Vasco se esforça para perder para o Juventude e consegue seu objetivo

Único meio-campista a não amarelado já no 1º tempo, JP foi sacado no intervalo, em mais uma decisão estranha do Pacheco
Único meio-campista a não amarelado já no 1º tempo, JP foi sacado no intervalo, em mais uma decisão estranha do Pacheco (📸: Leandro Amorim| Vasco)

O Vasco precisou fazer um esforço tremendo para perder o jogo de ontem, para o Juventude. Foi uma partida dura de se ver, protagonizada por duas equipes que pareciam estar de penetras na Série A. Se tivesse sido realizada numa terça-feira, em uma rodada dupla entre Operário x CSA, ninguém teria achado estranho.

Mas os esforços feitos para que o Vasco esteja, pra variar, em uma situação complicada não são apenas dos pernas de pau que atualmente representam o clube no Brasileirão. De certo modo, os 16 sujeitos que entraram em campo ontem, salvo uma ou outra exceção, são os menos culpados. Receberam propostas, foram contratados, treinam (teoricamente), são escalados e obedecem instruções do técnico (mais uma vez, em teoria).

Mas aí vem o técnico e, na hora de escalar seus titulares, insiste em escolher jogadores menos capacitados em um elenco que já é bastante carente em capacitação. Tá certo que o portuga tá aí há pouco tempo, mas a não ser que algo extraordinário aconteça nos treinos, algumas das suas opções são simplesmente incompreensíveis. E pior, o homem da boina parece obstinado em continuar dando murros em ponta de faca, insistindo com jogadores que não entregam NADA por um, dois, três jogos.

(parêntese: e nem vou comentar a impressão de que a única instrução que o Pacheco conseguiu dar para seu time é a de correr e dar chutões pra frente pra ver no que vai dar. Fecha parêntese)

Mas dito isso, o técnico lusitano – aliás, justo o Vasco parece ser o único clube no Brasil no qual treinadores da “metrópole” não fazem uma graça sequer e redundam em fracassos retumbantes (Sá Pinto que o diga!) – também não pode ser o único apontado nesse esforço coletivo para ferrar o time. Porque é preciso ter uma espécie de dom pra conseguir montar um elenco como o que temos torrando centenas de milhões de Reais.

Infelizmente, o dom é o da incompetência absoluta para fazer contratações.

Mesmo levando-se em consideração todos os desfalques (o Francês, o Pirata, o Piton e até mesmo o Praxedes e os “residentes do estaleiro” Paulinho e Jair) e a teimosia do treinador com uns e outros, é INACEITÁVEL termos um sujeito como o Clayton usando a armadura cruzmaltina em um jogo oficial. Ou ter um Hugo Moura, contratado a peso de ouro e já relegado ao esquecimento. Ou ter um Serginho – que conseguiu ficar pior depois de fazer um preenchimento capilar na antiga calva – no grupo. Ou, ou, ou…são “ous” demais para um elenco montado com tanta grana. E incompetência demais para uma 777 só.

Muito provavelmente terminaremos a rodada no Z4, sem um técnico (por mais que o profissionalismo condene uma demissão após meros quatro jogos, não há como manter o Álvaro Pacheco. Não com reles 8% de aproveitamento e tendo uma goleada histórica para o maior rival nesse curto espaço de tempo) e precisando, mais uma vez, recomeçar do zero com 1/4 do Brasileirão já passado. Pedrinho, mandatário do associativo e da SAF, precisará dar o jeito dele para resolver as coisas. E o mais rápido possível.

As atuações

Léo Jardim – nada podia fazer no primeiro gol, deu um azar tremendo no segundo. Quase não trabalhou no jogo.

Paulo Henrique – não chegou a fazer nada que pudesse fazer mudar o panorama do jogo. Mais um dos caras do elenco de 300 milhões que raramente passa do feijão com arroz mal temperado.

Maicon – se dependesse dele, o Juventude teria aberto o placar já no primeiro tempo, ao ficar plantado na área e apenas torcer para o Gilberto perder um gol feito. Depois disso não chegou a comprometer.

Léo – também não teve responsabilidade direta na derrota, mas os passes errados quando tentou ajudar na construção de jogadas foram irritantes.

Vitor Luis – com uma limitadíssima capacidade ofensiva, vinha compensando na marcação. Mas terminou expulso fazendo a falta que originou o segundo gol do adversário (em um lance que, é fato, não passaria de um amarelo se fosse a nosso favor).

