Vasco encara a Raposa em um jogo perigoso para o futuro do homem da boina

Tensão: ainda no terceiro jogo no comando do Vasco e com semblante risonho de antes sumido, Pacheco entra sob pressão no jogo contra o Cruzeiro
Tensão: ainda no terceiro jogo no comando do Vasco e com semblante risonho de antes sumido, Pacheco entra sob pressão no jogo contra o Cruzeiro (📸 Leandro Amorim | Vasco)

Mesmo estando em São Paulo na última quinta-feira, resolvi, por opção, ignorar o jogo do Vasco contra o Palmeiras. O resultado, ainda que bastante esperado, provou que eu estava certo: com os problemas que todos os vascaínos já tem na vida, eventualmente é um alívio conseguir não se martirizar com outra derrota do seu time.

Fraqueza como torcedor? Talvez. Peço que não me julguem, ainda que imagine que muitos dos meus poucos leitores entendam o sentimento. De qualquer forma, estou eu aqui de novo, pronto para falar algumas platitudes sobre o jogo de hoje, contra o Cruzeiro. Um confronto que ganha contornos bastante dramáticos para o “homem da boina” por vários motivos.

O primeiro é o mais óbvio: não há treinador que não corra riscos de entrar pra fila do desemprego iniciando um trabalho com três derrotas, ainda mais com uma delas histórica pelo pior motivo possível. Todo mundo sabe que o Pacheco não é – nem poderia ser – o principal responsável pelos resultados nos seus dois primeiros jogos, mas algumas das suas escolhas em ambos foram bastante discutíveis. Uma terceira derrota, em casa, e contra um adversário que, TEORICAMENTE, não deveria estar em um nível tão acima do nosso (o que, na prática, se mostra um erro pela nossa pontuação e a da Raposa) será motivo mais que justificado para que a paciência do torcedor se esgote com o portuga.

O segundo motivo de tensão é o jogo ser na Colina. Será a primeira partida do Pacheco em casa e, se o treinador ficou encantado com a reação da torcida na classificação para as oitavas da Copa do Brasil, ele ainda  não testemunhou como reagem as arquibancadas em derrotas, principalmente em um momento como o que o time atravessa. Nem dá pra falar que um resultado ruim teria efeitos imprevisíveis no Caldeirão hoje, porque todos sabemos: uma derrota muito provavelmente terminará em um merdauê daqueles de gerar matérias inflamadas, críticas veementes à torcida presente e punições rigorosas como sempre rolam com o Vasco.

O terceiro motivo é bastante prático e nada subjetivo: um resultado diferente de uma vitória sobre a equipe mineira pode nos jogar no Z4. Lugar aliás, que provavelmente já estaríamos se todos os times estivessem com o mesmo número de partidas (o Criciúma, por exemplo, com duas partida a menos, tem um desempenho melhor que o nosso). Ainda que o “profissionalimo tenha chegado” ao futebol vascaíno (com muitas aspas), três derrotas, vexame histórico e entrada na zona da confusão é uma sequência de fatos ruim demais para cravar que Pacheco não sofra consequências mais sérias em caso de uma derrota logo mais.

Diante disso tudo, é muito bom para o futuro a curto prazo do técnico português no comando do Vasco que seu time consiga conquistar três pontos hoje. Qualquer coisa diferente disso e a pressão sobre seu trabalho poderá se tornar insustentável (ainda mais bancando as escalações do Zé Delivery e do Galdames como volantes e barrando o Cocão, por exemplo).

Lembrando: o atual presidente do clube e que acumula o comando da SAF no momento também é, antes de tudo, um vascaíno convicto. Se acontecer o pior essa noite em São Januário, é complicado saber se as decisões tomadas ao fim do jogo virão da mente do Pedrinho administrador ou torcedor.

Campeonato Brasileiro 2024

Vasco X Cruzeiro

Léo Jardim, Puma (Hugo Moura), João Victor, Maicon, Léo, Lucas Piton, Zé Gabriel, Galdames, David, Adson e Vegetti. Anderson; William, Zé Ivaldo, João Marcelo e Marlon; Lucas Romero, Lucas Silva e Japa (Ramiro); Gabriel Verón, Robert e Rafa Silva.
Técnico: Álvaro Pacheco. Técnico:  Fernando Seabra.
Estádio: São Januário. Data: 16/06/2024. Horário: 18h30. Arbitragem: Rafael Rodrigo Klein (RS-FIFA). Assistentes: Rafael da Silva Alves (RS-FIFA) e Lucio Beiersdorf Flor (RS). VAR: Rafael Traci (SC)
TV: O Canal Premiere transmite para assinantes de todo o Brasil.

Vasco inaugura fase ‘Peaky Blinders’ contra o Flamengo

O homem da boina: Álvaro Pacheco inicia seu ciclo no comando do Vasco logo em um clássico
O homem da boina: Álvaro Pacheco inicia seu ciclo no comando do Vasco logo em um clássico (📸 Matheus Lima | Vasco)

Não demorou muito para qualquer traço de desconfiança em relação ao novo técnico vascaíno, Álvaro Pacheco, se transformar em claros sinais de apoio. O primeiro deles foi a adoção da sua já famosa boina por um grande número de torcedores, antes mesmo do treinador lusitano assumir o posto: na classificação do time para as oitavas da Copa do Brasil, o chapeuzinho estiloso já estava em várias cabeças na Colina.

