![Nenê em campo](https://blogdafuzarca.wordpress.com/wp-content/uploads/2021/10/nene-1-e1633857562797.jpg?w=840&h=638)
Derrotas como este 1 a 0 que o Vasco sofreu diante do Sampaio Corrêa são daquelas que não dão espaço para contemporizações. Adversário em momento ruim, atuando com um jogador a menos desde o fim do primeiro tempo, jogando fechadinho e evitando duas ou três chances claras de gol do nosso ataque (uma delas, uma penalidade aos 52 minutos do segundo tempo)….
Com todas essas condições e em uma rodada na qual praticamente todos os resultados nos favoreciam, nem o empate seria aceitável para a torcida. Uma derrota, então, seria o bastante para qualquer vascaíno jogar toda a esperança de acesso que foi se acumulando desde a vitória sobre o Brusque na lixeira mais próxima.
Foi o que eu falei no pré-jogo, sobre a responsabilidade e o aumento de expectativas que o Vasco do Fernando Diniz gerou. Quando essa expectativa é confirmada, é a euforia; quando não é, é a famosa terra arrasada e críticas a tudo e a todos, façam sentido ou não as tais críticas.
E muitas efetivamente não fazem….cumprindo meu papel regular de ser do contra, explicarei porque acho isso. Didaticamente, pra facilitar…
1) “O Vasco não vai subir!” – sim, as coisas ficaram mais complicadas (segundo o site Infobola, nossas chances caíram pela metade), mas a derrota de ontem não me parece motivo para mudar a chave da “certeza de G4” para “Série B 2022”. Primeiro, porque era querer se iludir demais imaginar que o Vasco não perderia nenhuma partida até o fim da competição e, analisando friamente a situação, esse era o irritante “momento certo para perder”, já que ruim, por ruim, pelo menos a distância para o G4 não aumentou.
2) “O time é horroroso!” – sim, o time é fraco e todo mundo sabe disso há muito tempo. Não foi na partida de ontem que ele ficou assim e, aliás, ontem não foi nem de longe a pior partida do Vasco, nem mesmo sob o comando do Diniz. Natural desejar a morte de forma cruel e lenta de todo o time quando perdemos da forma que perdemos ontem, mas falar que a derrota de ontem só aconteceu porque o time do Vasco é horroroso é uma injustiça não apenas com o time, mas principalmente com o Sampaio Corrêa: os caras fizeram o dever de casa, jogaram de fora inteligente e contaram com uma atuação digna de seleção do goleiro Luiz Daniel. O cara fez pelo menos dois milagres e, não fosse por ele, estaríamos todos aqui já fazendo planos para a Série A do ano que vem.
3) “Diniz é maluco!” – o técnico vascaíno deu uma de Professor Pardal ontem, claro. Mas nem de longe o problema do time foi a decisão do Diniz de deixar o time com um zagueiro apenas para colocar mais um atacante. A presença do Graça em campo não evitaria que o gol do Sampaio saísse da forma como saiu (o gol saiu numa falha de marcação individual do Marquinhos Gabriel). Diniz poderia ter acalmado o time e ter orientado os caras para não se lançarem tão desesperadamente ao ataque? Não apenas poderia, como deveria. Mas isso, igualmente, não foi a razão da nossa derrota. Não sofremos um gol de contra-ataque, que era a esperança da Bolívia Querida….sofremos um gol da nossa velha falha de sempre, as bolas alçadas à área. Se for pra xingar o Diniz, que seja porque não resolveu esse problema (que nem o Cabo, nem o Lisca, conseguiram) e não porque ele tenha cometido erros graves ontem.
No fim das contas, desperdiçamos a chance de encostar de vez no G4 não apenas porque o time foi mais afobado ofensivamente do que de costume, uma falha nova. Mas sim, e principalmente, por causa do problema mais antigo que temos nesta temporada. Se estamos na atual situação no Brasileiro, grande parte disso é por ainda não conseguirmos evitar gols em bolas alçadas à nossa área. E, claro, o velho hábito que temos de levantar defuntos em diferentes níveis de decomposição no campeonato.
Apesar do fatalismo da torcida, mais que natural após o jogo de ontem, nossa situação não está tão pior do que antes. Ainda há 27 pontos a serem disputados, 15 dentro de São Januário e pelo menos 6 que, em teoria, são mais plausíveis de serem conquistados mesmo fora de casa. Ainda podemos nos recuperar da derrota de ontem e conseguir o acesso. Mas tudo será muito menos complicado se o Diniz conseguir resolver as falhas antigas do time e evitar que novos problemas apareçam.
As atuações
Vanderlei – lento ou atabalhoado em algumas saídas de bola, mas ser o maior alvo de críticas do time no jogo de ontem não faz o menor sentido. Não apenas porque não tinha o que fazer no lance do gol adversário, mas também por ter evitado uma derrota por placar mais dilatado com pelo menos duas boas defesas.
Zeca – mesmo quando o Vasco mais pressionava, não conseguiu ser uma boa opção no apoio. Figueiredo entrou no seu lugar e nos quase 15 minutos que esteve em campo só apareceu para receber um amarelo.
Ricardo Graça – vinha fazendo uma partida correta, sem se comprometer, até ser sacado para dar lugar ao Daniel Amorim aos 14 minutos do segundo tempo. O Pirulito quase marcou um golaço de voleio, mas parou em uma das defesas milagrosas do goleiro Luiz Daniel. Mas entrou muito pilhado, o que acabou lhe rendendo um amarelo desnecessário.
Leandro Castan – enquanto estava com Graça ao seu lado, apanhou da bola e até caneta dentro da área tomou. Curiosamente, teve menos problemas quando ficou como único zagueiro, quando ganhou até disputas de velocidade e quase marcou um gol (o que não aconteceu por mais uma defesa do goleiro adversário).
Riquelme – presença constante no apoio, acabou inevitavelmente deixando muitos espaços na sua lateral para as subidas do Sampaio Corrêa (um problema que deve ser mais resolvido pelo técnico que pelo jogador, diga-se). Afobado algumas vezes, impreciso em outras, ainda assim, foi uma das mais importantes armas ofensivas do time. E poderia ter sido um dos responsáveis por termos ganhado pelo menos um pontinho, se o pênalti que sofreu no último lance da partida não tivesse sido desperdiçado.
Bruno Gomes – na prática, jogou sozinho como volante e não foi mal. Também ajudou na saída de bola do time.
Marquinhos Gabriel – se havia algo que justificasse sua presença em campo jogando mais recuado e com mais funções defensivas, não há mais: o gol do Sampaio Corrêa saiu porque o “Lexotanzinho” Gabriel estava completamente perdido na marcação do zagueiro Alan Godói, que subiu como quis para cabecear.
Nene – ainda que tenha sido participativo, estava sendo menos efetivo do que de costume. E quando teve a chance de decidir, cobrou com certa displicência a penalidade que teve, fez de vez o nome do goleiro Luiz Daniel e jogou um ponto importante no lixo.
Gabriel Pec – é participativo, joga com intensidade, mas ainda peca demais nos momentos decisivos, seja tecnicamente, seja por tomar decisões ruins. Teve duas chances para finalizar, uma pra fora e outra bloqueada por um marcador. João Pedro o substituiu no segundo tempo e não chegou a mostrar mais competência que o titular.
Morato – esforçado, mas sem brilho, deu algum trabalho para a zaga adversária.
Cano – outro que teve uma grande chance para marcar e parou em uma grande defesa do goleiro adversário. No mais foi pouco acionado.