Zé Gabriel – se já não é um exemplo de volante combativo normalmente, imaginem tendo tomado um amarelo no começo do primeiro tempo. Saiu no fim para a entrada do David, que não teve tempo pra fazer muita coisa.

Galdames – outro marca-fofo que foi ainda mais fofo ao tomar um amarelo estúpido logo na primeira etapa. Não ajudou em quase nada até dar lugar ao Sforza, que pelo menos procurou criar algo em um meio de campo desprovido de criatividade. Quase marcou em um chute de fora da área.

JP – meia mais avançado na noite de ontem, não conseguiu fazer com que o time saísse da mesmice na criação. A seu favor, pode se dizer que com ele em campo o Vasco  não sofreu gols. Diferente do Mateus Carvalho que deu todo espaço do mundo para jogador do Juventude finalizar a meia distância e abrir o placar.

Rossi – foi acionado algumas vezes e não conseguiu completar nenhuma jogada com competência. Saiu no intervalo, dando lugar ao Rayan, que foi acionado algumas vezes e conseguiu completar uma boa jogada, logo no primeiro minuto da etapa final. E foi só.

Adson – enquanto esteve em campo, tentou ajudar o time a chegar ao ataque, mas não teve muita ajuda e fracassou. Deu lugar ao Serginho, que conseguiu fazer uma finalização medíocre e irritar a torcida com erros de passe e decisões equivocadas.

Clayton – uma atuação para fazer qualquer um pensar em qual critério foi utilizado para sua contratação. Parece que jogou improvisado na posição de “atleta profissional de futebol“.

Ainda mais desfalcado, Vasco encara o Juventude

Sem poder contar com o Pirata, o Vasco deve ter Clayton no ataque contra o Juventude
Sem poder contar com o Pirata, o Vasco deve ter Clayton no ataque contra o Juventude (📸 Leandro Amorim | Vasco)

O Vasco vai à Caxias do Sul em busca da primeira vitória sob o comando de Álvaro Pacheco, no confronto de hoje contra o Juventude.

Pensando em uma escala evolutiva do time, vencer fora de casa talvez não seja o passo que devamos esperar hoje. Depois de sofrer uma goleada histórica, perder outra partida fora de casa e ficar no empate contra o Cruzeiro em São Januário na última rodada, um empate fora de casa contra o clube gaúcho talvez seja o mais lógico.

Ainda mais se pensarmos nos desfalques do time – com Payet e Vegetti fora, talvez Piton também – e nas escolhas misteriosas do homem da boina (JV e DVD fora, Galdames e talvez Rossi dentro) para os titulares. O Juventude é daqueles adversários que boa parte da torcida considera “vergonha” perder
pontos, mas essa é uma opinião que ignora completamente o momento de ambas as equipes. Achar que o Vasco tem o dever de ganhar hoje apenas porque temos mais tradição é coisa de torcedor irracional: com um jogo a menos que nós, o alviverde gaúcho tem três pontos a mais na tabela e ainda ostenta uma invencibilidade de três meses no Alfredo Jaconi.

Já o Vasco do técnico lusitano….na prática, ainda não tem resultados (e nem uma cara) para se arvorar de qualquer tipo de favoritismo contra qualquer adversário.

Diante disso, um empate hoje – com o time se impondo minimamente, ainda que seja 100% transpiração e 0% inspiração, como contra a Raposa – já estaria sim de bom tamanho. Mais por iniciar uma sequência sem derrotas – o que daria mais um tempinho de paciência ao Pacheco – do que para efeitos de classificação, já que um ponto hoje não nos garantirá fora do Z4 ao fim da rodada.

É uma merda, não condiz com nossa tradição, mas é o que temos pra hoje: a necessidade de manter as expectativas baixas e – até por isso – Clayton no comando do ataque.