Peaky Blinders, o
Peaky Blinders, o “bonde da boina” (reprodução)

Mas como, acima de tudo, o vascaíno é um galhofeiro, imediatamente uma colocaram uma pilha no “mister“: ele seria o Peaky Blinder vascaíno. Pra quem não entendeu a referência, Peaky Blinders é uma série de streaming que conta a história de uma família de gangsters ingleses do início do século passado. E todos os seus integrantes usavam uma boina idêntica a que usa o portuga.

Para quem não viu (e  não esquenta com uma certa glamourização de criminosos), recomendo. Para quem já assistiu a série, explico porque seria bom que o Vasco entrasse numa fase Peaky Blinder sob o comando do Pacheco.

Resumindo bastante o enredo, os Blinders eram formados por uma família que controlava o crime em uma cidade inglesa e que, para chegar ao topo, precisou enfrentar gangues locais, a polícia, o governo da Coroa Britânica, a máfia italiana, comunistas, nazifascistas e até umas paradas místicas. E – sem dar spoilers – os caras superaram os desafios ora com inteligência, ora com malandragem, ora com força, ora com uma fé no inexplicável. E sim, muitas vezes sendo impiedosos.

Os Blinders tiveram perdas e derrotas duras no caminho e penaram com traições e inimigos mais poderosos. Mas nunca desistiram e lutaram sempre até as últimas forças.  Qualquer coincidência com o “contra tudo e contra todos” é mera semelhança.

Tirando a parte criminal, claro, isso é tudo que a torcida do Vasco espera que o Pacheco traga para o time. Que o treinador consiga superar com inteligência as limitações da equipe, mesmo contra adversários mais qualificados, e que dentro de campo mostre uma vontade que honre nossa armadura cruzmaltina, não desistindo da vitória enquanto não vier o apito final.

Estrear contra o nosso maior rival e ter na sequência um confronto contra o Palmeiras, justo dois dos principais favoritos ao título, servirá para mostrar ao novo técnico o tamanho das pedreiras que encontrará no Brasileirão. Se saindo bem nesses dois jogos, Pacheco ganhará uma moral importante com o torcedor. E se vencer o rubro-negro hoje, o estoque de boinas no país é capaz de acabar no mercado.

Campeonato Brasileiro 2024

Vasco X Flamengo

Léo Jardim, Puma (Paulo Henrique), João Victor, Maicon, Léo, Lucas Piton, Sforza, Galdames, Payet, Rayan (Hugo Moura) e Vegetti. Rossi; Varela, Fabrício Bruno, David Luiz e Viña; Allan, De la Cruz, Gerson e Arrascaeta; Everton Cebolinha e Pedro.
Técnico: Álvaro Pacheco. Técnico: Tite.
Estádio: Arena Maracanã. Data: 02/06/2024. Horário: 16h. Arbitragem: Braulio da Silva Machado (FIFA). Assistentes: Bruno Raphael Pires (FIFA) e Guilherme Dias Camilo (FIFA). VAR: Rafael Traci.
TV: A TV Globo transmite para RJ, RS, SC- exceto Criciúma -, PR, ES, GO, MS, MT, TO, AL, CE, MA, PB, PE, PI, RN, SE, AC, AP, AM, PA, RO, RR, DF e MG (Ituiutaba, Juiz de Fora, Uberaba e Uberlândia). O Canal Premiere transmite para assinantes de todo o Brasil.

De novo nos penais, Vasco avança na Copa do Brasil

Voa, Leo Jardim: depois de falhas ao longo do jogo, goleiro vascaíno defende cobrança na disputa de penais e garante a classificação
Voa, Leo Jardim: depois de falhas ao longo do jogo, goleiro vascaíno defende cobrança na disputa de penais e garante a classificação (📸: Leandro Amorim | Vasco)

NENHUM vascaíno – ou pelo menos nenhum vascaíno realista – acreditou que a classificação para as oitavas de final da Copa do Brasil contra o Fortaleza seria fácil, mesmo depois de termos conseguido segurar o empate no jogo de ida e podermos decidir a vaga na Colina.

A classificação veio e, surpreendendo um total de zero torcedores (realistas), foi com um sacrifício tremendo, depois de um 3 a 3 decepcionante com o time cearense e uma disputa de penais que só se resolveu na última cobrança, defendida pelo Leo Jardim.

Mas se foi um perrengue passar pelo modesto Água Santa na segunda fase, porque haveríamos de esperar algo diferente contra o Fortaleza, um adversário obviamente mais forte, melhor treinado e com um trabalho consolidado há anos? Mesmo com desfalques, o tricolor cearense foi melhor na maior parte do tempo, pressionando nossa saída de bola e encontrando muita facilidade para construir as jogadas já na nossa intermediária. Com uma marcação forte, o Leão anulou com facilidade o Francês e, consequentemente, nossa capacidade criativa no meio de campo. Ir para o intervalo com um empate foi lucro para o time do ex-interino Rafael Paiva, que encontrou um penal salvador pouco depois de ver o adversário abrir o placar (a bem da verdade, muito mais por conta das nossas falhas que pelos seus méritos).

