bruno Gomes – prenunciando que nada daria certo na noite de ontem, saiu contundido antes de completar 15 minutos em campo. Romulo entrou em seu lugar e se destacou por não fazer o que deveria: deixou Rigoni com toda liberdade do mundo para cabecear e abrir o placar. Fez o mesmo no lance do segundo gol, não pressionando o Benítez.

Zeca – como ala, teve mais liberdade para subir ao apoio. Mas aí, pra ser mais útil, precisaria ser menos limitado (inclusive, e talvez, principalmente, na parte intelectual). Acabou “marcando” o gol do Vasco, dando o chute – ruim – que originou o gol contra do São Paulo.

Marquinhos Gabriel – é o meia VLT: tem um trajeto que parece ir do nada a lugar nenhum, demora para aparecer e quando aparece, irrita pela velocidade de passeio. Tê-lo como principal opção de meia-armador é um dos – muitos – calcanhares de Aquiles do Vasco.

Morato – jogou apenas o primeiro tempo e foi sacrificado quando Lisca precisou mudar a formação do time. Enquanto esteve em campo, alternou entre jogadas interessantes e decisões equivocadas. Galarza o substituiu no intervalo e não conseguiu ser efetivo na transição entre a defesa e o meio de campo. Foi outro ter sofrido uma falta clara dentro da área completamente ignorada pela arbitragem (e, novamente, com a concordância da “central do apito” global).

Cano – quando teve uma chance clara, fez o que sabe fazer. Foi claramente poupado no segundo tempo, quando Sarrafiore entrou em seu lugar e acabou sendo mais efetivo que o “Lexotanzinho” Gabriel, tabelando com o Zeca no lance do gol vascaíno.

 

Vasco goleia o Guarani na estreia do Lisca

Léo Jabá em ação
Lisca fez de Jabá titular e o atacante provou ser merecedor (Foto: Vitor Brügger/Vasco)

No post de ontem, tinha comentado que se o Lisca conseguisse uma vitória na sua estreia, garantiria um pacote turístico de luxo para a lua de mel entre o recém-chegado treinador e a torcida. Mas o novo técnico não apenas conquistou os três pontos, conseguiu também estrear com um 4 a 1 sobre o Guarani.

Não que uma goleada sobre o 4º colocado da competição signifique que os problemas do time estejam resolvidos. O primeiro tempo da partida deixa isso claro: com uma escalação parecida com a usada pelo Marcelo Cabo no começo do Brasileiro, só conseguimos ir para o intervalo com uma vantagem no placar por conta das defesas do Vanderlei. Marcamos dois gols, mas o 4-3-3 como o da Era Cabo entregava demais a bola ao Bugre sem ter uma solidez defensiva que compensasse o risco.

Mas no intervalo Lisca mostrou serviço, mudando a postura do time. O Vasco não deixou o jogo reativo – e com a vantagem no placar, nem precisava – mas o time mudou da água pro vinho. Os volantes avançaram para marcar, o combate ficou mais intenso, os contra-ataques começaram a sair…Os números não mentem: a posse de bola do Vasco foi praticamente a mesma (39% no primeiro tempo, 40% no segundo), mas finalizamos quase três vezes mais (4/11) e corremos bem menos riscos com as finalizações do Guarani (11/6).

Ainda há o que se corrigir, claro. A empolgação dos vascaínos, diante de um resultado como esse, será difícil de controlar. Mas, mais importante que a goleada, foi a consistência do time, principalmente no segundo tempo, que deve ser levada em consideração. E com o jogo de ontem, pelo menos o otimismo no restante do Brasileiro está liberado.

As atuações

Vanderlei – mesmo com a goleada, nosso goleiro foi um dos destaques do time, evitando qualquer reação do Guarani com várias boas defesas. No gol do Bugre, não podia fazer nada.

Léo Matos – dessa vez não foi tão presente no apoio, mas fez boa partida defensiva.

Ernando ­– faz uma daquelas partidas nas quais poderia até ser elogiado…se o adversário não marcasse seu gol em uma falha do zagueiro, que vacilou ao marcar o Lucas do Break.