Campeonato Brasileiro 2024

Juventude-RS X Vasco

Gabriel Vasconcelos; João Lucas, Danilo Boza, Zé Marcos (Rodrigo Sam) e Alan Ruschel; Caíque, Jadson e Nenê; Lucas Barbosa, Marcelinho e Gilberto. Léo Jardim, Paulo Henrique, Maicon, Léo, Victor Luís (Lucas Piton); Zé Gabriel, JP (Sforza) e Galdames; Rossi (David), Adson e Clayton.
Técnico: Roger Machado. Técnico: Álvaro Pacheco.
Estádio: Alfredo Jaconi  Data: 19/06/2024. Horário: 20h. Arbitragem: Paulo César Zanovelli da Silva (Fifa-MG). Assistentes: Fabrício Vilarinho da Silva (Fifa-GO) e Felipe Alan Costa de Oliveira (MG). VAR: Gilberto Rodrigues Castro Júnior (PE).
TV: o Canal Premiere transmite para assinantes de todo o Brasil.

O Vasco não perdeu. E essa é a única boa notícia

Pouco trabalho: Leo Jardim não precisou fazer nenhum dos seus milagres no empate com o Cruzeiro, primeiro jogo no qual o Vasco não sofre gols no Brasileirão 24
Pouco trabalho: Leo Jardim não precisou fazer nenhum dos seus milagres no empate com o Cruzeiro, primeiro jogo no qual o Vasco não sofre gols no Brasileirão 24 (📸: Matheus Lima | Vasco)

Depois do que a torcida passou nas últimas duas rodadas pelo Brasileiro, é complicado reclamar do empate sem gols de ontem contra o Cruzeiro.

Para efeitos de classificação foi um resultado ruim, principalmente por termos jogado na Colina: o pontinho conquistado só nos livrou de voltar ao Z4 porque temos dois jogos a mais que Grêmio e Criciúma, os dois primeiros times na zona de degola.

Sobre a atuação do time, também não há muito o que comemorar. O time mostrou um pouco mais de vontade e atenção na marcação, mas não muito mais que isso. Nem mesmo termos sido melhores durante boa parte do jogo (principalmente no segundo tempo) serve muito de consolo, porque é preciso lembrar que a Raposa jogou desfalcada de dois dos seus melhores jogadores.

Ah, mas o Vasco também não teve Payet e ainda perdeu o Piton“, dirá você, vascaíno que não desiste nunca. Verdade. Mas esses desfalques serviram para mostrar que nossa dependência não é apenas do francês…É de qualquer jogador que tenha pelo menos dois neurônios que consigam pensar o valoroso esporte bretão de forma minimamente criativa. O Vasco ontem, quando conseguiu se impor, foi apenas na correria. Porque fora isso, fomos um completo deserto de ideias.

Ainda assim, não termos sofrido gols pela primeira vez na competição nos dá um certo alívio. Mas é impossível não considerarmos que jogamos em casa e contra um adversário que, a princípio, deveria estar em condições próximas do Vasco. E a atuação deixou no ar aquela dúvida: teríamos a mesma sorte de o Cruzeiro tivesse jogado completo? Ou, como será a próxima partida contra um adversário mais qualificado?

Tivemos alguma evolução, claro. Mas a impressão deixada é de que o homem da boina ainda está perdido com o elenco que tem em mãos.

As atuações

Leo Jardim – dessa vez não precisou provar que é um dos melhores goleiros do país. Foi pouco exigido.

Paulo Henrique – defensivamente não comprometeu. No apoio, deu saudades dos jogos no quais não faz nada, porque ontem só (se) atrapalhou. Puma Rodiguez o substituiu e se o objetivo era trazer uma melhora na parte ofensiva, o resultado não apareceu.

Maicon – um dos mistérios insondáveis da fase Peaky Blinder do Vasco é o JV bancar para o “God” of zaga. Ontem não chegou a entregar a paçoca, mas falhou em um lance no segundo tempo no qual quase conseguiu.

Leo – surpreendeu meio mundo ao mostrar uma disposição incompatível com sua fama de marca-fofo. Mas poderia ter um pouco – ou muito – mais de capricho nos passes.

Vitor Luis– entrou do nada no lugar do Piton que teve uma “indisposição estomacal“. E, nessas condições, até que foi bem. Fez uma partida segura defensivamente e foi o autor de uma das finalizações mais perigosas do time, acertando um belo chute de fora da área no primeiro tempo. Diante disso, era querer demais que o cara acertasse um cruzamentozinho sequer na partida.

Zé Gabriel – um primeiro tempo à la delivery, entregando um monte de bolas ao adversário por erros de passe ridículos. Melhorou na segunda etapa, roubando algumas bolas e até teve uma chance clara de marcar (o que, claro, não aconteceria nunca).