No segundo tempo as coisas melhoraram um pouco, estranhamente depois do Fortaleza abrir nova vantagem (de uma maneira que só aconteceria com o Vasco, com um gol “desinvalidado“). O somatório de um certo relaxamento do tricolor após o gol e do seu cansaço fizeram com que cedessem mais espaços e o Payet pudesse participar mais da partida. Em 20 minutos, o Francês participou de duas jogadas que nos fizeram virar o jogo, com Vegetti – marcando pela segunda vez – e Piton balançando as redes.

Mas a alegria durou pouco: cinco minutos depois, depois do nosso meio de campo mais uma vez dar um espaço tremendo, o Fortaleza empatou o jogo com um chute de longe, que Leo Jardim aceitou. Para compensar, o próprio fez uma boa defesa no fim, garantindo o empate e levando a decisão para a disputa de pênaltis. E no momento “loteria” do jogo, o Vasco foi melhor, convertendo as cinco cobranças e levando a vaga com nosso goleiro defendendo a última cobrança.

A classificação suada serviu para amenizar o clima em São Januário, conturbado não apenas pelo desempenho do time, mas por toda confusão envolvendo a gestão do associativo, a 777 e a SAF.  Álvaro Pacheco, apresentado ontem, assumirá a equipe com uma pressão a menos e – pelo menos por enquanto – contando com o apoio incondicional da torcida. Mas a vida do técnico Pink Blinder não será um mar de rosas, algo que ele já deve ter percebido, já que assistiu o jogo no estádio: o portuga da boina certamente sabe que terá um longo trabalho para acertar o time.

As atuações

Leo Jardim – foi de vilão – falhou no primeiro gol e tomou o terceiro em uma bola defensável – a herói ao fazer uma defesa decisiva quando o jogo já estava empatado e defendendo a última cobrança de pênalti do Fortaleza.

João Victor – como não poderia deixar de ser, falta-lhe o cacoete no apoio. Vinha fazendo uma partida apenas correta defensivamente, mas foi sacado em um momento mais agudo do jogo por já ter um amarelo. Puma Rodiguez entrou em seu lugar e acabou sendo decisivo: acertou a assistência para o segundo gol do Vasco (vindo pela esquerda) e converteu sua cobrança de pênalti com categoria.

Maicon – até foi importante cortando bolas alçadas à nossa área, mas vacilou em momentos capitais. Muito nervoso com a marcação alta do Fortaleza, iniciou a jogada do primeiro gol deles ao dar um passe mais que quadrado para o João Vitor (que, em outra saída de bola equivocada do zagueiro, fez falta que o deixou pendurado). No lance do segundo gol do adversário, foi facilmente driblado com uma caneta constrangedora.

Leo – penou no primeiro tempo com a facilidade que o adversário teve para chegar à nossa área, mas não chegou a comprometer.

Lucas Piton – mesmo não sendo tão presente no apoio como de costume, também foi decisivo na classificação: o penal a nosso favor surgiu em lance no qual o lateral disputaria a bola, marcou o terceiro gol do Vasco e converteu sua cobrança.

Sforza – mesmo sem ter ao seu lado quem o ajude a carregar o piano do combate pelo meio, se destacou pela consciência da sua atuação. Não deu a menor chance de defesa na sua cobrança de pênalti.

Galdames – mesmo que não tenha cometido falhas imperdoáveis, não dá pra sumir como fez em uma partida decisiva. Faltou chamar a responsa. Matheus Carvalho entrou em seu lugar para aumentar a pegada no setor e conseguiu.

Payet – no primeiro tempo, sofreu com a forte marcação adversária. Ainda assim, foi quem lançou a bola que ocasionou o pênalti do Marinho. No segundo tempo, com mais espaço, participou dos outros dois gols vascaínos. Abriu a série de penais convertendo o seu.

Adson – perdeu uma chance clara no primeiro tempo, mas provou com sobras que não pode bancar para o Rossi. Deu trabalho à zaga adversária, ajudou na recomposição e puxou o contra-ataque que terminou com nosso segundo gol. Paulo Henrique entrou em seu lugar para reforçar a marcação na reta final da partida. Nesse tempo, o lateral levou um amarelo e o Vasco, o gol de empate.

David – a intensidade de sempre, mas não conseguiu ser efetivo na mesma medida. A se destacar, o passe para Adson iniciar o contragolpe no segundo gol. Rayan o substituiu e participou da troca de passes que terminou no gol do Piton.

Vegetti – em noite inclemente, o Pirata foi imprescindível para a classificação. Converteu os dois penais – um no primeiro tempo, outro na disputa de pênaltis- que cobrou e marcou o segundo, de cabeça.

Vasco recebe o Fortaleza por vaga nas oitavas da Copa do Brasil

Payet volta, Paiva sai: confronto contra o Fortaleza terá ´retorno do Francês ao time e despedida do técnico interino
Payet volta, Paiva sai: confronto contra o Fortaleza terá ´retorno do Francês ao time e despedida do técnico interino (📸: Leandro Amorim | Vasco)

O Brasileirão parou, o Vasco ficou quase 10 dias só treinando e chegamos hoje à decisão para um vaga nas oitavas da Copa do Brasil conta o Fortaleza sem saber exatamente o que esperar do time (dentro e fora de campo).

Enquanto o noticiário esportivo focava ora no imbróglio entre o Pedrinho e a 777, ora na chegada do Álvaro Pacheco, Rafael Paiva teve um bom tempo para treinar a equipe e tentar fechar seu ciclo como interino com um saldo positivo. Independente de estatísticas de desempenho – um empate, uma derrota e uma vitória, com 44% de aproveitamento, não são motivo para festejos – se o Paiva conseguir fazer o Vasco chegar às oitavas-de-final, poderá tirar uma onda: desde 2021 não conseguimos ir tão longe na competição.

