
Foto: http://www.vasco.com.br
O mais interessante na vitória do Vasco sobre o Tupi por 1 a 0 – além de, obviamente, termos conquistado mais três pontos – foi poder observar como o time se comporta diante de algumas adversidades que devem ser comuns ao longo desse Brasileiro. E pelo que vimos, há motivos para ficarmos tranquilos e também algumas situações que precisam ser corrigidas o mais rápido possível.
Mas vamos por partes…
Perda de titulares – ficou evidente que o time sentiu muito a falta do Andrezinho, que precisou ser substituído logo no começo da partida. Mas ao longo do jogo pudemos perceber também que o problema não foi a queda de qualidade com a entrada de um reserva (é óbvio que ainda que não podemos dizer que Evander tem a mesma eficiência que Andrezinho) e sim, a demora do time em se adaptar à ausência do titular. Evander não tem as mesmas características do Andrezinho e as mudanças que seriam necessárias para que o time jogasse melhor com o garoto em campo só foram feitas após a conversar que o time teve com Jorginho no intervalo. Com isso, passamos a primeira etapa inteira com uma saída de bola fraca e sem conseguir criar jogadas. Seria bom que a equipe conseguisse ser mais ágil em perceber que precisa mudar a forma de jogar numa situação como essa, mas não podemos deixar de citar que o treinador enxergou a melhor maneira para resolver isso com um papo no vestiário.
Retrancas – raros foram os momentos em que o Tupi tomou a iniciativa na partida, preferindo ficar na maioria do tempo com seus 11 jogadores atrás da linha da bola. No primeiro tempo isso foi um grande problema para o Vasco, que não conseguiu criar jogadas. Obviamente devemos levar em consideração o que foi dito no primeiro ponto, até porque depois do time se ajustar à ausência do Andrezinho, conseguiu controlar a partida com mais facilidade na etapa final e correu poucos riscos (tirando uns cinco minutos na metade final do segundo tempo). Jorginho e seus comandados precisam ter em vista que encarar times fechados será o mais comum na competição e não podemos demorar 45 minutos para conseguir superar as retrancas.
Dependência do Nenê – isso já seria um problema pelo simples fato de que será humanamente impossível que o camisa 10 esteja sempre em campo (além de possíveis contusões, será impossível um jogador com o hábito de reclamar da arbitragem como Nenê passe 38 jogos sem levar três cartões amarelos). Mas essa não é a única preocupação. A verdade é que o Nenê tem participado menos dos jogos do que de costume.
Antes que meus poucos leitores me abandonem, participar pouco não é o mesmo que jogar mal ou não ser decisivo. Disso, não podemos acusar o Nenê. Mas mesmo que seus devotados fãs não concordem, o Nenê passa a maioria do tempo dando dribles, levando pancadas e enfeitando jogadas. É ÓTIMO que tenhamos um camisa 10 que resolva as partidas em um, dois lances. A questão é que o Nenê muitas das vezes tudo o que ele faz se resume a esses um ou dois lances nos 90 minutos dos jogos.
Isso está longe de ser um problema. A maioria dos times NO MUNDO desejaria ter um jogador com o percentual de gols e assistências que tem o Nenê pelo Vasco. O problema é time todo ficar dependente desse jogador. Precisamos encontrar alternativas para quando o Nenê não estiver em campo (ou estiver e não acertar um lance, como já aconteceu mais de uma vez).
O ataque – esse é o problema mais óbvio do Vasco. Vemos como o time é limitado nessa posição quando lamentamos a saída de um jogador como Riascos, e pior, quando a lamentação é justa. O Vasco na verdade tem jogado sem atacantes, já que Jorge “tático” Henrique cumpre tantas funções no time que quase não o vemos perto da área adversária e Thalles, infelizmente, não consegue executar a função de centro-avante com a eficiência necessária. No banco temos apenas Eder Luis (que além de está numa fase terrível, quando entra acaba tendo que fazer o mesmo que o Jorgenrique) e Leandrão, que na minha opinião, é pesadão, lento e perde um caminhão de gols (ou seja, é um Thalles mais velho). A não ser que o treinador vire um mestre ninja da autoajuda e promova uma verdadeira metamorfose no Thalles, esse é o tipo de problema que Jorginho não conseguirá resolver sozinho. A diretoria precisa fazer a sua parte e buscar algum reforço para o setor. Mas que seja EFETIVAMENTE um reforço. Trazer alguém que não resolva nosso ataque e apenas inche o elenco não vai adiantar de nada.