Galdames – no primeiro tempo foi aquela figura que já nos acostumamos a não notar em campo. Melhorou junto com o time no segundo, inclusive sendo um pouco mais efetivo na ocupação de espaços pelo meio. Matheus Carvalho entrou em seu lugar e não teve tempo para fazer muita coisa.

JP – a estreia do garoto entre os titulares foi padrão: oscilou, como todo jogador egresso da base. Também se saiu melhor na etapa final, quando ajudou mais na ligação entre o meio e o ataque. Deu lugar ao esquecido Serginho no fim do jogo. O atacante só apareceu ao receber uma falta desqualificante por trás.

Adson – uma daquelas atuações que nos fazem pensar se o caminhão de dinheiro gasto na sua contratação se justifica para um jogador que raramente faz algo além de mostrar empenho. Desperdiçou o contra-ataque mais promissor do time errando um passe simples. Clayton o substituiu e nem foi citado pelo narrador.

Rossi – uma atuação daquelas de fazer a torcida ter saudades do Gabriel Pec. De útil, muito pouca coisa. David entrou em seu lugar e tirando uma bicicleta constrangedora de fora da área e uma cotovelada dada em um adversário que o juizão deixou passar, nada mais fez.

Vegetti – sem construção de jogadas e sem laterais capazes de acertar um cruzamento, o Pirata precisou se esforçar em dobro para fazer alguma coisa. E não conseguiu muito: algumas cabeçadas, com apenas uma delas levando perigo real ao gol cruzeirense.

Vasco encara a Raposa em um jogo perigoso para o futuro do homem da boina

Tensão: ainda no terceiro jogo no comando do Vasco e com semblante risonho de antes sumido, Pacheco entra sob pressão no jogo contra o Cruzeiro
Tensão: ainda no terceiro jogo no comando do Vasco e com semblante risonho de antes sumido, Pacheco entra sob pressão no jogo contra o Cruzeiro (📸 Leandro Amorim | Vasco)

Mesmo estando em São Paulo na última quinta-feira, resolvi, por opção, ignorar o jogo do Vasco contra o Palmeiras. O resultado, ainda que bastante esperado, provou que eu estava certo: com os problemas que todos os vascaínos já tem na vida, eventualmente é um alívio conseguir não se martirizar com outra derrota do seu time.

Fraqueza como torcedor? Talvez. Peço que não me julguem, ainda que imagine que muitos dos meus poucos leitores entendam o sentimento. De qualquer forma, estou eu aqui de novo, pronto para falar algumas platitudes sobre o jogo de hoje, contra o Cruzeiro. Um confronto que ganha contornos bastante dramáticos para o “homem da boina” por vários motivos.

O primeiro é o mais óbvio: não há treinador que não corra riscos de entrar pra fila do desemprego iniciando um trabalho com três derrotas, ainda mais com uma delas histórica pelo pior motivo possível. Todo mundo sabe que o Pacheco não é – nem poderia ser – o principal responsável pelos resultados nos seus dois primeiros jogos, mas algumas das suas escolhas em ambos foram bastante discutíveis. Uma terceira derrota, em casa, e contra um adversário que, TEORICAMENTE, não deveria estar em um nível tão acima do nosso (o que, na prática, se mostra um erro pela nossa pontuação e a da Raposa) será motivo mais que justificado para que a paciência do torcedor se esgote com o portuga.

O segundo motivo de tensão é o jogo ser na Colina. Será a primeira partida do Pacheco em casa e, se o treinador ficou encantado com a reação da torcida na classificação para as oitavas da Copa do Brasil, ele ainda  não testemunhou como reagem as arquibancadas em derrotas, principalmente em um momento como o que o time atravessa. Nem dá pra falar que um resultado ruim teria efeitos imprevisíveis no Caldeirão hoje, porque todos sabemos: uma derrota muito provavelmente terminará em um merdauê daqueles de gerar matérias inflamadas, críticas veementes à torcida presente e punições rigorosas como sempre rolam com o Vasco.

O terceiro motivo é bastante prático e nada subjetivo: um resultado diferente de uma vitória sobre a equipe mineira pode nos jogar no Z4. Lugar aliás, que provavelmente já estaríamos se todos os times estivessem com o mesmo número de partidas (o Criciúma, por exemplo, com duas partida a menos, tem um desempenho melhor que o nosso). Ainda que o “profissionalimo tenha chegado” ao futebol vascaíno (com muitas aspas), três derrotas, vexame histórico e entrada na zona da confusão é uma sequência de fatos ruim demais para cravar que Pacheco não sofra consequências mais sérias em caso de uma derrota logo mais.

