A enxurrada de memês criados imediatamente após o fim da partida são um sinal de que a torcida vascaína deve ter ficado satisfeita com o empate em 1 a 1 com a mulambada. E até há motivos para isso, já que mantivemos o tabu de mais de um ano sobre o rival, a invencibilidade na competição e a liderança na Taça Guanabara. Mas se formos no ater apenas ao que aconteceu no jogo, o sentimento de frustração é inevitável, pelo menos para o torcedor mais atento.
Aliás, até a satisfação com o resultado é um sinal do quanto o Vasco foi mal na partida. Diante do que jogamos, o empate foi lucro: mesmo que não tenha faltado vontade ou que o time demonstrasse qualquer sinal de oba-oba (o que me preocupava um pouco), a equipe poderia muito bem ter perdido a partida e pelas chances criadas pelos dois times, talvez até merecesse a derrota. A mulambada não conseguiu exercer um domínio do jogo tão grande quanto o Botafogo nos impôs na última rodada, mas defensivamente o Vasco esteve ainda mais bagunçado que no domingo passado.
E não podemos esquecer que o Framengo era o mesmo time que estava há quatro jogos sem vencer, que perdeu para Volta Redonda e Atlético-PR e que estava há séculos sem sequer marcar um gol. Ainda assim conseguiu várias vezes furar nosso bloqueio defensivo com muita facilidade. E não creio que a predominância rubro-negra em boa parte do jogo tenha acontecido por eles terem entrado no clima da partida e nós, não. É que o Vasco estava realmente desorganizado, errando passes demais e aceitando que o rival dominasse as ações no meio de campo.
O treinador aparentemente tem sua responsabilidade nisso. Se perdemos a disputa no meio de campo, devemos muito disso à insistência do Julio dos Santos no meio. Com o paraguaio em campo, Marcelo Mattos fica sobrecarregado e Andrezinho fica sem liberdade para ajudar o Nenê. Contra um adversário de menor qualidade, até vai; em um jogo no qual a pegada e a correria são maiores por conta da rivalidade, isso é o mesmo que ceder o setor para o adversário. Isso ficou claro ontem depois da saída do Rúlio: a entrada do Diguinho fez com que tivéssemos o melhor momento na partida, com Andrezinho mais presente na criação/ataque e uma maior combatividade na marcação.
Mas o próprio Diguinho nos mostrou o dilema do nosso técnico. Com o passar dos minutos, vimos como o volante-volante piorou nossa saída de bola, o que acabou favorecendo a mulambada. Aos poucos eles voltaram a ganhar terreno e acabaram marcando numa cochilada da defesa que, há pouco tempo, não imaginaríamos ver acontecer. Por sorte, Nenê – que vinha tendo uma atuação apagada – mostrou mais uma vez sua importância para o time cobrando o escanteio na medida para o colombiano Riascos exibir sua estrela e aumentar sua vantagem como artilheiro do time. Ainda que tenhamos conseguido o empate nos minutos finais da partida, corremos sérios riscos de perder o jogo, com mais uma desatenção da defesa e a mulambada perdendo mais um gol inacreditável.
Chegamos ao oitavo jogo seguido sem saber o que é perder para o Framengo, mas não dá pra ficar satisfeito apenas por isso. É preocupante vermos o time do Jorginho atuar mal em dois clássicos justo quando o funil vai apertando. Quando a Taça Guanabara terminar, muito provavelmente teremos dois rivais entre nós e o bicampeonato. Se continuarmos fraquejando como aconteceu nas duas últimas partidas, o título pode ficar em risco.
As atuações…
Martin Silva – fez valer o gasto no voo fretado para sua participação na partida. Fez pelo menos três defesas espetaculares e garantiu o empate. No gol que sofremos não pôde fazer nada.
Madson – sofreu com Jorge, o lateral mulambo. Perdeu uma chance incrível por adiantar demais a bola e falhou no lance do gol adversário ao cortar uma bola para frente da área, no pé do Alan Patrick.
Rodrigo – vinha tendo sua atuação de sempre nos clássicos: jogando com firmeza, provocando os atacantes adversários e indo bem no combate de direto. Mas comprometeu sua atuação no lance do gol mulambo, quando ficou olhando o cruzamento enquanto deixou Marcelo Cirino livre para marcar
Luan – o aparente nervosismo do começo da partida foi diminuindo aos poucos. Fez uma partida correta.
Julio Cesar – esteve mal tecnicamente, errando muitos passes e sendo facilmente superado na marcação (sua lateral foi o melhor caminho para os mulambos atacarem) no primeiro tempo. Melhorou um pouco na etapa final, mas foi um dos que ficou olhando o Cirino entrar na área para fazer o gol sem fazer nada.
Marcelo Mattos – no primeiro tempo sofreu com a falta de ajuda na proteção à zaga; no segundo, teve mais liberdade para chegar ao ataque (quando quase marcou um bonito gol de cabeça) e acabou fazendo falta à frente da nossa área.
Julio dos Santos – em um clássico como o de ontem não dá pra manter em campo um jogador que marca tão pouco. Tanto foi que Jorginho o tirou ainda no intervalo para a entrada do Diguinho, que liberou o Andrezinho da marcação, mas piorou sensivelmente a nossa saída de bola e ainda fez uma penca de faltas.
Andrezinho – enquanto o paraguaio estava em campo não apareceu tanto na criação. Melhorou no segundo tempo, podendo iniciar as jogadas de ataque mais livremente e aparecendo mais para concluir jogadas.
Nenê – foi muito marcado? Foi. Não conseguiu criar tanto quanto se espera dele? Fato. Mas basta olhar quem bateu o escanteio que originou nosso gol para comprovarmos, mais uma vez, o poder de decisão do camisa 10.
Jorge Henrique – ontem não prestou nem pra tal “função tática” de recomposição da defesa: se tinha que acompanhar o Jorge pela lateral, foi extremamente ineficiente na tarefa. Se machucou e saiu ainda no primeiro tempo, para a entrada de Caio Monteiro, que se não chegou a fazer a diferença foi infinitas vezes mais efetivo no ataque, criando boas jogadas. Quase marcou um bonito gol.
Thalles – mesmo não marcando gol teve uma boa atuação. Fez jogadas de pivô, deu liberdade para os companheiros ao chamar a marcação e passou bolas com inteligência. Acabou saindo para a entrada do Riascos, que mostrou mais uma vez estar em boa fase: voltando depois de um mês contundido, precisou de poucos minutos para marcar seu sétimo gol e garantir o empate.
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Vale um comentário: tivemos dificuldades na partida, mas tudo seria muito mais fácil se o Sr. Wagner Nascimento Magalhães fizesse o trabalho dele com correção. Como de costume, tivemos um juiz pusilânime no comando da partida o que permitiu que a mulambada continuasse com 11 jogadores em campo. Tivesse a coragem de cumprir o seu papel de forma decente, o Sr. Wagner deveria ter expulsado o Guerrero (por uma cotovelada em Rodrigo fora da disputa da bola) e o Márcio Araújo (que derrubou o Nenê por trás já tendo levado um amarelo). Se o Framengo passasse os 45 minutos finais com dois jogadores a menos, dificilmente teria feito um gol no Vasco.
Não que o juizinho tenha favorecido os mulambos. Se quisesse, o Sr. Magalhães também poderia ter marcado uma penalidade a favor do rubro-negro. Mas é aquilo: tendo afrouxado na hora de expulsar o atacante peruano, o juiz usou a famosa lei da compensação. Coisa de árbitro fraco mesmo.
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