Para isso, o futuro ex-interino deve manter o time que bateu o Vitória na última partida. Diferente do jogo da ida, teremos o Francês no meio de campo, o que certamente nos fará ter alguma efetividade na criação (algo inexistente na partida no Castelão). Ainda assim, é bom que o time não faça como no confronto contra o rubro-negro baiano, no qual esperou passar todo o primeiro tempo para começar a jogar bola.

O Fortaleza é um adversário mais qualificado que o Vitória e, mesmo com alguns desfalques, demandará mais atenção e empenho do Vasco para que consigamos a classificação vencendo. Podemos levar a vaga com um empate também, mas aí é a tal “loteria” dos pênaltis. E seria bom que o time não dependesse tanto do Léo Jardim – o herói vascaíno no primeiro confronto – dessa vez e conseguisse a bater o time cearense nos 90 minutos.

Copa do Brasil 2024

Vasco X Fortaleza

Léo Jardim, João Victor, Maicon, Léo, Lucas Piton, Sforza, Galdames, Payet, Rossi (Adson), David e Vegetti. João Ricardo, Tinga, Kuscevic, Titi, Bruno Pacheco; Zé Welison, Hércules, Pochettino; Yago Pikachu, Machuca e Lucero.
Técnico: Rafael Paiva (interino). Técnico: Juan Pablo Vojvoda.
Estádio: São Januário. Data: 21/05/2024. Horário: 21h30. Arbitragem: Wilton Pereira Sampaio (GO-Fifa). Assistentes: Bruno Boschilia (PR-Fifa) e Felipe Alan Costa de Oliveira (MG). VAR: Wagner Reway (PB-VAR-Fifa).
TV: O Canal Premiere transmite para assinantes de todo o Brasil.

Vasco supera a própria irregularidade e bate o Vitória na Colina

Abrindo o placar contra o Vitória, Maicon marcou seu primeiro gol pelo Vasco
Abrindo o placar contra o Vitória, Maicon marcou seu primeiro gol pelo Vasco (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Na entrevista que concedeu no final do jogo de ontem, Payet declarou que o “Vasco precisa saber terminar as partidas“. LONGE DE MIM querer contestar o sujeito que fez as duas assistências pros gols que garantiram nossos três pontos contra o Vitória, mas na minha modesta opinião, o Vasco também está precisando saber INICIAR suas partidas.

E depois do primeiro tempo terrível que vimos ontem, duvido que essa seja uma opinião solitária. Ainda que o Vasco tenha conseguido, em parte, fazer uma das tais “partidas controladas” na etapa inicial, em vários momentos o Vitória só não criou problemas graves porque – tentando manter o devido respeito ao time baiano – mostrou uma limitação tremenda no ataque. Erros de posicionamento defensivo deixaram muitos espaços para o adversário nos atacar e, em vários momentos, eles foram bem mais agressivos que nós, como se a necessidade da vitória fosse apenas do Vitória.

Ofensivamente, também fomos muito ineficientes. Nas raras vezes que conseguimos superar a marcação rubro-negra, finalizamos mal ou nem isso. Pelo que apresentamos nos primeiros 45 minutos, pra chegarmos a um gol, só mesmo se a arbitragem fizesse seu trabalho direito e marcasse o grosseiro pênalti sofrido pelo Galdames, só menos grosseiro que o erro do VAR ao não assinalar a infração.

Ainda bem que no segundo tempo o time voltou melhor e conseguiu resolver a questão antes dos 12 minutos: depois de uma atuação discreta na etapa inicial, o Francês fez duas assistências em seis minutos e resolveu a partida com as ajudas do Maicon e do Pirata. Poderíamos ter marcado outros, passamos um sufoco no fim por conta de um cochilo defensivo, mas conseguimos manter a vantagem até o apito final.

Era uma vitória indispensável, não apenas por nos tirar do Z4 e dar uma tranquilizada no ambiente antes de um clássico, mas também por ser um confronto direto na luta para fugir da zona da confusão. É deprimente ver o Vasco, numa sexta rodada de Brasileirão, estar com esse tipo de preocupação, mas é o que temos pra hoje. Que as questões apontadas pelo Francês – e as não apontadas também – sejam corrigidas o mais rápido possível e que nossos próximos confrontos diretos sejam por disputas pelo posições mais nobres na tabela.

Na As atuações

Léo Jardim – não chegou a ser extremamente exigido na partida. No lance do gol, até permitiu o rebote em um primeiro chute, mas se o Vitória não tivesse marcado, seria mais uma defesa difícil pra conta do goleiro.

João Victor – não dava pra contar com o zagueiro improvisado sendo uma arma no apoio, mas compensou defensivamente. Paulo Henrique o substituiu no fim, aparentemente, apenas para pagar sua cota de irritação para a torcida.

Maicon – bem nas antecipações, bolas altas e combates diretos, ainda abriu o placar para o Vasco em um momento importante da partida.

Léo – fez uma partida regular, sem nada que comprometesse sua atuação. Tentou ajudar na saída de bola.