Diante disso tudo, é muito bom para o futuro a curto prazo do técnico português no comando do Vasco que seu time consiga conquistar três pontos hoje. Qualquer coisa diferente disso e a pressão sobre seu trabalho poderá se tornar insustentável (ainda mais bancando as escalações do Zé Delivery e do Galdames como volantes e barrando o Cocão, por exemplo).

Lembrando: o atual presidente do clube e que acumula o comando da SAF no momento também é, antes de tudo, um vascaíno convicto. Se acontecer o pior essa noite em São Januário, é complicado saber se as decisões tomadas ao fim do jogo virão da mente do Pedrinho administrador ou torcedor.

Campeonato Brasileiro 2024

Vasco X Cruzeiro

Léo Jardim, Puma (Hugo Moura), João Victor, Maicon, Léo, Lucas Piton, Zé Gabriel, Galdames, David, Adson e Vegetti. Anderson; William, Zé Ivaldo, João Marcelo e Marlon; Lucas Romero, Lucas Silva e Japa (Ramiro); Gabriel Verón, Robert e Rafa Silva.
Técnico: Álvaro Pacheco. Técnico:  Fernando Seabra.
Estádio: São Januário. Data: 16/06/2024. Horário: 18h30. Arbitragem: Rafael Rodrigo Klein (RS-FIFA). Assistentes: Rafael da Silva Alves (RS-FIFA) e Lucio Beiersdorf Flor (RS). VAR: Rafael Traci (SC)
TV: O Canal Premiere transmite para assinantes de todo o Brasil.

Na Arena Maracanã, Vasco passa por um dos momentos mais constrangedores da sua história

No vexame histórico na Arena Maracanã, só o Pirata se salvou
No vexame histórico na Arena Maracanã, só o Pirata se salvou (📸: Leandro Amorim | Vasco)

Pedir para qualquer torcedor falar sobre seu time após ter sofrido uma goleada é terrível. Em um clássico, então, pior ainda. Se, e infelizmente é esse o caso, trata-se da maior goleada na história do confronto, e ainda imposta pelo seu maior rival, não há palavras que sejam úteis.

Falar depois de um 6 a 1 como o de ontem é inútil. Mais ou menos como quase todo o time do Vasco na partida de ontem contra o Flamengo.

E o quase fica por conta do Vegetti, que foi lá e marcou o dele, abrindo o placar da partida. Mesmo que tenha furado a bola que poderia ter mudado um pouco a cara da partida, fazendo o Vasco abrir dois de vantagem (e, não podemos esquecer, tendo nos iludido com o gol no início do jogo), o Pirata fez a sua parte.

O resto do time, não satisfeita e não fazer a sua parte, ignorou a máxima do “muito ajuda quem não atrapalha” e fez um monte de merdas que facilitaram bastante a vida do adversário. Os três gols que sofremos no primeiro tempo, por exemplo, foram inaceitáveis.

Álvaro Pacheco conseguiu o feito de estrear no comando do Vasco em um dos momentos mais vergonhosos da história do clube.  Na coletiva, o português assumiu totalmente a responsa, mas isso não vale de muita coisa. O que ele precisa fazer é trabalhar muito, repensar a decisões obviamente equivocadas que tomou ontem e segurar a pressão que virá nos próximos dias.

Até porque, o apoio que o técnico teria da torcida já foi pro saco. Depois da humilhação que passamos, a torcida não está mais pensando em pedir boinas para usar, e sim, a cabeça do Pacheco numa bandeja.

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Melhores momentos e atuações? Cês tão de sacanagem, né?

Vasco inaugura fase ‘Peaky Blinders’ contra o Flamengo

O homem da boina: Álvaro Pacheco inicia seu ciclo no comando do Vasco logo em um clássico
O homem da boina: Álvaro Pacheco inicia seu ciclo no comando do Vasco logo em um clássico (📸 Matheus Lima | Vasco)

Não demorou muito para qualquer traço de desconfiança em relação ao novo técnico vascaíno, Álvaro Pacheco, se transformar em claros sinais de apoio. O primeiro deles foi a adoção da sua já famosa boina por um grande número de torcedores, antes mesmo do treinador lusitano assumir o posto: na classificação do time para as oitavas da Copa do Brasil, o chapeuzinho estiloso já estava em várias cabeças na Colina.