Todas essas situações influenciaram o desempenho do Vasco ontem, tanto positiva quanto negativamente. Contra o Tupi, um time que promete lutar arduamente contra o rebaixamento, fizemos o bastante para conseguir apenas uma vitória simples. Claro que podemos dar um desconto, já que é o começo da competição e o time deverá ter ainda alguns reforços – esperamos! – e ajustes. Mas o treinador, os jogadores e a diretoria não podem se acomodar com uma liderança após duas rodadas. Todos devem fazer a sua parte para reforçar os que há de positivo e neutralizar o pontos negativos da equipe.
As atuações…
Martín Silva – uma defesa em cada tempo e a sorte de ver dois chutes pararem no travessão.
Yago Pikachu – na prática, não se diferencia muito do Madson: apoia bastante (mas erra muitos cruzamentos) e não se destaca defensivamente. Ontem, desperdiçou boa chance após receber bola de Thalles e deu uma caneta humilhante em um marcador.
Rodrigo – não chegou a ter problemas com o ataque da equipe mineira.
Luan – também se saiu bem diante dos atacantes do Tupi e ainda garantiu a vitória ao marcar o gol do Vasco.
Julio Cesar – compensando a liberdade que o lateral direito teve, ficou mais preso à marcação. Nas vezes em que subiu ao ataque não mostrou eficiência. Saiu na metade do segundo tempo para a entrada do Henrique, que foi muito mais incisivo na parte ofensiva, tendo feito inclusive uma finalização com relativo perigo.
Marcelo Mattos – na maioria do tempo foi bem na proteção à zaga e não errou tantos passes como de costume. Foi outro a canetar um marcador adversário.
Julio dos Santos – o paraguaio até pode trazer um maior equilíbrio defensivo ao meio de campo – e se compararmos o jogo de ontem com o que fizemos contra o CRB isso fica evidente – mas tem um problema gravíssimo: enquanto sua contribuição para o time é discreta, seus erros são sempre evidentes. Ontem o lance de maior perigo que passamos surgiu após Rúlio ter recuado mal uma bola, logo no começo do jogo. Também perdeu mais uma chance de marcar pela primeira vez com a camisa do Vasco, ao não dar um carrinho para escorar uma bola que passou em frente ao gol
Andrezinho – com cinco minutos de jogo, se contundiu e foi substituido por Evander, que passou o primeiro tempo inteiro sem encontrar o posicionamento ideal no time. Após o intervalo teve mais liberdade para jogar e apareceu mais, criando algumas boas jogadas. Deu lugar ao Diguinho nos minutos finais para que o meio de campo ficasse mais protegido.
Nenê – deu dribles, se enrolou com a bola algumas vezes, errou passes, reclamou com a bandeirinha…mas é aquilo: por pior que vá no jogo, Nenê sempre resolve. No primeiro tempo acertou o cruzamento para Luan marcar de cabeça o gol da vitória e no segundo deixou Thalles na cara do gol (em lance que o atacante desperdiçou). No fim do jogo quase marcou o segundo, tentando um gol olímpico.
Jorge Henrique – vinha tendo a atuação de sempre, mais ajudando na marcação que no ataque, até ser deslocado para o meio após o intervalo. Aí se saiu melhor, não apenas por dar mais liberdade ao Evander, mas também por ter melhorado a saída de bola do time.
Thalles – pesado e pecando pela falta de movimentação, Thalles depende muito que a bola chegue redonda aos seus pés para finalizar. E ontem, nem quando isso aconteceu conseguiu mostrar competência: quando se viu diante do goleiro, chutou mal na única chance clara que teve para marcar.
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