Foi ruim, mas tá mais ou menos

Orellano conduz a bola: estreia do argentino não foi o bastante para parar seus conterrâneos do River
Orellano conduz a bola: estreia do argentino não foi o bastante para parar seus conterrâneos do River (📸: Daniel Ramalho/Vasco)

Ah, o Vasco perdeu por 3 a 0 para o River Plate e isso é o final dos tempos. “Goleada”, “dominado”, “atropelo” e coisas do gênero estamparam as manchetes. Parte da nossa torcida, como não poderia deixar de ser, acompanhou o clima de catástrofe.

Clima esse que, é claro, não faz o menor sentido.

Não faz sentido não apenas porque esse foi o primeiro jogo do time principal do ano (e sem todos os titulares), mas porque nem sofremos esse passeio todo do time argentino.

Há pontos positivos e negativos, como em quase tudo na vida: fomos evidentemente superiores ao River na primeira etapa, mas realmente fomos dominados no segundo tempo; chegamos com alguma facilidade ao ataque, mas entregamos os três gols sofridos; o time marcou bem com as linhas mais altas, mas mostrou fragilidade nas bolas paradas e em contra-ataques.

Ou seja…nada muito anormal diante do atual estágio de trabalho. E, não é racional esquecer, enfrentamos um dos melhores times da América, que já vem com uma base consolidada e que, mesmo considerando que esteja em pré-temporada como nós, já fez outros jogos.

Foi ruim? Foi, claro. Mas não tão ruim como tantos querem pintar. Basta lembrar de uma coisa: há apenas três semanas o Vasco, com uma meia dúzia dos caras que estiveram em campo ontem, perdeu um jogo-treino para o Bangu. Olhando por esse lado….

As atuações

Alexander – duas boas defesas e nada podia fazer nos dois primeiros gols. Mas o terceiro parecia ser uma bola defensável.

Puma Rodríguez – boa movimentação e participação no apoio, mas deixou espaços pela sua lateral.

Miranda – não correspondeu à moral que ganhou ao ser relacionado para a viagem aos States, menos ainda à titularidade ontem (o que, até o próprio sabe, não se manterá). Deu lugar ao Ulisses, que não chegou a tempo na cobertura no terceiro gol, mas foi deixado na podre pela bola perdida na frente da nossa área.

Léo – um dos melhores em campo, jogando com segurança e, quando necessário, firmeza. Deu umas poucas vacilada, perdoáveis por ser início de temporada. Anderson Conceição o substituiu e, com seis minutos em campo, iniciou a jogada do terceiro gol portenho com uma saída de bola equivocadíssima.

Lucas Piton – como o outro lateral estreante, mostrou ter maior vocação ofensiva que defensiva. O problema é que o sujeito exagerou nas vaciladas defensivas, destacadamente no primeiro gol do River, quando o adversário teve toda liberdade pra cabecear. Edimar entrou em seu lugar e não teve tempo para fazer muita coisa (o que, no seu caso, é bom).

Zé Gabriel – não conseguia se destacar no meio do bizarro time que disputou a Série B. Por que faria diferente ontem?

Figueiredo – escalado como volante, não ia mal até dar uma cochilada no lance que originou o segundo gol gringo. Jair o substituiu quando o River passou a ter maior controle do jogo e segurou bem na marcação/combate. Também deu bons passes.

Nenê – legal dar uma moral pro coroa, mas é preciso encarar os fatos: diante de qualquer adversário que corra o mínimo, o Vovô deixa de ser competitivo, tirando nas bolas paradas (e ontem, nem nisso).

Erick Marcus – reforço? Da base? Desconhecido para parte da torcida, o cria teve uma estreia discreta entre os profissionais. Orellano entrou em seu lugar e fez uma partida mais interessante, principalmente quando articulou com o Puma. Perdeu a bola que originou o terceiro gol do River, depois de não conseguir dominar o tijolo que o Anderson Conceição mandou pra ele.

Gabriel Pec – boa movimentação ofensiva e participação em algumas boas jogadas. Mas não seria o Pec se não perdesse uma boa chance de marcar, o que aconteceu depois de uma jogada individual no começo da partida. Eguinaldo entrou em seu lugar e também foi o de sempre: correria, incômodo pra zaga adversária e algumas decisões equivocadas na hora de definir as jogadas.

Pedro Raul – se esforçou, mas sem receber boas bolas para finalizar (e desperdiçando a única que teve, cabeceando pra fora), acabou não se destacando. Vinícius Paiva, 34/2T).

6 comentários em “Foi ruim, mas tá mais ou menos”

  1. Eu não escolheria o River Plate para ser o primeiro jogo do ano, com time ainda em processo embrionário, contra um time formado e de 1a linha, como o Fábio muito bem falou. O 3×0 foi pesado, injusto, leva a parte menos racional da torcida a cornetar, pressionar. Mas realmente, depois de muitos anos, há esperança. Vida que segue

  2. Pra mim, no final das contas fiquei satisfeito, em boa parte do tempo jogou de igual, pressionando e fazendo o River ter que dar o seu melhor, inclusive com um jogo mais violento. O River tem um baita time o Vasco mostrou que tem um jeito de jogar e muita correria. Gostei.

  3. O 3×0 foi exagerado. Esperava bem menos do Vasco, considerando que os reforços chegaram há poucas semanas e enfrentamos um time já montado, de 1a linha. O time até tentou pressionar o adversário na frente, mostrou mobilidade, criou jogadas e perdeu muitos gols. O Vasco teve bons momentos de futebol.

    É melhor cair na real e perceber que o time precisa se reforçar do que pegar um adversário de 5a categoria do estadual, meter 4 ou 5 e se iludir que certas figuras remanescentes da série B podem ficar. Tem uma galera ali que não tem a menor condição de ficar.

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