Lucas Piton – um primeiro tempo que reforçou a impressão de queda de desempenho. Melhorou junto com o time no segundo tempo, sendo mais presente no apoio, mas seus cruzamentos não foram precisos.

Sforza –  não fugiu da responsa de ser o principal marcador no meio de campo e ajudou na saída de bola. E ainda se revelou uma boa opção para a cobrança de faltas: quase marcou um golaço, obrigando o goleiro adversário a fazer grande defesa para evitar o que seria seu gol de falta.

Galdames – alguns erros de posicionamento no primeiro tempo deram espaço demais ao adversário, ainda assim, fez uma partida acima da sua média. Na primeira etapa, apareceu em lances de perigo quando chegou à frente, fazendo a finalização mais perigosa do time, dando uma assistência (desperdiçada pelo David) e sofreu um pênalti escandaloso não marcado. No segundo tempo conseguiu ser mais consistente defensivamente, sem deixar de arriscar algumas chegadas à área. Mateus Carvalho entrou em seu lugar  e acabou vacilando no gol do Vitória, errando um passe fácil e perdendo a chance de recuperar a bola antes da primeira finalização do lance.

Payet – uma atuação que lembrou o Vovô Nenê: um primeiro tempo discreto, levando a pior com a marcação adversária (mas ainda assim conseguindo uma finalização perigosa, no lance do penal não marcado). Aí, no segundo tempo, foi lá  e resolveu, fazendo as assistências para os dois gols vascaínos. Deu lugar ao Praxedes, cuja maior contribuição pro resultado foi ter levado um tabefe, provocando a expulsão de um jogador do Vitória quando o adversário tentava pressionar pelo empate.

Rossi – digno de nota, apenas uma recuperação quando fazia a recomposição defensiva e conseguiu cortar um contra-ataque. No ataque, foi uma nulidade. O que torna inexplicável a reserva imposta ao Adson. Mesmo não sendo um craque, é muito mais útil na frente, criando jogadas com velocidade e dando trabalho aos seus marcadores sem medo de arriscar dribles. Vinha bem mas acabou sentindo no fim e deu lugar ao  Puma, que pelo menos não teve tempo para aparecer (ou comprometer o resultado).

David – muito participativo, obriga que a defesa adversária fique atenta o tempo todo. Mas ontem estava em um dia de Deivid, já que perdeu pelo menos duas grandes chances para marcar finalizando mal ou não conseguindo executar bem algum movimento. Precisa melhorar sua tomada de decisão também.

Vegetti – o empenho de sempre, mas foi pouco acionado. Mas é aí que um centroavante mostra sua eficiência: finalizou apenas duas vezes e deixou o seu.

Vasco ‘sofredor’ encara o Athletico em Curitiba

Maicon deve ser titular da zaga novamente contra o Furacão; Medel (primeiro à esquerda) segue como opção no banco
Maicon deve ser titular da zaga novamente contra o Furacão; Medel (primeiro à esquerda) segue como opção no banco (📸 Leandro Amorim | Vasco)

Apesar da situação já periclitante do Vasco no Brasileirão, é inegável admitir que, diante das atuais circunstâncias, um empate hoje com o Athletico será um bom resultado.

Enquanto os paranaenses estão na quinta colocação, não perdem em casa há nove meses e tem um trabalho estabelecido com sua comissão técnica, nós estamos na 17ª posição na tabela, nunca vencemos os caras como visitantes no Brasileiro e ainda estamos afundados numa crise que inclui a falta de um técnico efetivado desde a goleada para o Criciúma.

Diante disso tudo, o Rafael Paiva deve fazer o mesmo que fez no jogo de ida pela terceira fase da Copa do Brasil: armar um time que “sabe sofrer” e se, o acaso der uma forcinha, fazer alguma graça no ataque. Contra o Fortaleza, serviu para segurarmos um valorizado empate sem gols.

A questão é saber se, com as prováveis mudanças que o interino fará na equipe, saberemos aguentar o inevitável sofrimento. Ainda sem confirmar sua escalação, Paiva indica que montará sua equipe em um 4-3-3 padrão, com Maicon e Léo na zaga e Galdames e Rossi tirando as vaga que foram do Rojas e do Rayan no Castelão. Colocar mais volantes no meio de campo talvez evite que o Furacão tenha a mesma facilidade que o Fortaleza teve na última partida. O estranho é a escolha justamente por dois caras que começaram no banco na última partida e que, quando entraram, foram da irrelevância à má atuação pura e simples.

Sobre Medel, relacionado mas começando no banco, quero crer que seja por falta de ritmo. Fora isso, é outra decisão esquisita do Paiva.

Um empate hoje não será o bastante para nos tirar do Z4, mas nos dará um pontinho que nos deixará mais perto de sair do 17ª posição na próxima rodada (um confronto direto contra o Vitória, na Colina). É pouco, muito pouco. E revoltantemente ruim ter que se contentar com isso.

Campeonato Brasileiro 2024

Athletico-PR X Vasco

Léo Godoy, Kaique Rocha, Gamarra e Esquivel; Fernandinho, Erick e Zapelli (Felipinho); Canobbio, Julimar (Cuello) e Pablo (Mastriani). Léo Jardim, Paulo Henrique, Maicon, Léo, Lucas Piton; Hugo Moura (ou Sforza), Mateus Carvalho, Galdames; Rossi, David e Vegetti.
Técnico: Cuca. Técnico: Rafael Paiva (interino).
Estádio: Ligga Arena  Data: 05/05/2024. Horário: 16h. Arbitragem: Anderson Daronco (FIFA-RS) . Assistentes: Luanderson Lima dos Santos (FIFA-BA) e Michael Stanislau (RS). VAR: Pablo Ramon Goncalves Pinheiro (FIFA-RN).
TV: o Canal Premiere transmite para assinantes de todo o Brasil.