Peaky Blinders, o
Peaky Blinders, o “bonde da boina” (reprodução)

Mas como, acima de tudo, o vascaíno é um galhofeiro, imediatamente uma colocaram uma pilha no “mister“: ele seria o Peaky Blinder vascaíno. Pra quem não entendeu a referência, Peaky Blinders é uma série de streaming que conta a história de uma família de gangsters ingleses do início do século passado. E todos os seus integrantes usavam uma boina idêntica a que usa o portuga.

Para quem não viu (e  não esquenta com uma certa glamourização de criminosos), recomendo. Para quem já assistiu a série, explico porque seria bom que o Vasco entrasse numa fase Peaky Blinder sob o comando do Pacheco.

Resumindo bastante o enredo, os Blinders eram formados por uma família que controlava o crime em uma cidade inglesa e que, para chegar ao topo, precisou enfrentar gangues locais, a polícia, o governo da Coroa Britânica, a máfia italiana, comunistas, nazifascistas e até umas paradas místicas. E – sem dar spoilers – os caras superaram os desafios ora com inteligência, ora com malandragem, ora com força, ora com uma fé no inexplicável. E sim, muitas vezes sendo impiedosos.

Os Blinders tiveram perdas e derrotas duras no caminho e penaram com traições e inimigos mais poderosos. Mas nunca desistiram e lutaram sempre até as últimas forças.  Qualquer coincidência com o “contra tudo e contra todos” é mera semelhança.

Tirando a parte criminal, claro, isso é tudo que a torcida do Vasco espera que o Pacheco traga para o time. Que o treinador consiga superar com inteligência as limitações da equipe, mesmo contra adversários mais qualificados, e que dentro de campo mostre uma vontade que honre nossa armadura cruzmaltina, não desistindo da vitória enquanto não vier o apito final.

Estrear contra o nosso maior rival e ter na sequência um confronto contra o Palmeiras, justo dois dos principais favoritos ao título, servirá para mostrar ao novo técnico o tamanho das pedreiras que encontrará no Brasileirão. Se saindo bem nesses dois jogos, Pacheco ganhará uma moral importante com o torcedor. E se vencer o rubro-negro hoje, o estoque de boinas no país é capaz de acabar no mercado.

Campeonato Brasileiro 2024

Vasco X Flamengo

Léo Jardim, Puma (Paulo Henrique), João Victor, Maicon, Léo, Lucas Piton, Sforza, Galdames, Payet, Rayan (Hugo Moura) e Vegetti. Rossi; Varela, Fabrício Bruno, David Luiz e Viña; Allan, De la Cruz, Gerson e Arrascaeta; Everton Cebolinha e Pedro.
Técnico: Álvaro Pacheco. Técnico: Tite.
Estádio: Arena Maracanã. Data: 02/06/2024. Horário: 16h. Arbitragem: Braulio da Silva Machado (FIFA). Assistentes: Bruno Raphael Pires (FIFA) e Guilherme Dias Camilo (FIFA). VAR: Rafael Traci.
TV: A TV Globo transmite para RJ, RS, SC- exceto Criciúma -, PR, ES, GO, MS, MT, TO, AL, CE, MA, PB, PE, PI, RN, SE, AC, AP, AM, PA, RO, RR, DF e MG (Ituiutaba, Juiz de Fora, Uberaba e Uberlândia). O Canal Premiere transmite para assinantes de todo o Brasil.

De novo nos penais, Vasco avança na Copa do Brasil

Voa, Leo Jardim: depois de falhas ao longo do jogo, goleiro vascaíno defende cobrança na disputa de penais e garante a classificação
Voa, Leo Jardim: depois de falhas ao longo do jogo, goleiro vascaíno defende cobrança na disputa de penais e garante a classificação (📸: Leandro Amorim | Vasco)

NENHUM vascaíno – ou pelo menos nenhum vascaíno realista – acreditou que a classificação para as oitavas de final da Copa do Brasil contra o Fortaleza seria fácil, mesmo depois de termos conseguido segurar o empate no jogo de ida e podermos decidir a vaga na Colina.