Leandro Castan – não comprometeu e fez algumas antecipações providenciais nos ataques bugrinos.

Zeca – alternou bons e maus momentos, mas o belo passe para o Léo Jabá na jogada na qual o atacante sofreu o pênalti merece destaque.

Galarza – no primeiro tempo não encontrou o posicionamento ideal e não foi bem na marcação. No segundo melhorou bastante, ajudando muito no combate. Também deu o passe para que Léo Jabá arrancasse para marcar seu gol.

Bruno Gomes – também jogou bem, marcando com precisão e sem abusar das faltas mais violentas. Também deu um belo passe para o gol do Marquinhos Gabriel. Juninho o substituiu e dessa vez praticamente se limitou à marcação.

Marquinhos Gabriel – estreando um estilo platinado, mostrou boa movimentação e precisão na finalização no primeiro gol do Vasco. No resto da partida mostrou um pouco mais de disposição que nas últimas partidas, sendo mais útil na criação e na marcação. Foi substituído pelo Sarrafiore, que ocupou bem os espaços, tentando recuperar a bola para criar oportunidades de contra-ataque.

Gabriel Pec – com Jabá em campo e as jogadas ofensivas concentradas na direta, teve uma atuação apagada, ajudando mais na marcação que no ataque. Deu lugar ao Artur Sales, que no pouco tempo que esteve em campo acertou um belo passe para o Jabá, que desperdiçou a chance.

Léo Jabá – o grande nome da partida, justificou e muito a titularidade dada pelo Lisca: além de dar trabalho á defesa adversária em todo o jogo, participou dos lances de todos os gols (e também deixou o dele).

Cano – marcou o dele, de pênalti. E tá bom, né? Daniel Amorim entrou em seu lugar nos minutos finais e chegou a dar uma cabeçada com relativo perigo.

Vasco arranca empate contra o Náutico

Morato comemora
Morato entrou no segundo tempo e evitou a derrota nos acréscimos (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Até consigo visualizar o alívio que Marcelo Cabo deve ter sentido quando Morato marcou o gol de empate com o Náutico, quando a partida já estava nos acréscimos. Se até eu, um mero vascaíno cético, gritou um sonoro “PORRA!” quando o atacante colocou a bola na rede, imaginem vocês como não deve ter ficado o técnico, que vive sob pressão e é bastante questionado desde pelo menos o começo do Brasileiro.

Não foi a vitória necessária para finalmente adentrarmos o G4 – pela primeira vez, vale citar – mas pelo menos “não perdemos” para o líder e, ainda invicto, Náutico. Ficar na igualdade com o “bicho papão” da Série B, e terminar o jogo com mais posse de bola deve servir para o Cabo como argumentos para a “força” e “evolução” da sua equipe.

Sinto muito, sr. treinador, mas esse 1 a 1 não serve pra limpar sua barra, não. E nem falo isso com aquela mentalidade, tão comum ao torcedor, de que “um-clube-como-o-Vasco-não-pode-empatar-com-o-Náutico”. Não estamos falando do CLUBE, e sim do Vasco do Cabo. Esse time não só pode empatar como pode até ficar feliz com esse empate. Por um motivo simples: o Náutico, hoje, é um time melhor que o Vasco do Cabo.

E, na realidade, podemos falar isso não porque o Timbu tenha mostrado um futebol primoroso (algo praticamente impossível na elite, mais ainda na Série B). Mas porque qualquer time faz o que quer do Vasco do Cabo. No primeiro tempo, ainda que não tenha sido um massacre do Náutico pra cima da gente, eles nos pressionaram – tiveram 59% da posse de bola e 8 finalizações, o dobro do Vasco – e conseguiram o necessário pra sair na frente: um monte de escanteios. Uma hora entregaríamos a paçoca e assim foi.