Vasco que só soube sofrer arranca empate no Castelão

Destaque do Vasco na partida, Léo Jardim garantiu o empate no Castelão com grandes defesas
Destaque do Vasco na partida, Léo Jardim garantiu o empate no Castelão com grandes defesas (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Depois de uma traulitada como a que tomamos na última rodada do Brasileiro, é difícil não ter achado o empate de ontem com o Fortaleza um bom resultado.

Jogando fora de casa, contra um time há muito tempo mais ajustado que o nosso (pra não entrarmos na discussão da qualidade do elenco) e que até técnico tem, sair do Castelão sem perder, sem sofrer gols – algo que não acontece há quase dois meses – e podendo avançar para as oitavas da Copa do Brasil com uma vitória em São Januário no jogo de volta, não dá muito pra reclamar, certo?

Mais ou menos.

O problema é que gostar do resultado não significa que o Vasco tenha nos dado motivos para gostar da partida. Muitas vezes, aliás, é o contrário: quando o time vai mal e, ainda assim, não perdemos, a satisfação com o placar é inversamente proporcional à satisfação com o que vimos em campo.

Foi isso o que aconteceu ontem. Era óbvio que Rafael Paiva tinha como objetivo principal não tomar gols, algo que conseguiu. Mas me parece bastante perigoso dizer que fomos bem defensivamente apenas por não termos sido vazados. E por uma razão simples: em uma equipe com dois volantes, laterais que não avançaram muito e três zagueiros não deveria ter como principal destaque na partida o seu goleiro. A impressão que fica, no fim das contas, é que o ferrolho do Paiva só “funcionou” porque Léo Jardim estava em uma noite inspirada.

Com um time tão defensivo como o que tivemos ontem, a facilidade com a qual o Fortaleza atacava e criava chances de perigo (nem tantas, é verdade) evidenciou que o esquema proposto ainda tem muito o que evoluir. E, outra questão que deve ser resolvida até o jogo da volta, não podemos passar quase o jogo todo pressionados como aconteceu ontem. Ser defensivo é necessário em algumas partidas, mas ser inofensivo não pode acontecer nunca.

O empate foi um bom resultado, ok. Mas “saber sofrer“, ainda mais dependendo tanto de milagres do goleiro, não vai nos fazer avançar na Copa do Brasil. O Vasco também precisa saber vencer.

As atuações
Léo Jardim – indiscutivelmente o melhor em campo, evitou que o Vasco saísse com uma derrota com pelo menos quatro grandes defesas.

Paulo Henrique – tomou um drible humilhante em um lance que só não terminou em gol pela finalização no lance ter carimbado a trave. Está numa fase terrível.

Rojas – surpreendeu fazendo uma partida segura, se saindo bem nos combates diretos. Em um lance, roubou uma bola e armou um bom contra-ataque. Perto do fim, deu lugar ao Zé Gabriel, “curiosamente” no momento em que o Fortaleza levou mais perigo nos minutos finais.

Maicon – também não comprometeu, se destacando nas bolas aéreas e antecipações.

Léo – depois de um primeiro tempo irritante, melhorou. Na etapa final, bloqueou uma finalização perigosa.

Lucas Piton – quando não consegue se destacar no apoio, geralmente evidencia sua irregularidade defensiva. Foi o que aconteceu ontem.

Hugo Moura – marcou com firmeza enquanto esteve em campo e tentou ajudar o time a ter uma saída de bola com mais qualidade. Acabou sendo substitu1ído no intervalo pelo Galdames, após sentir. O chileno até teve uma finalização interessante, mas além disso, só mostrou que muitas vezes considera ter mais qualidade do que consegue praticar com a bola no pé. Em dois momentos armou contragolpes perigosos para o Fortaleza ao errar passes.

Mateus Carvalho – vinha dando consistência à marcação pelo meio, mas pra variar, foi amarelado muito cedo e acabou saindo no intervalo. Sforza o substituiu e, apesar de ser detonado por alguns torcedores nos Twitters da vida, fez uma partida mediana, sem razões para elogios, mas igualmente sem razão para críticas em excesso.

Rayan – tentou ser uma válvula de escape pelo lado de campo, puxando contra-ataques, mas não conseguiu ser efetivo. Adson entrou em seu lugar para exercer a mesma função, mas tirando um arremate relativamente perigoso, não acrescentou tanto.

David – foi quem mais se destacou no ataque, tentando levar o time à frente pelo lado esquerdo do campo. O lance mais bonito do time foi dele: chapelou o marcador e completou com um chute forte de fora da área. Rossi entrou em seu lugar em um momento do jogo no qual acabou sendo mais útil na função de ajudar a cobrir os avanços do Fortaleza pela lateral.

Vegetti – não chegou a receber bolas em boas condições para finalizar, mas incomodou bastante a zaga adversária com seu jogo físico.