A classificação veio e, surpreendendo um total de zero torcedores (realistas), foi com um sacrifício tremendo, depois de um 3 a 3 decepcionante com o time cearense e uma disputa de penais que só se resolveu na última cobrança, defendida pelo Leo Jardim.

Mas se foi um perrengue passar pelo modesto Água Santa na segunda fase, porque haveríamos de esperar algo diferente contra o Fortaleza, um adversário obviamente mais forte, melhor treinado e com um trabalho consolidado há anos? Mesmo com desfalques, o tricolor cearense foi melhor na maior parte do tempo, pressionando nossa saída de bola e encontrando muita facilidade para construir as jogadas já na nossa intermediária. Com uma marcação forte, o Leão anulou com facilidade o Francês e, consequentemente, nossa capacidade criativa no meio de campo. Ir para o intervalo com um empate foi lucro para o time do ex-interino Rafael Paiva, que encontrou um penal salvador pouco depois de ver o adversário abrir o placar (a bem da verdade, muito mais por conta das nossas falhas que pelos seus méritos).

No segundo tempo as coisas melhoraram um pouco, estranhamente depois do Fortaleza abrir nova vantagem (de uma maneira que só aconteceria com o Vasco, com um gol “desinvalidado“). O somatório de um certo relaxamento do tricolor após o gol e do seu cansaço fizeram com que cedessem mais espaços e o Payet pudesse participar mais da partida. Em 20 minutos, o Francês participou de duas jogadas que nos fizeram virar o jogo, com Vegetti – marcando pela segunda vez – e Piton balançando as redes.

Mas a alegria durou pouco: cinco minutos depois, depois do nosso meio de campo mais uma vez dar um espaço tremendo, o Fortaleza empatou o jogo com um chute de longe, que Leo Jardim aceitou. Para compensar, o próprio fez uma boa defesa no fim, garantindo o empate e levando a decisão para a disputa de pênaltis. E no momento “loteria” do jogo, o Vasco foi melhor, convertendo as cinco cobranças e levando a vaga com nosso goleiro defendendo a última cobrança.

A classificação suada serviu para amenizar o clima em São Januário, conturbado não apenas pelo desempenho do time, mas por toda confusão envolvendo a gestão do associativo, a 777 e a SAF.  Álvaro Pacheco, apresentado ontem, assumirá a equipe com uma pressão a menos e – pelo menos por enquanto – contando com o apoio incondicional da torcida. Mas a vida do técnico Pink Blinder não será um mar de rosas, algo que ele já deve ter percebido, já que assistiu o jogo no estádio: o portuga da boina certamente sabe que terá um longo trabalho para acertar o time.

As atuações

Leo Jardim – foi de vilão – falhou no primeiro gol e tomou o terceiro em uma bola defensável – a herói ao fazer uma defesa decisiva quando o jogo já estava empatado e defendendo a última cobrança de pênalti do Fortaleza.

João Victor – como não poderia deixar de ser, falta-lhe o cacoete no apoio. Vinha fazendo uma partida apenas correta defensivamente, mas foi sacado em um momento mais agudo do jogo por já ter um amarelo. Puma Rodiguez entrou em seu lugar e acabou sendo decisivo: acertou a assistência para o segundo gol do Vasco (vindo pela esquerda) e converteu sua cobrança de pênalti com categoria.

Maicon – até foi importante cortando bolas alçadas à nossa área, mas vacilou em momentos capitais. Muito nervoso com a marcação alta do Fortaleza, iniciou a jogada do primeiro gol deles ao dar um passe mais que quadrado para o João Vitor (que, em outra saída de bola equivocada do zagueiro, fez falta que o deixou pendurado). No lance do segundo gol do adversário, foi facilmente driblado com uma caneta constrangedora.

Leo – penou no primeiro tempo com a facilidade que o adversário teve para chegar à nossa área, mas não chegou a comprometer.

Lucas Piton – mesmo não sendo tão presente no apoio como de costume, também foi decisivo na classificação: o penal a nosso favor surgiu em lance no qual o lateral disputaria a bola, marcou o terceiro gol do Vasco e converteu sua cobrança.

Sforza – mesmo sem ter ao seu lado quem o ajude a carregar o piano do combate pelo meio, se destacou pela consciência da sua atuação. Não deu a menor chance de defesa na sua cobrança de pênalti.

