Cano eterniza uma vitória digna de esqucimento

Comemoração Cano
Comemoaração do Cano foi a única coisa condizente com a história do Vasco na noite de ontem (Imagem: reprodução Premiere)

O gesto de German Cano, de erguer a bandeira LGBTQIA+ para comemorar seu gol na vitória do Vasco por 2 a 1 sobre o Brusque, acabou por eclipsar o jogo em si.

E isso, caros amigos, é mais um feito da máquina de gols vascaína.

Não que eclipsar mais uma partida tenebrosa do time de Marcelo Cabo fosse algo complicado. A entrevista do Léo Matos ao fim do jogo, a comemoração da família do atacante Edu nas sociais de São Januário, quando o atacante marcou o gol de empate do Brusque ou até mesmo a atuação do “DJ de torcida” foram mais dignos de lembrança do que aquilo que vimos em campo.

Certamente deveria vir de algo extracampo o que pudesse dar um tom de grandiosidade a mais um episódio na via crucis do torcedor vascaíno, que a cada rodada tem passado pela tortura de ver um time que parece incapaz de se impor para buscar vitórias e mais ainda quando precisa segurar um resultado. Em uma entrevista antes de começar a partida, Cabo tinha dito que esperava que o Vasco repetisse o jogo contra o CRB; repetiu, vencendo com um desempenho abaixo da crítica.

E é melhor mesmo esquecer o primeiro tempo sonolento e uma etapa final na qual fizemos um esforço danado para perder pontos para o Brusque (o que até seria mais justo, tanto pelo que os dois times apresentaram como pelo pênalti cometido pelo Castan, claríssimo, que foi ignorado pela arbitragem). Fiquemos apenas com o gesto deste argentino que há duas temporadas é um dos poucos que parecem entender a grandeza de representar a armadura cruzmaltina. Seja com a faixa branca, preta ou multicor.

As atuações

Lucão – deve voltar pro banco na próxima partida e cumpriu bem seu papel na ausência do Vanderlei. Ontem, mais uma vez mostrou segurança e sorte (não necessariamente nesta ordem), o que é uma qualidade enorme tendo a sua frente à defesa que tem.

Léo Matos – vinha tendo uma atuação discretíssima, indo menos ao apoio do que de costume, mas garantiu mais alguns dias de calmaria marcando o gol da vitória no fim do jogo.

Ernando – é daqueles zagueiros que podem não comprometer em 99% da partida, mas no 1% restante, seus vacilos rendem gols ao adversário: no empate do Brusque, acompanhou o contra-ataque lentamente e estava marcando o ar enquanto o atacante mandava a bola pra rede.

Castan – começou vacilando horas antes do jogo, passando recibo de fundamentalista religioso em reação à ação do Vasco pelo Dia da Luta contra a Homofobia. Em campo, continuou a vacilação, olhando o cruzamento que originou o gol do Brusque sem marcar ninguém e dando uma cotovelada em um adversário dentro da área, por sorte, ignorado pelo juiz. Nem a assistência para o gol do Léo Matos apaga o dia tenebroso do zagueiro.

Riquelme – mostrou disposição em alguns momentos e apanhou da bola em outros. Saiu ainda no primeiro tempo, depois de levar uma cotovelada no rosto. Sarrafiore entrou em seu lugar e tentou articular jogadas pelo meio, com resultados discutíveis. Mais de uma vez mostrou mais autoconfiança que habilidade para executar o que pretendia fazer.

Andrey  – foi bem em, vai lá, uns dois minutos da partida? Nesses, interrompeu um contra-ataque perigoso e cobrou uma falta com algum perigo. No resto, o de sempre: errou passes próximos à nossa área e marcou daquele jeito frouxo, como no lance do gol adversário, quando deveria acompanhar o atacante Edu, mas obviamente não o fez.

Galarza – o garoto corre o tempo todo e eventualmente acerta um drible ou jogada de efeito. Isso faz a festa da torcida, que não costuma dar tanta atenção à parte tática, que é onde o bicho pega pro paraguaio. Como todo jovem, se empolga e acaba dando menos atenção do que deveria às funções defensivas. Precisa urgentemente aprender a identificar o momento certo pra jogada individual e quando deve passar a bola com mais velocidade. Gabriel Pec entrou em seu lugar nos minutos finais e mal foi notado.

Marquinhos Gabriel – discreto na maioria do jogo, sumiu de vez no segundo tempo, quando deu uma cansada. Daniel Amorim entrou em seu lugar e procurou prender a bola no campo do Brusque nos minutos finais.

MT – vinha ajudando na parte ofensiva, tentando distribuir o jogo na frente e acelerar as jogadas no ataque. Isso, até ir a saída do Riquelme, quando foi deslocado pra lateral e passou a ter mais funções defensivas. Dessa hora em diante se enrolou mais e caiu de rendimento. Foi um dos que estavam na área sem marcar ninguém no lance do gol do Brusque. João Pedro entrou em seu lugar e não teve tempo para fazer muita coisa.

Morato – procurando se movimentar constantemente, deu algum trabalho à zaga adversária enquanto esteve em campo. Desperdiçou uma boa chance, mas compensou com a bela jogada e assistência para o gol do Cano. Leo Jabá entrou em seu lugar, mas não conseguiu se destacar como em outras oportunidades.

Cano – o gringo parece ter aprendido que ficar apenas esperando a bola e, mais uma vez, foi visto longe da área para buscar jogo. E nem vinha acertando muito nessa, errando alguns passes e desperdiçando jogadas. Mas compensou tudo marcando seu gol e fazendo a comemoração que ficará marcada pelo seu simbolismo.

7 comentários em “Cano eterniza uma vitória digna de esqucimento”

  1. Acompanho (ipsis litteris) os dois relatores!
    * Fabio foi absurdamente educado ao citar “desconforto” assistindo aos jogos… Não sei quanto a vcs, mas chego a ter câimbra nos olhos e o estômago revira de tanta raiva!!! E o pior, “ainda comemoro” quando fazemos gol mesmo sabendo que, em geral, daqui a uns 10 minutos tomaremos um do adversário!

  2. Não sei quanto a vc, mas me dá cada vez mais desconforto em assistir aos jogos e pensar a todo momento que não vamos subir com esse futebolzinho. Parece cornetagem gratuita, o time ganhou e tal, jogou com mais vontade, mas foi uma atuação sem consistência, não sinto firmeza nenhuma que vamos embalar. Parece que estamos sempre na iminência de levar um gol a cada ataque do adversário, basta apertar. Olho as jogadas de ataque e vejo uma pobreza na armação de jogadas. É um time que não dá tranquilidade de pensar na próxima partida e vislumbrar que podemos engatar outra vitória. Olho o Goiás e o vejo como favorito.
    Vasco: nota 10 no social, nota 0 no futebol.

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