Fortaleza e Copa do Brasil são os menores problemas do Vasco hoje

Rojas deve fazer parte do "ferrolho" que o técnico interino do Vasco fará contra o Fortaleza hoje
Rojas deve fazer parte do “ferrolho” que o técnico interino do Vasco fará contra o Fortaleza hoje (📸: Leandro Amorim | Vasco)

É dever de todo torcedor acreditar e ter fé que seu time se sairá bem em toda competição que participa. Mas, sejamos realistas: hoje, o vascaíno tem muito mais com o que se preocupar do que a Copa do Brasil ou o jogo de hoje contra o Fortaleza.

Claro que torcer que voltemos do Castelão com um resultado que pelo menos não nos tire as esperanças de chegar às oitavas de final da competição, todos nós torceremos. Mas o momento – desde o sorteio do confronto, no qual poderíamos ter tido melhor sorte – não é nada favorável. Time mal no Brasileirão, goleado em casa na última rodada, sem um técnico oficial, com problemas sérios de gestão por conta da 777….Mais incerto que o futuro do Vasco na Copa do Brasil é o futuro do clube de um modo geral.

Talvez por isso o interino Rafael Paiva tenha dado indicações de que montará a equipe de forma beeeeeeeeem cautelosa. Três zagueiros e três volantes, provavelmente com a intenção de evitar uma outra sacolada de gols pra cima da gente.  Como Payet e Medel mostraram estar fora de ritmo contra o Criciúma (o primeiro nem relacionado foi), Cocão e Rojas assumirão seus lugares. Como a bola chegará à dupla DVD Pirata é um mistério. Mas com esse monte de defensores em campo, o Fortaleza deve ter – ESPERAMOS 🙌 – uma dificuldade maior para chegar ao Léo Jardim.

Talvez a atitude correta para o time seja reconhecer o tamanho da crise que o clube vive e relativizar a importância dessa partida. Encarar a disputa da seguinte forma: um bom resultado será ótimo para melhorar o clima, mas um resultado ruim será apenas mais uma gota de chuva na tempestade que atravessamos. Encarando o fato de que temos mais a ganhar que a perder, boa parte da pressão do jogo diminui.

Copa do Brasil 2024

Fortaleza x Vasco

 João Ricardo, Tinga, Brítez, Titi, Bruno Pacheco; Lucas Sasha, Pedro Augusto e Kervin Andrade; Marinho, Moisés (Breno Lopes) e Renato Kayzer. Léo Jardim, Paulo Henrique, Rojas, Maicon, Léo, Lucas Piton, Sforza, Hugo Moura, Mateus Cocão, David e Vegetti.
Técnico: Juan Pablo Vojvoda. Técnico: Rafael Paiva (interino).
Estádio: Arena Castelão. Data: 01/05/2024. Horário: 19h. Arbitragem: Matheus Delgado Candançan (SP). Assistentes: Alex Ang Ribeiro (SP-Fifa) e Daniel Paulo Ziolli (SP). VAR: Daniel Nobre Bins (RS-VAR-Fifa).
TV: O SporTV e o Canal Premiere transmitem para assinantes de todo o Brasil.

Goleado pelo Criciúma, Vasco volta à sua rotina de ‘tempestades perfeitas’

Ao perder o pênalti que levaria o Vasco ao empate ainda no primeiro tempo, Vegetti deu início à catastrófica derrota para o Criciúma
Ao perder o pênalti que levaria o Vasco ao empate ainda no primeiro tempo, Vegetti deu início à catastrófica derrota para o Criciúma (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Eu ainda estava nas arquibancadas de São Januário quando comecei a pensar no que falar hoje sobre a derrota para o Criciúma. Até o momento, anda era uma derrota, feia, mas apenas uma derrota. Longe do vexame que se sacramentou com o apito final da partida.

O jogo ainda estava 2 a 0 e eu pensava que um resultado tão terrível – que ninguém tem obrigação de se lembrar depois de tudo o que veio a seguir – depois de um primeiro tempo no qual poderíamos até terminado a frente no placar seria aquele típico caso de “errar rápido para corrigir rápido“. É papo de empreendedor, mas me parecia caber na situação: já que era pra pagar mico, que fosse nas primeira rodadas, quando ainda teríamos tempo para mudar a rota e tentar fazer um Brasileiro PELO MENOS sem o terror que vivemos em 2023.

Mas não demorou muito pra vermos que, pelo visto, 2023 não acabou para o Vasco.

Ontem eu tinha falado que uma derrota seria terrível por conta da pressão que seria jogada na equipe. E aí, não apenas perdemos, tivemos uma tempestade perfeita em São Januário:

✅Perdemos o jogo;
✅Perdemos o jogo em casa;
✅Perdemos o jogo contra um dos times que acabaram de subir da Série B;
✅Perdemos o jogo desperdiçando um pênalti e gols feitos;
✅Perdemos o jogo tendo uma atuação inclassificável no segundo tempo;
✅Perdemos o jogo numa goleada, com direito a provocação do adversário;
✅Perdemos o jogo e provavelmente entraremos no Z4;
✅Perdemos o jogo e a comissão técnica, a menor das responsáveis pela vergonha de ontem;

Resumindo, o que deveria ser um início de recuperação no Brasileiro acabou se tornando um alçapão para o Vasco cair direto em uma crise que certamente afetará o time por um bom tempo. E é bem provável que já vejamos os resultados práticos disso na quarta que vem, quando enfrentaremos o Fortaleza pelo jogo de ida na Copa do Brasil.