E seguindo o roteiro, Cabo faz suas alterações e, unicamente porque o adversário resolveu jogar esperando os contra-ataques, passamos a ter mais posse de bola. Mas como o Vasco do Cabo é um deserto de ideias, ter mais posse de bola não adianta muita coisa. Pouco ameaçamos (nos quase 50 minutos da etapa final, finalizamos em direção ao gol apenas três vezes) e sofremos com os contragolpes. Tanto que se pode afirmar que, mesmo que o Morato tenha evitado mais uma derrota em São Januário, quem realmente nos salvou ontem foi o goleiro Vanderlei (que, aliás, evitou que o adversário desempatasse a partida na sequência com uma defesa incrível).

Por absoluta falta de paciência, não vi e nem pretendo ver a entrevista pós jogo do técnico Marcelo Cabo. Espero que ele não tenha exaltado a “evolução” e o “poder de reação” da sua equipe, quando ele deveria atribuir o resultado à sorte. Assim como Cabo pode considerar uma grande sorte a regra que impede os clubes a contratarem mais de um treinador por ano. Não fosse por isso, sua permanência no Vasco certamente estaria bem mais ameaçada.

As atuações

Vanderlei – se não tivesse feito nada além de ter defendido uma cabeçada mortal aos 49 do segundo tempo, já poderia ser considerado o melhor jogador do time. Mas o goleiro ainda fez pelo menos duas grandes defesas na partida.

Léo Matos – irregular na defesa, também não conseguiu ser muito efetivo no apoio. Riquelme entrou em seu lugar e seu único lance marcante foi desperdiçar o que seria nosso último ataque ao demorar para tocar a bola.

Ernando – penou com o ataque adversário e nem nas bolas altas, algo na qual vinha se destacando, se saiu bem. Estava marcando o jogador que quase desempatou o jogo no último lance e não conseguiu evitar a cabeçada.

Leandro Castan – no nível do companheiro de zaga, foi superado pelos atacantes do Náutico em diversas situações.

Zeca – ainda que não tenha tido uma atuação especialmente comprometedora, contribuiu muito pouco ao time. E em vários lances toma decisões equivocadas, sendo por isso um dos jogadores mais irritantes do time.

Andrey – ficou na roda em várias trocas de passe do Timbu e teve problemas na saída de bola quando a marcação adversária estava mais alta. No segundo tempo tentou ajudar na criação, mas lhe falta capacidade.

Galarza – mais uma atuação na qual deixou a impressão de que o status que conquistou com boas atuações no Estadual (frisando NO ESTADUAL) é meio superestimada. Erra muitos passes e toma decisões ruins ao tentar ajudar na criação e deixa muitos espaços na marcação. Juninho o substituiu no intervalo e trouxe outra pegada ao meio de campo, ajudando (mais) no combate e (bem menos) na criação.

MT – a titularidade parece ter subido à cabeça do jovem, e não é de hoje. Ccontra o Coxa foi o mesmo: parece estar prestando um favor por estar em campo, então se preocupa mais em mostrar o quanto joga do que em ajudar o time. Pra piorar, estava marcando de forma completamente equivocada o jogador que fez o gol do Náutico. Nem voltou do intervalo, dando lugar ao Léo Jabá, que deu mais velocidade ao time, mas não conseguiu levar muito perigo ao gol adversário.

Marquinhos Gabriel – mais uma partida sonolenta e muito pouco efetiva. Ainda assim, segue com moral, já que foi o último a sair nas alterações feitas pelo Cabo. Quem tomou seu lugar foi Arthur Sales, que justificou sua entrada com a bela assistência, de calcanhar, feita para o gol do Morato.

Gabriel Pec – sempre merece o mérito pelo esforço, e foi um dos poucos a merecer algum elogio no primeiro tempo do time. Mas segue tomando decisões equivocadas, tanto na hora dos passes decisivos como em finalizações. Deu lugar ao Morato que entrou tentando fazer o dele (atacar pelos lados do campo) e também o do Marquinhos Gabriel, ajudando a criar por dentro. Salvou o time da derrota com seu gol aos 47 minutos da etapa final.

Cano – um gol bem anulado no primeiro tempo e uma participação – dando um passe meio quadrado para o Arthur Sales, é verdade – na jogada do gol do Morato. De resto, algumas finalizações imprecisas (e, em alguns lances, mesmo quando havia companheiros em posição melhor pro arremate).