Galdames – mesmo que não tenha cometido falhas imperdoáveis, não dá pra sumir como fez em uma partida decisiva. Faltou chamar a responsa. Matheus Carvalho entrou em seu lugar para aumentar a pegada no setor e conseguiu.

Payet – no primeiro tempo, sofreu com a forte marcação adversária. Ainda assim, foi quem lançou a bola que ocasionou o pênalti do Marinho. No segundo tempo, com mais espaço, participou dos outros dois gols vascaínos. Abriu a série de penais convertendo o seu.

Adson – perdeu uma chance clara no primeiro tempo, mas provou com sobras que não pode bancar para o Rossi. Deu trabalho à zaga adversária, ajudou na recomposição e puxou o contra-ataque que terminou com nosso segundo gol. Paulo Henrique entrou em seu lugar para reforçar a marcação na reta final da partida. Nesse tempo, o lateral levou um amarelo e o Vasco, o gol de empate.

David – a intensidade de sempre, mas não conseguiu ser efetivo na mesma medida. A se destacar, o passe para Adson iniciar o contragolpe no segundo gol. Rayan o substituiu e participou da troca de passes que terminou no gol do Piton.

Vegetti – em noite inclemente, o Pirata foi imprescindível para a classificação. Converteu os dois penais – um no primeiro tempo, outro na disputa de pênaltis- que cobrou e marcou o segundo, de cabeça.

Vasco recebe o Fortaleza por vaga nas oitavas da Copa do Brasil

Payet volta, Paiva sai: confronto contra o Fortaleza terá ´retorno do Francês ao time e despedida do técnico interino
Payet volta, Paiva sai: confronto contra o Fortaleza terá ´retorno do Francês ao time e despedida do técnico interino (📸: Leandro Amorim | Vasco)

O Brasileirão parou, o Vasco ficou quase 10 dias só treinando e chegamos hoje à decisão para um vaga nas oitavas da Copa do Brasil conta o Fortaleza sem saber exatamente o que esperar do time (dentro e fora de campo).

Enquanto o noticiário esportivo focava ora no imbróglio entre o Pedrinho e a 777, ora na chegada do Álvaro Pacheco, Rafael Paiva teve um bom tempo para treinar a equipe e tentar fechar seu ciclo como interino com um saldo positivo. Independente de estatísticas de desempenho – um empate, uma derrota e uma vitória, com 44% de aproveitamento, não são motivo para festejos – se o Paiva conseguir fazer o Vasco chegar às oitavas-de-final, poderá tirar uma onda: desde 2021 não conseguimos ir tão longe na competição.

Para isso, o futuro ex-interino deve manter o time que bateu o Vitória na última partida. Diferente do jogo da ida, teremos o Francês no meio de campo, o que certamente nos fará ter alguma efetividade na criação (algo inexistente na partida no Castelão). Ainda assim, é bom que o time não faça como no confronto contra o rubro-negro baiano, no qual esperou passar todo o primeiro tempo para começar a jogar bola.

O Fortaleza é um adversário mais qualificado que o Vitória e, mesmo com alguns desfalques, demandará mais atenção e empenho do Vasco para que consigamos a classificação vencendo. Podemos levar a vaga com um empate também, mas aí é a tal “loteria” dos pênaltis. E seria bom que o time não dependesse tanto do Léo Jardim – o herói vascaíno no primeiro confronto – dessa vez e conseguisse a bater o time cearense nos 90 minutos.

Copa do Brasil 2024

Vasco X Fortaleza

Léo Jardim, João Victor, Maicon, Léo, Lucas Piton, Sforza, Galdames, Payet, Rossi (Adson), David e Vegetti. João Ricardo, Tinga, Kuscevic, Titi, Bruno Pacheco; Zé Welison, Hércules, Pochettino; Yago Pikachu, Machuca e Lucero.
Técnico: Rafael Paiva (interino). Técnico: Juan Pablo Vojvoda.
Estádio: São Januário. Data: 21/05/2024. Horário: 21h30. Arbitragem: Wilton Pereira Sampaio (GO-Fifa). Assistentes: Bruno Boschilia (PR-Fifa) e Felipe Alan Costa de Oliveira (MG). VAR: Wagner Reway (PB-VAR-Fifa).
TV: O Canal Premiere transmite para assinantes de todo o Brasil.