Depois de uma goleada como a de ontem, é natural que todo o trabalho seja revisto com um viés de terra arrasada. Que é preciso mudar, é claro. Mas quem  guiará o futebol vascaíno por novos rumos? Sob o comando da 777, está claro que nossa caravela não tem – nem terá – uma bússola ou um almirante que saiba o que está fazendo. E isso, no meio da tempestade que acabamos de adentrar.

Ao invés de falar das atuações dos jogadores, vale mais falar da atuação de quem realmente sofre com essas humilhações que o Vasco da Gama passa com uma frequência muito maior que a aceitável: a torcida.

Antes do jogo, mostrou que as coisas não estavam tão bem ao demorar dias para esgotar os ingressos para a partida. Ainda assim, foi lá e lotou o Caldeirão.

Durante os 90 minutos, apoiou o quanto foi possível. As primeiras vaias generalizadas só vieram no intervalo. Com o Criciúma aumentando a vantagem, natural os protestos aumentarem e parte dos torcedores irem embora (eu mesmo fui um deles. O Vasco é pra quem acredita, mas ontem, depois do 3 a 0, não havia fé que resistisse). Ainda assim, o estádio ainda estava bem cheio no quarto gol sofrido.

Jogaram objetos no campo, mas pelo nosso histórico recente, uma derrota catastrófica como a de ontem poderia ter gerado problemas muito maiores. Diante disso, só quem saiu merecendo aplausos na tarde de ontem foi nossa própria torcida.

Vasco estreia no Brasileirão mais uma vez em meio à incerteza

Incertezas na estreia: se os gestores do Vasco não se resolvem, sobra para Don Ramon e Emiliano quebrarem a cabeça já no primeiro jogo do Brasileiro
Incertezas na estreia: se os gestores do Vasco não se resolvem, sobra para Don Ramon e Emiliano quebrarem a cabeça já no primeiro jogo do Brasileiro (📸 Matheus Lima | Vasco)

Amanhã a estreia do Vasco SAF em Campeonatos Brasileiros completará um ano: no dia 15 de abril de 2023, o cruzmaltino foi à BH e venceu o Galo no Mineirão, ainda na “Era Barbieri“. No pré-jogo, tinha dito aqui no Blog que estrearíamos no Brasileirão entre a alegria e a incerteza.

Hoje, o Vasco gerido pela 777 Partners iniciará seu segundo brasileiro contra o Grêmio, dessa vez em casa. E passados 365 dias (por conta do ano bissexto), a sensação que a torcida tem é que as incertezas continuam e os motivos para se alegrar são menores. Se é que existem.

Ano passado, o jogo contra o Atlético-MG era o retorno do Vasco à elite, depois de amargarmos dois anos na Série B e de um acesso complicadíssimo. Não sabíamos como passaríamos pelo Campeonato, mas disputar a Série A já era motivo de sobra para o torcedor estar radiante e esperançoso.

Mas o restante da temporada foi minando a alegria e a esperança de todos. As expectativas com a 777 não se concretizaram e passamos outro Brasileiro fugindo de mais um rebaixamento, o que só aconteceu – com muita luta – na última rodada.

Mudou o ano e não dá mais pra manter a visão romântica do Vasco empresa. Os processos burocráticos da 777 seguem criando problemas para os responsáveis por reforços e o futebol do clube segue gastando muito e contratando mal. Prova disso? Payet se machucou, desfalca o time contra o Grêmio e, por conta disso, Don Ramon deve escalar um time sem um armador, com três volantes (e um deles pode ser o Zé Gabriel).

No ataque, ainda que tendo mais opções, o quebra-cabeças continua. Até o desprestigiado Rossi pode acabar em campo, ao lado do Pirata e Clayton. David e Adson também disputam a vaga.

Resumindo: o Vasco começa mais um Campeonato Brasileiro com muitas incertezas, com deficiências claras no elenco e sem podermos apontar com um mínimo de certeza com qual esquema entraremos em campo. E isso, contra um adversário quem inicia a competição com status de favorito a pelo menos uma vaga no G4 e que já chega precisando de um bom resultado depois de uma largada terrível na Libertadores desse ano.

Como os gestores da SAF não conseguem fazer seu trabalho a contento, quem tem que se virar é o técnico. Que Don Ramón e Emiliano consigam compensar a incompetência extracampo com a bola rolando.

Campeonato Brasileiro 2024

Vasco X Grêmio

Léo Jardim, João Victor, Medel, Léo, Lucas Piton, Zé Gabriel (Mateus Carvalho), Sforza, Galdames (David), Adson, Clayton e Vegetti. Marchesín (Caíque); João Pedro, Geromel, Kannemann e Cuiabano; Villasanti, Pepê e Franco Cristaldo; Gustavo Nunes, Pavón e Diego Costa.
Técnico: Ramón Diaz. Técnico: Renato Gaúcho.
Estádio: São Januário. Data: 14/04/2024. Horário: 16h. Arbitragem: Flávio Rodrigues de Souza (SP-Fifa). Assistentes: Alex Ang Ribeiro (SP-Fifa) e Daniel Luis Marques (SP). VAR: Daiane Muniz (SP-Fifa).
TV: a TV Globo transmite para o RJ e parte da rede. O Canal Premiere transmite para assinantes de todo o Brasil.